Deus

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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== 1 ==
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: "É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o [[deus]] desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A [[revelação]] de [[deus]] e não ele [[mesmo]], esse é o [[mistério]]" (1).
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: "É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o [[deus]] desconhecido deve [[aparecer]] como o que se mantém desconhecido. A [[revelação]] de [[deus]] e não ele [[mesmo]], esse é o [[mistério]]" (1).
: Referência:
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: (1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
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: (1) [[HEIDEGGER]], Martin. " ... [[poeticamente]] o [[homem]] habita... ". In: ---. '''[[Ensaios]] e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002''', p. 174.
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: '''Ver também:'''
: '''Ver também:'''
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: *[[Divino]]
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: * [[Divino]]
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: *[[Sagrado]]
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: * [[Sagrado]]
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: * [[Religião]]
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:"Os gregos só puderam chamar de ζῷα as estátuas e [[imagem|imagens]] dos deuses, porque, para eles, as estátuas e imagens nunca eram estátuas e imagens no sentido de retrato e [[representação]] de ausentes na ausência. As imagens e estaturas eram os próprio deuses: [[presença|presenças]] do mistério da realidade, realizações que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no vigor de uma vigência inesgotável, que não se deixa saturar" (1).
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: * [[Mito]]
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== 2 ==
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: "Os [[gregos]] só puderam chamar de ζῷα as estátuas e [[imagem|imagens]] dos [[deuses]], porque, para eles, as estátuas e [[imagens]] nunca eram estátuas e [[imagens]] no [[sentido]] de retrato e [[representação]] de ausentes na [[ausência]]. As [[imagens]] e estátuas eram os [[próprios]] [[deuses]]: [[presença|presenças]] do [[mistério]] da [[realidade]], [[realizações]] que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no [[vigor]] de uma [[vigência]] inesgotável, que não se deixa saturar" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega". ''Aprendendo a pensar II''. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.
 
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "Uma [[leitura]] órfica de uma [[sentença]] [[grega]]". In: ------. [[Aprendendo]] a [[pensar]] II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.'''
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:- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do [[Amor]]? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
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: - " ''Acredita em [[Deus]], tio Jakob? Um Pai do Céu, um [[Deus]] do [[Amor]]? Um [[Deus]] com mãos, um [[coração]] e [[olhar]] vigilante?'' "
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:- "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a [[morte]]. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).
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: - " ''Não use a palavra "[[Deus]]". Diga "[[Santidade]]". Há [[santidade]] em todas as pessoas. [[Santidade]] [[humana]]. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a [[santidade]] [[humana]]. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a [[morte]]. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os [[poetas]], [[músicos]] e [[santos]]... é que podem descrever aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto [[pensar]] na [[santidade]] [[humana]]'' " (1).
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: (1) Ingmar Bergman. No filme ''A ilha de Bergman'', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme ''Confições privadas'', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
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: (1) Ingmar Bergman. No filme '''A ilha de Bergman''', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme '''Confições privadas''', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
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:"A paz, supremo [[Bem]]: não fora Deus a [[paz]], / Meus olhos desviaria, sem pestanejar" (1).
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: "A [[paz]], supremo [[Bem]]: não fora [[Deus]] a [[paz]], / Meus olhos desviaria, sem pestanejar" (1).
    
    
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: (1) SILESIUS, Angelus. ''Angelus Silesius - a mediação do nada''. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.
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: (1) SILESIUS, Angelus. '''Angelus Silesius - a [[mediação]] do [[nada]]. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.'''
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: "Porque na [[narrativa]] da Escritura, três dentre eles dependem de um ''Primus'' que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o [[divino]], Heidegger nomeia, portanto, a [[quaternidade]] ou uma ''Uno-quaternidade'' do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o [[nome]] de um tal centro? Heidegger o nomeia: ''das Heilige'', que podemos provisoriamente traduzir por ''o [[sagrado]]''" (1). O autor está se referindo à [[quaternidade]] composta por: Mortais ([[homens]]) e Imortais ([[deuses]]), Céu e Terra.
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: "Porque na [[narrativa]] da [[Escritura]], três dentre eles dependem de um ''Primus'' que é sua [[origem]] e também, ao mesmo tempo, seu centro. No [[lugar]] de [[estar]] em primeiro lugar ou de ser a primazia o [[divino]], [[Heidegger]] nomeia, portanto, a [[quaternidade]] ou uma ''Uno-quaternidade'' do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o [[nome]] de um tal centro? [[Heidegger]] o nomeia: '''das Heilige''', que podemos provisoriamente [[traduzir]] por '''o [[sagrado]]'''" (1).
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: O [[autor]] está se referindo à [[quaternidade]] composta por: Mortais ([[homens]]) e Imortais ([[deuses]]), [[Céu]] e [[Terra]].
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- [[Manuel Antônio de Castro]]
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: ''Heidegger e a questão de Deus''. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28.
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: (1) BEAUFRET, Jean.''' "[[Heidegger]] e a [[teologia]]". In: [[Heidegger]] e a [[questão]] de [[Deus]]. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. Trad. do  francês: Manuel Antônio de Castro.'''
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== 6 ==
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: "No [[Ocidente]], “[[deus]]” tem a mesma [[raiz]] que “[[dia]]”, ''dei/di'': [[iluminar]]. “Deiwos”, que culminou em [[Deus]], coincide no [[grego]] com o [[sentido]] de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que [[todo]] [[dia]] vem da [[noite]] para a [[noite]] ([[é]] '''[[entre]]-[[noites]]'''), cada qual – isto é, “[[deus]]” – compreende um amanhecer que já e [[sempre]] anoitece, assim como toda [[noite]] afunda, [[funda]] amanhecer" (1).
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== 6 ==
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: Referência:
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: "No [[Ocidente]], “[[deus]]” tem a mesma [[raiz]] que “dia”, ''dei/di'': iluminar. “Deiwos”, que culminou em [[Deus]], coincide no grego com o [[sentido]] de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que todo [[dia]] vem da [[noite]] para a [[noite]] ([[é]] ''entre-noites''), cada qual isto é, [[deus]]” – compreende um amanhecer que e sempre anoitece, assim como toda [[noite]] afunda, funda amanhecer" (1).
+
 
 +
: (1) FAGUNDES, Igor.''' "A [[experiência]] ioruba do [[sagrado]] - Provocações para um [[rito]] de raspagem do [[Ocidente]]". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, [[Dialética]] em [[questão]] II. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.'''
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== 7 ==
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: "O [[mal]] ou o [[bem]], estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).
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: "O que há é uma certa [[coisa]] - uma só, diversas para cada um - que [[Deus]] está esperando que esse faça. Neste [[mundo]] tem [[maus]] e [[bons]] - todo o grau de [[pessoa]]. Mas então todos são [[maus]]. Mas mais então, todos não serão [[bons]]?" (2).
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: Referência:
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: (1) [[ROSA]], João Guimarães.''' Grande [[sertão]]: [[veredas]]. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.'''
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 +
: (2) [[ROSA]], João Guimarães.''' Grande [[sertão]]: [[veredas]]. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.'''
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== 8 ==
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: "[[Deus]] existe mesmo quando não há. Mas o [[demônio]] não precisa [[existir]] para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de [[tudo]]" (1).
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: Referência:
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: (1) [[ROSA]], João Guimarães. '''Grande [[sertão]]: [[veredas]]. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 35.'''
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== 9 ==
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: "Assim, o [[princípio]] ''ex nihilo nihil fit'' ”, “ ''de [[nada]] não se cria [[nada]]'' , só vale para as transações do já criado. Para o élan criador no sentido estrito, vale o inverso: “ex nihilo omnia fiunt”. Aqui o [[princípio]] é: “é do [[nada]] que [[tudo]] se cria”. Por isso é que o [[mestre]] Eckhart no século XIV, o pai da [[mística]] renana, podia [[dizer]] para os criacionistas de todos os [[tempos]]: “''Esse est [[Deus]] et [[Deus]] est nihil'' ”. “ ''[[Ser]] é [[Deus]] e [[Deus]] é [[Nada]]'' ” (1).
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: Referência:
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 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O que significa [[pensar]]?". In: Revista da Academia Brasileira de Letras, maio-junho, 2012'''.
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== 10 ==
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: "[[Mistério]] vem do [[verbo]] grego ''myo''. E ''myo'' diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a [[raiz]] da intensidade, o sumo da [[plenitude]]. [[Mistério]] não diz uma [[coisa]], diz um [[movimento]], o [[movimento]] de [[con-sumar]], de concentrar-se na [[origem]], de [[recolher-se]] à natividade da [[raiz]], de retornar ao sem fundo e [[fundamento]], ao a-bismo de [[ser]]. As [[palavras]], [[Deus]], [[Absoluto]], [[Transcendência]], [[Inconsciente]], [[Espírito]], [[Matéria]], [[Psique]], [[Estrutura]], [[Ser]] são outras tantas redes em cujas malhas o [[poder]] do [[saber]] [[ocidental]] na [[teologia]], na [[filosofia]], na [[ciência]], sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do [[mistério]]" (1).
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:  Referência:
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:  (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' “[[Heidegger]] e a [[modernidade]]: a correlação de [[sujeito]] e [[objeto]]”. In: ------------.  [[Aprendendo]] a [[pensar]], II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.'''
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== 11 ==
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:      ''' CÂNTICO DAS CRIATURAS '''
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:      ''Altíssimo, onipotente, [[bom]] Senhor!
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:      ''Teus são o louvor, a glória, a honra
 +
:            ''e todas as bênçãos;
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:      ''a ti somente, Altíssimo, eles convêm
 +
:      ''e nenhum [[homem]] é digno de te [[nomear]].''
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:      ''............................................''
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 +
: Note o [[leitor]] que Francisco nomeia diversos [[atributos]] de [[Deus]], mas diz expressamente que nenhum [[homem]] é digno e capaz de nomeá-lo, uma vez que Ele é inefável, isto é, é impossível [[nomear]] e dar [[nome]] ao [[mistério]] que ele é.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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 +
: Referência: '''Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis (1181-1226)'''.
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== 12 ==
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: "[[Doação]] é o [[ato]] de conferir um [[dom]], um [[presente]] ofertado. A [[liberdade]], como oferta de um [[dom]], não pertence ao [[homem]]. Ou melhor: a ele pertence somente na medida em que lhe foi doada. [[Deus]] é a [[imagem]] disto que, excedendo o [[humano]], o institui enquanto tal" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) FERRAZ, Antônio Máximo.''' "O [[homem]] e a [[interpretação]]: da [[escuta]] do [[destino]] à [[liberdade]]". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). O [[educar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.'''
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== 13 ==
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: "A antiga [[palavra]] egípcia '''neter''' e sua [[forma]] feminina '''netert''', foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por ''deus'' e ''deusa'' pela maioria dos acadêmicos". '''Neteru''' (plural de '''neter'''/'''netert''') são os [[princípios]] e [[funções]] [[divinos]] do Único [[Deus]] Supremo" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) GADALLA, Moustafa. '''[[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.'''
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== 14 ==
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: "Para o [[Deus]], [[tudo]] é [[belo]] e [[bom]] e [[justo]]. Os [[homens]], porém, tomam umas [[coisas]] por injustas, outras por [[justas]]" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) [[HERÁCLITO]].''' Fragmento  102. In: Os [[pensadores]] [[originários]] - Anaximandro, Parmênides, [[Heráclito]]. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p.  85.'''
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== 15 ==
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: "Os [[egípcios antigos]] acreditavam em um Único [[Deus]] que criou e concebeu a si mesmo, e que era [[imortal]], invisível, [[eterno]], onisciente, todo-poderoso, etc. Este Único [[Deus]] nunca era representado, as [[funções]] e [[atributos]] de seu domínio eram representadas. Estes [[atributos]] eram chamados de '''neteru''' (pronuncia-se ''net-er-u'' no singular, '''neter''' no [[masculino]] e '''netert''' no [[feminino]]). O termo ''[[deuses]]'' é uma [[representação]] incorreta do termo [[egípcio]] '''neteru'''" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) GADALLA, Moustafa.''' "O Mais [[Religioso]]". In: ------. [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 22.'''
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== 16 ==
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: "O [[Argumento Ontológico]] da [[existência]] de [[Deus]] foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do Mosteiro de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais [[figuras]] do [[pensamento]] escolástico.  Anselmo quis atender ao pedido dos Monges para [[elaborar]] uma [[argumentação]] totalmente [[racional]], sem depender das [[Sagradas]] [[Escrituras]], e que fosse capaz de [[provar]] a [[existência]] de [[Deus]]; o pedido dos monges levou Anselmo a [[escrever]] a sua primeira [[obra]] chamada de ''Monologion'', publicada em 1077. Esta [[obra]] atendia ao pedido dos Monges, mas estava muito complexa devido ao entrelaçamento das argumentações, fator este que o levou a [[escrever]] no ano seguinte, em 1078, a [[obra]] ''Proslogion'', cujo [[coração]] é o [[Argumento Ontológico]], argumentos “válidos por si e em si” e [[escritos]] para aqueles que não [[creem]] em [[Deus]]" (1).
 +
: Na verdade, o [[Argumento Ontológico]] ou [[Teológico]] nos remete em última [[instância]] para o [[mistério]], pois ele constitui a  [[fonte]] de toda [[compreensão]] de [[atividade]] da [[razão]], ou em grego, do ''[[Logos]]'', ou de qualquer [[ciência]], uma vez que [[todas]] as [[ciências]] se fundamentam na [[razão]]. De um lado, temos os [[limites]] da nossa [[razão]] de uma maneira bem clara, daí Santo Anselmo [[dizer]] que o seu [[Argumento]] é bem [[compreensível]] por todo aquele que não crê na [[existência]] de [[Deus]], embora negue a sua existência, de outro, a prova da [[existência]] de [[Deus]] é pela [[via]] negativa. Ou seja: [[Deus]] é o [[mistério]], é o [[Nada Criativo]]. Uma prova muito [[evidente]] dessa [[fonte]] inesgotável e [[misteriosa]] é o [[fato]] de já terem existido numerosas [[civilizações]] e, que certamente, nenhuma [[civilização]] se pode [[julgar]] [[ser]] a última e a que abarca e dá conta de toda a [[realidade]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: Referência:
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 +
: (1) FERREIRA, Antônio Marcos Maciel.''' "Santo Anselmo - Argumento [[Ontológico]]": https: pensamentoextemporaneo.com.br/?p=2763'''
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== 17 ==
 +
: "Então comecei a [[pensar]] comigo mesmo se não seria [[possível]] encontrar um único [[argumento]] que, válido em si e por si, sem nenhum [[outro]], permitisse demonstrar que [[Deus]] existe [[verdadeiramente]] e que ele é o [[bem]] supremo, não [[necessitando]] de [[coisa]] alguma, quando, ao contrário, [[todos]] os [[outros]] [[seres]] precisam dele para [[existirem]] e [[serem]] [[bons]]. Um [[argumento]] suficiente, em suma, para fornecer provas adequadas sobre aquilo que [[cremos]] acerca da [[substância]] [[divina]]" (1).
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 +
: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Proêmio". Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 99.'''
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 +
== 18 ==
 +
: "O [[insipiente]] há de convir igualmente que existe na sua [[inteligência]] '''o [[ser]] do qual não se pode [[pensar]] [[nada]] maior''', porque ouve e compreende essa frase; e [[tudo]] aquilo que se compreende encontra-se na [[inteligência]].
 +
: " Mas o '''[[ser]] do qual não é [[possível]] [[pensar]] [[nada]] maior''' não pode [[existir]] somente na [[inteligência]]. Se, pois, existisse apenas na [[inteligência]], poder-se-ia [[pensar]] que há [[outro]] [[ser]] [[existente]] também na [[realidade]]; e que seria maior (1):
 +
: "Se, portanto '''o [[ser]] do qual não é [[possível]] [[pensar]] [[nada]] maior''' [[existisse]] somente na [[inteligência]], este mesmo [[ser]], do qual não se pode [[pensar]] [[nada]] maior, tornar-se-ia o [[ser]] do qual é [[possível]], ao contrário, [[pensar]] [[algo]] maior: o que, certamente, é absurdo.
 +
: "Logo, '''o [[ser]] do qual não se pode [[pensar]] [[nada]] maior''' [[existe]], sem [[dúvida]], na [[inteligência]] e na [[realidade]]" (2).
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 +
: Referência:
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 +
: '''(1) Salmo 13, 1.'''
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. I, Exortação à contemplação de [[Deus]]". Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 102.'''
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== 19 ==
 +
: "Apesar de tu seres absoluta e supremamente [[justo]], também és benigno com os [[maus]], justamente porque és total e supremamente [[bom]]. Serias, pois, menos [[justo]], se não fosses  benigno com os [[maus]]. De fato, é assaz mais [[justo]] aquele que é [[bom]] para com os [[bons]] e com os [[maus]] do que aquele que é [[bom]] apenas com os [[bons]]. E aquele que [[é]] [[bom]], punindo e perdoando aos [[maus]], é [[melhor]] que quem os pune apenas" (1).
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 +
: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 107.'''
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== 20 ==
 +
: "Embora, portanto, seja difícil [[compreender]] como a tua misericórdia possa separar-se da tua [[justiça]], vemo-nos, todavia, obrigados a [[crer]] que o que emana da tua [[bondade]] nunca conflita com a [[justiça]], que nunca se separa da tua [[bondade]], mas com ela está sempre unida. Então, se tu és misericordioso porque és sumamente [[bom]], e és sumamente [[bom]] porque sumamente [[justo]], deve-se admitir que é [[verdadeiramente]] misericordioso porque és sumamente [[justo]]" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 108.'''
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== 21 ==
 +
: "É [[realmente]] inacessível a [[luz]] em que habitas, ó [[Senhor]], e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para [[contemplar]]-te com clareza. [[Eu]] não a vejo, sem dúvida, por [[causa]] do seu [[brilho]], demasiado para os meus [[olhos]], e, todavia, o que consigo [[ver]], vejo-o através dela, da mesma maneira que o [[olho]] fraco do nosso [[corpo]] vê tudo aquilo que vê pela [[luz]] do [[sol]], que, no entanto, não se pode [[contemplar]] diretamente" (1).
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 +
 
 +
: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XVI - Que a [[luz]] em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.'''
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 +
== 22 ==
 +
: "O minha [[alma]], encontraste o que procuravas? Buscavas a [[Deus]] e encontraste que ele é o [[ser]] supremo do qual não é [[possível]] [[pensar]] [[nada]] [[melhor]]; que ele é a própria [[vida]], é [[luz]], [[sabedoria]], [[bondade]], [[felicidade]] [[eterna]] e [[eternidade]] [[feliz]] e que se encontra por toda [[parte]] e [[sempre]]" (1).
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 +
 
 +
: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XIV - Como e por que [[Deus]] é visto e não é visto por aqueles que o buscam". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 112.'''
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 +
== 23 ==
 +
: "Portanto, ó [[Senhor]], [[tu]] não és apenas aquilo de que não é [[possível]] [[pensar]] [[nada]] maior, mas és, também, tão grande que superas a nossa [[possibilidade]] de [[pensar]]-te. Com efeito, supondo que fosse [[possível]] [[pensar]] que existe um [[ser]] dessa [[espécie]], se [[tu]] não fosses esse [[ser]], [[poder]]-se-ia [[pensar]] uma [[coisa]] maior que [[tu]]; o que é [[impossível]]" (1).
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 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XV - Que ele é bastante maior que aquilo que se pode [[pensar]]". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.'''
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== 24 ==
 +
: "Mas aquilo que tem [[partes]] não é [[uno]], e, sim, composto e distinto de si mesmo e pode-se fracionar, ou na [[realidade]] ou pelo [[ato]] do [[pensamento]]. Porém, isso não se pode afirmar de ti, que és o [[ser]] do qual não se pode [[pensar]] nenhuma [[coisa]] [[melhor]]" (1).
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 +
 
 +
: Referência:
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 +
: (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XVIII - Como nem em [[Deus]] nem na sua [[eternidade]], que é ele mesmo, há partes". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 115.'''
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== 25 ==
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: "A [[experiência]] [[mística]] revelaria ao [[homem]] a [[existência]] de [[Deus]] e levaria à descoberta dos [[conhecimentos]] [[necessários]], [[eternos]] e imutáveis existentes na [[alma]]. Implica, pois, a [[concepção]] de um [[ser]] [[transcendente]] que daria [[fundamento]] à [[verdade]]. [[Deus]], assim encontrado, [[é]], ao  mesmo [[tempo]], uma [[realidade]] interna e [[transcendente]] ao [[pensamento]]. Sua [[presença]] seria atestada por todos os [[juízos]] formados pelo [[homem]], sejam [[científicos]], estéticos ou [[morais]]. Mas, por outro lado, a [[natureza]] [[divina]] escaparia ao alcance [[humano]]. [[Deus]] é inefável e mais fácil é [[dizer]] o que Ele [[não é]] do que defini-lo. A melhor [[forma]] de designá-lo, segundo [[Agostinho]], é a encontrada no [[livro]] do ''Êxodo'', quando Jeová, dirigindo-se a Moisés, afirma: ''[[Eu]] [[sou]] o que [[sou]]''. [[Deus]] seria a [[realidade]] total e [[plena]], a ''[[essentia]]'' no mais alto grau. E, a rigor, tal [[palavra]] deveria ser empregada tão-somente para designá-lo. [[Todas]] as demais [[coisas]] não têm propriamente [[essência]], pois, sendo mutáveis, seriam constituídas pela mistura do [[ser]] e do [[não-ser]]" (1).
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: Referência:
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: (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). '''Santo Agostinho - [[Vida]] e [[Obra]]. Confissões - De Magistro. Coleção: Os [[Pensadores]]. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVII.'''
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== 26 ==
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: "Vós, porém, sois mais [[íntimo]] do que o meu [[próprio]] [[íntimo]] e mais [[sublime]] que o ápice do meu [[ser]]" (1).
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: [[Santo Agostinho]] está se referindo a [[Deus]]. De uma maneira [[simples]] e sintética mostra todo o [[mistério]] de [[Deus]]. Por isso qualquer nomeação nossa de [[Deus]] não consegue dizê-lo. E o modo mais [[profundo]] de dizê-lo ainda é o [[silêncio]] [[absoluto]].
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: [[Manuel Antônio de Castro]].
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: Referência:
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: (1) SANTO AGOSTINHO.''' " Cap. 6 - Seduzido pelo maniqueísmo". In: ..... Confissões, Livro III, p. 47. Coleção Os [[Pensadores]], Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.'''
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== 27 ==
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: "Que [[Deus]] existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe - mas quase só por intermédio da [[ação]] das [[pessoas]]: de [[bons]] e [[maus]]. [[Coisas]] imensas no [[mundo]]" (1).
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: Referência:
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: [[ROSA]], João Guimarães. '''Grande [[sertão]]: [[veredas]], 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 260.'''
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== 28 ==
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: "- '''Como faz para falar com [[Deus]]?'''
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: - ''Tenho percebido que todas as [[representações]] do [[mundo]], através das [[palavras]] e das [[linguagens]], dos [[números]] e das [[medidas]], das [[ideias]] e dos [[conceitos]], dos [[sentidos]] e do [[silêncio]], é o [[tudo]] e o [[nada]] que se dá no campo da [[consciência]]. Não tenho como escapar da [[consciência]] e é nela que se dá o [[nada]]/[[tudo]] que poderíamos chamar de [[Deus]]. Ao [[viver]], portanto, vivo [[Deus]]. [[Falar]] com [[Deus]] é [[estar]] [[vivo]]. Falo com ele o [[tempo]] todo através das várias [[formas]] de [[diálogo]] com o [[mundo]] via [[consciência]]''" (1).
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: (1) Entrevista de '''Gilberto Gil - [[Cantor]] e Compositor, concedida a Maria Fortuna: Recomeçar significa deixar para trás muito do que temos sido. In: O Globo, Segundo em Quarentena, quarta-feira, 29-04-2020, p. 1.'''
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== 29 ==
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: "''[[Deus]] quere, o [[homem]] sonha, a [[obra]] nasce'' " (1).
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: (1) PESSOA, Fernando.''' "O [[infante]]". In: [[Obra]] [[Poética]] - [[Mensagem]]. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965, p. 78.'''
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== 30 ==
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: ''Sócrates'' - "Não achas que devemos rezar aos [[deuses]] deste [[lugar]] antes de nos irmos embora?"
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: ''Fedro'' - "Estou de acordo!"
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: ''Sócrates'' - "Oh, [[Divino]] [[Pã]], e vós, [[deuses]] todos da corte celestial, [[deuses]] deste [[lugar]], ajudai-me a buscar a [[beleza]] [[interior]] e [[fazer]] com que as coisas exteriores se harmonizem com a [[beleza]] [[espiritual]]! Fazei com que o [[sábio]] me pareça [[sempre]] rico e que eu tenha tanta riqueza quanta um [[homem]] sensato for capaz de suportar e bem governar!" - Por acaso teremos algo mais a suplicar? Por mim, ''Fedro'', acho que pedi [[tudo]] o que desejo!
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: ''Fedro'' - "Pois suplica para mim a [[mesma]] [[coisa]], já que os amigos [[tudo]] devem possuir em comum!" (1).
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: Referência:
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: (1) [[PLATÃO]]. '''Fedro, 5. e. Trad. Pinharanda Gomes. Texto [[grego]] estabelecido por Léon Robin, Paris, Les Belles Lettres, 1966.  Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 131, 279 b.'''
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== 31 ==
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: "Este elemento [[cristão]] da [[interioridade]] do [[homem]] foi muito explorado por Santo Agostinho. No entanto, Agostinho refletindo sobre a [[interioridade]], retirando-se para dentro da sua [[própria]] [[interioridade]] descobriu dentro de si uma [[interioridade]] mais [[interior]] do que ele mesmo era [[interior]] a si mesmo: o [[espírito]] [[infinito]] da [[divindade]]" (1).
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: (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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== 32 ==
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: "O [[ser]] é aquilo do qual procedem e pelo qual são postos todos os [[conteúdos]] [[entitativos]] puros. O [[ser]] é o puro [[conteúdo]] [[entitativo]], a pura [[perfeição]] de [[ser]] [[simplesmente]]. Por isto, quando temos o [[ser]] realizado em toda a sua [[original]] pureza e [[plenitude]], então nele estão incluídos todos os [[conteúdos]] [[entitativos]] puros não mais diferenciados e limitados, mas na [[identidade]] [[absoluta]] e [[ilimitada]] do [[ser absoluto]], ou seja, de [[Deus]]" (1).
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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== 33 ==
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: "... se o [[Ser Absoluto]], ou seja, [[Deus]], implica um [[agir]] que exerce o [[ser]] como tal na sua [[plenitude]] [[infinita]], então o [[Ser Absoluto]] exerce a si mesmo em [[plenitude]] e seu [[exercício]] é bem mais um [[exercício]] [[espiritual]] em toda a [[perfeição]]. Disto [[tudo]] se conclui não apenas que [[Deus]] é, [[necessariamente]], [[espírito]] [[perfeito]], [[infinito]] e [[absoluto]] (= todos sinônimos da mesma [[realidade]] [[divina]]), mas também que o [[critério]] para julgarmos quais são os [[conteúdos]] [[entitativos]] [[espirituais]] ou, mais claramente, aquilo que nós dizemos do [[espírito]] [[finito]], não sob o aspecto de sua [[finitude]], mas de sua [[espiritualidade]] pode [[ser]] aplicado, [[analogamente]], a [[Deus]]" (1).
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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== 34 ==
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: "Santo Agostinho, um angustiado pela [[procura]] da [[verdade]], disse que [[Deus]] é mais íntimo ao [[ser humano]] do que o [[próprio]] [[ser humano]] é íntimo a si mesmo. Então a [[pergunta]] mais angustiante não é se [[Deus]] existe ou não existe. A [[questão]] está no [[fato]] de que [[Deus]] assumiu a [[figura]] d’'''a''' [[verdade]], pois, como [[Deus]], não poderia ser '''uma''' [[verdade]]. Negar a [[existência]] da [[verdade]] pela [[existência]] de outra implica a [[negação]], muitas vezes e para muitos, de [[Deus]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio.''' "As três [[pragas]] do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.'''
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== 35 ==
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: "A [[verdade]] para ter o [[poder]] operante em cada [[sistema]] e não se esgotar em cada um deles só pode ser a [[não-verdade]]. Assim como o [[Deus]] que concede [[realidade]] à [[legitimidade]] e veracidade de cada [[religião]] e [[funda]] cada [[fé]] e a [[fé]] de cada um só pode [[ser]] o [[Não-deus]]. Este, por [[ser]] “Não-, é inominável como o [[silêncio]] e a [[sabedoria]]. A Ele só cabe o nome do não-conhecer, do não-nomear, do não-ver: [[mistério]] vivo e pulsante, [[nada]] e [[fonte]] de [[tudo]].
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: Um tal [[mistério]] [[sempre]] adveio na [[não-verdade]] de todas as grandes [[obras]] [[poético]]-[[sagradas]]. Impulsionados pelo [[apelo]] inominável da [[não-verdade]], todos os grandes [[poetas]] [[sempre]] responderam e corresponderam com suas [[obras]] desajeitada e incompleta [[resposta]] – à manifestação [[concreta]] da ''[[poiesis]]'' como [[não-verdade]]. E nisso e por isso todas as grandes [[obras]], sejam dos [[poetas]], sejam dos que receberam o [[apelo]] de anúncio do [[mistério]], proclamam a [[verdade]] da [[não-verdade]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio.''' "As três [[pragas]] do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.'''
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== 36 ==
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: Com o surgimento do [[Cristianismo]] e a proclamação de um único [[Deus]], surgiu um debate intenso e até agressivo e violento para com aqueles que acreditavam nos [[Deuses]]. Contrariando todos os preceitos dos [[evangelhos]], praticou-se uma [[violência]] e intolerância tão grande que os seguidores dos [[Deuses]] tiveram de refugiar-se nas aldeias distantes, localizadas nos campos. Ora, em latim, a aldeia se denominava: ''pagus'', ''pagi''. Daí se formou: ''paganus, pagani: camponês, aldeão'' (1). Por isso, todo aquele adorasse os [[deuses]] passou a ser denominado: [[pagão]].
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: Há um [[filme]] espanhol que mostra como foi surgindo a perseguição àqueles que veneravam e cultuavam os [[deuses]]: '''Alexandria'''. Direção de Alejandro Amenábar, 2009.
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: Mostra também a intolerância dos cristãos para com quem se dedicava à [[ciência]] e à [[filosofia]]. No filme trata-se de Hipátia, famosa [[cientista]] por suas pesquisas. Um ex-discípulo seu, que se tornou dirigente cristão, lhe pergunta o [[motivo]] por que não aceita a [[fé]] cristã. E ela  responde: Eu preciso [[questionar]] e quem tem [[fé]] não questiona. [[Fé]], aí, implicava [[doutrina]] a respeito da [[realidade]]. É um [[filme]] muito rico, pois também mostra como começou a rivalidade entre os judeus e os cristãos.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) FARIA, Ernesto. '''[[Dicionário]] escolar Latino - Português, 4. e. Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.'''
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== 37 ==
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: "A passagem que conduz do [[Deus]] impessoal dos [[filósofos]] ao [[Deus]] [[pessoal]] do [[cristianismo]], esta passagem considerada à [[luz]] da [[verdade]] esquecida  do [[Sagrado]] é tão [[ilusória]] como a passagem que leva do [[humanismo]] da [[substância]] ao [[humanismo]] do [[sujeito]]. [[Heidegger]] lembra que a categoria de [[pessoa]] não é menos carregada das potências [[metafísicas]] de [[dessacralização]] e [[desumanização]] do que as [[categorias]] de [[objeto]] e de [[coisa]]" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''[[Aprendendo]] a [[pensar]] I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.'''
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== 38 ==
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: "Numa ilha ao sudoeste da Irlanda, vive o [[deus]] [[Donn]], Senhor dos [[Mortos]], a quem  todos os [[seres humanos]] um dia acabam prestando homenagens. Ele é o [[deus]] [[ancestral]] que dorme numa caverna, assistido por nove donzelas, cujo sopro alimenta o [[fogo]] sob o seu caldeirão [[mágico]]. O [[reino]] de [[Donn]] se estende até as sepulturas em que guerreiros  e [[reis]] [[celtas]] estão enterrados com suas armas, joias e trajes cerimoniais - e também as carruagens em que eles viajam para o [[Outro Mundo]], onde viverão pela [[eternidade]]" (1).
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: Referência:
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: (1) HOOD, Juliette. '''O [[livro]] [[celta]] da [[vida]] e da [[morte]]. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora [[Pensamento]], 2011, p. 18.'''
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== 39 ==
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: "A [[natureza]] dá e tira a [[vida]], e esses dois [[aspectos]] opostos são completamente interdependentes: [[nada]] pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a [[tradição]] [[celta]] coloca [[animais]] ferozes e poderosos lado a lado com [[deusas]] delicadas e gentis" (1).
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: Referência:
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: (1) HOOD, Juliette. '''O [[livro]] [[celta]] da [[vida]] e da [[morte]]. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora [[Pensamento]], 2011, p. 24.'''
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== 40 ==
 +
: "O termo egípcio mais próximo a [[Deus]] é '''Amen-Renet''' (Aquele cuja [[Essência]] [[Verdadeira]] é Desconhecida" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) GADALLA, Moustafa.''' "No Início". In: ------.  [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 36.'''
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 +
== 41 ==
 +
: "[[Deus]] não é uma [[entidade]]. É o total de um [[processo]] [[criativo]] e indecifrável em [[devir]], do qual cada um de nós, [[pessoa]], [[animal]], pedra, capim, astro, asteroide, vento, sopro e suspiro, desgosto e [[dor]], euforia e glória, faz [[parte]] [[integrante]] e inalterável" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) FAGUNDES, Igor. "A experiência ioruba do sagrado - Provocações para um rito de raspagem do Ocidente". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, ''Dialética em questão II''. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.
+
: (1) AGUALUSA, José Eduardo. '''[[Crônica]]: "Só os peixes veem o [[mar]]". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado 10-9-2022, p. 6.'''

Edição atual tal como 22h00min de 17 de Maio de 2025

1

"É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o deus desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A revelação de deus e não ele mesmo, esse é o mistério" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: ---. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
Ver também:
* Divino
* Sagrado
* Religião
* Mito

2

"Os gregos só puderam chamar de ζῷα as estátuas e imagens dos deuses, porque, para eles, as estátuas e imagens nunca eram estátuas e imagens no sentido de retrato e representação de ausentes na ausência. As imagens e estátuas eram os próprios deuses: presenças do mistério da realidade, realizações que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no vigor de uma vigência inesgotável, que não se deixa saturar" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega". In: ------. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.

3

- " Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante? "
- " Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana " (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.

4

"A paz, supremo Bem: não fora Deus a paz, / Meus olhos desviaria, sem pestanejar" (1).


Referência:
(1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a mediação do nada. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.

5

"Porque na narrativa da Escritura, três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o sagrado" (1).
O autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. Trad. do francês: Manuel Antônio de Castro.

6

"No Ocidente, “deus” tem a mesma raiz que “dia”, dei/di: iluminar. “Deiwos”, que culminou em Deus, coincide no grego com o sentido de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que todo dia vem da noite para a noite (é entre-noites), cada qual – isto é, “deus” – compreende um amanhecer que já e sempre anoitece, assim como toda noite afunda, funda amanhecer" (1).


Referência:
(1) FAGUNDES, Igor. "A experiência ioruba do sagrado - Provocações para um rito de raspagem do Ocidente". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, Dialética em questão II. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.

7

"O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).
"O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
(2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.

8

"Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 35.

9

"Assim, o princípioex nihilo nihil fit ”, “ de nada não se cria nada ”, só vale para as transações do já criado. Para o élan criador no sentido estrito, vale o inverso: “ex nihilo omnia fiunt”. Aqui o princípio é: “é do nada que tudo se cria”. Por isso é que o mestre Eckhart no século XIV, o pai da mística renana, podia dizer para os criacionistas de todos os tempos: “Esse est Deus et Deus est nihil ”. “ Ser é Deus e Deus é Nada ” (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que significa pensar?". In: Revista da Academia Brasileira de Letras, maio-junho, 2012.

10

"Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.

11

CÂNTICO DAS CRIATURAS
Altíssimo, onipotente, bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória, a honra
e todas as bênçãos;
a ti somente, Altíssimo, eles convêm
e nenhum homem é digno de te nomear.
............................................
Note o leitor que Francisco nomeia diversos atributos de Deus, mas diz expressamente que nenhum homem é digno e capaz de nomeá-lo, uma vez que Ele é inefável, isto é, é impossível nomear e dar nome ao mistério que ele é.


- Manuel Antônio de Castro
Referência: Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis (1181-1226).

12

"Doação é o ato de conferir um dom, um presente ofertado. A liberdade, como oferta de um dom, não pertence ao homem. Ou melhor: a ele pertence somente na medida em que lhe foi doada. Deus é a imagem disto que, excedendo o humano, o institui enquanto tal" (1).


Referência:
(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.

13

"A antiga palavra egípcia neter e sua forma feminina netert, foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por deus e deusa pela maioria dos acadêmicos". Neteru (plural de neter/netert) são os princípios e funções divinos do Único Deus Supremo" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.

14

"Para o Deus, tudo é belo e bom e justo. Os homens, porém, tomam umas coisas por injustas, outras por justas" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO. Fragmento 102. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 85.

15

"Os egípcios antigos acreditavam em um Único Deus que criou e concebeu a si mesmo, e que era imortal, invisível, eterno, onisciente, todo-poderoso, etc. Este Único Deus nunca era representado, as funções e atributos de seu domínio eram representadas. Estes atributos eram chamados de neteru (pronuncia-se net-er-u no singular, neter no masculino e netert no feminino). O termo deuses é uma representação incorreta do termo egípcio neteru" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O Mais Religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 22.

16

"O Argumento Ontológico da existência de Deus foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do Mosteiro de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais figuras do pensamento escolástico. Anselmo quis atender ao pedido dos Monges para elaborar uma argumentação totalmente racional, sem depender das Sagradas Escrituras, e que fosse capaz de provar a existência de Deus; o pedido dos monges levou Anselmo a escrever a sua primeira obra chamada de Monologion, publicada em 1077. Esta obra atendia ao pedido dos Monges, mas estava muito complexa devido ao entrelaçamento das argumentações, fator este que o levou a escrever no ano seguinte, em 1078, a obra Proslogion, cujo coração é o Argumento Ontológico, argumentos “válidos por si e em si” e escritos para aqueles que não creem em Deus" (1).
Na verdade, o Argumento Ontológico ou Teológico nos remete em última instância para o mistério, pois ele constitui a fonte de toda compreensão de atividade da razão, ou em grego, do Logos, ou de qualquer ciência, uma vez que todas as ciências se fundamentam na razão. De um lado, temos os limites da nossa razão de uma maneira bem clara, daí Santo Anselmo dizer que o seu Argumento é bem compreensível por todo aquele que não crê na existência de Deus, embora negue a sua existência, de outro, a prova da existência de Deus é pela via negativa. Ou seja: Deus é o mistério, é o Nada Criativo. Uma prova muito evidente dessa fonte inesgotável e misteriosa é o fato de já terem existido numerosas civilizações e, que certamente, nenhuma civilização se pode julgar ser a última e a que abarca e dá conta de toda a realidade.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) FERREIRA, Antônio Marcos Maciel. "Santo Anselmo - Argumento Ontológico": https: pensamentoextemporaneo.com.br/?p=2763

17

"Então comecei a pensar comigo mesmo se não seria possível encontrar um único argumento que, válido em si e por si, sem nenhum outro, permitisse demonstrar que Deus existe verdadeiramente e que ele é o bem supremo, não necessitando de coisa alguma, quando, ao contrário, todos os outros seres precisam dele para existirem e serem bons. Um argumento suficiente, em suma, para fornecer provas adequadas sobre aquilo que cremos acerca da substância divina" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Proêmio". Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 99.

18

"O insipiente há de convir igualmente que existe na sua inteligência o ser do qual não se pode pensar nada maior, porque ouve e compreende essa frase; e tudo aquilo que se compreende encontra-se na inteligência.
" Mas o ser do qual não é possível pensar nada maior não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro ser existente também na realidade; e que seria maior (1):
"Se, portanto o ser do qual não é possível pensar nada maior existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrário, pensar algo maior: o que, certamente, é absurdo.
"Logo, o ser do qual não se pode pensar nada maior existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade" (2).


Referência:
(1) Salmo 13, 1.
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. I, Exortação à contemplação de Deus". Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 102.

19

"Apesar de tu seres absoluta e supremamente justo, também és benigno com os maus, justamente porque és total e supremamente bom. Serias, pois, menos justo, se não fosses benigno com os maus. De fato, é assaz mais justo aquele que é bom para com os bons e com os maus do que aquele que é bom apenas com os bons. E aquele que é bom, punindo e perdoando aos maus, é melhor que quem os pune apenas" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 107.

20

"Embora, portanto, seja difícil compreender como a tua misericórdia possa separar-se da tua justiça, vemo-nos, todavia, obrigados a crer que o que emana da tua bondade nunca conflita com a justiça, que nunca se separa da tua bondade, mas com ela está sempre unida. Então, se tu és misericordioso porque és sumamente bom, e és sumamente bom porque sumamente justo, deve-se admitir que é verdadeiramente misericordioso porque és sumamente justo" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 108.

21

realmente inacessível a luz em que habitas, ó Senhor, e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para contemplar-te com clareza. Eu não a vejo, sem dúvida, por causa do seu brilho, demasiado para os meus olhos, e, todavia, o que consigo ver, vejo-o através dela, da mesma maneira que o olho fraco do nosso corpo vê tudo aquilo que vê pela luz do sol, que, no entanto, não se pode contemplar diretamente" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVI - Que a luz em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.

22

"O minha alma, encontraste o que procuravas? Buscavas a Deus e encontraste que ele é o ser supremo do qual não é possível pensar nada melhor; que ele é a própria vida, é luz, sabedoria, bondade, felicidade eterna e eternidade feliz e que se encontra por toda parte e sempre" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XIV - Como e por que Deus é visto e não é visto por aqueles que o buscam". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 112.

23

"Portanto, ó Senhor, tu não és apenas aquilo de que não é possível pensar nada maior, mas és, também, tão grande que superas a nossa possibilidade de pensar-te. Com efeito, supondo que fosse possível pensar que existe um ser dessa espécie, se tu não fosses esse ser, poder-se-ia pensar uma coisa maior que tu; o que é impossível" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XV - Que ele é bastante maior que aquilo que se pode pensar". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.

24

"Mas aquilo que tem partes não é uno, e, sim, composto e distinto de si mesmo e pode-se fracionar, ou na realidade ou pelo ato do pensamento. Porém, isso não se pode afirmar de ti, que és o ser do qual não se pode pensar nenhuma coisa melhor" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVIII - Como nem em Deus nem na sua eternidade, que é ele mesmo, há partes". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 115.

25

"A experiência mística revelaria ao homem a existência de Deus e levaria à descoberta dos conhecimentos necessários, eternos e imutáveis existentes na alma. Implica, pois, a concepção de um ser transcendente que daria fundamento à verdade. Deus, assim encontrado, é, ao mesmo tempo, uma realidade interna e transcendente ao pensamento. Sua presença seria atestada por todos os juízos formados pelo homem, sejam científicos, estéticos ou morais. Mas, por outro lado, a natureza divina escaparia ao alcance humano. Deus é inefável e mais fácil é dizer o que Ele não é do que defini-lo. A melhor forma de designá-lo, segundo Agostinho, é a encontrada no livro do Êxodo, quando Jeová, dirigindo-se a Moisés, afirma: Eu sou o que sou. Deus seria a realidade total e plena, a essentia no mais alto grau. E, a rigor, tal palavra deveria ser empregada tão-somente para designá-lo. Todas as demais coisas não têm propriamente essência, pois, sendo mutáveis, seriam constituídas pela mistura do ser e do não-ser" (1).


Referência:
(1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVII.

26

"Vós, porém, sois mais íntimo do que o meu próprio íntimo e mais sublime que o ápice do meu ser" (1).
Santo Agostinho está se referindo a Deus. De uma maneira simples e sintética mostra todo o mistério de Deus. Por isso qualquer nomeação nossa de Deus não consegue dizê-lo. E o modo mais profundo de dizê-lo ainda é o silêncio absoluto.


Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) SANTO AGOSTINHO. " Cap. 6 - Seduzido pelo maniqueísmo". In: ..... Confissões, Livro III, p. 47. Coleção Os Pensadores, Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.

27

"Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe - mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo" (1).


Referência:
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 260.

28

"- Como faz para falar com Deus?
- Tenho percebido que todas as representações do mundo, através das palavras e das linguagens, dos números e das medidas, das ideias e dos conceitos, dos sentidos e do silêncio, é o tudo e o nada que se dá no campo da consciência. Não tenho como escapar da consciência e é nela que se dá o nada/tudo que poderíamos chamar de Deus. Ao viver, portanto, vivo Deus. Falar com Deus é estar vivo. Falo com ele o tempo todo através das várias formas de diálogo com o mundo via consciência" (1).


Referência:
(1) Entrevista de Gilberto Gil - Cantor e Compositor, concedida a Maria Fortuna: Recomeçar significa deixar para trás muito do que temos sido. In: O Globo, Segundo em Quarentena, quarta-feira, 29-04-2020, p. 1.

29

"Deus quere, o homem sonha, a obra nasce " (1).


Referência:
(1) PESSOA, Fernando. "O infante". In: Obra Poética - Mensagem. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965, p. 78.

30

Sócrates - "Não achas que devemos rezar aos deuses deste lugar antes de nos irmos embora?"
Fedro - "Estou de acordo!"
Sócrates - "Oh, Divino , e vós, deuses todos da corte celestial, deuses deste lugar, ajudai-me a buscar a beleza interior e fazer com que as coisas exteriores se harmonizem com a beleza espiritual! Fazei com que o sábio me pareça sempre rico e que eu tenha tanta riqueza quanta um homem sensato for capaz de suportar e bem governar!" - Por acaso teremos algo mais a suplicar? Por mim, Fedro, acho que pedi tudo o que desejo!
Fedro - "Pois suplica para mim a mesma coisa, já que os amigos tudo devem possuir em comum!" (1).


Referência:
(1) PLATÃO. Fedro, 5. e. Trad. Pinharanda Gomes. Texto grego estabelecido por Léon Robin, Paris, Les Belles Lettres, 1966. Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 131, 279 b.

31

"Este elemento cristão da interioridade do homem foi muito explorado por Santo Agostinho. No entanto, Agostinho refletindo sobre a interioridade, retirando-se para dentro da sua própria interioridade descobriu dentro de si uma interioridade mais interior do que ele mesmo era interior a si mesmo: o espírito infinito da divindade" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

32

"O ser é aquilo do qual procedem e pelo qual são postos todos os conteúdos entitativos puros. O ser é o puro conteúdo entitativo, a pura perfeição de ser simplesmente. Por isto, quando temos o ser realizado em toda a sua original pureza e plenitude, então nele estão incluídos todos os conteúdos entitativos puros não mais diferenciados e limitados, mas na identidade absoluta e ilimitada do ser absoluto, ou seja, de Deus" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

33

"... se o Ser Absoluto, ou seja, Deus, implica um agir que exerce o ser como tal na sua plenitude infinita, então o Ser Absoluto exerce a si mesmo em plenitude e seu exercício é bem mais um exercício espiritual em toda a perfeição. Disto tudo se conclui não apenas que Deus é, necessariamente, espírito perfeito, infinito e absoluto (= todos sinônimos da mesma realidade divina), mas também que o critério para julgarmos quais são os conteúdos entitativos espirituais ou, mais claramente, aquilo que nós dizemos do espírito finito, não sob o aspecto de sua finitude, mas de sua espiritualidade pode ser aplicado, analogamente, a Deus" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

34

"Santo Agostinho, um angustiado pela procura da verdade, disse que Deus é mais íntimo ao ser humano do que o próprio ser humano é íntimo a si mesmo. Então a pergunta mais angustiante não é se Deus existe ou não existe. A questão está no fato de que Deus assumiu a figura d’a verdade, pois, como Deus, não poderia ser uma verdade. Negar a existência da verdade pela existência de outra implica a negação, muitas vezes e para muitos, de Deus" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.

35

"A verdade para ter o poder operante em cada sistema e não se esgotar em cada um deles só pode ser a não-verdade. Assim como o Deus que concede realidade à legitimidade e veracidade de cada religião e funda cada e a de cada um só pode ser o Não-deus. Este, por ser “Não-”, é inominável como o silêncio e a sabedoria. A Ele só cabe o nome do não-conhecer, do não-nomear, do não-ver: mistério vivo e pulsante, nada e fonte de tudo.
Um tal mistério sempre adveio na não-verdade de todas as grandes obras poético-sagradas. Impulsionados pelo apelo inominável da não-verdade, todos os grandes poetas sempre responderam e corresponderam com suas obras – desajeitada e incompleta resposta – à manifestação concreta da poiesis como não-verdade. E nisso e por isso todas as grandes obras, sejam dos poetas, sejam dos que receberam o apelo de anúncio do mistério, proclamam a verdade da não-verdade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.

36

Com o surgimento do Cristianismo e a proclamação de um único Deus, surgiu um debate intenso e até agressivo e violento para com aqueles que acreditavam nos Deuses. Contrariando todos os preceitos dos evangelhos, praticou-se uma violência e intolerância tão grande que os seguidores dos Deuses tiveram de refugiar-se nas aldeias distantes, localizadas nos campos. Ora, em latim, a aldeia se denominava: pagus, pagi. Daí se formou: paganus, pagani: camponês, aldeão (1). Por isso, todo aquele adorasse os deuses passou a ser denominado: pagão.
Há um filme espanhol que mostra como foi surgindo a perseguição àqueles que veneravam e cultuavam os deuses: Alexandria. Direção de Alejandro Amenábar, 2009.
Mostra também a intolerância dos cristãos para com quem se dedicava à ciência e à filosofia. No filme trata-se de Hipátia, famosa cientista por suas pesquisas. Um ex-discípulo seu, que se tornou dirigente cristão, lhe pergunta o motivo por que não aceita a cristã. E ela responde: Eu preciso questionar e quem tem não questiona. , aí, implicava doutrina a respeito da realidade. É um filme muito rico, pois também mostra como começou a rivalidade entre os judeus e os cristãos.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) FARIA, Ernesto. Dicionário escolar Latino - Português, 4. e. Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.

37

"A passagem que conduz do Deus impessoal dos filósofos ao Deus pessoal do cristianismo, esta passagem considerada à luz da verdade esquecida do Sagrado é tão ilusória como a passagem que leva do humanismo da substância ao humanismo do sujeito. Heidegger lembra que a categoria de pessoa não é menos carregada das potências metafísicas de dessacralização e desumanização do que as categorias de objeto e de coisa" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.

38

"Numa ilha ao sudoeste da Irlanda, vive o deus Donn, Senhor dos Mortos, a quem todos os seres humanos um dia acabam prestando homenagens. Ele é o deus ancestral que dorme numa caverna, assistido por nove donzelas, cujo sopro alimenta o fogo sob o seu caldeirão mágico. O reino de Donn se estende até as sepulturas em que guerreiros e reis celtas estão enterrados com suas armas, joias e trajes cerimoniais - e também as carruagens em que eles viajam para o Outro Mundo, onde viverão pela eternidade" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 18.

39

"A natureza dá e tira a vida, e esses dois aspectos opostos são completamente interdependentes: nada pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a tradição celta coloca animais ferozes e poderosos lado a lado com deusas delicadas e gentis" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.

40

"O termo egípcio mais próximo a Deus é Amen-Renet (Aquele cuja Essência Verdadeira é Desconhecida" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "No Início". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 36.

41

"Deus não é uma entidade. É o total de um processo criativo e indecifrável em devir, do qual cada um de nós, pessoa, animal, pedra, capim, astro, asteroide, vento, sopro e suspiro, desgosto e dor, euforia e glória, faz parte integrante e inalterável" (1).


Referência:
(1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: "Só os peixes veem o mar". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado 10-9-2022, p. 6.
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