Não-deus

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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"A verdade para ter o poder operante em cada sistema e não se esgotar em cada um deles só pode ser a não-verdade. Assim como o Deus que concede realidade à legitimidade e veracidade de cada religião e funda cada e a de cada um só pode ser o Não-deus. Este, por ser “Não-”, é inominável como o silêncio e a sabedoria. A Ele só cabe o nome do não-conhecer, do não-nomear, do não-ver: mistério vivo e pulsante, nada e fonte de tudo.
Um tal mistério sempre adveio na não-verdade de todas as grandes obras poético-sagradas. Impulsionados pelo apelo inominável da não-verdade, todos os grandes poetas sempre responderam e corresponderam com suas obras – desajeitada e incompleta resposta – à manifestação concreta da poiesis como não-verdade. E nisso e por isso todas as grandes obras, sejam dos poetas, sejam dos que receberam o apelo de anúncio do mistério, proclamam a verdade da não-verdade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.
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