Resposta

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

"A resposta à pergunta é, como cada autêntica resposta, a última saída do último passo de uma longa seqüência de passos questionantes. Cada resposta somente conserva sua força como resposta enquanto ela permanecer enraizada no questionar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70/Almedina, 2010, p. 179.
Ver também:
*Questão

2

"Como tantas vezes em minha vida, aqueles dois demônios acordados, o Sim e o Não lutavam e se arranhavam em mim. Sempre que encontro uma resposta para as perguntas que me atormentam, a aceito com inquietude porque sei que esta resposta sem falha trará novas perguntas. Assim a caça conduzida em mim pelos dois demônios é infinda. Parece que cada resposta esconde perguntas futuras no seio de suas certezas temporárias. Por isto vejo sempre a sua vinda não com alívio, mas com uma secreta inquietude" (1).


Referência:
(1) KAZANTZAKIS, Nikos.Testamento para El Greco. Trad. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 255.

3

"Diferentemente dos conceitos, sempre generalizantes e redutores das complexidades da realidade, as questões pulsam o ritmo da vida sempre em movimento inaugural e único. Seu teor circular não tem nem início nem fim premeditados, pois o questionamento e a sabedoria daí advindos não culminam em respostas fixas e acabadas. A resposta que se segue a uma questão não pretende solucioná-la, mas sim abranger e aprofundar ramificações, possibilitando a fecundação de outra pergunta, impulsionando-se, assim, o pensamento" (1).


Referência:
(1) MAROUVO, Patrícia. (a indicar a referência).

4

"Deve deixar cada palavra vir com sua força poética e nela descobrirá algo maravilhoso: que a resposta, qualquer resposta, só é verdadeiramente resposta se recolocar a questão, pois somos radicalmente seres-do-entre, entre pergunta e resposta, entre vida e morte. Vivemos sempre em liminaridade, uma liminaridade em que vigora a essência originária, porque poética, pela qual tanto mais realizamos nossa finitude quanto mais, corajosamente, nos lançamos no não-finito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.

5

"Para a questão, a resposta só é resposta se tiver a dimensão de recolocar a questão em novo horizonte. Por isso, é imprescindível perguntar e responder. Tudo e sempre se torna diferente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 246.

6

"O que é real? E ela não sabia como responder. Às cegas teria que pedir. Mas ela queria que, se fosse às cegas, pelo menos entendesse o que pedisse. Ela sabia que não devia pedir o impossível: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada. É perigoso mexer com a grande resposta." (1)


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, pp. 56-57.

7

"O saber de toda resposta é sempre o limite experienciado a partir do não-saber, mas manifesto no plano do saber orgânico, que é sempre entitativo. Isso significa que a resposta não se dá nunca no âmbito do ser, mas tão-somente no plano do ente. Isso se dá porque a resposta, só em parte, é resposta à questão posta na pergunta. A resposta nunca se dá no plano do ser, e sim somente no plano do ente enquanto ente do ser. A resposta vai sempre ser paradoxal, pois responde no plano do ente, embora se mova e só se possa mover no plano do ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 199.

8

"... isto não nos deve fazer esquecer que o ente não é o ser e que, portanto, a resposta não dá conta da questão, não dá conta do ser. E que não há aí uma dicotomia, mas uma tensão dinâmica na qual qualquer resposta já solicita, convoca e recoloca a questão. Todo agir dá-se sempre em uma dobra. A questão se move, portanto, na densidade complexa e abismal de não-ser-ser. A resposta-conceito se move no âmbito paradoxal, mas restrito, do ente. A questão sempre se como pergunta" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 200.

9

"Que é isso o que somos? Aqui podemos nos mover numa dupla articulação. (1)No plano do ente: O que é? Pois tudo que é é ente. (2)Ou, o que é necessário, movermo-nos no plano do ser do ente. Neste caso, o alcance da resposta será medido não pelo ente, mas pelo ser do ente. Isso significa que a resposta não se dá nunca no âmbito do ser, mas apenas e tão-somente no plano do ente. Significa isto que a resposta só em parte é resposta, porque ela nunca se dá no plano do ser, mas somente no plano do ente enquanto ente do ser. Ou seja, a resposta vai sempre ser paradoxal, pois responde no plano do ente, embora se mova, e só pode se mover, no plano do ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 14.
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