Saber

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

O que é saber? Cláudio Hummes trata bem disso em Metafísica. Trata-se da relação ser/ saber/consciência. Diz ele: "[...] o homem é capaz de retornar ao ser, ou seja, de referir-se a si mesmo e o perguntado ao ser ilimitado, e na medida em que assim atinge o ser ilimitado, o homem se identifica neste exercício com o ser. Ora, uma tal identidade de exercício com o ser como tal é o saber" (1). Depois, nesse tratado tematiza a consciência.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HUMMES, Cláudio. Metafísica, p. 125. Acessível em: http://www.travessiapoetica.blogspot.com

2

"– Estive lendo um dia um filósofo, sabe. Uma vez segui um conselho dele e deu certo. Era mais ou menos isto: é só quando esquecemos todos os nossos conhecimentos é que começamos a saber" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 53.

3

"Na Cultura Ocidental temos mensurabilidade, identidade e representação como critérios privilegiados e determinantes para o saber. O saber está, nesse contexto, amplamente determinado pela medida analógica, pela identidade analítica e pela representação ideal, a ponto de se pensar que só é cognoscível o que pode responder, no mínimo, a um desses três princípios" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005 p. 87.

4

"Eu não sei o que sou, eu não sou o que sei: / Uma coisa e não-coisa, um ponto e um círculo" (1).


Referência:
(1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a meditação do nada. Seleção e organização de Hubert Lepargneur e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T.A. Queiroz, Editor, 1986, p. 68.

5

O pré-saber é o sentido do Ser, em que já nos movemos simplesmente. Para o ser humano trata-se sempre do saber, isto é, do sentido do Ser. Este é tão imediato, tão presente, tão sem questionamento que aquilo que se torna questão para o ser humano é o sentido do ser, isto é, o saber do Ser. Toda a nossa questão é o saber. É no e do saber do Ser que surgem as questões: linguagem, sentido, mundo, verdade. Porém, o pré-saber vigora no não-saber e saber, portanto, há também a não-linguagem, o não-sentido, o não-mundo, a não-verdade. É o que tentamos denominar, e sempre falhamos,como silêncio e vazio e nada. Do silêncio, do vazio, do nada, nada podemos dizer, somente experienciá-los. É a condição de nossa finitude, a nossa condição humana.


- Manuel Antônio de Castro

6

"O ver não se determina a partir do olho, mas a partir da clareira do ser. A in-sistência nela constitui a articulação de todos os sentidos humanos. A essência do ver enquanto ter visto é o saber. Este contém a visão. Ele permanece na lembrança da presença. O saber é a lembrança do ser" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Os pré-socráticos - fragmentos, doxografia e comentários. 2. e. São Paulo: Abril Cultura, 1978, p. 34.

7

Capital é representação. Sem saber não há representação. Saber é a manifestação do que para todos os seres humanos já se deu a ver em tudo que se vê. Antes de ver já vimos e por isso já sabemos como possibilidade. Se não soubéssemos como possibilidade de ver, não poderíamos nunca chegar a saber o que vemos. Esse ver é da estrutura de possibilidade do próprio e não do indivíduo. O saber do ver como possibilidade é a própria essência da techne, no sentido grego, do qual o moderno é uma faceta.


- Manuel Antônio de Castro

8

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser / saber (em Parmênides: einai / noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber. Daí surge a dialética enquanto procura incessante de proximidade e distância, de completude e falta, de sentido e não-sentido, de verdade e não-verdade, onde um tal não não indica falta, mas o que já se tem e tem demais e nunca cabe em nossos limites. Por isso, dentro deles só fazemos nos entregar incessantemente à procura da plenitude para a qual tendemos por sermos e não-sermos, e jamais como uma decisão de nossa vontade, que só aparentemente é que quer.


- Manuel Antônio de Castro.

9

"Sabemos muito bem que não basta viver e/ou saber. É necessário ser o que se sabe. Não basta viver sentindo o que é, é necessário ser o que se sente. Ser sabendo e sentindo é deixar eclodir o sentido enquanto vigorar do ser. A perda do sentido do viver é que acarreta o poder secar. A falta de sentido conduz ao secar. Sem sentido tanto o viver como o sentir perdem o vigorar do viver sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 244.

10

"A pergunta implica sempre dois elementos: o saber e o não-saber. É este que faz surgir a pergunta para saber, mas ele não é um não-saber totalmente vazio, algo totalmente desconhecido. Trata-se antes - na unidade do saber e não-saber já ciente - de um não-saber em que pelo fato de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa forma geral e indeterminada, mas não é ainda em forma específica e determinada" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

11

"Dos dois elementos, saber e não-saber, fizemos assim um só, uma condição de possibilidade da pergunta e que, na sua ainda indeterminação, podemos chamar de “pré-saber ou pré-compreensão que a pergunta implica”. No entanto, o pré-saber da pergunta nunca está na pergunta sob forma temática, mas a-temática. Tematicamente está nela o não-saber e o querer-saber" (1).
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

12

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser/saber (em Parmênides: einai/noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber.


- Manuel Antônio de Castro.

13

O pré-saber é o sentido do Ser, em que já nos movemos simplesmente. Para o ser humano trata-se sempre do saber, isto é, do sentido do Ser. O Ser é tão imediato, tão presente, tão sem questionamento, que aquilo que se torna questão para o ser humano é o sentido do ser, isto é, o saber do Ser. Toda a nossa questão é o saber. É no e do saber do Ser que surgem as questões: linguagem, sentido, mundo, verdade. Porém, o pré-saber vigora no não-saber e saber, portanto, há também a não-língua(gem), o não-significado/sentido, o não-mundo/mundo, a não-verdade/verdade. É o que tentamos denominar como silêncio e vazio e nada. Do silêncio, do vazio, do nada, nada podemos dizer, somente experienciá-los. É a condição de nossa finitude, a nossa condição humana.


- Manuel Antônio de Castro.

14

Por já vigorarmos, por tudovigorar no ser, ele não é fundamento de nada, porque ele simplesmente vigora, independentemente de minhas nomeações e reflexões. Ele está tão próximo, tão próximo que até já desde sempre o somos e nele somos o que somos. E, seguindo Parmênides, o mesmo é ser e saber. É este ser e saber como o mesmo que se torna a questão do educar originário. Mas nossa procura do saber do ser acaba se desviando para o saber imperfeito e limitado e não nos abrimos para o seu sentido que é o máximo de saber, porque o seu sentido é o silêncio em que ele vigora e se dá a ver e a saber. O sentido, o silêncio, o vazio são o mais presente do presente, são sempre o já vigorando e sem o qual nada se dá a saber e a ver. Em virtude de nosso limite de entre-ser temos a tendência a entificar o ser, o saber, o silêncio, o vazio, o nada.


- Manuel Antônio de Castro.

15

"... devemos dizer que eu só posso perguntar o que ainda não sei. A pergunta só pode surgir de um saber que-não-sabe. Ora, como vimos, a possibilidade de qualquer pergunta se funda na possibilidade de perguntar pelo ser. Por isto, o ser deve significar para mim também um horizonte não-sabido. Assim devemos dizer que o horizonte de ser, como condição fundamental de todo perguntar deve constituir um horizonte sabido-não-sabido por mim. Assim perguntar pelo ser eu só poderei se o ser significar sempre para mim um não-sabido além de ser algo de sabido. E assim sucede que meu não-saber do ser nunca seja totalmente redutível a um saber, pois então se dissolveria a possibilidade de perguntar pelo ser e, igualmente, a possibilidade de qualquer outra pergunta" (1). É o que se tenta dizer com a liminaridade, com o entre-ser em que vigora o ser humano.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

16

O saber é sempre saber do ser. A questão se torna aparentemente o que posso saber do ser e se posso afirmar o ser como ele é ou como ele me aparece, como eu o conheço. Mas se há sempre saber do ser, não há todo saber, caso contrário não se precisava mais perguntar, o que acontece é que todo o nosso saber é sempre do ser, mas é sempre um saber não infinito. E daí surgem diversas situações e até contradições, e até o poder fazer falsas afirmações, pois podem ser apenas relativas ao que vejo e não a tudo que se dá a ver. Toda a questão está em querer afirmar os conhecimentos universais e necessários. Pelo contrário, nossos conhecimentos são e não são circunstanciais e conjunturais, limitados, embora digam sempre respeito ao ser, quando restritos ao que me é possível ver. Dessa maneira, o conhecimento universal existe, mas como algo concreto e nessas condições poético-concretas.


- Manuel Antônio de Castro.

17

"Assim, o conceito do ente é essencialmente um conceito análogo, porque ele é um conceito transcendente e como tal não é determinado mais por algo de exterior a ele, mas por si próprio, enquanto se diferencia e modifica na multiplicidade dos entes. Por mais que ele valha de cada ente singular, nunca pode ser definitivamente fixado, mas está sujeito a um contínuo crescimento e diferenciação no sentido" (1).
Temos aqui bem caracterizada a diferença entre conceito e questão, pois esta nunca pode ser definitivamente fixada.
"Nisto se manifesta também o aspecto dinâmico de nosso saber do ser: porque nunca atingimos o ser em plenitude quando atingimos o ser de um ente, por isto nossa pergunta pelo sentido do ser tende sempre a ultrapassar todo saber acerca de um ente singular em direção a outros e, fundamentalmente, em direção ao ser ilimitado, continuamente enriquecendo-se mais e aprofundando-se" (1).


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. Já faleceu.

18

"Toda pergunta, todo saber nosso, se exerce dentro do horizonte do ser. Este, como horizonte, é constituído pelo ser absoluto. Ora, embora para perguntar devamos sempre já co-exercer o horizonte do ser ilimitado, no entanto, isto se realiza apenas no sentido de que o pré-captamos sem atingi-lo na sua plenitude, ou seja, que ele é fundamentalmente a direção para onde vai toda nossa pergunta e nosso saber, sem que jamais o possamos abranger à maneira de um abraço com que envolvemos alguém" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

19

"Assim temos, de fato, dos conteúdos entitativos puros um conceito positivo próprio, enquanto os encontramos nos entes finitos, e enquanto os elevamos acima de qualquer limite para a unidade e infinitude do ser absoluto, onde todos se realizam em plenitude e identidade absoluta. Temos deles um saber análogo, ou seja, temos um saber análogo do Ser absoluto" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

20

"E perguntar só posso se sei que pergunto, do contrário a pergunta não seria um exercício consciente e mais uma vez deixaria de ser possível. Mas, também, perguntar eu só posso quando quero saber. E quando de fato pergunto, sei que quero saber. Porém, quando quero saber, isto supõe que posso saber. Isto significa, portanto, que a pergunta se dirige a algo que pode ser sabido – e este último elemento é importante para nossa questão da verdade do ser. A pergunta se dirige a algo que pode ser sabido e que eu já sei até certo ponto, mas não plenamente, não exaustivamente. E que, por isto, quero saber mais plenamente. Isto me impele a perguntar. Vemos como o saber está na base da pergunta. Pois pergunta pressupõe um saber anterior. Implica este mesmo saber anterior e se dirige para um novo saber. Assim temos como uma primeira forma de exercício espiritual o saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

21

O saber que se sabe é um auto-iluminar-se e, portanto, um exercício espiritual.


- Manuel Antônio de Castro.

22

"Ora, um exercício espiritual em que se afirma o outro como outro e se tende para ele como outro, chama-se querer. Quando eu quero meu outro, ou seja, um objeto, este continua fora de mim sob aspecto de ente em si, mas eu saio de mim na sua direção para, por assim dizer, “perder-me” nele, identificar-me com ele. No caso do saber dá-se o inverso, pois é o objeto que por assim dizer entra em mim, se identifica comigo, não assim como ele existe em si diante de mim, mas numa forma ideal de sabido por mim.


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

23

Nossa relação com o ser do ente é complexa, vista sob a dimensão do saber: ele me aparece como objeto material, quando quero saber o que é; me aparece como objeto formal, quando quero saber o como é; temos ainda a dimensão introduzida por Kant: o como se sabe. E falta ainda considerar, sobretudo, aquela dimensão que diz respeito ao próprio saber como tal: o para que se sabe, pois aí se manifesta a intencionalidade. O que falta pensar na intencionalidade é o não confundi-la com a finalidade. E isso é decisivo, porque quando se reduz tanto o ser quanto o saber, na dimensão da intencionalidade à finalidade sucede a inversão moralista pela qual os fins justificam os meios. Mas tais fins já estão dados no sistema ou modelo. E só então nesse agir se vê todo o abismo em que se move todo o nosso agir, quando tem como sentido o sentido do modelo.


- Manuel Antônio de Castro.

24

"Diante do perigo mortal, Ulisses, no relato aos seus companheiros, começa acentuando dois aspectos interligados e fundamentais: o saber, o tomar consciência, e o destino que implica esse saber. De novo, não é um saber como qualquer outro saber, é um saber que abre para o que o destino é. No destino dá-se a dobra de saber e ser. O vigorar desta dobra é a essência do agir. Nesta acontece o destino que nos foi destinado. É por isso que não é a vontade por meio da razão que age, mas o querer poder do destino. E aqui o destino é o próprio mito enquanto saber. Experienciar o destino é experienciar o mito, e experienciar o mito é experienciar o saber. Saber é tomar consciência do destino e realizá-lo em nossas escolhas" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 172.

25

"Circe adverte Ulisses do perigo da morte e ensina como fugir dele. O mesmo repete Ulisses aos companheiros. As Sereias não falam da morte, não poderiam falar de morte, só do saber pleno, divino e inefável, porque a tensão entre saber e morte só existe para nós mortais. Só por sermos mortais é que podemos saber. Plantas e animais não morrem, não sabem que morrem, perecem. O saber das Sereias é um saber que nos faz ultrapassar os umbrais da morte. Um tal saber só se experiencia como fala do silêncio, tão plena que é a não-fala. Se queremos a palavra cantada e, como saber pleno é a morte, então, no fundo, queremos o não-querer, o destino que nos advém das Môirai, filhas da Noite" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 178.

26

"Sileno é conhecido por ser o detentor da sabedoria. Não se trata de qualquer sábio e, certamente, está longe da sabedoria que os filósofos profissionais procuram, porque a sabedoria tem muitos caminhos. A riqueza cultural grega está na possibilidade dos diferentes caminhos que ela empreende em busca desse saber radical, que é a questão do mito: a procura radical pela felicidade, girando em torno da experienciação da realidade como Eros e Thánatos, que é a experienciação de todas as experienciações, porque implica nossos limites ilimitados" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 189.

27

"Por incrível que pareça, a liberdade nos advém do saber da morte, da qual desde que nascemos já sabemos. Só esse saber essencial liberta, mas este nunca está pronto. A vida como saber da morte tem de ser vivida como saber/sabor no viver" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193.

28

"Por incrível que pareça, a liberdade nos advém do saber da morte, da qual desde que nascemos já sabemos. Só esse saber essencial liberta, mas este nunca está pronto. A vida como saber da morte tem de ser vivida como saber/sabor no viver" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193.

29

"A finitude de nosso saber é o saber de nossa finitude pela e na qual podemos nos libertar e chegar a ser felizes. O saber de nossa finitude só nos pode advir de nossa não-finitude, o nada, a morte" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.

30

"O saber, todo saber, é entitativo. Só o saber do não-saber a partir do qual e no qual se põe a questão é não-entitativo, ou seja, se dá e vige, desde sempre, no âmbito do ser. É sempre a partir da vigência neste que se pode questionar, isto é, querer em tudo que quer o não-querer" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 199.

31

"O saber de toda resposta é sempre o limite experienciado a partir do não-saber, mas manifesto no plano do saber orgânico, que é sempre entitativo. Isso significa que a resposta não se dá nunca no âmbito do ser, mas tão-somente no plano do ente. Isso se dá porque a resposta, só em parte, é resposta à questão posta na pergunta. A resposta nunca se dá no plano do ser, e sim somente no plano do ente enquanto ente do ser. A resposta vai sempre ser paradoxal, pois responde no plano do ente, embora se mova e só se possa mover no plano do ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 199.
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