Ilimitado
De Dicionário de Poética e Pensamento
Tabela de conteúdo |
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- Ilimitado é o que não tem limite. Compreende-se melhor o alcance do ilimitado quando se apreende o âmbito do que denominamos limite. E apreendemos este no jogo com o que diz a palavra horizonte e com aquilo que os gregos de uma maneira densa e rica denominavam telos. De alguma maneira também a forma e o organismo e/ou corpo se afirmam em tensão com o não-limite, ou seja, o ilimitado. Remete ainda o limite para a condição humana em sua finitude e não finitude. Mas temos de compreender que finitude e limite nunca dizem somente fim. Apreender o jogo de finitude e não finitude na condição humana é apreender e pensar o mistério e enigma do que denominamos Eros e Thanatos, vida e morte na medida em que são. Somente o ser dá a medida de Eros e Thanatos.
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- Tanto externa como internamente sempre e sempre nos projetamos numa linha de horizonte para além da qual sabemos nada, pois está para além do limite, ou seja, torna-se o ilimitado, e que, no entanto, é o horizonte de toda procura e cuidado: a terceira margem do horizonte. Um horizonte onde procuramos ver tanto e contraditoriamente não vemos nem podemos ver o que precede todo o olhar do próprio olho. Tão distante e insondável o horizonte e, misteriosamente, esse é sempre o limite do que não tem limite, ou seja, do ilimitado, um limite que sempre está próximo, tão próximo que não o podemos ver. Como nossa razão, tão brilhante, potente e deslumbrante é limitada, pois não nos pode oferecer o ilimitado. Na verdade, a luz da razão é um limiar, um entre, diziam os gregos logos, de abertura para as possibilidades que fundam todo ilimitado.
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- "A mente permanece instável no grande Vácuo.
- Aqui, o saber mais elevado
- É ilimitado. O que concede às coisas
- Sua razão de ser, não pode limitar-se pelas coisas.
- Assim, quando falamos em 'limites',
- Ficamos presos às coisas delimitadas.
- O limite do ilimitado chama-se 'plenitude' " (1).
- (xxii, 6)
- Referência:
- (1) MERTON, Thomas. "Onde está o Tao?". In: A via de Chuang Tzu, 9.e. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999, p. 159.
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- P - Assim, enquanto andarilho da mensagem de desvelamento da duplicidade, o homem seria também o andarilho dos limites do ilimitado.
- Referência: