Procura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

"As procuras são regidas ao mesmo tempo pelas possibilidades, isto é, pela cura, e pelo tempo, pois toda procura se dá no e enquanto tempo. O tempo nunca é exterior nem interior a nós. Somos tempo. Que tempo? O tempo que já vigora na cura. A cura do tempo e o tempo da cura são nossas possibilidades. O humano de todo ser humano é a cura. O que compreender por cura? (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 232.

2

"O ser humano simplesmente não está aí entre os outros entes, as coisas como tais. Já vimos que além de viver e ter as suas vivências, o ser humano constitui-se na medida em que faz da vida vivida uma vida experienciada. Ele procura sempre o conhecimento. Mas isso ele só pode fazer porque não conhece o que procura, pois se já o conhecesse não precisava procurar. Uma tal procura do que se é denomina-se questionar. Por outro lado, se de maneira nenhuma não já conhecesse nem poderia questionar. Isto significa que já está aberto para o poder conhecer o que ainda não conhece" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 24.
Ver também:
*Cura

3

"A medida do entre tanto é a vida quanto é a morte. Na medida está o sentido, no sentido está a medida. Toda procura, no fundo, é sempre a procura do sentido do sentir. É justamente isso que denomino aqui experienciação e não (jamais!) experiência. Toda procura advém sempre enquanto experienciação. Todo conceito advém sempre enquanto experiência. É por isso que posso dizer que “Fulano é experiente no fazer artefatos de madeira, de barro, em dar aula etc”. Todavia, jamais posso dizer que alguém é experiente na experienciação de morrer. Das experiências surge um aprendizado, passível de ser ensinado, porque é um saber baseado em conceitos, por exemplo, um carpinteiro que ensina o aprendiz a fazer móveis. Das experienciações surge uma aprendizagem, algo absolutamente pessoal e impossível de ser ensinado, porque não é redutível aos conceitos. A aprendizagem é experienciação das questões" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 215.

4

"Se bem observarmos o que a palavra procura nos diz e convoca a escutar perceberemos que há na própria palavra uma dobra permanente de medida e não-medida, densificada no entre de toda e qualquer procura. É nas pro-curas que acontece o sentido do que somos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 217.

5

"Mas, sem dúvida, se não podemos falar em sensação pura, também, em se tratando do ser humano, é impossível ficar preso a uma razão pura. Por isso, melhor do que falar em instinto, seja melhor dimensioná-lo pelo mito de Cura, conjugando a sua origem, tanto em Eros, quanto em Cura, fazendo desta uma dimensão do próprio Eros, pois, em última instância, as libidos são sempre uma procura, inerente ao próprio do ser humano, enquanto dimensionada por Eros" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eros, o humano e os humanismos". In: Eros, tecnologia, transumanismo. MONTEIRO, Maria Conceição e Outros (org.). Rio de Janeiro: Caetés, 2015, p. 47.

6

"Eu me procuro a mim mesmo" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO. Fragmento 101. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 85.

7

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser/saber (em Parmênides: einai/noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber. Daí surge a dialética enquanto procura incessante de proximidade e distância, de completude e falta, de sentido e não-sentido, de verdade e não-verdade, onde um tal não não indica falta, mas o que já se tem e tem demais e nunca cabe em nossos limites. Por isso, dentro deles só fazemos nos entregar incessantemente à procura da plenitude para a qual tendemos por sermos e não-sermos, e jamais como uma decisão de nossa vontade, que só aparentemente é que quer.


- Manuel Antônio de Castro.

8

"Procurar significa: ter uma meta. Mas achar significa: estar livre, abrir-se a tudo, não ter meta alguma" (1).


Referência:
(1) HESSE, Hermann. Sidarta. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 115.

9

"O grito de dor de Édipo, arrancando os olhos, leva à plenitude de sentido, porque o leva à Cura de todas as procuras de afirmação da negação do que lhe fora destinado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 33.

10

"Navegar pelo oceano desconhecido é lançar-se nas mãos do destino. O destino, contudo, nunca é meramente neutro - sempre existe uma dimensão moral. A própria vida é uma busca e o buscador dedicado e consciente da verdade e do bem é recompensado da maneira apropriada no devido tempo" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. "Como Viver e como Morrer". O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 69.
Ferramentas pessoais