Ciência

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

A ciência como ciência não pode pensar a sua essência. E não pode pensar a sua essência porque a essência não pode ser reduzida ao saber. Pensar é mais do que simplesmente saber. É abrir-se para o mesmo de ser e saber.
E não poder pensar para a ciência que se pensa como ciência é deixar de ser ciência e passar a ser filosofia ou pensamento.


- Manuel Antônio de Castro

2

"O conceito de ciência deriva da representação paradigmática do saber. O conceito de saber fundamenta-se no respectivo entendimento e na respectiva compreensão da essência da verdade. A essência da verdade surge a partir da posição fundamental do homem no meio da totalidade do ser. Esta posição fundamental é dominada pelo modo como o homem está no meio do ente; ela é dominada pelo fato - quem o homem é - e se e como o homem questiona e responde a esta questão. Isto é, portanto, a decisão na qual nós mesmos estamos" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Lógica - a pergunta pela essência da linguagem. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008, p. 156.

3

A palavra ciência está ligada à palavra grega episteme.
"E o que diz e significa episteme? É uma palavra composta da preposição epi e do verbo ístamai. Ístamai diz estar em pé, solidamente estabelecido e fundado. E a preposição epi acrescenta-lhe a conotação de por sobre, em cima, a cavaleiro de, por cima. Da integração de todas estas dimensões formou-se, então, a experiência de conhecimento e ciência em sentido forte e próprio de episteme. Episteme não diz apenas conhecimento, mas todo o contexto em que se constitui conhecimento. Corresponde mais ou menos à experiência originária da scientia medieval e à nossa experiência espontânea de ciência , destituída naturalmente de qualquer conotação moderna que,em sua essência, equivale à técnica, no sentido de uma armação que tudo controla e tudo transforma em dispositivo de uma disposição ilimitada e auto-regulável" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema filosófico da lógica em Aristóteles". In: -----. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 235.

4

"Na percepção, nós recebemos o real nas sensações e nos sentimentos de nossa sensibilidade. E somos tocados e tão mobilizados pela rosa que a respeitamos e deixamos ser rosa, sem intervenção de espécie alguma. Outra bem outra, é a atitude da ciência ao observar a rosa. A rosa deixa de ser rosa para enquadrar-se numa classe, num gênero, numa espécie, numa família ou para submeter-se a um experimento e transformar-se num perfume, num chá ou num arranjo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 74.

5

"Existem, de fato, dois aspectos na ciência, sobretudo se vistos do ponto de vista de um teórico. Temos, primeiramente, o diálogo com a natureza. Imaginamos modelos e depois verificamos se esses modelos são realizados. A maior experiência do cientista teórico consiste em imaginar algo e vê-lo no computador ou em uma experiência de laboratório. Eis porque gostaria de dizer que a ciência ultrapassa as aparências. Não se trata somente das aparências: a ciência cria aparências" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 5.

6

"A ciência não apenas apresenta o aspecto científico, propriamente dito, no sentido da descoberta e descrição da natureza, mas também a posição que o homem ocupa na natureza" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 5.

7

"... o que se chama de ciência ocidental europeia determina também, em seus traços fundamentais e em proporção crescente, a realidade na qual o homem de hoje se move e tenta sustentar-se. Meditando o sentido deste processo, percebe-se que, no mundo do Ocidente e nas épocas da sua história, a ciência desenvolveu um poder que não se pode encontrar em nenhum outro lugar da terra e que está em vias de estender-se por todo o globo terrestre" (1).


Referência:


(1) HEIDEGGER, Martin. “Ciência e pensamento do sentido”, Trad. Emmanuel Carneiro Leão: In: -----. Ensaios e conferências. Petrópolis R / J: Vozes, 2002, p. 39.

8

"A ciência tem como correlato de seu princípio de verificabilidade a técnica. Esta encontra, no acúmulo de capital e na expansão econômica, as condições básicas para, aos poucos, dominar todo o fazer cultural. Ela não só substitui o homem na elaboração dos produtos, estabelecendo novas relações de produção, mas também atinge a cultura enquanto informação" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 203.

9

"Sempre constatei que a ciência ocidental era um pouco considerada como um imperialismo, como uma maneira muito particular de se verem as coisas ligada, justamente, a essas leis da natureza. Ora, na China, por exemplo, natureza significa o que se faz espontaneamente. A ideia das leis da natureza é, portanto, estranha às outras tradições culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a ciência oferece perspectivas mais universais" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 7.

10

"Para a ciência tudo é disposição porque a realidade já está disposta e predisposta para a sua intervenção. Cientificamente, conhecer é poder intervir, pois a ciência não trata do que é, só do como é" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 191.

11

"O desenvolvimento técnico ajuda muito a preservar, a divulgar e a multiplicar as próprias criações artísticas".
"No entanto, nem tudo é técnico e científico na vida. Diz Manoel de Barros no Livro sobre nada:


A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um
sabiá
mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
existem
nos encantos de um sabiá(1) (2).


Referências:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "Apresentação". In: A construção poética do real. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004, p. 7.
(2) BARROS, Manoel. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 53.

12

"Ora, mesmo que as muitas ciências da vida se construíssem sobre uma experiência radical da vida, ainda assim tal experiência nunca poderia ser alcançada ou constituída por qualquer ciência. E por que não? - Porque toda ciência é uma ciência e a vida é sempre muito mais antiga do que qualquer ciência. Como toda ciência, também as ciências da vida vêm depois e a reboque de uma determinada interpretação da vida, que só se obtém com a experiência comunitária de um pensamento radical" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega" (Dzoion logon echon).In: Aprendendo a pensar II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 132.

13

"O método científico é sempre delimitado. Ele estabelece pressuposições que não podem ser violadas. Tudo aquilo que não constar e estiver dentro desses limites não é científico. Ora, quando se diz isso, está se dizendo que a ciência não é científica. Por quê? A ciência como ciência não é objeto de nenhuma pesquisa científica. Não é um fenômeno físico a Física. Não é um fenômeno químico a Química. Por isso é que há uma tensão entre o conhecimento propiciado pelo método e pela técnica, porque método e técnica na ciência se trocam, um constitui o outro. Em vista disso, dizer técnica ou ciência não tem muita diferença. A técnica é o que possibilita a ciência. Sem se articularem as possibilidades de verificação, de comprovação ou de não falsificação, não se constitui uma teoria científica. A Física tem uma Pro-física, uma Ante-física, para poder ser Física. É por isso que a diferença fundamental é de constituição. O método lógico-científico se constitui com forças e princípios que fogem do alcance do próprio método científico" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 11.

14

"Nossa época e a ciência reduziram o logos a um de seus significados: o lógico. Este existe e é uma dimensão importante do logos, mas não diz tudo que o logos diz. A vida, o tempo, o ser, o pensar, o sagrado, o mundo, a verdade, o humano, o social, a arte, o imaginário, o sonho, o ético, o poético, a paixão, o desejo, a loucura, o erótico, a dor, o sofrimento, o desespero, a alegria, a tristeza, são mais do que o lógico da lógica. Pensando bem, o que há de essencial em nossa vida não é regido pelo lógico da lógica" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Diálogos trans- e a procura do humano". In: www.travessiapoetica.blogspot.com.

15

"Sempre pensei que a ciência era um diálogo com a natureza. Como em todo diálogo de verdade, muitas vezes as respostas são inesperadas. Eu gostaria de compartilhar com o leitor o sentimento de excitação e de espanto de meus colegas e de mim mesmo ao longo de toda essa exploração dos problemas do tempo e do determinismo" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Apenas uma ilusão?". In: -------. O fim das certezas. São Paulo: Editora UNESP, 1996, p. 60.

16

Para compreender e apreender o que é o olhar, o melhor caminho é pensar a diferença ontológica entre olhar e ver. Concretamente, um exemplo clássico pode nos fazer pensar essa diferença: quando Édipo, o famoso personagem do mito de Édipo, pensado por Sófocles em sua famosa obra Rei Édipo, tinha olhos não penetrara e nem vira os caminhos de seu destino. É que o olho é funcional, faz parte do nosso organismo que diz respeito ao olhar, não necessariamente ao ver, pois foi quando arrancou os olhos que passou a ver na luz da verdade os caminhos e descaminhos do seu destino. O olho diz respeito aos sentidos, a visão diz respeito ao sentido. Não basta olhar, é necessário ver. E é nesta distinção fundamental que os gregos pensaram a essência da aletheia, desvelamento ou verdade. Por isso, este diz respeito à manifestação do sentido do destino. E é nesse horizonte que se diferencia radicalmente a verdade da obra de arte e a verdade funcional da lógica, que fundamenta a ciência fundada na razão.


- Manuel Antônio de Castro.

17

"A ciência reduz tudo de uma maneira assombrosa, pois lhe falta a dimensão do sagrado. A dessacralização é proporcional ao avanço da ciência. Mas esta tem um encontro marcado com o destino, onde a essência da técnica terá de se defrontar com a presença constante do sagrado. Não é sem motivo que em ciência já se fala na “era das incertezas” (1).
"E então onde mora o perigo é daí mesmo que vem a salvação, que não é algo externo ao que está acontecendo. Apenas o esquecimento dessa presença e sentido, o esquecimento do sentido do ser. Toda gota d’água procura o seu elemento: o mar" (2).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. O fim das certezas - Tempo, Caos e as Leis da Natureza. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora UNESP, 1996, 3. e.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.

18

"O ritual do mito – a palavra cantada - não encena, não representa, como o faz o saber da ciência. O ritual do mito se torna a manifestação do sentido da Escuta da palavra cantada. Não há o rito e a Escuta, mas o rito – a palavra cantada – é a própria Escuta enquanto manifestação do vigorar do mito. Desta maneira, a realidade da Escuta é a realidade do mito enquanto rito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 158.

19

"Com o surgimento da ciência, a partir dos conceitos filosóficos, estes sofrem uma transformação: além dos limites definidos, passa a ser exigidos deles exatidão. E então, além da lógica, introduz-se a linguagem matemática, a linguagem da exatidão e da precisão. A maioria dos conceitos com que se analisam as obras de arte surgiram a partir do paradigma científico. E acabaram por ocultar as questões em que sempre a arte se move. O conceito traz a ideia de objetividade. Esta, fundada na exatidão da matemática, traz a certeza. Porém, hoje, tudo isso está, de novo, em questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.

20

"Porque a verdade na Ciência é sempre provisória: um limite do qual nos aproximamos sem nunca alcançá-lo. O tempo passa e a antiga verdade é questionada" (1).


Referência:
(1) LENT, Robert - Neurocientista, Professor Emérito da UFRJ. "A hora da ciência". In: O Globo, 11-06-2020, p. 17.

21

"A elaboração perfeita de qualquer ciência depende, naturalmente, em máxima parte do uso do método acertado. Qual é o método da metafísica? A esta pergunta não podemos fugir se queremos elaborar uma metafísica que deve ser ciência do ser. O resultado de qualquer ciência é mediado pelo método que ela usa, por isto um método falso levará necessariamente a falsos resultados" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

22

"A teologia vai aos poucos perdendo sua posição de saber mais importante e é substituída pela filosofia. Mas esta nova filosofia fundamenta e prepara o advento da ciência como paradigma último da Verdade. A verdade deixa de ser teológica e passa a ser científica. Tanto que hoje, quando alguém quer dizer que algo é verdadeiro, diz simplesmente que é científico. A aura da ciência, como verdade, tornou-se tão evidente que as pessoas nem um pouco se perguntam porque a ciência é simplesmente sinônimo da verdade. É claro que a ciência tem seus argumentos. E o maior deles é a experiência imediata que cada um comprova. A ciência brota do homem. É uma atividade que tem como centro de atuação e de legitimação o homem. Mas que homem? O homem enquanto razão. Esta substitui a " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ..... Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 66.

23

"A ciência reduz tudo de uma maneira assombrosa, pois lhe falta a dimensão do sagrado. A dessacralização é proporcional ao avanço da ciência. Mas esta tem um encontro marcado com o destino, onde a essência da técnica terá de se defrontar com a presença constante do sagrado. Não é sem motivo que em ciência já se fala na “era das incertezas”. E então onde mora o perigo é daí mesmo que vem a salvação, que não é algo externo ao que está acontecendo. Apenas o esquecimento dessa presença e sentido, o esquecimento do sentido do ser. Toda gota d’água pro-cura o seu elemento: o mar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.

24

"A verdade é o maior trunfo da ciência, não o que produz. Pois a ciência vive e sobrevive, no que diz respeito à verdade, de uma falácia, ou seja, de uma verdade aparentemente verdadeira, mas que é falsa. Qual? A verdade da ciência muda de acordo com a teoria e o tempo de validade das teorias e alcance das pesquisas. O que hoje afirmam novas pesquisas podem dizer amanhã exatamente o contrário. O que é válido para uma disciplina não é válido para outras. Quando o conhecimento não dá conta de algo, vira exceção, jamais será admitido tal conhecimento como falso. O interessante é que o falso passou a ser tudo que não está de acordo ou se reduz ao conhecimento científico, pois a ciência jamais pode ser falsa. Ela é sempre verdadeira, nem que a sua verdade dure até que seja provada a sua falsidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.

25

"Os conceitos vão surgir quando a resposta se torna mais importante do que a questão, na medida em que a resposta “acha” que dá conta da questão, pois estabelece um conhecimento definido, preciso e exato. Os conceitos tiveram um duplo encaminhamento. Primeiro, eles se tornaram a definição de verdades por oposição ao erro. O seu fundamento foi a verdade lógica. E então os conceitos se tornaram a espinha dorsal dos sistemas filosóficos, na medida em que estes se sobrepuseram ao próprio real como teorias e abortaram as questões. Com o surgimento da ciência, a partir dos conceitos filosóficos, estes sofrem uma transformação: além dos limites definidos, passa a ser exigido deles exatidão. E então, além da lógica, introduz-se a linguagem matemática, a linguagem da exatidão e da precisão. A maioria dos conceitos com que se analisam as obras de arte surgiram a partir do paradigma científico. E acabaram por ocultar as questões em que sempre a arte se move" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 14.

26

"Até a mentira pode ser interpretada por historiadores. A pluralidade e a refutação de diferentes interpretações é parte do debate. Já dizia o filósofo Karl Popper que uma sentença irrefutável não é científica - lembra o historiador italiano Carlo Ginszburg" (1). O historiador italiano diz o seguinte, na entrevista citada: "Até a mentira pode ser interpretada por historiadores. A pluralidade e a refutação de diferentes interpretações é parte do debate. Já disse o filósofo Karl Popper que uma sentença irrefutável não é científica" (2).


Referências:
(2) GABRIEL, Ruan de Sousa. A disputa pela verdadeira história. In: O GLOBO, Segundo Caderno, sábado, 8-5-2021, p.1.
(2) GINSBURG, Carlo. Os usos políticos da mentira são notícia velha. Entrevista. In: O GLOBO, Segundo Caderno, sábado, 9-5-2021, p. 2.

27

"Assim, mesmo que a ciência acredite que possa conceitualizar o tempo, fazendo uso de cálculos e fórmulas complexas, sempre haverá algo que está para além da compreensão numérica e mensurável. Para alguns, é exatamente nesse inapreensível de tanta coisa de nossa travessia que reside o encanto da vida; para outros, ao contrário, a inapreensibilidade do viver gera desconforto e até certo desespero, uma vez que estamos acostumados a nos mover em uma falsa zona de conforto, que nos dá a ilusão de que o viver é "cerzidinho" " (1).


Referência:
(1) GUIDA, Angela. "Tempo I - Que é Isto o Tempo". In:---. A Poética do Tempo. Rio de Janeiro, Editora Tempo Brasileiro, Coleção Pensamento Poético, 5, 2013, p. 20.

28

"O físico Mário Novello argumenta que está convencido de que "...a ciência nada mais é do que um jogo que brincamos, coletiva-solitariamente com a natureza" (1). Quando pensamos em jogo, somos levados a pensar que no jogo há um largo espaço para o cultivo da ilusão" (2).


Referência:
(1) NOVELLO, Mário. O círculo do tempo. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 153.
(2) GUIDA, Angela. "Tempo I - Que é Isto o Tempo". In:---. A Poética do Tempo. Rio de Janeiro, Editora Tempo Brasileiro, Coleção Pensamento Poético, 5, 2013, p. 23.
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