Certeza

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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1

"Os atenienses, como a maioria dos homens em todas as épocas, tinham muitas certezas, sem jamais se perguntarem de onde e como tinham surgido tais certezas. Pensavam saber o que era cada uma das coisas, a beleza, a coragem, a justiça, mas quando indagados mais profundamente e mais insistentemente, o ser do seu pretenso saber se diluía em uma multiplicidade de palavras desconexas e proposições contraditórias" (1).


Referência:
(1) BENOIT, Hector. O nascimento da razão negativa. São Paulo: Moderna, p. 5.

2

A questão do verdadeiro enquanto proposição adequada entre o dito e a coisa (ente, sendo, to on, real), o que é, gera as certezas e estas anulam o vigorar verbal da dialética de verdade e não-verdade. Estas não são meros atributos, mas o próprio ser se dando, manifestando e retraindo em tudo que é e não-é. O certo surge da proposição enquanto juízo, mas não é necessariamente o verdadeiro, porque este não é um simples atributo de um sujeito, mas o modo como o ser se manifesta e vem ao aparecer. Sem aparecer não pode haver proposição e, portanto, certeza. A certeza é a verdade da proposição, regida pela lógica. Porém, a dinâmica da realidade é mais do que o certo, o estático e abstrato da lógica. A realidade é um acontecer incessante e complexo. Uma foto de uma flor exalando o seu perfume não o capta, mas ele está lá acontecendo, vivo e atuante. Esses são os limites da certeza lógica. Por isso a ciência também passou a trabalhar com a incerteza.
- Manuel Antônio de Castro

3

"Como já ressaltamos, tanto na dinâmica clássica quanto na física quântica, as leis fundamentais exprimem agora possibilidades e não mais certezas. Temos não só leis, mas também eventos que não são dedutíveis das leis, mas atualizam as suas possibilidades. Nesta perspectiva, não podemos evitar de colocar o problema da significação desse evento primordial que a física batizou de "big-bang". Que significa o big-bang? Fornece-nos ele as raízes do tempo? Começou o tempo com big-bang? Ou o tempo preexistia ao nosso universo?" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Uma nova racionalidade". In: ---. O fim das certezas - Tempo, Caos e as Leis da Natureza. São Paulo: Editora UNESP, 1996, 3. e., p. 13.

4

"E o físico Ilya Prigogine defende o fim da certeza (“O fim da certeza”, in: Representação e complexidade. Rio de Janeiro, Garamond, 2003, p. 49-67). No entanto, ele é paradoxal, pois o fim da certeza da ciência apenas se dá em virtude, não das questões, mas de uma nova matemática da complexidade, por isso afirma: “O que quero dizer é que a humanidade está em transição, não há dúvida, e também não há dúvida de que a ciência está em transição” p.49. Essa transição não significa o fim da certeza matemática, daí o paradoxo no título do seu ensaio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.
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