Fenômeno

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

"De certa feita, chegou a Friburgo na Alemanha, um japonês da Escola de Kioto com uma pergunta e a fez a Heidegger: que é isso, fenomenologia? A resposta foi: é coisa bem simples; o fenômeno tal como ele mesmo é, tal como se dá e acontece em si mesmo, é nisto que está toda a fenomenologia. Mais importante do que conhecer o que não se conhece, é saber o que já se conhece. Na fenomenologia, não está em jogo outra coisa do que aquilo que já sempre se sabe. Não há, nem se dá nada de diferente do fenômeno. Trata-se sempre do fenômeno, como ele mesmo é. E como é o fenômeno? O fenômeno é, sendo outro. Na fenomenologia, chega-se lá onde já sempre se estava e não se estava. O propósito é vir a ser o princípio que, desde sempre, já se é" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 11.

2

Há uma profunda ligação entre physis, logos e manthano para manifestarem toda a envergadura dos fenômenos da physis. Fenômeno é derivada do verbo phaino, que diz o aparecer, o manifestar-se, vir à luz. Tanto que em grego a palavra para dizer luz, phos, origina-se do mesmo radical de phaino.


- Manuel Antônio de Castro

3

Eis que aí para abranger todo o fenômeno temos de partir para a verdade (e imagem) poética, aquela da tensão de desvelamento e velamento, onde se integram ser e tempo e, por isso, a obra aparece no que parece e se representa, e no que não aparece e não se representa, porque na obra poética quem mais fala é o silêncio e sua espera... Não será este o “verdadeiro” conhecimento, quando se é o que se conhece, sempre na concretude da travessia, vigência esta de ser e tempo?


- Manuel Antônio de Castro

4

"Foram os gregos que, pela primeira vez, fizeram a experiência e pensaram os phainomena, os fenômenos como tais. Nesta experiência, contudo, permaneceu-lhes completamente estranha a transformação do vigente em objetividade da contraposição; phainestai significa pôr-se a brilhar e aparecer em seu brilho. Aparecer fica sendo, destarte, o traço fundamental no vigor do vigente, à medida que este se lança no descobrimento" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem...". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 104.

5

"Em Binswanger todo e qualquer fenômeno já é em si mesmo como fenômeno, uma fenomenologia. No aparecimento e desaparecimento de sua ocorrência, a pessoa é criativa, passa a recolher o modo de ser e acolher o não ser de suas diferenças e referências com todos os outros fenômenos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.

6

"Em Husserl é pela intencionalidade que a consciência está sempre passando do fenômeno para a fenomenologia. Há, pois, uma distinção entre fenômeno e fenomenologia e a intencionalidade da consciência serve de ponte de ligação. Sem consciência intencional não se dá fenomenologia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.

7

"A diferença e referência entre consciente e inconsciente não se pode reduzir apenas a mecanismos e processadores, mas inclui ambas as coisas. O que a fenomenologia do fenômeno nos faz perceber é que qualquer emergente na vida perfaz um movimento só na criação das pessoas. Sem o percurso desta identidade, de igualdade e diferença, não é possível sentir-se dentro nem encontrar-se com movimento de transformação da fenomenologia de todo fenômeno. Assim é indispensável passar dos mecanismos para o sentido que revelam e a que visam os mecanismos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.
Ferramentas pessoais