Sol

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Tabela de conteúdo

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Os dias, as noites, nós, somos uma doação do sol, que tanto mais se dá quanto mais retrai para que cheguemos a ser o que somos: filhos e doação do sol E da terra. No fundo e essencialmente somos a dis-puta de Terra E Sol. Originários do sol e da terra, nosso viver consiste nesse per-curso entre o sol e a terra. Guimarães Rosa chamou a esse per-curso do entre de travessia. É que nesse percurso nos trans-vertemos, nos vertemos na densidade vertente do que nos constitui: sol e terra. Sol é energia acontecendo. O sol é a linguagem que dá sentido, que vivifica e faz eclodir a vida e a morte enquanto sentido do que somos, como doação da terra. Por isso nosso corpo é a língua da linguagem. Em todos os sentidos, em nossa constituição poética e ontológica somos sempre e sempre Entre-ser, ou seja: travessia.


- Manuel Antônio de Castro

2

"A Terra se entretecendo como mundo é o Sol se doando em dias e noites. Terra E Sol tanto mais se doam quanto mais se retraem. O mundo doado pela Terra E pelo Sol é a clareira do claro aberto do “entreambíguo. A clareira originária do “entreintegra Mundo E Terra e Sol" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 34.

3

realmente inacessível a luz em que habitas, ó Senhor, e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para contemplar-te com clareza. Eu não a vejo, sem dúvida, por causa do seu brilho, demasiado para os meus olhos, e, todavia, o que consigo ver, vejo-o através dela, da mesma maneira que o olho fraco do nosso corpo vê tudo aquilo que vê pela luz do sol, que, no entanto, não se pode contemplar diretamente" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVI - Que a luz em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.

4

"O segundo exemplo nos vem de Platão no "epos" da caverna. O homem acorrentado às sombras da caverna se desprende. E por que se desprende? Porque pro-cura o que já é. Caminha o caminho do ser, nosso maior bem. Ultrapassa o mundo das sombras e adentra a clareira e começa a ver o que cada um é na e pela luz do sol. Nessa luz pode até ver a noite estrelada. E aí vem a experienciação do extraordinário: ele só não pode olhar o que não pode ser olhado, a fonte de todo ver e luz: o sol" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 25.

5

"Segundo a tradição celta, as formas mais sagradas de sabedoria provêm do reino dos ancestrais - o mundo dos mortos. Isso explica por que até o Sol brilhante faz seu trajeto descendente, à noite, até o reino sombrio de Donn. O Sol é a fonte de toda a vida, e seu movimento entre o mundo dos vivos, durante o dia , e o mundo dos mortos, durante a noite, determina o ritmo do tempo" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 19.

6

":  : : : : : O Sol.
" Seja bem-vindo, Sol das estações, enquanto viajas lá no alto do céu
 : : : : Teus passos são fortes em teu voo nas alturas,
 : : : : : : :Tu és a mãe gloriosa das estrelas" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. "O Sol e a Lua". Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 39.
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