Deus

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o [[deus]] desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A [[revelação]] de [[deus]] e não ele [[mesmo]], esse é o [[mistério]]" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: -----. '''Ensaios e conferências'''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: ---. '''Ensaios e conferências'''. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
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: "O que há é uma certa [[coisa]] - uma só, diversas para cada um - que [[Deus]] está esperando que esse faça. Neste [[mundo]] tem [[maus]] e [[bons]] - todo o grau de [[pessoa]]. Mas então todos são [[maus]]. Mas mais então, todos não serão [[bons]]?" (2).
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: (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). ''Santo Agostinho'' - Vida e Obra. ''Confissões'' - ''De Magistro''. Coleção: '''Os Pensadores'''. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVII.
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: (1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). '''Santo Agostinho - Vida e Obra'''. '''Confissões''' - '''De Magistro'''. Coleção: '''Os Pensadores'''. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVII.
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: (1) PLATÃO. ''Fedro''. 5. e. Trad. Pinharanda Gomes. Texto grego estabelecido por Léon Robin, Paris, ''Les Belles Lettres'', 1966.  Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 131, 279 b.
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: (1) PLATÃO. '''Fedro''', 5. e. Trad. Pinharanda Gomes. Texto grego estabelecido por Léon Robin, Paris, '''Les Belles Lettres''', 1966.  Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 131, 279 b.
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: ''Confraria'' - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: '''Confraria''' - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: '''Confraria''' - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.
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: (1) FARIA, Ernesto. ''Dicionário escolar Latino - Português'', 4. e. Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.
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: (1) FARIA, Ernesto. '''Dicionário escolar Latino - Português''', 4. e. Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar I''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''Aprendendo a pensar I'''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.
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: (1) HOOD, Juliette. '''O livro celta da vida e da morte'''. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
: (1) HOOD, Juliette. '''O livro celta da vida e da morte'''. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
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: "O termo egípcio mais próximo a [[Deus]] é '''Amen-Renet''' (Aquele cuja [[Essência]] [[Verdadeira]] é Desconhecida" (1).
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: (1) GADALLA, Moustafa. "No Início". In: ------.  '''Cosmologia egípcia - o universo animado'''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 36.
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== 41 ==
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: "[[Deus]] não é uma [[entidade]]. É o total de um [[processo]] [[criativo]] e [[indecifrável]] em [[devir]], do qual cada um de nós, [[pessoa]], [[animal]], pedra, capim, astro, asteroide, vento, sopro e suspiro, desgosto e [[dor]], euforia e glória, faz [[parte]] [[integrante]] e inalterável" (1).
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo. ''Crônica'':  "Só os peixes veem o mar". In: '''O Globo''', ''Segundo Caderno'', sábado 10-9-2022, p. 6.

Edição atual tal como 21h01min de 10 de Setembro de 2022

1

"É mostrando-se como aquele que é um Ele, que o deus desconhecido deve aparecer como o que se mantém desconhecido. A revelação de deus e não ele mesmo, esse é o mistério" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. " ... poeticamente o homem habita... ". In: ---. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 174.
Ver também:
* Divino
* Sagrado
* Religião
* Mito

2

"Os gregos só puderam chamar de ζῷα as estátuas e imagens dos deuses, porque, para eles, as estátuas e imagens nunca eram estátuas e imagens no sentido de retrato e representação de ausentes na ausência. As imagens e estátuas eram os próprios deuses: presenças do mistério da realidade, realizações que emergem, surgem e vigoram por si mesmas, no vigor de uma vigência inesgotável, que não se deixa saturar" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Uma leitura órfica de uma sentença grega". In: ------. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 134-5.

3

- " Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante? "
- " Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana " (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.

4

"A paz, supremo Bem: não fora Deus a paz, / Meus olhos desviaria, sem pestanejar" (1).


Referência:
(1) SILESIUS, Angelus. Angelus Silesius - a mediação do nada. Org. Hubert Lepargner e Dora Ferreira da Silva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1986, p. 69.

5

"Porque na narrativa da Escritura, três dentre eles dependem de um Primus que é sua origem e também, ao mesmo tempo, seu centro. No lugar de estar em primeiro lugar ou de ser a primazia o divino, Heidegger nomeia, portanto, a quaternidade ou uma Uno-quaternidade do qual o centro não é nenhum dos quatro... Mas qual é então o nome de um tal centro? Heidegger o nomeia: das Heilige, que podemos provisoriamente traduzir por o sagrado" (1).
O autor está se referindo à quaternidade composta por: Mortais (homens) e Imortais (deuses), Céu e Terra.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) BEAUFRET, Jean. "Heidegger e a teologia". In: Heidegger e a questão de Deus. KEARNEY, Richard e O'LEAREY, Joseph Stephen (org). Paris: Bernard Grasset, 1980, p. 28. Trad. do francês: Manuel Antônio de Castro.

6

"No Ocidente, “deus” tem a mesma raiz que “dia”, dei/di: iluminar. “Deiwos”, que culminou em Deus, coincide no grego com o sentido de “céu luminoso” (“Deiwos/Dýas”). Na medida em que todo dia vem da noite para a noite (é entre-noites), cada qual – isto é, “deus” – compreende um amanhecer que já e sempre anoitece, assim como toda noite afunda, funda amanhecer" (1).


Referência:
(1) FAGUNDES, Igor. "A experiência ioruba do sagrado - Provocações para um rito de raspagem do Ocidente". In: Revista Tempo Brasileiro, 194, Dialética em questão II. Rio de Janeiro,jul.-set., 2013, p. 142.

7

"O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).
"O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
(2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.

8

"Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 35.

9

"Assim, o princípioex nihilo nihil fit ”, “ de nada não se cria nada ”, só vale para as transações do já criado. Para o élan criador no sentido estrito, vale o inverso: “ex nihilo omnia fiunt”. Aqui o princípio é: “é do nada que tudo se cria”. Por isso é que o mestre Eckhart no século XIV, o pai da mística renana, podia dizer para os criacionistas de todos os tempos: “Esse est Deus et Deus est nihil ”. “ Ser é Deus e Deus é Nada ” (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que significa pensar?". In: Revista da Academia Brasileira de Letras, maio-junho, 2012.

10

"Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.

11

CÂNTICO DAS CRIATURAS
Altíssimo, onipotente, bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória, a honra
e todas as bênçãos;
a ti somente, Altíssimo, eles convêm
e nenhum homem é digno de te nomear.
............................................
Note o leitor que Francisco nomeia diversos atributos de Deus, mas diz expressamente que nenhum homem é digno e capaz de nomeá-lo, uma vez que Ele é inefável, isto é, é impossível nomear e dar nome ao mistério que ele é.


- Manuel Antônio de Castro
Referência: Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis (1181-1226).

12

"Doação é o ato de conferir um dom, um presente ofertado. A liberdade, como oferta de um dom, não pertence ao homem. Ou melhor: a ele pertence somente na medida em que lhe foi doada. Deus é a imagem disto que, excedendo o humano, o institui enquanto tal" (1).


Referência:
(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.

13

"A antiga palavra egípcia neter e sua forma feminina netert, foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por deus e deusa pela maioria dos acadêmicos". Neteru (plural de neter/netert) são os princípios e funções divinos do Único Deus Supremo"(1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.

14

"Para o Deus, tudo é belo e bom e justo. Os homens, porém, tomam umas coisas por injustas, outras por justas" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO. Fragmento 102. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 85.

15

"Os egípcios antigos acreditavam em um Único Deus que criou e concebeu a si mesmo, e que era imortal, invisível, eterno, onisciente, todo-poderoso, etc. Este Único Deus nunca era representado, as funções e atributos de seu domínio eram representadas. Estes atributos eram chamados de neteru (pronuncia-se net-er-u no singular, neter no masculino e netert no feminino). O termo deuses é uma representação incorreta do termo egípcio neteru" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O Mais Religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 22.

16

"O Argumento Ontológico da existência de Deus foi pensado, primeiramente, por Anselmo de Aosta, prior do Mosteiro de Bec, eleito Arcebispo de Cantuária em 1093 e uma das principais figuras do pensamento escolástico. Anselmo quis atender ao pedido dos Monges para elaborar uma argumentação totalmente racional, sem depender das Sagradas Escrituras, e que fosse capaz de provar a existência de Deus; o pedido dos monges levou Anselmo a escrever a sua primeira obra chamada de Monologion, publicada em 1077. Esta obra atendia ao pedido dos Monges, mas estava muito complexa devido ao entrelaçamento das argumentações, fator este que o levou a escrever no ano seguinte, em 1078, a obra Proslogion, cujo coração é o Argumento Ontológico, argumentos “válidos por si e em si” e escritos para aqueles que não creem em Deus" (1).
Na verdade, o Argumento Ontológico ou Teológico nos remete em última instância para o mistério, pois ele constitui a fonte de toda compreensão de atividade da razão, ou em grego, do Logos, ou de qualquer ciência, uma vez que todas as ciências se fundamentam na razão. De um lado, temos os limites da nossa razão de uma maneira bem clara, daí Santo Anselmo dizer que o seu Argumento é bem compreensível por todo aquele que não crê na existência de Deus, embora negue a sua existência, de outro, a prova da existência de Deus é pela via negativa. Ou seja: Deus é o mistério, é o Nada Criativo. Uma prova muito evidente dessa fonte inesgotável e misteriosa é o fato de já terem existido numerosas civilizações e, que certamente, nenhuma civilização se pode julgar ser a última e a que abarca e dá conta de toda a realidade.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) FERREIRA, Antônio Marcos Maciel. "Santo Anselmo - Argumento Ontológico": https: pensamentoextemporaneo.com.br/?p=2763

17

"Então comecei a pensar comigo mesmo se não seria possível encontrar um único argumento que, válido em si e por si, sem nenhum outro, permitisse demonstrar que Deus existe verdadeiramente e que ele é o bem supremo, não necessitando de coisa alguma, quando, ao contrário, todos os outros seres precisam dele para existirem e serem bons. Um argumento suficiente, em suma, para fornecer provas adequadas sobre aquilo que cremos acerca da substância divina" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Proêmio". Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 99.

18

"O insipiente há de convir igualmente que existe na sua inteligência o ser do qual não se pode pensar nada maior, porque ouve e compreende essa frase; e tudo aquilo que se compreende encontra-se na inteligência.
" Mas o ser do qual não é possível pensar nada maior não pode existir somente na inteligência. Se, pois, existisse apenas na inteligência, poder-se-ia pensar que há outro ser existente também na realidade; e que seria maior (1):
"Se, portanto o ser do qual não é possível pensar nada maior existisse somente na inteligência, este mesmo ser, do qual não se pode pensar nada maior, tornar-se-ia o ser do qual é possível, ao contrário, pensar algo maior: o que, certamente, é absurdo.
"Logo, o ser do qual não se pode pensar nada maior existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade" (2).


Referência:
(1) Salmo 13, 1.
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. I, Exortação à contemplação de Deus". Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 102.

19

"Apesar de tu seres absoluta e supremamente justo, também és benigno com os maus, justamente porque és total e supremamente bom. Serias, pois, menos justo, se não fosses benigno com os maus. De fato, é assaz mais justo aquele que é bom para com os bons e com os maus do que aquele que é bom apenas com os bons. E aquele que é bom, punindo e perdoando aos maus, é melhor que quem os pune apenas" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 107.

20

"Embora, portanto, seja difícil compreender como a tua misericórdia possa separar-se da tua justiça, vemo-nos, todavia, obrigados a crer que o que emana da tua bondade nunca conflita com a justiça, que nunca se separa da tua bondade, mas com ela está sempre unida. Então, se tu és misericordioso porque és sumamente bom, e és sumamente bom porque sumamente justo, deve-se admitir que é verdadeiramente misericordioso porque és sumamente justo" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. VIII - Como é misericordioso e impassível". In: Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 108.

21

realmente inacessível a luz em que habitas, ó Senhor, e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para contemplar-te com clareza. Eu não a vejo, sem dúvida, por causa do seu brilho, demasiado para os meus olhos, e, todavia, o que consigo ver, vejo-o através dela, da mesma maneira que o olho fraco do nosso corpo vê tudo aquilo que vê pela luz do sol, que, no entanto, não se pode contemplar diretamente" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVI - Que a luz em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.

22

"O minha alma, encontraste o que procuravas? Buscavas a Deus e encontraste que ele é o ser supremo do qual não é possível pensar nada melhor; que ele é a própria vida, é luz, sabedoria, bondade, felicidade eterna e eternidade feliz e que se encontra por toda parte e sempre" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XIV - Como e por que Deus é visto e não é visto por aqueles que o buscam". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 112.

23

"Portanto, ó Senhor, tu não és apenas aquilo de que não é possível pensar nada maior, mas és, também, tão grande que superas a nossa possibilidade de pensar-te. Com efeito, supondo que fosse possível pensar que existe um ser dessa espécie, se tu não fosses esse ser, poder-se-ia pensar uma coisa maior que tu; o que é impossível" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XV - Que ele é bastante maior que aquilo que se pode pensar". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.

24

"Mas aquilo que tem partes não é uno, e, sim, composto e distinto de si mesmo e pode-se fracionar, ou na realidade ou pelo ato do pensamento. Porém, isso não se pode afirmar de ti, que és o ser do qual não se pode pensar nenhuma coisa melhor" (1).


Referência:
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVIII - Como nem em Deus nem na sua eternidade, que é ele mesmo, há partes". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 115.

25

"A experiência mística revelaria ao homem a existência de Deus e levaria à descoberta dos conhecimentos necessários, eternos e imutáveis existentes na alma. Implica, pois, a concepção de um ser transcendente que daria fundamento à verdade. Deus, assim encontrado, é, ao mesmo tempo, uma realidade interna e transcendente ao pensamento. Sua presença seria atestada por todos os juízos formados pelo homem, sejam científicos, estéticos ou morais. Mas, por outro lado, a natureza divina escaparia ao alcance humano. Deus é inefável e mais fácil é dizer o que Ele não é do que defini-lo. A melhor forma de designá-lo, segundo Agostinho, é a encontrada no livro do Êxodo, quando Jeová, dirigindo-se a Moisés, afirma: Eu sou o que sou. Deus seria a realidade total e plena, a essentia no mais alto grau. E, a rigor, tal palavra deveria ser empregada tão-somente para designá-lo. Todas as demais coisas não têm propriamente essência, pois, sendo mutáveis, seriam constituídas pela mistura do ser e do não-ser" (1).


Referência:
(1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XVII.

26

"Vós, porém, sois mais íntimo do que o meu próprio íntimo e mais sublime que o ápice do meu ser" (1).
Santo Agostinho está se referindo a Deus. De uma maneira simples e sintética mostra todo o mistério de Deus. Por isso qualquer nomeação nossa de Deus não consegue dizê-lo. E o modo mais profundo de dizê-lo ainda é o silêncio absoluto.


Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) SANTO AGOSTINHO. " Cap. 6 - Seduzido pelo maniqueísmo". In: ..... Confissões, Livro III, p. 47. Coleção Os Pensadores, Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.

27

"Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe - mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo" (1).


Referência:
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 260.

28

"- Como faz para falar com Deus?
- Tenho percebido que todas as representações do mundo, através das palavras e das linguagens, dos números e das medidas, das ideias e dos conceitos, dos sentidos e do silêncio, é o tudo e o nada que se dá no campo da consciência. Não tenho como escapar da consciência e é nela que se dá o nada/tudo que poderíamos chamar de Deus. Ao viver, portanto, vivo Deus. Falar com Deus é estar vivo. Falo com ele o tempo todo através das várias formas de diálogo com o mundo via consciência" (1).


Referência:
(1) Entrevista de Gilberto Gil - Cantor e Compositor, concedida a Maria Fortuna: Recomeçar significa deixar para trás muito do que temos sido. In: O Globo, Segundo em Quarentena, quarta-feira, 29-04-2020, p. 1.

29

"Deus quere, o homem sonha, a obra nasce " (1).


Referência:
(1) PESSOA, Fernando. "O infante". In: Obra Poética - Mensagem. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965, p. 78.

30

Sócrates - "Não achas que devemos rezar aos deuses deste lugar antes de nos irmos embora?"
Fedro - "Estou de acordo!"
Sócrates - "Oh, Divino , e vós, deuses todos da corte celestial, deuses deste lugar, ajudai-me a buscar a beleza interior e fazer com que as coisas exteriores se harmonizem com a beleza espiritual! Fazei com que o sábio me pareça sempre rico e que eu tenha tanta riqueza quanta um homem sensato for capaz de suportar e bem governar!" - Por acaso teremos algo mais a suplicar? Por mim, Fedro, acho que pedi tudo o que desejo!
Fedro - "Pois suplica para mim a mesma coisa, já que os amigos tudo devem possuir em comum!" (1).


Referência:
(1) PLATÃO. Fedro, 5. e. Trad. Pinharanda Gomes. Texto grego estabelecido por Léon Robin, Paris, Les Belles Lettres, 1966. Lisboa: Guimarães Editores, 1994, p. 131, 279 b.

31

"Este elemento cristão da interioridade do homem foi muito explorado por Santo Agostinho. No entanto, Agostinho refletindo sobre a interioridade, retirando-se para dentro da sua própria interioridade descobriu dentro de si uma interioridade mais interior do que ele mesmo era interior a si mesmo: o espírito infinito da divindade" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

32

"O ser é aquilo do qual procedem e pelo qual são postos todos os conteúdos entitativos puros. O ser é o puro conteúdo entitativo, a pura perfeição de ser simplesmente. Por isto, quando temos o ser realizado em toda a sua original pureza e plenitude, então nele estão incluídos todos os conteúdos entitativos puros não mais diferenciados e limitados, mas na identidade absoluta e ilimitada do ser absoluto, ou seja, de Deus" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

33

"... se o Ser Absoluto, ou seja, Deus, implica um agir que exerce o ser como tal na sua plenitude infinita, então o Ser Absoluto exerce a si mesmo em plenitude e seu exercício é bem mais um exercício espiritual em toda a perfeição. Disto tudo se conclui não apenas que Deus é, necessariamente, espírito perfeito, infinito e absoluto (= todos sinônimos da mesma realidade divina), mas também que o critério para julgarmos quais são os conteúdos entitativos espirituais ou, mais claramente, aquilo que nós dizemos do espírito finito, não sob o aspecto de sua finitude, mas de sua espiritualidade pode ser aplicado, analogamente, a Deus" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

34

"Santo Agostinho, um angustiado pela procura da verdade, disse que Deus é mais íntimo ao ser humano do que o próprio ser humano é íntimo a si mesmo. Então a pergunta mais angustiante não é se Deus existe ou não existe. A questão está no fato de que Deus assumiu a figura d’a verdade, pois, como Deus, não poderia ser uma verdade. Negar a existência da verdade pela existência de outra implica a negação, muitas vezes e para muitos, de Deus" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.

35

"A verdade para ter o poder operante em cada sistema e não se esgotar em cada um deles só pode ser a não-verdade. Assim como o Deus que concede realidade à legitimidade e veracidade de cada religião e funda cada e a de cada um só pode ser o Não-deus. Este, por ser “Não-”, é inominável como o silêncio e a sabedoria. A Ele só cabe o nome do não-conhecer, do não-nomear, do não-ver: mistério vivo e pulsante, nada e fonte de tudo.
Um tal mistério sempre adveio na não-verdade de todas as grandes obras poético-sagradas. Impulsionados pelo apelo inominável da não-verdade, todos os grandes poetas sempre responderam e corresponderam com suas obras – desajeitada e incompleta resposta – à manifestação concreta da poiesis como não-verdade. E nisso e por isso todas as grandes obras, sejam dos poetas, sejam dos que receberam o apelo de anúncio do mistério, proclamam a verdade da não-verdade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 20.

36

Com o surgimento do Cristianismo e a proclamação de um único Deus, surgiu um debate intenso e até agressivo e violento para com aqueles que acreditavam nos Deuses. Contrariando todos os preceitos dos evangelhos, praticou-se uma violência e intolerância tão grande que os seguidores dos Deuses tiveram de refugiar-se nas aldeias distantes, localizadas nos campos. Ora, em latim, a aldeia se denominava: pagus, pagi. Daí se formou: paganus, pagani: camponês, aldeão (1). Por isso, todo aquele adorasse os deuses passou a ser denominado: pagão.
Há um filme espanhol que mostra como foi surgindo a perseguição àqueles que veneravam e cultuavam os deuses: Alexandria. Direção de Alejandro Amenábar, 2009.
Mostra também a intolerância dos cristãos para com quem se dedicava à ciência e à filosofia. No filme trata-se de Hipátia, famosa cientista por suas pesquisas. Um ex-discípulo seu, que se tornou dirigente cristão, lhe pergunta o motivo por que não aceita a cristã. E ela responde: Eu preciso questionar e quem tem não questiona. , aí, implicava doutrina a respeito da realidade. É um filme muito rico, pois também mostra como começou a rivalidade entre os judeus e os cristãos.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) FARIA, Ernesto. Dicionário escolar Latino - Português, 4. e. Departamento Nacional de Educação / Ministério da Educação e Cultura, 1967.

37

"A passagem que conduz do Deus impessoal dos filósofos ao Deus pessoal do cristianismo, esta passagem considerada à luz da verdade esquecida do Sagrado é tão ilusória como a passagem que leva do humanismo da substância ao humanismo do sujeito. Heidegger lembra que a categoria de pessoa não é menos carregada das potências metafísicas de dessacralização e desumanização do que as categorias de objeto e de coisa" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 217.

38

"Numa ilha ao sudoeste da Irlanda, vive o deus Donn, Senhor dos Mortos, a quem todos os seres humanos um dia acabam prestando homenagens. Ele é o deus ancestral que dorme numa caverna, assistido por nove donzelas, cujo sopro alimenta o fogo sob o seu caldeirão mágico. O reino de Donn se estende até as sepulturas em que guerreiros e reis celtas estão enterrados com suas armas, joias e trajes cerimoniais - e também as carruagens em que eles viajam para o Outro Mundo, onde viverão pela eternidade" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 18.

39

"A natureza dá e tira a vida, e esses dois aspectos opostos são completamente interdependentes: nada pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a tradição celta coloca animais ferozes e poderosos lado a lado com deusas delicadas e gentis" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.

40

"O termo egípcio mais próximo a Deus é Amen-Renet (Aquele cuja Essência Verdadeira é Desconhecida" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "No Início". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 36.

41

"Deus não é uma entidade. É o total de um processo criativo e indecifrável em devir, do qual cada um de nós, pessoa, animal, pedra, capim, astro, asteroide, vento, sopro e suspiro, desgosto e dor, euforia e glória, faz parte integrante e inalterável" (1).


Referência:
(1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: "Só os peixes veem o mar". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado 10-9-2022, p. 6.
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