Globalização

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Tabela de conteúdo

1

"Na sociedade do conhecimento, conhecer é um supermodo de organização e controle. Tanto desencadeia as forças produtivas como segura e contém os modos de produção dentro do poder e não-poder de uma globalização planetária" (1).


(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A sociedade do conhecimento: passes e impasses". In: Revista Tempo Brasileiro, Sociedade do conhecimento: passes e impasses, 152, jan.-mar., 2003, p. 14.

2

"A globalização é o-a-ser-pensado, não há como defini-la. Nela acontece o pensamento por vir. É o grande desafio para pensadores e poetas em suas obras. E o vocabulário crítico, meramente formal, ideológico e esteticista, torna-se insuficiente diante dos novos desafios. Em vista disso, devemos, necessariamente, superar as classificações dos paradigmas já existentes bem como uma atitude de total condenação ou aceitação" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 11.

3

"Globalização é a unidimensionalização de um conhecimento reduzido a know-how. A dicotomia de teoria e prática, de mundo paciente de objetos e mundo agente de cérebros vai sendo superada por um conhecimento que processa uma composição universal, globalizando separações, divisões, distinções. Por esta sociedade se superam, numa equivalência de constituição recíproca e complementar, as diferenças de sujeito e objeto, de espírito e matéria, de informação e compreensão, do mundo das sinapses e o mundo das coisas" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A sociedade do conhecimento: passes e impasses". In: Revista Tempo Brasileiro, Sociedade do conhecimento: passes e impasses, 152, jan.-mar., 2003, p. 13.

4

"A globalização rompe com as fronteiras nacionais, acaba com a divisão interno/externo. A cultura mundializada se internaliza dentro de nós. O espaço local "desencaixado" aproxima o que é distante e afasta o que é próximo, isto é, o local é influenciado pelo global, ao mesmo tempo que o influencia" (1)


Referência:
(1) VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização. 2. e. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 100.

5

Quanto à verdade poética, ela se tornou propriedade da estética. A estética é a poética cientifizada, o que não é mais poética. E ela quer entificar a verdade poética, dentro do mesmo jogo de compra e venda de sensações estéticas. A sensação sem o sentido é um estar sem ser, ou seja, Estética
Em virtude disto podemos falar da predominância de uma globalização econômica, cultural e religiosa, todas regidas pelo fundamento, solo firme da verdade causal.


- Manuel Antônio de Castro

6

A globalização, em sua faceta uniformizadora, é uma decorrência natural da interpretação causal, funcional e finalista da realidade. Esta se tornou fonte de recursos naturais e os seres humanos meros recursos humanos. Tudo é disposição para o funcionar do sistema global. A esta disposição não escapam as próprias culturas. Tocadas pela varinha mágica da funcionalidade e da finalidade causal, tornaram-se produtos a serem comercializados pela indústria turística.


- Manuel Antônio de Castro

7

"Não há globalização sem um forte sistema de acúmulo e divulgação de obras de conhecimento e cultura para formar elites. Esse sistema, hoje, é absolutamente novo, pois sem tempo nem espaço, literalmente nas nuvens, podendo ser acessado por todos de qualquer lugar. E essa se pode tornar a maior fonte de igualdade e libertação de todos, mas também de meras generalizações funcionais ou apenas objetos de consumo e passatempos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro - Globalização, pensamento e arte, 201/202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 12.

8

"O que é globalização? ... Ela é a questão que nosso momento histórico e sócio-poético ou época nos coloca. E irrompe com tanta força que já é um nome que reúne as mais diferentes tendências de reflexão, pois, pela força da essência da técnica, sua presença se generalizou em todos os ramos de conhecimento e se faz presente em tudo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 11.

9

A globalização se funda em um saber essencial, mas de fundo causalista até mesmo quando se mascara em múltiplos saberes e na afirmação das diferenças culturais. Nessa perspectiva, a globalização é bem mais antiga do que julgamos. Hoje, tornou-se tão explícita que não podemos mais ignorá-la, embora a presença do comunicativo se torne aparentemente a solução.


- Manuel Antônio de Castro.

10

"O ser de todo movimento (ou: o universal de toda cultura, a identidade de toda diferença) não condiz com nenhum fundamento suprassensível, genérico, totalizante. Globalização, assim, não deve comparecer como fundamentalismo teórico de uma época, se a cada um que existe cabe instaurar sua espácio-temporalidade, narrar sua própria saga, perfazer – a poesia de – sua história. É preciso afundar, portanto, o movimento, desacelerá-lo em meio a tanta velocidade e pressa pós-modernas, conforme já tanto se disse, para tê-lo – e pensá-lo – em seu princípio-principiando. É preciso radicalmente mover-se no entre de todo mover: no vazio de todo e em todo incorporar, giro, deslocamento, sistema. Tornar, enfim, poética, e não sistemática, o que chamam globalização" (1).


Referência:
(1) FAGUNDES, Igor. "Globalização como poética e incorporação". Revista Tempo Brasileiro - Globalização pensamento e arte, 201-202. Rio de Janeiro: abr-set., 2013, p. 30.

11

"... o que se chama de ciência ocidental europeia determina também, em seus traços fundamentais e em proporção crescente, a realidade na qual o homem de hoje se move e tenta sustentar-se.
Meditando o sentido deste processo, percebe-se que, no mundo do Ocidente e nas épocas da sua história, a ciência desenvolveu um poder que não se pode encontrar em nenhum outro lugar da terra e que está em vias de estender-se por todo o globo terrestre" (1).


Referência:


(1) HEIDEGGER, Martin. “Ciência e pensamento do sentido”, Trad. Emmanuel Carneiro Leão: In: -----. Ensaios e conferências. Petrópolis R/J: Vozes, 2002, p. 39.

12

"A ausência-de-pensamentos é um hóspede sinistro que, no mundo atual, entra e sai em toda parte. Pois, hoje toma-se conhecimento de tudo pelo caminho mais rápido e mais econômico e, no mesmo instante e com a mesma rapidez, tudo se esquece" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Para discussão da serenidade". In:---------. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 11.

13

"São evidentes as transformações que acontecem hoje no mundo inteiro. Se a Modernidade é um fenômeno cultural que diz respeito mais diretamente ao Ocidente, a Globalização de seus ideais, erros, equívocos e consequências se universalizaram – ideal primordial – e podemos – apesar das diferentes denominações – falar, a partir do século XX, de uma Pós-modernidade. Ela atinge todos os campos do agir, do pensar, do crer e do criar humanos. E a segmentação dos saberes em disciplinas, seja no campo das ciências físicas,seja no campo das ciências humanas, oriunda da Modernidade, embora continue com grande vigor, chegou a certos limites que tornou inadiável uma nova atitude perante o saber: a necessidade da interdisciplinaridade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 11.

14

"O romance (como toda cultura) se encontra cada vez mais nas mãos da mídia; esta, sendo agente de unificação da história planetária, amplifica e canaliza o processo de redução; distribui no mundo inteiro as mesmas simplificações e clichês suscetíveis de serem aceitos pelo maior número, por todos, pela humanidade inteira" (1). Esse processo planetário ou global é a base de surgimento da globalização. Mídia e globalização redefinem o espaço público, pois tudo passa agora pelo digital, originando a era digital. É impossível pensar a globalização sem as mídias e sem o mundo técnico.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 21.

15

"Mais proximamente a globalização provém da modernidade e nos remete a um conjunto de fenômenos de transformação radical que, avassaladoramente, vão cobrindo todos os espaços da existência atual e futura dos homens em sociedade. Os progressos da técnica, as descobertas das ciências, o ocaso das ideologias, desencadearam uma avalanche tal que levou de roldão e destruiu, pela base, os princípios de ordem e as forças de ordenamento que definiam o perfil e desenhavam a fisionomia do mundo moderno. Desta avalanche brotaram os fenômenos da atual globalização" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista: Tempo Brasileiro - Globalização, pensamento e arte - 201-202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.

16

"Na globalização atual predomina,sem dúvida nenhuma, a tecnicização do humano, por um lado, mas, por outro, abre possibilidades nunca antes vistas. Trata-se de apreender os limites e alcance dessa tecnicização, seja nos aspectos materiais, seja nos aspectos espirituais e imaginário-simbólicos. O grande desafio é apreender a essência da técnica e nela as possibilidades de realização libertadora do humano, naquele horizonte já pensado no projeto de Aristóteles" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.

17

"Tentemos caracterizar a atual globalização funcional: As transformações desencadeadas são tão profundas que até o próprio tempo se vê transfigurado em sua essência. De um lado, é pura e contínua mudança, novidade, evanescência, obsolescência. Há uma absoluta fome de consumo dos produtos de última geração, do último modelo. Tudo envelhece rapidamente como se o tempo estivesse acelerado, nada resistindo a essa aceleração, nem as relações afetivas que passaram a ter a velocidade da internet" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.

18

"Na era global da comunicação instantânea (Whatsapp, Twitter) nunca houve tanto isolamento e imersão numa realidade que nos foge dos pés. Todos conectados e todos isolados. Tanto nas artes quanto nas ciências reina a mais absoluta perplexidade. Os sistemas faliram e nunca se tornou tão urgente pensar o ético do humano e o humano do ético enquanto vigorar do princípio originário (arché). O ético é a verdade libertadora do universal concreto. Eis algumas denominações tentando dizer a atual globalização: pós-modernidade, baixa-modernidade, contemporâneo (como se toda época não fosse contemporânea de quem a experiencia!!!!), sociedade da informação, sociedade do espetáculo, sociedade da comunicação, sociedade de consumo, sociedade do conhecimento, pós-tudo, o tempo das redes, o fim das certezas, a realidade virtual. A pura negação ou a total aceitação deslumbrante é uma nescidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.

19

"Opondo-se ao pensamento temos a globalização funcional que é a uniformidade com aparência do novo em tudo e em todos. É a publicização, a banalização, a predominância do instante e do simultâneo, a fugacidade e imaterialidade digital de tudo, o domínio absoluto da imagem. Tudo isto está ocasionando uma transformação de todos os valores e modos de viver jamais acontecida antes e com tal amplitude: a global. É o tempo da cibercultura, da engenharia genética, da eliminação da linguagem simbólica, da inteligência artificial, das próteses microeletrônicas, do ciborgue, do culto do corpo, do domínio global do profano, do conteúdo reduzido às formas e formatos, da estetização generalizada da arte, da celebração do instante, da língua e linguagem reduzidas à comunicação, da perda da memória, da redução do afetivo e do erótico às sensações, da sociedade em rede. É que nosso tempo é o tempo das redes" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 23.

20

"No filme Todas as cores do amor, centralizado no comportamento dos jovens de hoje, aparece uma imagem-questão extremamente preocupante, mas que diz muito: Cada relacionamento afetivo – e afeto não diz mera sensação estética, mas ético-humana ou erótica - tinha aproximadamente a duração da memória de um peixe, em torno de um minuto. Para o peixe, a realidade a cada minuto aparece como uma realidade sempre nova, como se a visse pela primeira vez. Com um pouco de exagero é isso o que está acontecendo com a memória das relações na época da globalização da internet: não há permanência, tudo muda muito rapidamente e se esquece. Podemos experimentar isso com as informações. Elas se sucedem tão rapidamente que nada perdura, vivem a frescura da novidade e a sorte da sua rápida substituição pelas mais recentes. E a sensação é de que nada fica, tudo se esvai com o correr e fluir do tempo. É o tempo da globalização e das redes, das fáceis relações e rápidas mudanças e substituições. E não são apenas as relações afetivas pessoais que são afetadas, mas, sim, toda possibilidade de viver em comunidade, pois não há laços que sustentem o que é comum e essencial para todos. Comunidade só é possível enquanto vigorar do universal concreto" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 25.

21

"Sem memória, a globalização tende ao viver sem memória, na rapidez e brilho do instante, num mundo de espetáculo incessante, numa sucessão feérica de imagens. Porém, jamais podemos esquecer algo que não pode ser esquecido e nos desafia por detrás e além-aquém de todo parecer: nada pode parecer sem aparecer. E o que sempre acontece no aparecer é o ser, é a memória. Quem diz memória diz necessariamente tempo. Portanto, no tempo da globalização há também memória. E esta será sempre poética. O poético é o a ser pensado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.

22

"... cada momento da vida é uma oportunidade de caminhada. Está em nós não apenas olharmos, mas também vermos e pensarmos os momentos dessas oportunidades, aquilo que está para além do meramente superficial e aparente, passageiro e incompleto, pois existir é a caminhada de procura da realização da plenitude do que somos e já recebemos para ser. E isso, portanto, pode e deve acontecer também na globalização atual. Para tal, jamais haverá um modelo único de caminhada uniforme para todos, em cada um acontecerá necessariamente de um modo próprio e diferente. Na uniformidade e banalização da globalização em sua aparência, esse é o grande desafio: não apenas olhar, mas ver e pensar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 27.

23

"Com que olhar vemos e pensamos a globalização? Que possibilidades de caminhada ela nos oferta? Ela nos oferta apenas o múltiplo olhar ou também o poder ver e pensar? Quando a globalização é a sociedade do espetáculo, por detrás de todo esse aparecer e possibilidade de olhar não há também o poder ver? Não há o poder pensar? Não é ela uma oportunidade de caminhada? A rede poética faz disso o universal do humano, a sua globalização poética" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 27.

24

"Hesse afastou a espiritualidade da perfeição, lançando-a, em vez disso, no caminho incerto da dúvida e da imperfeição, e aproximando-a, de certo modo, da arte. A e a dúvida, ele ensinava, em vez de se excluírem, se correspondem. Onde não se duvida, não se crê verdadeiramente. Lição que se torna luminosa no mundo sectário e sombrio em que vivemos" (1).


Referência:
CASTELLO, José. Resenha publicada no Caderno "Prosa & Verso", p. 5, do Jornal O Globo.

25

" - Uma cultura livre de amarras pode fazer a diferença entre guerra e paz, democracia e ditadura?
" - Não exatamente. Podemos ter países onde a cultura é sofisticada e rica, mas o regime político é belicista e criminoso. A cultura é uma forma de resiliência para as pessoas. Ela sobrevive nos momentos mais difíceis e trágicos da humanidade. Nesse mundo onde há um espaço global, a cultura é uma das raras formas de diálogo. Defendemos uma cultura de pluralidade e inclusão dos diversos segmentos da sociedade " (1).


Referência:
Entrevista de Audrey Azoulay a Ruth de Aquino. In: O Globo, sábado, 16-11-2019, p. 26.
Observação: Audrey Azoulay é Diretora-Geral da UNESCO.

26

"A ausência-de-pensamento é um hóspede sinistro que, no pensamento atual, entra e sai em toda parte. Pois, hoje toma-se conhecimento de tudo pelo caminho mais rápido e mais econômico e, no mesmo instante e com a mesma rapidez, tudo se esquece" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos, s/d., p. 11.

27

"Porque nos esquecemos de perguntar: em que assenta o fato de a técnica científica ter podido descobrir e libertar novas energias da natureza?
"Assenta no fato de estar em curso há alguns séculos uma reviravolta de todas as representações dominantes. O Homem é, assim, transposto para uma outra realidade. Esta revolução radical da visão do mundo é consumada na filosofia moderna. Daí resulta uma posição totalmente nova do Homem no mundo e em relação ao mundo. O mundo aparece agora como um objeto sobre o qual o pensamento que calcula investe, nada mais devendo poder resistir aos seus ataques. A Natureza transforma-se num único posto de abastecimento gigantesco, numa fonte de energia para a técnica e indústria modernas. Esta relação fundamentalmente técnica do Homem com o todo do mundo surgiu pela primeira vez no século XVII, na Europa e unicamente na Europa. Permaneceu desconhecida das restantes partes da Terra durante longo tempo. Era totalmente estranha às épocas precedentes e aos destinos dos povos de então" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos, s/d., p. 18.

28

"Todos sabemos que o mito de Édipo se configura numa amplitude maior: o do genos de Édipo. Seu destino, em princípio, está ligado ao próprio destino do genos. Por isso, enquanto genos, o mito nos lança no sentido essencial em que se reúne e ultrapassa qualquer dicotomia entre pessoal e social. Para além de Cura da dor, da Cura amorosa, com Édipo temos a Cura da Polis. Por isso a poético-ecologia se dá na harmonia dos três cuidados em relação a três corpos: o de Édipo enquanto Édipo, o de Édipo enquanto lugar do corpo social, ou seja, a Polis, o de Édipo enquanto genos de Eros, Terra, Céu e Mundo. A poético-ecologia deve necessariamente ser tomada e impulsionada pelos três corpos. Não há separação. Hoje, com a globalização, o corpo social são todos os seres humanos e o genos são todos os seres humanos, o Céu, a Terra-mãe-Gaia e o Mundo" (1). Por isso a poético-ecologia se dá na harmonia dos três cuidados em relação a três corpos: o de Édipo enquanto Édipo, o de Édipo enquanto lugar do corpo social, ou seja, a Polis, o de Édipo enquanto genos de Eros, Terra, Céu e Mundo. A poético-ecologia deve necessariamente ser tomada e impulsionada pelos três corpos. Não há separação. Hoje, com a globalização, o corpo social são todos os seres humanos e o genos são todos os seres humanos, o Céu, a Terra-mãe-Gaia e o Mundo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 30.
Ferramentas pessoais