Banalização

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

O banal é o trivial. E este se torna a essência do cotidiano, perdendo este o seu vigor originário. E, assim, mesmo vendo e sentindo, nos tornamos cegos e insensíveis para o extraordinário. Não é o social que nos condiciona. É a banalização e a trividalidade das vivências na uniformidade do cotidiano. E o seu sinal mais evidente é a banalização da linguagem.


- Manuel Antônio de Castro

2

A banalização dá-se em dois momentos interligados: o tomar conhecimento pelo caminho mais rápido e econômico (meios digitais de comunicação, redes sociais etc.), e com a mesma rapidez essas informações serem esquecidas, porque não essenciais, ou seja, banais. No âmbito do consumo é a facilidade de comprar e usar serviços e utensílios, ligada à mesma facilidade de desfazer-se deles, abandonando-os, ou seja, eles perdem a função, ou porque foram ultrapassados por outros mais sofisticados ou porque ninguém mais usa, perdendo, portanto, a função. A questão maior é quando as próprias pessoas se banalizam e se tornam descartáveis. Essa talvez seja a característica maior de nossa época, império da tecno-ciência e das informações via redes sociais. A tecno-ciência, sem o horizonte do humano, facilmente leva ao banal.


- Manuel Antônio de Castro

3

"A ausência-de-pensamento é um hóspede sinistro que, no pensamento atual, entra e sai em toda parte. Pois, hoje toma-se conhecimento de tudo pelo caminho mais rápido e mais econômico e, no mesmo instante e com a mesma rapidez, tudo se esquece" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos, s/d., p. 11.
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