Vocabulário
De Dicionário de Poética e Pensamento
Tabela de conteĂşdo |
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- "Abrindo um dicionário vamos ver que a palavra vocabulário se usa em muitas acepções: 1ÂŞ. O conjunto de palavras de uma lĂngua; 2ÂŞ. O conjunto de palavras em certo estágio e momento histĂłrico da lĂngua; 3ÂŞ. O conjunto das palavras especializadas em qualquer campo de conhecimento ou atividade. EntĂŁo tem como sinĂ´nimos: terminologia, nomenclatura; 4ÂŞ. O conjunto das palavras usadas por um autor em sua obra; 5ÂŞ. Nome do livro que contĂ©m essas palavras em ordem alfabĂ©tica. Neste caso, o nome mais comum Ă© dicionário" (1).
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 240.
2
- "Por detrás de, com e em todo vocabulário há não só uma realidade-mundo, mas também, concomitantemente, um caminho e uma caminhada. Na caminhada de cada vocabulário há o desenho de uma realidade, ou seja, a cada vocabulário corresponde um mundo. Nesse sentido, igualmente se entende por mundo uma determinada época. Por isso, podemos falar em vocabulário quando o seu conjunto de nomes nos apresenta uma realidade entendida enquanto determinado mundo" (1).
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 242.
3
- "Inevitavelmente o [vocabulário] lemos a partir de nossa conjuntura e seu vocabulário. Não podemos esquecer que há uma diferença radical entre o dito e o dizer do vocabulário como algo vivo, do mundo da realidade que pulsa e muda continuamente em todo dizer. É o agir da memória que vivifica todo dizer e constitui a força de todo vocabulário" (1).
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 242.
4
- "O poder do vocabulário Ă© funcional e operativo. É por isso que todo vocabulário, nesse sentido, gera um “ismo”. E nem se nota que o prĂłprio mundo real se esvai e se retrai nos interstĂcios dos vocabulários. É que o vocabulário nĂŁo passa, a essa altura, de uma representação da realidade. Portanto, como falar ainda da realidade? É aĂ que aparece a questĂŁo do mistĂ©rio. Eis algo complexo" (1).
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 245.
5
- "Ă€ lĂngua como corpo vivo que Ă© mundo Ă© que denomino vocabulário. A grande diferença que aĂ acontece está em que mundo passa a ser o sentido do ser. Sentido se constitui entĂŁo no sangue do corpo vivo, porque nele o ser acontece permanentemente. Surpreender numa obra o seu vocabulário nĂŁo Ă© uma tarefa gramatical, nem semântica, nem lexical, nem sintática. É poĂ©tica, enquanto corpo vivo; mundo, enquanto sentido. Este nĂŁo provĂ©m do vocabulário, mas do logon [ver logos] do ser, da voz do sagrado. Logon [ver logos] mais do que vocabulário Ă© sentido".
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 249.
6
- "LĂngua e vocabulário podem se tornar duas palavras enganadoras, pois o que aĂ se quer dizer precede e excede em muito o que elas tanto evocam como manifestam. Convocar, evocar, vocação, voz e vocábulo tĂŞm a mesma raiz indo-europĂ©ia *wek.w, que indicava a emissĂŁo de voz com todas as forças religiosas e jurĂdicas que delas resultam” (1).
- É a voz que, provindo do sagrado, tem força de realização, de manifestação da realidade. É a voz de todas as forças divinas, dos deuses" (2).
- ReferĂŞncia:
- (1) ERNOUT , A. e MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine. Paris: Klincksiek, 1979, 754).
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: -------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 240.
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- "Pensando o sentido do Ser a partir do nada, projeta em novos horizontes o entendimento tradicional da arte, baseado nas formas ou na sensibilidade (aisthesis); Seu vocabulário vai-se depurando da carga tĂ©cnico-conceitual, passando a elaborar seu pensamento numa linguagem mais simples, profunda e imantizada pelo pensamento poĂ©tico (A tĂtulo de exemplo, leia-se O caminho do campo e A coisa) (1).
- ReferĂŞncia:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 32.
8
- "Alguns estudiosos e leitores, sem aderirem ao pensamento, passaram a usar o novo vocabulário de Heidegger, mas sem mudança dos conceitos para o pensamento e o que ele implica. Usavam a palavra nova continuando a pensar como antes. O exemplo mais citado por Heidegger diz respeito à verdade. Esta é uma questão central para o mito, o pensamento e a arte (cf. o enigma sobre verdade que a esfinge propõe a Édipo)" (1).
- ReferĂŞncia: