Conjuntura

De Dicionário de Poética e Pensamento

Tabela de conteúdo

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O estar de toda conjuntura – dinâmica de posições temporais - em que estamos desde sempre jogados é o ser acontecendo. As circunstâncias são estados da conjuntura, vigorando no acontecer do ser. Não se pode reduzir a história às circunstâncias porque não há história sem conjuntura e nem há conjuntura sem o acontecer do sentido do ser.


- Manuel Antônio de Castro.

2

O acontecer dialético da história é o sentido do ser destinando-se epocalmente. O horizonte de vigência do próprio é a época. Nunca podemos esquecer que somos finitos e por isso estamos jogados em conjunturas. Estas são nossa condição humana de estar para ser. Mas também não podemos esquecer que enquanto entre-seres já estamos jogados também no livre não-limite do sentido do ser e não presos às e determinados pelas conjuntura/conjunturas do estar.


- Manuel Antônio de Castro

3

A conjuntura é um momento histórico em que tudo se junge e conjuga em torno de um vigorar do tempo como história acontecendo. O tempo, linguagem do sentido do ser, põe, compõe, depõe e dispõe, gerando e ultrapassando as circunstâncias. Eis aí o que é acontecer histórico. Não há conjuntura sem tempo, porque não há tempo sem ser e seu sentido. O tempo é o ser vigorando em seu acontecer poético. O vigorar é a energia de toda conjuntura


- Manuel Antônio de Castro

4

"Conjuntura é uma abertura que se fecha e, ao se fechar, se abre para a identidade e diferença, na medida e toda vez que o homem se relaciona, quer num encontro, quer num desencontro, com tudo o que é e não é" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Petrópolis: Vozes, 1977, 8.

5

Temos em geral uma aproximação do que seja a conjuntura muito limitada. Já a enquadramos dentro de um processo histórico delimitado por conceitos que não apreendem o que, em essência é a conjuntura, não que se negue essa dimensão da história, mas de uma história prisioneira da cronologia lógico-científica. Pensando a questão do próprio e do seu eclodir, notei que não há a menor possibilidade de eclosão, e eis aí a verdade, sem um solo, terra, propício junto com a luz que advém do céu. Ora, eis aí o que é conjuntura: a junção de terra e céu, ou seja, mundo: luz. Não são duas forças opostas, mas distintas e ambas provindas do mesmo princípio, num jogo de memória enquanto tempo e mundo. Nessa conjuntura não pode haver oposição, embora não sejam a mesma coisa, entre natureza e cultura, mas uma unidade essencial. É esta a conjuntura essencial. E é esta a conjuntura dialética.


- Manuel Antônio de Castro

6

"O que é conjuntura? Como pode haver conjuntura? A palavra "-junta" tem a mesma origem, indicando aquilo que reúne juntando. A conjuntura junta diferenças porque ela vigora no mesmo, o que em si doa a identidade. No diálogo, a "-junta" está relacionada ao "diá-" que significa: através de e entre. A conjuntura é o entre de Eu e Tu. Mas o entre remete tanto para as diferenças quanto para a identidade, que no caso, é o logos, de todo diá-logo. A "-junta" como entre vai remeter para o a-juntar histórico da memória. Toda conjuntura traz em si o vigor histórico da memória" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Os três diálogos e o logos: o amar". Ensaio não publicado.
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