Feminino

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:De acordo com Franz: “Junto com o feminino está o sentimento, o irracional e a fantasia...(1). Nas páginas anteriores também se refere ao feminismo como o princípio de Eros e também o liga à Terra. “Como pode ter acontecido, em nossa história, que o elemento feminino tenha sido mais consciente numa determinada época e esteja agora submergido no inconsciente? As religiões pagãs originárias dos germânicos e dos celtas tinham muitos cultos à Mãe Terra e a outras deusas da natureza, mas a superestrutura unilateralmente patriarcal da civilização cristã aos poucos foi reprimindo esse elemento... Na Idade Média, com o culto da Virgem Maria e com os Trovadores, o reconhecimento da anima era muito mais vivo do que o foi no séc. XVI em diante, época essa que está caracterizada por um aumento de repressão do elemento feminino e da cultura de Eros, em nossa civilização.” (2)
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:Mas não nota a autora que justamente o ligar o feminino ao sentimento e ao irracional é uma caracterização do que ela mesma condena na seguda citação, ou seja, é uma leitura do feminino a partir de um racionalismo de predominância patriarcal.
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: De acordo com Franz: "Junto com o [[feminino]] está o [[sentimento]], o [[irracional]] e a [[fantasia]]..." (1).  
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: Nas páginas anteriores, também se refere ao [[feminismo]] como o [[princípio]] de ''[[Éros]]'' e o liga à [[Terra]].
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: "Como pode ter acontecido, em nossa [[história]], que o [[elemento]] [[feminino]] tenha sido mais [[consciente]] numa determinada [[época]] e esteja agora submergido no [[inconsciente]]? As [[religião|religiões]] [[pagãs]] [[originárias]] dos germânicos e dos [[celtas]] tinham muitos cultos à [[Mãe Terra]] e a outras [[deusas]] da [[natureza]], mas a superestrutura unilateralmente patriarcal da [[civilização]] cristã aos poucos foi reprimindo esse [[elemento]]... Na [[Idade Média]], com o [[culto]] da Virgem Maria e com os Trovadores, o reconhecimento da ''[[anima]]'' era muito mais vivo do que o foi no séc. XVI em diante, [[época]] essa que está caracterizada por um aumento de repressão do [[elemento]] [[feminino]] e da [[cultura]] de ''[[Eros]]'', em nossa [[civilização]]" (2).
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:(1) Franz, Marie Louise Von, A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro, Achiamé, 1981, p.81.
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:(2) idem, p. 82.
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==Ver Também==
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: Mas não nota a [[autora]] que justamente o [[fato]] de ligar o [[feminino]] ao [[sentimento]] e ao [[irracional]] é uma caracterização do que ela mesma condena na segunda citação, ou seja, é uma [[leitura]] do [[feminino]] a partir de um racionalismo de predominância patriarcal. Sem dúvida nenhuma, o [[sentimento]] e a [[emoção]] estão muito mais [[presentes]] na [[mulher]], sendo duas [[características]] importantes do [[feminino]]. Às vezes isso é dito com a expressão "[[instinto]] [[maternal]]".
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*[[Racionalismo]]
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) FRANZ, Marie Louise Von. '''A [[interpretação]] dos contos de fadas. Rio de Janeiro:  Achiamé, 1981, p.81.'''
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: (2) '''Idem, p. 82.'''
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: A [[filosofia]] chinesa parte de um [[princípio]] que a [[tudo]] origina: ''[[Qi]]'' (grafado também como: ''[[Ki]]'', ''[[Chi]]''). De maneira muito especial se manifesta nos [[seres]] [[vivos]], especialmente no [[ser humano]], no qual se faz [[presente]] de maneira muito complexa. Enfim, [[tudo]] [[é]] ''[[Qi]]''. É no [[horizonte]] do [[vigorar]] deste [[princípio]] que se pensa o [[corpo]] no [[pensamento]] chinês. Ele é composto de outros dois [[princípios]], opostos, mas não [[dicotômicos]] nem excludentes, pois são [[sempre]] convergentes e divergentes, pelos quais acontece toda [[diferenciação]], na [[procura]] (''[[tao]]'') inesgotável da [[harmonia]]: [[Yin]] e [[Yan]] (também se grafa [[Ying]] e [[Yang]]). As [[traduções]] mais correntes são: [[luz]] e [[escuridão]]; [[masculino]] e [[feminino]]. É [[impossível]] a [[existência]] de um sem o [[outro]]. De algum modo, cada [[ser]], cada [[ser humano]] é partícipe de ambos, embora em cada [[ser]] um ou outro predomine.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "Achando-se assim o [[corpo]] [[feminino]] todo envolvido e como que saturado de seu [[espírito]], adquirem um peculiar sabor [[simbólico]] as [[doações]] que faça de suas graças [[corporais]]. A entrega do [[corpo]] é para ela, em verdade, [[símbolo]] e [[sintoma]] de seus [[sentimentos]], e cada [[doação]] ao amado é a [[medida]] do nível que nela alcança o [[amor]]" (1).
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: Referência:
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: (1) ORTEGA Y GASSET, José.''' "Como nos vemos a nós. A [[mulher]] e seu [[corpo]]". In: [[Obras]] Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 163.'''
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: "Por isso, no [[mito]], ''[[Cura]]'' é [[algo]] muito mais [[profundo]] do que os [[simples]] [[significados]] semânticos da [[palavra]] ''cura''. Em latim, ''[[cura]]'' diz [[cuidado]], [[cuidar]]. Em torno de ''[[Cura]]'' [[acontece]] o [[próprio]] constituir-se e plenificar-se [[poético]]-[[ontológico]] do [[ser humano]]. Nesse sentido, qualquer determinação de [[gênero]] ou [[cultura]] identitária, para a [[ontologia]] do [[ser humano]], é reducionista. A ''Cura'' que [[vigora]] em cada [[ser humano]], [[sempre]] de uma maneira [[originária]], não se reduz, seja ao [[feminino]], seja ao [[masculino]], seja a uma [[identidade]] [[cultural]]. O que está em [[jogo]] no operar de ''Cura''' é [[sempre]] o [[destino]] de cada [[ser humano]], que é o [[acontecer]] de seu [[próprio]], ou seja, aquilo que ele recebeu para ser e [[é]]. A [[Cura]] é [[sempre]] [[Cura]] do [[sou]]. E este é absolutamente [[original]] para cada um. Não dá para reduzi-lo a classificações. Na regência de ''[[Cura]]'' se decide o ''[[destino]]'' do que cada um deve e consegue [[realizar]]" (1).
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: Referência bibliográfica:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Cura]] e o [[ser humano]]". In: -------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 227.'''
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: Podemos [[compreender]]  o [[tu]] pensando o [[eu]], porque o [[tu]] é o [[outro]] do [[eu]]. Um [[outro]] que pode [[ser]] ele mesmo desdobrando-se no que ainda não é, mas pode vir a ser, pois tudo é e não é. Para então [[compreender]] o [[tu]], é necessário que saibamos que antes de o [[eu]] se descobrir como [[eu]] é necessário que saia dele e se projete no [[outro]]. Somente assim o [[eu]] retorna a si e toma [[consciência]] de que é um [[eu]]. Ou seja, para chegarmos a saber quem [[eu]] [[sou]], temos que já [[ser]] também o [[não-eu]], ou seja, o [[tu]]. E o [[eu]] chega a [[ser]] neste desdobramento de [[eu]] e [[tu]]. Do mesmo modo, cada um chega a [[saber]] se é do [[gênero]] [[masculino]] ou [[feminino]] na medida em que para chegar a se [[saber]] já tem de [[ser]] os dois [[gêneros]]. Os dois [[gêneros]] pressupõem, por isso mesmo, o [[sou]] [[sendo]]. Todo [[sendo]] é [[sendo]] de uma [[dobra]]: o [[eu]] e o [[tu]]. Percebamos isso bem: num [[diálogo]], [[eu]] me dirijo ao [[tu]] e ele me escuta e sabe que está me escutando. Porém, quando o [[tu]] responde, [[eu]] escuto, não como [[eu]], mas como [[tu]]. Portanto, para podermos [[dialogar]] temos de [[ser]] a [[dobra]] de [[eu]] e [[tu]], pois aí depende só da [[posição]] de quem [[fala]] e de quem [[escuta]]. E esta [[dobra]] acontece também com o [[feminino]] e o [[masculino]]. Se de alguma maneira não fôssemos ambos, seria [[impossível]] a [[escuta]]. Seria [[impossível]] o [[diálogo]]. Igualmente podemos [[falar]] conosco mesmo, ou seja, [[eu]] posso me [[escutar]]. Ontologicamente há a [[unidade]]. Só nesta pode [[vigorar]] a [[identidade]] e a [[diferença]] da [[unidade]], uma vez que para haver e [[vigorar]] [[unidade]] é necessária a afirmação tanto da [[identidade]] quanto da [[diferença]]. É neste mesmo [[horizonte]] [[ontológico]] que devemos [[compreender]] em nós a [[vigência]] de [[masculino]] e [[feminino]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: Pode o [[êxtase]] levar a possuir o [[silêncio]] e o [[vazio]], o [[nada criativo]]? Miticamente, é a [[mulher]], em seu [[feminino]] como [[possibilidade]], a mais completa [[fonte]] de [[prazer]] e [[realização]] do [[desejar]], aquela que atinge e pode levar ao [[êxtase]]. [[Êxtase]] será então [[completude]], [[plenitude]] de [[realização]], eclosão na [[liberdade]]. Entendamos: a [[palavra]] [[êxtase]] se compõe do prefixo [[latino]] e [[grego]] ''ex/eks'', que tanto pode [[significar]] para fora ou fora de, quando diz uma [[relação]] espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos [[limites]], dizendo, então, uma [[possibilidade]] [[ontológica]] do [[existir]] [[humano]]. O que está fora dos [[limites]] é o [[livre aberto]], a [[possibilidade]] enquanto [[possibilidade]], [[ser]]. Já o [[radical]] ''-stase'' diz [[posição]]. [[Êxtase]] assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da [[posição]]. Se [[posição]] diz o [[estar]], o [[êxtase]] pode abrir-nos para o [[ser]], o que está fora de, além do [[estado]], da [[posição]], ou seja, o nos projetar no [[livre aberto]] da [[libertação]] [[essencial]]. A [[possibilidade]] [[ontológica]] é a [[essência]] da [[liberdade]]. Daí advir no [[êxtase]] [[ontológico]] a [[completude]] da [[liberdade]], do [[livre aberto]] em que nos podemos projetar e sair dos nossos [[limites]] posicionais, [[substantivos]], da nossa [[finitude]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: A [[mulher]], como verdadeira [[obra]] poética criativa, precisa para [[procriar]] ser desvirginizada desvelando a [[fonte]] da [[vida]], da [[maternidade]]. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (''[[aletheia]]''. Todo [[procriar]] é um [[acontecer]] da [[maternidade]]: [[milagre]] do [[mistério]] [[extraordinário]] que é o [[procriar]], o dar à [[luz]]. A pura [[possibilidade]] que a virgindade como [[velamento]] contém em-si pode tornar a [[mulher]] a [[mãe]] de muitos filhos, continuando o [[milagre]] da [[vida]] como [[permanência]] da [[vida]] e desafio da [[morte]]. [[Vida]] e [[morte]]: faces do [[mesmo]] [[acontecer]]. Todo [[nascimento]] de uma [[criança]] reinaugura o [[mundo]] diante da [[morte]] e é, portanto, um desvirginizar, porque é fazer o [[nada]] ser criativo, [[fonte]] de todas as [[possibilidades]]. Nesse sentido, a [[mulher]] se torna [[mãe]], porque nela acontece a [[maternidade]], o [[ser]] o [[lugar]] do [[procriar]], do [[gerar]] filhos. E só acontece na [[mulher]], pois é [[próprio]] do [[feminino]], ou seja, nela acontece ''[[Eros]]''. Este acontecendo na [[mulher]] torna-a tanto mais [[humana]] quanto mais [[divina]]. Em verdade, ela co-participar da [[essência]] de ''[[Eros]]''. É neste [[sentido]] que falamos do [[amor]] maternal, tão radical quanto o [[ser]] [[mãe]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "Para os egípcios, os [[números]] não eram apenas pares ou ímpares - eram também [[masculinos]] e [[femininos]]. Não existe o neutro (uma [[coisa]]). Ao contrário do inglês, em que uma [[coisa]] é ele, ela ou neutro, no [[Egito]] Antigo só havia ele ou ela" (1).
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: Referência:
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: (1) GADALLA, Moustafa.''' "[[Tudo]] é [[número]]". In: -----. [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 29.'''
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: “'''Auset''' é o [[poder]] responsável pela [[criação]] de todas as [[criaturas]] vivas. Os antigos [[egípcios]] chamavam-na de '''Auset dos 1.000 nomes/atributos'''. Plutarco percebeu isto e escreveu em '''Moralia''', vol. V:
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: '''Auset (Ísis) é, na verdade, o [[princípio]] [[feminino]] da [[Natureza]], e recebe [[todas]] as [[formas]] de [[geração]], e, por esta [[razão]], é chamada por [[Platão]] de a enfermeira gentil e a receptora-total. Por inúmeras [[pessoas]] é chamada por inúmeros [[nomes]], devido à força da [[Razão]]. Ela se transforma nisso ou naquilo e recebe [[todas]] as [[formas]]''' " (1).
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: Referência:
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: (1) GADALLA, Moustafa.''' "Auset, a [[Mãe]] [[Universal]]". In:---. [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 83.'''
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: "É um [[fato]] notório que o [[corpo]] [[feminino]] está dotado de uma sensibilidade interna mais viva que a do [[homem]], isto é, que nossas [[sensações]] orgânicas intracorporais são vagas e como que surdas comparadas com as da [[mulher]]. Neste fato vejo eu uma das raízes de onde emerge, sugestivo, gentil e admirável, o esplêndido espetáculo da [[feminilidade]]" (1).
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: Referência:
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: (1) ORTEGA Y GASSET, José.''' "Como nos vemos a nós. A [[mulher]] e seu [[corpo]]". In: [[Obras]] Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 161.'''
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: "A relativa hiperestesia das [[sensações]] orgânicas da [[mulher]] faz com que seu [[corpo]] exista para ela mais que para o [[homem]] o seu. Nós, [[homens]], normalmente, esquecemos nosso irmão [[corpo]]; não sentimos que o temos, a não ser com o muito frio ou com o muito calor da extrema [[dor]] ou do extremo [[prazer]]. [[Entre]] nosso [[eu]] puramente [[psíquico]] e o [[mundo]] exterior não parece se interpor [[nada]]. Na [[mulher]], pelo contrário, é solicitada constantemente a atenção pela vivacidade de suas [[sensações]] intracorporais: sente a toda hora seu [[corpo]] como interposto [[entre]] o [[mundo]] e seu [[eu]], leva-o sempre diante de si, ao mesmo tempo como um escudo que defende ou prenda vulnerável. As consequências disto são claras: toda a [[vida]] psíquica da [[mulher]] está mais fundida com seu [[corpo]] que a do [[homem]]; quer dizer, sua [[alma]] é mais corporal - porém, vice-versa, seu [[corpo]] convive mais constante  e estreitamente com seu [[espírito]]; quer dizer, seu [[corpo]] está mais tomado pela [[alma]]. Ocasiona, com efeito, na [[pessoa]] [[feminina]] um grau de penetração  [[entre]] [[corpo]] e [[espírito]] muito mais elevado que na do [[homem]]. No [[homem]], comparativamente, costumam ir cada um por seu lado; [[corpo]] e [[alma]] sabem pouco um do [[outro]] e não são solidários; pelo contrário atuam como irreconciliáveis inimigos" (1).
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: (1) ORTEGA Y GASSET, José.''' "Como nos vemos a nós. A [[mulher]] e seu [[corpo]]". In: [[Obras]] Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 161.'''
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== 12 ==
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: "Nesta observação creio que pode achar-se a [[causa]] desse [[fato]] [[eterno]] e [[enigmático]] que percorre a [[história]] [[humana]] de ponta a ponta, e de que não se deram senão [[explicações]] estúpidas ou superficiais: refiro-me à imortal propensão da [[mulher]] ao [[adorno]] e ao embelezamento do seu [[corpo]]. Visto à luz da [[ideia]] que exponho, nada mais natural e, ao mesmo tempo, inevitável. Sua nativa [[formação]] fisiológica impõe à [[mulher]] o hábito de fixar-se, de atender a seu [[corpo]], que vem a ser o [[objeto]] mais próximo dentro da [[perspectiva]] de seu [[mundo]]. E como a [[cultura]] não é senão a ocupação reflexiva sobre aquilo para o qual nossa atenção se volta preferencialmente, a [[mulher]] criou a egrégia [[cultura]] do [[corpo]], que, historicamente, começou pelo [[adorno]], prosseguiu pelo asseio e se concluiu pela [[cortesia]], genial invento [[feminino]], que é, em conclusão, a fina [[cultura]] do gesto" (1).
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: Referência:
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: (1) ORTEGA Y GASSET, José.''' "Como nos vemos a nós. A [[mulher]] e seu [[corpo]]". In: [[Obras]] Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 162.'''
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== 13 ==
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: "[[Nada]] acontece sem o  [[feminino]]; a [[energia]] [[feminina]] é uma escada que vai do mais baixo ao mais elevado, do mais escuro dos vales ao mais [[luminoso]] dos picos. Esse é um dos [[princípios]] [[fundamentais]] do [[Tao]] e precisa ser entendido em detalhes. Uma vez que ele se enraíze no seu [[coração]], as [[coisas]] ficam muito [[simples]]" (1).
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: Cabe ao [[ser humano]] ter uma [[atitude]] de [[Serenidade]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: Referência:
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: (1) OSHO. "A [[síntese]] suprema". In: ---. '''[[Tao]], trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 12.'''
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== 14 ==
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: "O [[mundo]] como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior [[planeta]] -, é mantido em [[equilíbrio]] por uma [[lei]] baseada na [[natureza]] [[dualista]] equilibrada de [[todas]] as [[coisas]]. Sem o [[equilíbrio]] [[entre]] as duas [[forças]] [[opostas]] não haveria a [[criação]], isto é, não existiria o [[Universo]]. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas [[forças]] [[opostas]]: 1) as [[forças]] de expulsão - resultantes dos efeitos do ''Big Bang'', através das quais [[todas]] as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as [[forças]] gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as [[outras]]" (1).
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: Essas duas [[forças]] ou [[energias]] não constituem também o [[princípio]] [[vital]], [[fundado]] pelo [[masculino]] e pelo [[feminino]]? Penso que sim.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: Referência:
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: (1) GADALLA, Moustafa.''' "O mais [[religioso]]". In: ---. [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.'''
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: "Em todos os [[viventes]] há essa força geradora, a [[unidade]], que denominamos [[Vida]]. Portanto, ''[[eidos]]'' nada tem a ver com [[ideal]] em [[oposição]] a [[real]], até porque não há algo que exista sem essa [[energia]] geradora, sem a [[unidade]], ou seja, sem o [[ser]]. Por isso, nos [[diálogos]] de [[Platão]], quando quer [[dizer]] essa [[energia]] geradora que não se confunde com as meras [[representações]], ele a nomeia: ''[[ousia]]''. Ou seja: o [[feminino]] de ''[[on]]'', [[particípio]] [[presente]] do [[verbo]] [[ser]] (''[[einai]]''). O ''[[eidos]]'' me dá a [[ver]] o que é a ''[[ousia]]''. Esta, como [[feminino]] de [[sendo]], diz, portanto, [[possibilidade]] de [[Vida]], [[fertilidade]] [[própria]] de todo [[feminino]]" (1).
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:  Referência:
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Leitura]]: [[compreender]] e [[interpretar]]". In: -----. '''[[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 90.'''
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: Bergman: "Notabilizou-se também como um dos grandes retratistas da [[alma]] [[feminina]] em [[filmes]] como '''Monika e o Desejo''' (1953), '''O silêncio''' (1963) e '''Persona - Quando Duas Mulheres Pecam''' (1966), entre outros. Não é sem razão que suas atrizes encantaram o [[mundo]]" (1).
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: Referência:
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: (1) ALPENDRE, Sérgio. In: '''Coleção Folha CINE EUROPEU, 5. Morangos Silvestres - [[filme]] de Ingmar Bergman - Folha  de São Paulo. Editora Moderna, São Paulo, 2011, p. 14.'''
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: "O atual [[modelo]] [[político]] e econômico, baseado numa [[cultura]] [[masculina]], de exaltação da brutalidade e da exploração, provou amplamente a sua ineficácia na gestão dos recursos planetários. Os [[homens]] (e muitas, muitas  [[mulheres]]) precisam aceitar e adotar uma [[cultura]] [[feminina]]. O [[futuro]] da [[humanidade]] será [[feminino]] - ou não será" (1).
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: Referência:
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo. "O [[riso]] e as [[mulheres]]". [[Crônica]] in: '''O Globo, Segundo Caderno, p. 6, 28-08-2021'''.
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== 18 ==
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: "Primeiro, o [[princípio]] do [[yin]], o [[princípio]] da [[feminilidade]], é como uma escada [[entre]] o [[inferno]] e o [[paraíso]]. Você pode ir ao [[inferno]] por ela e pode ir ao [[paraíso]] por ela; a  direção será diferente; a direção será diferente, mas a escada é a mesma" (1).
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: Referência:
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: (1) OSHO. "A [[síntese]] suprema". In: ----. '''[[Tao]], trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 12.'''

Edição atual tal como 15h10min de 20 de março de 2025

1

De acordo com Franz: "Junto com o feminino está o sentimento, o irracional e a fantasia..." (1).
Nas páginas anteriores, também se refere ao feminismo como o princípio de Éros e o liga à Terra.
"Como pode ter acontecido, em nossa história, que o elemento feminino tenha sido mais consciente numa determinada época e esteja agora submergido no inconsciente? As religiões pagãs originárias dos germânicos e dos celtas tinham muitos cultos à Mãe Terra e a outras deusas da natureza, mas a superestrutura unilateralmente patriarcal da civilização cristã aos poucos foi reprimindo esse elemento... Na Idade Média, com o culto da Virgem Maria e com os Trovadores, o reconhecimento da anima era muito mais vivo do que o foi no séc. XVI em diante, época essa que está caracterizada por um aumento de repressão do elemento feminino e da cultura de Eros, em nossa civilização" (2).
Mas não nota a autora que justamente o fato de ligar o feminino ao sentimento e ao irracional é uma caracterização do que ela mesma condena na segunda citação, ou seja, é uma leitura do feminino a partir de um racionalismo de predominância patriarcal. Sem dúvida nenhuma, o sentimento e a emoção estão muito mais presentes na mulher, sendo duas características importantes do feminino. Às vezes isso é dito com a expressão "instinto maternal".


- Manuel Antônio de Castro
Referências:
(1) FRANZ, Marie Louise Von. A interpretação dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981, p.81.
(2) Idem, p. 82.

2

A filosofia chinesa parte de um princípio que a tudo origina: Qi (grafado também como: Ki, Chi). De maneira muito especial se manifesta nos seres vivos, especialmente no ser humano, no qual se faz presente de maneira muito complexa. Enfim, tudo é Qi. É no horizonte do vigorar deste princípio que se pensa o corpo no pensamento chinês. Ele é composto de outros dois princípios, opostos, mas não dicotômicos nem excludentes, pois são sempre convergentes e divergentes, pelos quais acontece toda diferenciação, na procura (tao) inesgotável da harmonia: Yin e Yan (também se grafa Ying e Yang). As traduções mais correntes são: luz e escuridão; masculino e feminino. É impossível a existência de um sem o outro. De algum modo, cada ser, cada ser humano é partícipe de ambos, embora em cada ser um ou outro predomine.


- Manuel Antônio de Castro

3

"Achando-se assim o corpo feminino todo envolvido e como que saturado de seu espírito, adquirem um peculiar sabor simbólico as doações que faça de suas graças corporais. A entrega do corpo é para ela, em verdade, símbolo e sintoma de seus sentimentos, e cada doação ao amado é a medida do nível que nela alcança o amor" (1).


Referência:
(1) ORTEGA Y GASSET, José. "Como nos vemos a nós. A mulher e seu corpo". In: Obras Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 163.

4

"Por isso, no mito, Cura é algo muito mais profundo do que os simples significados semânticos da palavra cura. Em latim, cura diz cuidado, cuidar. Em torno de Cura acontece o próprio constituir-se e plenificar-se poético-ontológico do ser humano. Nesse sentido, qualquer determinação de gênero ou cultura identitária, para a ontologia do ser humano, é reducionista. A Cura que vigora em cada ser humano, sempre de uma maneira originária, não se reduz, seja ao feminino, seja ao masculino, seja a uma identidade cultural. O que está em jogo no operar de Cura' é sempre o destino de cada ser humano, que é o acontecer de seu próprio, ou seja, aquilo que ele recebeu para ser e é. A Cura é sempre Cura do sou. E este é absolutamente original para cada um. Não dá para reduzi-lo a classificações. Na regência de Cura se decide o destino do que cada um deve e consegue realizar" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 227.

5

Podemos compreender o tu pensando o eu, porque o tu é o outro do eu. Um outro que pode ser ele mesmo desdobrando-se no que ainda não é, mas pode vir a ser, pois tudo é e não é. Para então compreender o tu, é necessário que saibamos que antes de o eu se descobrir como eu é necessário que saia dele e se projete no outro. Somente assim o eu retorna a si e toma consciência de que é um eu. Ou seja, para chegarmos a saber quem eu sou, temos que já ser também o não-eu, ou seja, o tu. E o eu chega a ser neste desdobramento de eu e tu. Do mesmo modo, cada um chega a saber se é do gênero masculino ou feminino na medida em que para chegar a se saber já tem de ser os dois gêneros. Os dois gêneros pressupõem, por isso mesmo, o sou sendo. Todo sendo é sendo de uma dobra: o eu e o tu. Percebamos isso bem: num diálogo, eu me dirijo ao tu e ele me escuta e sabe que está me escutando. Porém, quando o tu responde, eu escuto, não como eu, mas como tu. Portanto, para podermos dialogar temos de ser a dobra de eu e tu, pois aí depende só da posição de quem fala e de quem escuta. E esta dobra acontece também com o feminino e o masculino. Se de alguma maneira não fôssemos ambos, seria impossível a escuta. Seria impossível o diálogo. Igualmente podemos falar conosco mesmo, ou seja, eu posso me escutar. Ontologicamente há a unidade. Só nesta pode vigorar a identidade e a diferença da unidade, uma vez que para haver e vigorar unidade é necessária a afirmação tanto da identidade quanto da diferença. É neste mesmo horizonte ontológico que devemos compreender em nós a vigência de masculino e feminino.


- Manuel Antônio de Castro

6

Pode o êxtase levar a possuir o silêncio e o vazio, o nada criativo? Miticamente, é a mulher, em seu feminino como possibilidade, a mais completa fonte de prazer e realização do desejar, aquela que atinge e pode levar ao êxtase. Êxtase será então completude, plenitude de realização, eclosão na liberdade. Entendamos: a palavra êxtase se compõe do prefixo latino e grego ex/eks, que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma relação espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos limites, dizendo, então, uma possibilidade ontológica do existir humano. O que está fora dos limites é o livre aberto, a possibilidade enquanto possibilidade, ser. Já o radical -stase diz posição. Êxtase assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da posição. Se posição diz o estar, o êxtase pode abrir-nos para o ser, o que está fora de, além do estado, da posição, ou seja, o nos projetar no livre aberto da libertação essencial. A possibilidade ontológica é a essência da liberdade. Daí advir no êxtase ontológico a completude da liberdade, do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos limites posicionais, substantivos, da nossa finitude.


- Manuel Antônio de Castro

7

A mulher, como verdadeira obra poética criativa, precisa para procriar ser desvirginizada desvelando a fonte da vida, da maternidade. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (aletheia. Todo procriar é um acontecer da maternidade: milagre do mistério extraordinário que é o procriar, o dar à luz. A pura possibilidade que a virgindade como velamento contém em-si pode tornar a mulher a mãe de muitos filhos, continuando o milagre da vida como permanência da vida e desafio da morte. Vida e morte: faces do mesmo acontecer. Todo nascimento de uma criança reinaugura o mundo diante da morte e é, portanto, um desvirginizar, porque é fazer o nada ser criativo, fonte de todas as possibilidades. Nesse sentido, a mulher se torna mãe, porque nela acontece a maternidade, o ser o lugar do procriar, do gerar filhos. E só acontece na mulher, pois é próprio do feminino, ou seja, nela acontece Eros. Este acontecendo na mulher torna-a tanto mais humana quanto mais divina. Em verdade, ela co-participar da essência de Eros. É neste sentido que falamos do amor maternal, tão radical quanto o ser mãe.


- Manuel Antônio de Castro

8

"Para os egípcios, os números não eram apenas pares ou ímpares - eram também masculinos e femininos. Não existe o neutro (uma coisa). Ao contrário do inglês, em que uma coisa é ele, ela ou neutro, no Egito Antigo só havia ele ou ela" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é número". In: -----. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 29.

9

Auset é o poder responsável pela criação de todas as criaturas vivas. Os antigos egípcios chamavam-na de Auset dos 1.000 nomes/atributos. Plutarco percebeu isto e escreveu em Moralia, vol. V:
Auset (Ísis) é, na verdade, o princípio feminino da Natureza, e recebe todas as formas de geração, e, por esta razão, é chamada por Platão de a enfermeira gentil e a receptora-total. Por inúmeras pessoas é chamada por inúmeros nomes, devido à força da Razão. Ela se transforma nisso ou naquilo e recebe todas as formas " (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Auset, a Mãe Universal". In:---. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 83.

10

"É um fato notório que o corpo feminino está dotado de uma sensibilidade interna mais viva que a do homem, isto é, que nossas sensações orgânicas intracorporais são vagas e como que surdas comparadas com as da mulher. Neste fato vejo eu uma das raízes de onde emerge, sugestivo, gentil e admirável, o esplêndido espetáculo da feminilidade" (1).


Referência:
(1) ORTEGA Y GASSET, José. "Como nos vemos a nós. A mulher e seu corpo". In: Obras Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 161.

11

"A relativa hiperestesia das sensações orgânicas da mulher faz com que seu corpo exista para ela mais que para o homem o seu. Nós, homens, normalmente, esquecemos nosso irmão corpo; não sentimos que o temos, a não ser com o muito frio ou com o muito calor da extrema dor ou do extremo prazer. Entre nosso eu puramente psíquico e o mundo exterior não parece se interpor nada. Na mulher, pelo contrário, é solicitada constantemente a atenção pela vivacidade de suas sensações intracorporais: sente a toda hora seu corpo como interposto entre o mundo e seu eu, leva-o sempre diante de si, ao mesmo tempo como um escudo que defende ou prenda vulnerável. As consequências disto são claras: toda a vida psíquica da mulher está mais fundida com seu corpo que a do homem; quer dizer, sua alma é mais corporal - porém, vice-versa, seu corpo convive mais constante e estreitamente com seu espírito; quer dizer, seu corpo está mais tomado pela alma. Ocasiona, com efeito, na pessoa feminina um grau de penetração entre corpo e espírito muito mais elevado que na do homem. No homem, comparativamente, costumam ir cada um por seu lado; corpo e alma sabem pouco um do outro e não são solidários; pelo contrário atuam como irreconciliáveis inimigos" (1).


Referência:
(1) ORTEGA Y GASSET, José. "Como nos vemos a nós. A mulher e seu corpo". In: Obras Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 161.

12

"Nesta observação creio que pode achar-se a causa desse fato eterno e enigmático que percorre a história humana de ponta a ponta, e de que não se deram senão explicações estúpidas ou superficiais: refiro-me à imortal propensão da mulher ao adorno e ao embelezamento do seu corpo. Visto à luz da ideia que exponho, nada mais natural e, ao mesmo tempo, inevitável. Sua nativa formação fisiológica impõe à mulher o hábito de fixar-se, de atender a seu corpo, que vem a ser o objeto mais próximo dentro da perspectiva de seu mundo. E como a cultura não é senão a ocupação reflexiva sobre aquilo para o qual nossa atenção se volta preferencialmente, a mulher criou a egrégia cultura do corpo, que, historicamente, começou pelo adorno, prosseguiu pelo asseio e se concluiu pela cortesia, genial invento feminino, que é, em conclusão, a fina cultura do gesto" (1).


Referência:
(1) ORTEGA Y GASSET, José. "Como nos vemos a nós. A mulher e seu corpo". In: Obras Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 162.

13

"Nada acontece sem o feminino; a energia feminina é uma escada que vai do mais baixo ao mais elevado, do mais escuro dos vales ao mais luminoso dos picos. Esse é um dos princípios fundamentais do Tao e precisa ser entendido em detalhes. Uma vez que ele se enraíze no seu coração, as coisas ficam muito simples" (1).
Cabe ao ser humano ter uma atitude de Serenidade.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) OSHO. "A síntese suprema". In: ---. Tao, trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 12.

14

"O mundo como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior planeta -, é mantido em equilíbrio por uma lei baseada na natureza dualista equilibrada de todas as coisas. Sem o equilíbrio entre as duas forças opostas não haveria a criação, isto é, não existiria o Universo. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas forças opostas: 1) as forças de expulsão - resultantes dos efeitos do Big Bang, através das quais todas as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as forças gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as outras" (1).
Essas duas forças ou energias não constituem também o princípio vital, fundado pelo masculino e pelo feminino? Penso que sim.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ---. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.

15

"Em todos os viventes há essa força geradora, a unidade, que denominamos Vida. Portanto, eidos nada tem a ver com ideal em oposição a real, até porque não há algo que exista sem essa energia geradora, sem a unidade, ou seja, sem o ser. Por isso, nos diálogos de Platão, quando quer dizer essa energia geradora que não se confunde com as meras representações, ele a nomeia: ousia. Ou seja: o feminino de on, particípio presente do verbo ser (einai). O eidos me dá a ver o que é a ousia. Esta, como feminino de sendo, diz, portanto, possibilidade de Vida, fertilidade própria de todo feminino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 90.

16

Bergman: "Notabilizou-se também como um dos grandes retratistas da alma feminina em filmes como Monika e o Desejo (1953), O silêncio (1963) e Persona - Quando Duas Mulheres Pecam (1966), entre outros. Não é sem razão que suas atrizes encantaram o mundo" (1).


Referência:
(1) ALPENDRE, Sérgio. In: Coleção Folha CINE EUROPEU, 5. Morangos Silvestres - filme de Ingmar Bergman - Folha de São Paulo. Editora Moderna, São Paulo, 2011, p. 14.

17

"O atual modelo político e econômico, baseado numa cultura masculina, de exaltação da brutalidade e da exploração, provou amplamente a sua ineficácia na gestão dos recursos planetários. Os homens (e muitas, muitas mulheres) precisam aceitar e adotar uma cultura feminina. O futuro da humanidade será feminino - ou não será" (1).


Referência:
(1) AGUALUSA, José Eduardo. "O riso e as mulheres". Crônica in: O Globo, Segundo Caderno, p. 6, 28-08-2021.

18

"Primeiro, o princípio do yin, o princípio da feminilidade, é como uma escada entre o inferno e o paraíso. Você pode ir ao inferno por ela e pode ir ao paraíso por ela; a direção será diferente; a direção será diferente, mas a escada é a mesma" (1).


Referência:
(1) OSHO. "A síntese suprema". In: ----. Tao, trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 12.
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