Questão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O [[querer]] de toda [[questão]] é o [[empenho]] em torno do [[penhor]] pelo qual o [[homem]] se empenha no seu [[agir]]. O [[agir]] ([[poiesis]]) é, portanto, a presentificação (sendo) do penhor nos empenhos do [[homem]], mas jamais pela decisão apenas do [[homem]]. Na [[ação]] [[humana]], o [[homem]] responde ao apelo de [[escuta]], [[espera]] e [[cuidado]]. Nisso consiste a [[questão]] e o [[questionar]].
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: "... o [[vocabulário]], em sua amplitude, tende num primeiro [[momento]] a manter uma [[tensão]] entre [[questões]] e [[conceitos]]. Os [[conceitos]] são o dito, as [[questões]] são o não-dizer de todo [[dizer]] vivo e pulsante. Os [[conceitos]] são [[representações]]. As questões são sempre [[presenças]] velantes, dissimulantes. Como aqueles tendem mais a se impor em detrimento da [[dinâmica]] das [[questões]], eles imprimem ao [[mundo]] real o seu caráter abstrato e representacional. E acabam por circunscreverem um [[mundo]] [[abstrato]] em detrimento do [[mundo]] [[real]], vivo, operante" (1).
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: "... o [[vocabulário]], em sua amplitude, tende num primeiro [[momento]] a manter uma [[tensão]] entre [[questões]] e [[conceitos]]. Os [[conceitos]] são o dito, as [[questões]] são o não-dizer de todo [[dizer]] vivo e pulsante. Os [[conceitos]] são [[representações]]. As [[questões]] são [[sempre]] [[presenças]] velantes, dissimulantes. Como aqueles tendem mais a se impor em detrimento da [[dinâmica]] das [[questões]], eles imprimem ao [[mundo]] [[real]] o seu caráter [[abstrato]] e [[representacional]]. E acabam por circunscreverem um [[mundo]] [[abstrato]] em detrimento do [[mundo]] [[real]], vivo, operante" (1).
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: A [[questão]] se diferencia do [[conceito]] porque o [[querer]] de todo [[questionar]] consiste no “[[empenhar-se]] na [[procura]] do que não se tem por já se [[ter]] e para se vir a [[ter]]” (Leão: 1977: 44) (1). No [[empenho]] de [[viver]] [[existindo]], vive-se a primeira de todas as [[questões]]. Primeira diz aí não o [[cronológico]] nem o [[epistemológico]] e [[funcional]], mas o [[ontológico]]. Todo [[querer]] desdobra-se num [[caminho]] que é aquele que nos conduz para nós [[mesmos]], para o que nos é mais próximo: o [[princípio]].
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: A [[questão]] se diferencia do [[conceito]] porque o [[querer]] de todo [[questionar]] consiste no “[[empenhar-se]] na [[procura]] do que não se tem por já se [[ter]] e para se vir a [[ter]]” (Leão: 1977: 44) (1).  
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: No [[empenho]] de [[viver]] [[existindo]], vive-se a primeira de todas as [[questões]]. Primeira diz aí não o [[cronológico]] nem o [[epistemológico]] e [[funcional]], mas o [[ontológico]]. Todo [[querer]] desdobra-se num [[caminho]] que é aquele que nos conduz para nós [[mesmos]], para o que nos é mais próximo: o [[princípio]].
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "A gota d’[[água]] e o [[mar]]". In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: [[Tempo]] Brasileiro, 2011, p. 246.'''
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: As [[questões]] como [[questões]] fazem parte de toda [[cultura]] e a precedem e não dependem da sua sofisticação em elaborações conceituais. Porém, o [[próprio]] de toda [[questão]] é ser [[simples]] e complexa ao mesmo tempo. Dessa maneira as [[questões]] sempre podem [[aparecer]] em novas [[dimensões]] que elas já têm, mas cabe a nós ampliá-las, uma ampliação que não determina a [[questão]], apenas a densifica. Em si as [[questões]] não mudam e nem são modificadas nem diminuídas ou ampliadas. Como somos [[finitos]], precisamos das [[respostas]] para ir abarcando cada vez mais a [[questão]] em toda a sua [[simplicidade]] e riqueza. O [[horizonte]] desta riqueza é o [[infinito]]. Esse é o desafio de toda [[obra de arte]]. Por isso toda [[obra de arte]] é um [[enigma]].
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: As [[questões]] como [[questões]] fazem parte de toda [[cultura]] e a precedem e não dependem da sua sofisticação em elaborações conceituais. Porém, o [[próprio]] de toda [[questão]] é ser [[simples]] e complexa ao mesmo tempo. Dessa maneira as [[questões]] sempre podem [[aparecer]] em novas [[dimensões]] que elas já têm, mas cabe a nós ampliá-las, uma ampliação que não determina a [[questão]], apenas a densifica. Em si as [[questões]] não mudam e nem são modificadas nem diminuídas ou ampliadas. Como somos [[finitos]], precisamos das [[respostas]] para ir abarcando cada vez mais a [[questão]] em toda a sua [[simplicidade]] e riqueza. O [[horizonte]] desta riqueza é o [[infinito]]. Esse é o [[desafio]] de toda [[obra de arte]]. Por isso toda [[obra de arte]] é um [[enigma]].
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e Cardeal. Já faleceu.'''
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: -------. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: [[Tempo]] Brasileiro, 2011, p. 192.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: -------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: [[Tempo]] Brasileiro, 2011, p. 192.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 13.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). '''[[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). '''[[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 37.'''
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 37.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: '''[[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 31.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 31.'''

Edição atual tal como 20h43min de 26 de Abril de 2025

1

Há cinco questões básicas: phýsis, tempo, linguagem, memória, história. Não basta dizer que não sabemos o que são e que mantêm entre si uma referência fundamental. Não basta tomar o caminho do não-saber como possibilidade de todo saber. Não basta falar das experienciações. Tudo isso é válido.
Diz Heidegger: "O que se disse acerca do caráter histórico da questão 'O que é uma coisa?' é válido para qualquer questão de filosofia, que colocamos hoje ou no futuro, admitindo, certamente, que a filosofia é um questionar que se põe a si mesmo em questão e que, em consequência, se movimenta, sempre e em toda a parte em círculo" (1).
Para fugir da linearidade causal da historiografia, do tempo, da memória é necessário ter presente, por exemplo, que quando se pergunta "O que é a história?", essa pergunta não se pode responder só através de dados historiográficos. A historiografia já pressupõe que de antemão se defina o seu objeto e o seu método. A historiografia nunca pergunta pelo isto que ela é. Quando pergunta, deixa de ser historiografia e passa a ser "filosofia". Por isso, a experiência da história como conhecimento e como experienciação do que é História são diferentes. Na História (experienciação) há um acontecer. Na historiografia há uma experiência como conhecimento. Aí já se inclui a phýsis (res/real) o tempo, a linguagem, a memória.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 54.

2

"Como a palavra querer, também as palavras questão, questionar e questionamento vêm do verbo latino: quaerere. Quaerere significa: empenhar-se na busca e na procura do que não se tem, por já se ter e para se vir a ter" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 44.

3

Não questionamos porque agimos logicamente. Só podemos agir logicamente porque já somos desde sempre questão. Enquanto o isto da essência do homem, quer dizer, pelo simples fato de questionarmos, já estamos lançados e vigoramos no e a partir do logos. Questionar é pensar.
"O pensamento con-suma a referência do Ser à Essência do homem. Não a produz nem a efetua. O pensamento apenas a restitui ao Ser como algo que lhe foi entregue pelo próprio Ser. Essa restituição consiste em que, no pensamento, o ser se torna linguagem. A linguagem é a Casa do ser" (1).
A linguagem é o logos. Como a questão, não somos nós que temos a linguagem, mas é a linguagem que nos tem, dando-nos o sentido de existir. A linguagem fala, não o homem. Só existimos porque vigoramos já desde sempre na linguagem e pensamento. Eis a diferença ontológica.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 24.

4

"Ao doar-se da physis, da realidade, no homem enquanto mito, poesia, pensamento, filosofia e o místico enquanto mistério, é o que denominamos questões. Não é o homem que tem as questões, são estas que têm e constituem o homem. Ao narrar mitos e ao escreverem-se obras poéticas, nelas e por elas as questões se tornam obras-questões-mitos do real no homem" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 171, out.-dez. 2007, p. 12.


Ver também:
* Círculo

5

O querer de toda questão é o empenho em torno do penhor pelo qual o homem se empenha no seu agir. O agir (poiesis) é, portanto, a presentificação (sendo) do penhor nos empenhos do homem, mas jamais pela decisão apenas do homem. Na ação humana, o homem responde ao apelo de escuta, espera e cuidado. Nisso consiste a questão e o questionar.


- Manuel Antônio de Castro
Ver também:
*Questionar

6

A realidade, o nada criativo, é um enigma que permeia o labirinto em que a verdade poética acontece. É o que denominamos questão. A travessia é a questão acontecendo como caminho e caminhada no labirinto que é a realidade em seu acontecer permanente.


- Manuel Antônio de Castro.

7

Em verdade, pensar é deixar-se tomar pela questão. E as respostas? São respostas, não são solução. Para a questão a resposta só é resposta se tiver a dimensão de recolocar a questão em novo horizonte. Por isso vale a pena perguntar e responder. Tudo e sempre se torna diferente. A resposta só se torna uma solução se a pergunta é originada numa teoria ou num conceito. Falamos então em problema e solução. Seja como for, toda teoria e toda solução é sempre provisória. A energia do tempo a tudo transforma, exigindo novas teorias e novas respostas, no caso, soluções.


- Manuel Antônio de Castro.

8

As questões como questões fazem parte de toda cultura e a precedem e não dependem da sua sofisticação em elaborações conceituais. Porém, o próprio de toda questão é ser simples e complexa. Dessa maneira as questões sempre podem aparecer em novas dimensões que elas já têm, mas cabe a nós ampliá-las, uma ampliação que não determina a questão, apenas a densifica. Em si as questões não mudam e nem são modificadas nem diminuídas ou ampliadas. Como somos finitos, precisamos das respostas para ir abarcando cada vez mais a questão em toda a sua simplicidade e riqueza. O horizonte desta riqueza é o infinito. Esse é o desafio de toda obra de arte. E é por isso que toda obra de arte é um enigma.


- Manuel Antônio de Castro

9

Na realidade, a questão é sempre a mesma, isto não quer dizer que seja sempre a mesma coisa, pois ela acontece na dialética de pergunta e resposta, de não saber e saber, sempre em aberto, impossível de se fechar, de terminar. Por isso somos históricos.
Tudo muda quando a questão se torna problema. Todo problema é localizado, o que pressupõe também uma resposta localizada. A palavra problema diz exatamente isso: o colocar para diante algo, que se re-solve na resposta. Um problema pode ter uma solução, a questão jamais. Na questão a resposta nada mais é, quando é resposta, do que uma maneira de re-colocar a questão.


- Manuel Antônio de Castro.

10

"Cuidar e procurar, enquanto querer, devem ser o querer do que em nós já sempre vigora: o que somos. E o que somos essencialmente é questão. Viver em procura é deixar-se tomar pela questão. E, então, Cura e questão serão um e o mesmo. É que no querer da questão a cura se plenifica" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 233.

11

"Que a existência é o penhor de todo empenho e desempenho, é a questão de todas as questões verdadeiras, isto é, daqueles que, ao questionarem qualquer coisa, se colocam a si mesmos em questão. É a questão que sempre, sabendo ou sem saber, se questiona em toda questão. Nenhum questionamento, nenhum problema teórico ou prático, racional ou emocional, natural ou cultural, se compreende a si mesmo se não se compreender a questão de todas as questões, isto é, se não questioná-la" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e Ensinar". In: -----. Aprendendo a pensar. Petrópolis R/J: Vozes, 1977, p. 45.

12

"... o vocabulário, em sua amplitude, tende num primeiro momento a manter uma tensão entre questões e conceitos. Os conceitos são o dito, as questões são o não-dizer de todo dizer vivo e pulsante. Os conceitos são representações. As questões são sempre presenças velantes, dissimulantes. Como aqueles tendem mais a se impor em detrimento da dinâmica das questões, eles imprimem ao mundo real o seu caráter abstrato e representacional. E acabam por circunscreverem um mundo abstrato em detrimento do mundo real, vivo, operante" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 243.

13

É que a realidade, o nada criativo, é um enigma que permeia o labirinto em que a verdade poética acontece, desvelando a realidade em mundo e velando-se como enigma, mistério. É o que denominamos questão.


- Manuel Antônio de Castro

14

"As questões não são culturais nem históricas e nem dependem do agir do ser humano. Pelo contrário, este é que depende delas, porque elas são a própria phýsis se doando nele. Portanto, as questões não somos nós que as podemos ter ou não" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. " Phýsis e humano: a arte”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 264.

15

"A essência da questão é o mistério. Só questionamos porque já vigoramos nele" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 292.

16

A questão se diferencia do conceito porque o querer de todo questionar consiste no “empenhar-se na procura do que não se tem por já se ter e para se vir a ter” (Leão: 1977: 44) (1).
No empenho de viver existindo, vive-se a primeira de todas as questões. Primeira diz aí não o cronológico nem o epistemológico e funcional, mas o ontológico. Todo querer desdobra-se num caminho que é aquele que nos conduz para nós mesmos, para o que nos é mais próximo: o princípio.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e Ensinar". In: ---. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977.

17

"Questão vem do verbo latino quaerere, através do particípio: quaestum. Significa fundamentalmente: procurar; desejar; indagar, pensar, examinar; perguntar. O verbo como tal traz em si o aspecto desiderativo, logo, ligado ao cuidado, à “Cura”, como se faz presente no mito de Cura" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 13.

18

"As questões não dependem do pensador. Não é ele que tem ou não tem as questões. As questões é que nos têm. Nós, cada um de nós é uma doação das questões. Elas constituem o que nos é próprio, porém, para serem apropriadas exigem uma dura e assídua experienciação. A sua frequentação cotidiana se torna uma verdadeira ascese de renúncia, onde a renúncia não tira, dá. Dá o quê? O que nos é próprio, o que somos. A doação da renúncia surge como um anunciar novamente (re-núncia) de modo originário, ou seja, nos envia ao destino, ao que nos é próprio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 14.

19

Toda questão é paradoxal. Todo conceito é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o ilimitado precisa do limite. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a vida do ser humano só é paradoxal porque é uma doação das questões.


- Manuel Antônio de Castro.

20

"Toda questão é e não é, sabe e não sabe. Acontece que a questão não é algo que a consciência põe. Pelo contrário, nós somos postos na e pela questão, pois já vivemos e nascemos, amamos e morremos, e nos movemos na questão como unidade e vigorar de tudo que é e se sabe, se dá e se retrai, enquanto linguagem, isto é, sentido do ser. A questão não é posta pela pergunta do eu, do sujeito. O eu é que é posto pela questão. Por exemplo, para perguntar, já tenho que estar vivendo, me experienciando no vigorar do tempo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado.

21

"Só podemos perguntar porque já vigoramos no ser, na memória do sentido do ser. É que o ser, a memória ou sentido do ser, é questão. É que a questão não é apenas saber e não-saber, ser e não-ser, ela é também a unidade de saber e ser, de não-saber e não-ser. E só por ser unidade é que a questão pode advir à pergunta. Advir à pergunta é advir à linguagem, a partir da memória. Memória é unidade e sendo unidade é linguagem. Linguagem, enquanto unidade, não é, em primeira instância, fala ou elocução. Só se fala na e a partir da linguagem. Então podemos dizer que a quarta dimensão do tempo é a memória, e esta é a unidade do tempo enquanto o tempo se faz linguagem. É. O tempo édiz, originariamente, linguagem, unidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado.

22

"A questão, portanto, do humano sempre se funda na liberdade como questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 243.

23

"Para a questão, a resposta só é resposta se tiver a dimensão de recolocar a questão em novo horizonte. Por isso, é imprescindível perguntar e responder. Tudo e sempre se torna diferente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 246.

24

As questões como questões fazem parte de toda cultura e a precedem e não dependem da sua sofisticação em elaborações conceituais. Porém, o próprio de toda questão é ser simples e complexa ao mesmo tempo. Dessa maneira as questões sempre podem aparecer em novas dimensões que elas já têm, mas cabe a nós ampliá-las, uma ampliação que não determina a questão, apenas a densifica. Em si as questões não mudam e nem são modificadas nem diminuídas ou ampliadas. Como somos finitos, precisamos das respostas para ir abarcando cada vez mais a questão em toda a sua simplicidade e riqueza. O horizonte desta riqueza é o infinito. Esse é o desafio de toda obra de arte. Por isso toda obra de arte é um enigma.


- Manuel Antônio de Castro.

25

"O saber acerca daquilo que “é”, já conquistado no exercício atual de perguntar ou de saber, é sempre de novo ultrapassado por impulso do ser e do nosso pré-saber do ser ilimitado. O saber do sentido do ser, portanto, nunca é definitivamente fixável em conceito, mas está sempre em movimento de transcendência sobre si mesmo, ou seja, está sempre em tensão de analogia, na tensão entre o finito daquilo que já atinge e o infinito por atingir e o qual pré-capto sem nunca abraçá-lo em plenitude" (1).
Se no lugar de conceito passarmos a nos referir a questão, notaremos que esta jamais se extingue, sempre há novos aspectos a saber ou conhecer e a tematizar, indefinidamente, mas aquilo que já sabemos da questão não é falso. Ou seja, todo o nosso saber de determinada questão, aquilo que já tematizamos, se torna um saber análogo. Eis toda a dinâmica da analogia, porque nela o que está em questão é o sentido do ser, sempre dinâmico e infinito.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

26

"Toda questão só se dá como questão na medida em que se torna para o ser humano uma experienciação radical" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 192.

27

"A emergência do homem e o âmbito de sua atuação e de seu lugar dentro do real – e o enigma do seu destino – são as questões que perpassam todas as culturas em todos os tempos e suas obras de arte. Note-se que a arte, na maioria das culturas, sempre esteve ligada ao sagrado e que seria, por isso mesmo, estranha aos respectivos contextos qualquer ligação com processos econômico-comerciais. E do enigma que é o sagrado lhe advêm todas as grandes questões" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 13.

28

"Édipo decifrou o enigma? Noutras palavras: Algum de nós já decifrou o enigma? Não. O mito do homem não é a resposta para o mito do real. Até é, mas só na medida em que recoloca sempre o mito do real, pois o real como questão é que nos tem e dimensiona. Toda resposta a qualquer questão será sempre ambígua. Toda questão se articula sempre em torno de duas dimensões: 1ª. o querer como vontade; 2ª. o querer como saber. O sujeito do querer como destino não é o ser humano. O sujeito é o real, o próprio enigma, e não o homem (como Édipo afirma equivocadamente em sua resposta)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27.

29

"... questão não é problema. O problema se resolve, se acha uma solução para ele. Por isso os problemas aparecem e desaparecem. As questões não, elas nos frequentam permanentemente: são nosso oxigênio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 37.

30

"Só o homem pode escravizar o homem. A poético-ecologia tem que se centralizar na verdade do homem. Mas qual é a verdade do homem? Édipo, o homem, não solucionou os enigmas. O homem não é a resposta para os enigmas das questões. As questões são maiores do que o homem. A poético-ecologia é o deixar-se tomar pelas questões. E o que faz Édipo? Será que nós temos a mesma coragem para fazer o que ele fez? Ele deixou-se tomar pela questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 31.
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