Sabedoria
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : [[Sabedoria]] é uma postura [[essencial]], mas não podemos confundi-la com um [[sistema]] de [[valores]]. Daí a profundidade de Heráclito quando diz sobre a [[sabedoria]]: "[[Pensar]] é a maior [[coragem]], e a [[sabedoria]], acolher a [[verdade]] e fazer com que se ausculte ao longo do [[vigor]]" (1). | + | : [[Sabedoria]] é uma postura [[essencial]], mas não podemos confundi-la com um [[sistema]] de [[valores]]. Daí a [[profundidade]] de [[Heráclito]] quando diz sobre a [[sabedoria]]: "[[Pensar]] é a maior [[coragem]], e a [[sabedoria]], acolher a [[verdade]] e fazer com que se ausculte ao longo do [[vigor]]" (1). |
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- | : (1) HERÁCLITO. '''Os pensadores originários'''. Sentença (Frag.) 112. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 89. | + | : (1) HERÁCLITO. '''Os pensadores originários'''. '''Sentença (Frag.) 112'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 89. |
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- | : A [[sabedoria]] é um [[tema]] muito rico. Há nela uma [[relação]] muito grande [[entre]] a [[possibilidade]] de a [[virtude]] ser ensinada, que é a [[questão]] da [[liberdade]] e a [[essência]] da [[sabedoria]]. [[Ética]], [[sabedoria]], [[liberdade]] e [[natureza]] se interrelacionam profundamente, mas [[Heidegger]] vai levar isso [[tudo]] para o [[horizonte]] do [[ser]], enquanto [[verdade]] e [[sentido]], aprendendo a [[ser]] o que se recebeu para [[ser]]. E isso [[nada]] tem a ver com acúmulo de [[saberes]], de noções [[culturais]], de [[conhecimentos]], sejam de que [[natureza]] forem. A [[essência]] da [[sabedoria]] e da [[liberdade]] estão sintetizadas na [[misteriosa]] afirmação de Santo Agostinho: | + | : A [[sabedoria]] é um [[tema]] muito rico. Há nela uma [[relação]] muito grande [[entre]] a [[possibilidade]] de a [[virtude]] ser ensinada, que é a [[questão]] da [[liberdade]] e a [[essência]] da [[sabedoria]]. [[Ética]], [[sabedoria]], [[liberdade]] e [[natureza]] se interrelacionam profundamente, mas [[Heidegger]] vai levar isso [[tudo]] para o [[horizonte]] do [[ser]], enquanto [[verdade]] e [[sentido]], aprendendo a [[ser]] o que se recebeu para [[ser]]. E isso [[nada]] tem a ver com acúmulo de [[saberes]], de noções [[culturais]], de [[conhecimentos]], sejam de que [[natureza]] forem. A [[essência]] da [[sabedoria]] e da [[liberdade]] estão sintetizadas na [[misteriosa]] afirmação de Santo Agostinho: '''Ama e faz o que quiseres'''. [[Ser]] e [[amar]], eis a grande [[sabedoria]]. |
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- | : A [[questão]] da [[sabedoria]] é inerente ao [[mito]], à [[religião]], à [[arte]], à [[filosofia]]. Nessa última, toma uma [[forma]] especial: a [[ética]], que não deve ser confundida com o [[Ética|ético]]. O [[ético]] é, [[originariamente]], próprio do [[mito]], do [[sagrado]], da [[arte]] e do [[pensamento]]. Depois, toma o [[sentido]] geral de [[humanismo]]. Na [[filosofia]] pós-clássica tende a se tornar um [[saber]]. Porém, já na própria [[filosofia]] há a [[crítica]] em torno do [[saber]], gerando a [[epistemologia]] e também os [[saberes]] setoriais como o da [[natureza]] e das [[paixões]]. Mas só no [[Renascimento]] se dá uma [[cisão]] maior, quando os [[saberes]] filosófico-científicos se separam dos ditos [[saberes]] [[metafísica|metafísicos]]. Aqueles, além de [[racionais]], assumem uma [[dimensão]] nitidamente físico-matemática, abarcando campos de [[conhecimento]] sem uma preocupação de [[sabedoria]]. Essa [[evolução]] tem enormes consequências para o [[mito]] que é negado, para a [[religião]], que é negada ([[morte]] de [[Deus]]) e para a [[arte]], em que a [[crítica]] assume uma faceta [[ciência|científica]], destruindo na [[arte]] aquilo que lhe é [[próprio]]. Isso gerou uma indagação de Harold Bloom: "Nos dias de hoje, a [[informação]] é facilmente encontrada, mas onde está a [[sabedoria]]?" (1). Há na tecnociência uma incompatibilidade com a [[sabedoria]], daí a dificuldade de lhe atribuir um [[sentido]] [[ético]]. | + | : A [[questão]] da [[sabedoria]] é inerente ao [[mito]], à [[religião]], à [[arte]], à [[filosofia]]. Nessa última, toma uma [[forma]] especial: a [[ética]], que não deve ser confundida com o [[Ética|ético]]. O [[ético]] é, [[originariamente]], próprio do [[mito]], do [[sagrado]], da [[arte]] e do [[pensamento]]. Depois, toma o [[sentido]] geral de [[humanismo]]. Na [[filosofia]] pós-clássica tende a se tornar um [[saber]]. Porém, já na própria [[filosofia]] há a [[crítica]] em torno do [[saber]], gerando a [[epistemologia]] e também os [[saberes]] setoriais como o da [[natureza]] e das [[paixões]]. Mas só no [[Renascimento]] se dá uma [[cisão]] maior, quando os [[saberes]] filosófico-científicos se separam dos ditos [[saberes]] [[metafísica|metafísicos]]. Aqueles, além de [[racionais]], assumem uma [[dimensão]] nitidamente físico-matemática, abarcando campos de [[conhecimento]] sem uma preocupação de [[sabedoria]]. Essa [[evolução]] tem enormes consequências para o [[mito]] que é negado, para a [[religião]], que é negada ([[morte]] de [[Deus]]) e para a [[arte]], em que a [[crítica]] assume uma faceta [[ciência|científica]], destruindo na [[arte]] aquilo que lhe é [[próprio]]. Isso gerou uma indagação de Harold Bloom: "Nos dias de hoje, a [[informação]] é facilmente encontrada, mas onde está a [[sabedoria]]?" (1). Há na [[tecnociência]] uma incompatibilidade com a [[sabedoria]], daí a dificuldade de lhe atribuir um [[sentido]] [[ético]]. |
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- | : "Muito saber não [[ensino|ensina]] [[sabedoria]], pois teria ensinado a Hesíodo e Pitágoras, a Xenófanes e Hecateu" (1). | + | : "Muito [[saber]] não [[ensino|ensina]] [[sabedoria]], pois teria ensinado a Hesíodo e Pitágoras, a Xenófanes e Hecateu" (1). |
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- | : "Um [[saber]] que sabe o que sabe e não-sabe foi denominado pelos [[poetas]] e [[pensadores]] [[originários]] e pelo [[mito]]: [[sabedoria]]. Ela inclui [[luz]]-[[razão]], [[clareira]]-Apolo, ''zoé''-Dioniso - [[sabor]] como vigorar da ''[[phýsis]]'', enquanto [[saber]] E [[não-saber]], ou seja, a [[sabedoria]] é o [[sabor]] do [[saber]] E do [[não-saber]], do [[ser]] e do [[não-ser]], onde [[ser]] [[sabor]] é o [[sentido]] do [[existir]]" (1). | + | : "Um [[saber]] que sabe o que sabe e não-sabe foi denominado pelos [[poetas]] e [[pensadores]] [[originários]] e pelo [[mito]]: [[sabedoria]]. Ela inclui [[luz]]-[[razão]], [[clareira]]-[[Apolo]], ''[[zoé]]''-[[Dioniso]] - [[sabor]] como [[vigorar]] da ''[[phýsis]]'', enquanto [[saber]] E [[não-saber]], ou seja, a [[sabedoria]] é o [[sabor]] do [[saber]] E do [[não-saber]], do [[ser]] e do [[não-ser]], onde [[ser]] - [[sabor]] é o [[sentido]] do [[existir]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 201. |
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- | : "Olha, meu querido Govinda, entre as [[ideias]] que se me descortinaram encontra-se esta: a [[sabedoria]] não pode ser comunicada. A [[sabedoria]] que um [[sábio]] quiser [[transmitir]] sempre cheirará a tolice" (1). | + | : "Olha, meu querido Govinda, [[entre]] as [[ideias]] que se me descortinaram encontra-se esta: a [[sabedoria]] não pode ser comunicada. A [[sabedoria]] que um [[sábio]] quiser [[transmitir]] [[sempre]] cheirará a tolice" (1). |
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- | : (1) HESSE, Hermann. ''Sidarta''. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117. | + | : (1) HESSE, Hermann. '''Sidarta'''. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117. |
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- | : (1) COSTA, Affonso Henrique Vieira da. "Acerca da ação, da dialética e da educação em Sócrates". In: Revista Tempo Brasileiro, 192: ''Dialética em questão I''. Rio de Janeiro, jan.-mar., 2013, p. 42. | + | : (1) COSTA, Affonso Henrique Vieira da. "Acerca da ação, da dialética e da educação em Sócrates". In: Revista Tempo Brasileiro, 192: '''Dialética em questão I'''. Rio de Janeiro, jan.-mar., 2013, p. 42. |
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- | : "É bem [[necessário]] serem os [[homens]] amantes da [[sabedoria]] para investigar muitas [[coisas]]" (1). | + | : "É bem [[necessário]] serem os [[homens]] amantes da [[sabedoria]] para [[investigar]] muitas [[coisas]]" (1). |
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- | : (1) HERÁCLITO. Fragmento 35. In: ''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 67. | + | : (1) HERÁCLITO. Fragmento 35. In: '''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 67. |
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- | : "A [[sabedoria]] pela qual se alcança a [[felicidade]] está em [[agir]] para [[ser]] e [[ser]] para [[agir]]. O [[agir]] [[essencial]] [[é]] o [[saber]] que se [[é]]. [[Sabedoria]] não é, pois, um [[conhecimento]] que a mais refinada ''[[techne]]'' me propicie. Também não é o [[simples]] [[nascer]]-[[conhecer]]. [[Sabedoria]] é o [[empenho]] pelo que já desde sempre se [[é]], e o [[agir]] é [[saber]] e [[saber]] [[é]] [[ser]], sendo o ''[[mesmo]]'', embora não sejam a mesma [[coisa]]. Se não somos, nem podemos [[agir]]" (1). | + | : "A [[sabedoria]] pela qual se alcança a [[felicidade]] está em [[agir]] para [[ser]] e [[ser]] para [[agir]]. O [[agir]] [[essencial]] [[é]] o [[saber]] que se [[é]]. [[Sabedoria]] não é, pois, um [[conhecimento]] que a mais refinada ''[[techne]]'' me propicie. Também não é o [[simples]] [[nascer]]-[[conhecer]]. [[Sabedoria]] é o [[empenho]] pelo que já desde [[sempre]] se [[é]], e o [[agir]] é [[saber]] e [[saber]] [[é]] [[ser]], sendo o ''[[mesmo]]'', embora não sejam a mesma [[coisa]]. Se não somos, nem podemos [[agir]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152. |
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- | : "Da [[Escuta]] e da [[Não-escuta]] do [[canto das Sereias]] se faz a nossa [[travessia poética]]. [[Ulisses]] não é apenas astucioso, é [[sábio]]. Mas onde a [[sabedoria]] em meio à [[sociedade]] da [[comunicação]] e do [[consumo]]? O [[apelo]] [[originário]] para [[ser]], ontem, hoje e [[sempre]], como muito bem diz o [[mito]], nos advém no [[Canto das Sereias]]. Cada um tem que assumir a sua [[travessia poética]] pela [[Escuta]] da [[fala]] da [[voz]] do [[silêncio]]" (1). | + | : "Da [[Escuta]] e da [[Não-escuta]] do [[canto das Sereias]] se faz a nossa [[travessia poética]]. [[Ulisses]] não é apenas astucioso, é [[sábio]]. Mas onde a [[sabedoria]] em meio à [[sociedade]] da [[comunicação]] e do [[consumo]]? O [[apelo]] [[originário]] para [[ser]], ontem, hoje e [[sempre]], como muito bem diz o [[mito]], nos advém no [[Canto das Sereias]]. Cada um tem que [[assumir]] a sua [[travessia poética]] pela [[Escuta]] da [[fala]] da [[voz]] do [[silêncio]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 181. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 181. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 189. |
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- | : "Então do que deve [[falar]] uma Aula [[Inaugural]]? Sem dúvida nenhuma, do que é [[Inaugural]]. Esta [[palavra]] tem muitos [[significados]]. Contudo, o que o [[inaugural]] inaugura deve ser a [[questão]] desta Aula. Escolhi uma [[questão]]: a [[linguagem]] como nosso maior [[bem]]. Mas é disso que justamente [[Heráclito]] trata: nosso maior [[bem]] é a [[sabedoria]] e ela é a [[linguagem]]. Mas ela não se pode [[ensinar]], só se pode [[apreender]] e [[compreender]] como [[escuta]]. Por isso, não me escutem, mas auscultem e escutem o ''[[Logos]]''. É o que [[Heráclito]] nos diz (1): ''[[Escutando]] não a mim, mas o ''[[Logos]]'', é [[sábio]] concordar que [[tudo]] é [[um]]'' " (2). | + | : "Então do que deve [[falar]] uma Aula [[Inaugural]]? Sem dúvida nenhuma, do que é [[Inaugural]]. Esta [[palavra]] tem muitos [[significados]]. Contudo, o que o [[inaugural]] inaugura deve ser a [[questão]] desta Aula. Escolhi uma [[questão]]: a [[linguagem]] como nosso maior [[bem]]. Mas é disso que justamente [[Heráclito]] trata: nosso maior [[bem]] é a [[sabedoria]] e ela é a [[linguagem]]. Mas ela não se pode [[ensinar]], só se pode [[apreender]] e [[compreender]] como [[escuta]]. Por isso, não me [[escutem]], mas [[auscultem]] e [[escutem]] o ''[[Logos]]''. É o que [[Heráclito]] nos diz (1): ''[[Escutando]] não a mim, mas o ''[[Logos]]'', é [[sábio]] [[concordar]] que [[tudo]] é [[um]]'' " (2). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Linguagem: nosso maior bem''. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 5. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''Linguagem: nosso maior bem'''. '''Série Aulas Inaugurais'''. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 5. |
- | : (2) HERÁCLITO, Frag. 50. In: ''Os Pensadores Originários: Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Editora Vozes: Petrópolis / RJ, 1991. | + | : (2) HERÁCLITO, Frag. 50. In: '''Os Pensadores Originários: Anaximandro, Parmênides, Heráclito'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Editora Vozes: Petrópolis / RJ, 1991. |
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- | : "É necessário denunciar e [[anunciar]] que a [[linguagem]] – que faz do [[ser humano]], [[humano]] – antes de [[ser]] [[científica]] e [[lógica]] – é [[essencialmente]] [[sábia]]. A [[via]] do [[ser humano]] não é a [[via]] do [[conhecimento]] técnico-científico só. É também e, sobretudo, [[essencialmente]] a [[vida]] e [[via]] da [[sabedoria]]. [[Sabedoria]] desde [[tempos]] imemoriais se realiza como ''[[poiesis]]'' do [[sagrado]]" (1). | + | : "É [[necessário]] denunciar e [[anunciar]] que a [[linguagem]] – que faz do [[ser humano]], [[humano]] – antes de [[ser]] [[científica]] e [[lógica]] – é [[essencialmente]] [[sábia]]. A [[via]] do [[ser humano]] não é a [[via]] do [[conhecimento]] [[técnico-científico]] só. É também e, sobretudo, [[essencialmente]] a [[vida]] e [[via]] da [[sabedoria]]. [[Sabedoria]] desde [[tempos]] [[imemoriais]] se realiza como ''[[poiesis]]'' do [[sagrado]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: ''Confraria'' - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 18. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: '''Confraria''' - 2 anos. Rio de Janeiro: '''Confraria do Vento''', 2007, p. 18. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: ''Confraria'' - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: '''Confraria''' - 2 anos. Rio de Janeiro: '''Confraria do Vento''', 2007, p. 19. |
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- | : "As [[árvores]] são [[símbolos]] importantes na [[sabedoria]] [[celta]] - por exemplo, o [[deus]] Esus é, por [[tradição]], retratado cortando um salgueiro. Com raízes que penetram fundo na [[terra]] e galhos que crescem em direção ao [[céu]], o salgueiro proporciona uma ligação [[entre]] os [[mundos]] [[superior]] e [[inferior]]. As [[árvores]] que mudam de folhas anualmente evocam o [[ciclo]] [[infinito]] de [[nascimento]], [[morte]] e [[renascimento]], enquanto as [[árvores]] perenes refletem o aparente [[paradoxo]] de [[vida]] [[eterna]] depois da [[morte]]" (1). | + | : "As [[árvores]] são [[símbolos]] importantes na [[sabedoria]] [[celta]] - por exemplo, o [[deus]] '''Esus''' é, por [[tradição]], retratado cortando um salgueiro. Com [[raízes]] que penetram fundo na [[terra]] e galhos que crescem em direção ao [[céu]], o salgueiro proporciona uma ligação [[entre]] os [[mundos]] [[superior]] e [[inferior]]. As [[árvores]] que mudam de folhas anualmente evocam o [[ciclo]] [[infinito]] de [[nascimento]], [[morte]] e [[renascimento]], enquanto as [[árvores]] perenes refletem o aparente [[paradoxo]] de [[vida]] [[eterna]] depois da [[morte]]" (1). |
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- | : " | + | : "He ''[[sophia]]'' é aquele “[[conhecimento]]” que se centraliza nos “[[conhecimentos]] [[éticos]]”, no [[agir]] [[ético]], inerente a toda ''[[poíesis]]'', pois toda ela é [[ética]]. Porém, aí o [[ético]] nada tem a ver com [[moral]]" (1). |
Edição atual tal como 20h55min de 26 de março de 2024
1
- Sabedoria é uma postura essencial, mas não podemos confundi-la com um sistema de valores. Daí a profundidade de Heráclito quando diz sobre a sabedoria: "Pensar é a maior coragem, e a sabedoria, acolher a verdade e fazer com que se ausculte ao longo do vigor" (1).
- Referência:
- (1) HERÁCLITO. Os pensadores originários. Sentença (Frag.) 112. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 89.
2
- "Você sabe que podemos voar com asas: ainda não aprendemos a voar sem elas. Já nos familiarizamos com a sabedoria dos que sabem, mas ainda não nos familiarizamos com a sabedoria dos que não sabem" (1).
- Referência:
- (1) MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu. Petrópolis: Vozes, 1996, p. 72.
3
- A sabedoria é um tema muito rico. Há nela uma relação muito grande entre a possibilidade de a virtude ser ensinada, que é a questão da liberdade e a essência da sabedoria. Ética, sabedoria, liberdade e natureza se interrelacionam profundamente, mas Heidegger vai levar isso tudo para o horizonte do ser, enquanto verdade e sentido, aprendendo a ser o que se recebeu para ser. E isso nada tem a ver com acúmulo de saberes, de noções culturais, de conhecimentos, sejam de que natureza forem. A essência da sabedoria e da liberdade estão sintetizadas na misteriosa afirmação de Santo Agostinho: Ama e faz o que quiseres. Ser e amar, eis a grande sabedoria.
4
- A questão da sabedoria é inerente ao mito, à religião, à arte, à filosofia. Nessa última, toma uma forma especial: a ética, que não deve ser confundida com o ético. O ético é, originariamente, próprio do mito, do sagrado, da arte e do pensamento. Depois, toma o sentido geral de humanismo. Na filosofia pós-clássica tende a se tornar um saber. Porém, já na própria filosofia há a crítica em torno do saber, gerando a epistemologia e também os saberes setoriais como o da natureza e das paixões. Mas só no Renascimento se dá uma cisão maior, quando os saberes filosófico-científicos se separam dos ditos saberes metafísicos. Aqueles, além de racionais, assumem uma dimensão nitidamente físico-matemática, abarcando campos de conhecimento sem uma preocupação de sabedoria. Essa evolução tem enormes consequências para o mito que é negado, para a religião, que é negada (morte de Deus) e para a arte, em que a crítica assume uma faceta científica, destruindo na arte aquilo que lhe é próprio. Isso gerou uma indagação de Harold Bloom: "Nos dias de hoje, a informação é facilmente encontrada, mas onde está a sabedoria?" (1). Há na tecnociência uma incompatibilidade com a sabedoria, daí a dificuldade de lhe atribuir um sentido ético.
- Referência:
- (1) BLOOM, Harold. Como e por que ler?. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 15.
8
- "Muito saber não ensina sabedoria, pois teria ensinado a Hesíodo e Pitágoras, a Xenófanes e Hecateu" (1).
- Referência:
- (1) ANAXIMANDRO et alii. Os pensadores originários. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1981, p. 69.
9
- "Um saber que sabe o que sabe e não-sabe foi denominado pelos poetas e pensadores originários e pelo mito: sabedoria. Ela inclui luz-razão, clareira-Apolo, zoé-Dioniso - sabor como vigorar da phýsis, enquanto saber E não-saber, ou seja, a sabedoria é o sabor do saber E do não-saber, do ser e do não-ser, onde ser - sabor é o sentido do existir" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 201.
10
- A sabedoria é o sabor do amor a tudo unindo: terra, céu, corpo, mundo, sentido, verdade, enfim, linguagem.
11
- "Olha, meu querido Govinda, entre as ideias que se me descortinaram encontra-se esta: a sabedoria não pode ser comunicada. A sabedoria que um sábio quiser transmitir sempre cheirará a tolice" (1).
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Sidarta. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117.
12
- "Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la" (1).
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Sidarta. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 117.
13
- "A sabedoria, em princípio, constitui-se a partir de um reconhecimento de que nada se sabe. O "sei que nada sei" socrático conduz-nos à esfera das possibilidades de realizações. É esvaziando-me de todo saber que posso liberar-me para a possibilidade de uma experiência com a própria sabedoria. Saber aqui não implica conhecer muitas coisas, mas simplesmente nascer com o real em seu processo de realização" (1).
- - Referência:
- (1) COSTA, Affonso Henrique Vieira da. "Acerca da ação, da dialética e da educação em Sócrates". In: Revista Tempo Brasileiro, 192: Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.-mar., 2013, p. 42.
14
- Os gregos distinguiram quatro tipos de movimento: 1º o local, a mudança de lugar; 2º o movimento quantitativo: o aumento e diminuição; 3º o qualitativo ou alteração; 4º o substancial: a geração e a corrupção. Se pensarmos todos esses movimentos numa única questão, na união de ser e saber, de lógos e poíesis, teremos a questão fundamental da sabedoria. Esta é a questão que atravessa mito, poíesis e filosofia. E então joga o ser humano no horizonte do sagrado, onde o ser do ser humano acontece.
15
- "É bem necessário serem os homens amantes da sabedoria para investigar muitas coisas" (1).
- Referência:
- (1) HERÁCLITO. Fragmento 35. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 67.
16
- "A sabedoria pela qual se alcança a felicidade está em agir para ser e ser para agir. O agir essencial é o saber que se é. Sabedoria não é, pois, um conhecimento que a mais refinada techne me propicie. Também não é o simples nascer-conhecer. Sabedoria é o empenho pelo que já desde sempre se é, e o agir é saber e saber é ser, sendo o mesmo, embora não sejam a mesma coisa. Se não somos, nem podemos agir" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193.
17
- "Zeus, na sua união com Thêmis (Lei Ancestral, Ordem) gera a Ordenação interior de seu reinado, a Ordem em todos os seus aspectos, pois dessa união nascem suas filhas Hôrai e Môirai, que dosam e regram a distribuição de bem e de mal. Isto é possível porque de uma outra união, com Mêtis (sapiência, saber e sabedoria), ele incorpora toda a sabedoria, que lhe assegura um poder sobre o imprevisível, pois com Mêtis ele conhece o bem e o mal, cambiante e instável como a natureza do mar, onde todos, como eternos Ulisses, fazemos a caminhada de travessia" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.
18
- Grande sábio em toda a Grécia foi considerado Sócrates, que ia para praça pública e proclamava, segundo a tradição dos escritos ou obras de Platão: "Só sei que nada sei". Nesta afirmação e princípio de vida consistia sua sabedoria, confrontando desse modo todos os sofistas:
19
- "Sabedoria nunca é modelo de vida, mas a diuturna aprendizagem do próprio, irrepetível e único. Eis porque não há modelo de sabedoria. Esta é muito mais o silencioso sabor da inaugurabilidade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 152.
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- "Da Escuta e da Não-escuta do canto das Sereias se faz a nossa travessia poética. Ulisses não é apenas astucioso, é sábio. Mas onde a sabedoria em meio à sociedade da comunicação e do consumo? O apelo originário para ser, ontem, hoje e sempre, como muito bem diz o mito, nos advém no Canto das Sereias. Cada um tem que assumir a sua travessia poética pela Escuta da fala da voz do silêncio" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 181.
21
- "Sileno é conhecido por ser o detentor da sabedoria. Não se trata de qualquer sábio e, certamente, está longe da sabedoria que os filósofos profissionais procuram, porque a sabedoria tem muitos caminhos. A riqueza cultural grega está na possibilidade dos diferentes caminhos que ela empreende em busca desse saber radical, que é a questão do mito: a procura radical pela felicidade, girando em torno da experienciação da realidade como Eros e Thánatos, que é a experienciação de todas as experienciações, porque implica nossos limites ilimitados" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 189.
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- "Então do que deve falar uma Aula Inaugural? Sem dúvida nenhuma, do que é Inaugural. Esta palavra tem muitos significados. Contudo, o que o inaugural inaugura deve ser a questão desta Aula. Escolhi uma questão: a linguagem como nosso maior bem. Mas é disso que justamente Heráclito trata: nosso maior bem é a sabedoria e ela é a linguagem. Mas ela não se pode ensinar, só se pode apreender e compreender como escuta. Por isso, não me escutem, mas auscultem e escutem o Logos. É o que Heráclito nos diz (1): Escutando não a mim, mas o Logos, é sábio concordar que tudo é um " (2).
- Referências:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 5.
- (2) HERÁCLITO, Frag. 50. In: Os Pensadores Originários: Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Editora Vozes: Petrópolis / RJ, 1991.
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- "É necessário denunciar e anunciar que a linguagem – que faz do ser humano, humano – antes de ser científica e lógica – é essencialmente sábia. A via do ser humano não é a via do conhecimento técnico-científico só. É também e, sobretudo, essencialmente a vida e via da sabedoria. Sabedoria desde tempos imemoriais se realiza como poiesis do sagrado" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 18.
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- "... todos reconhecem que nossa fala e conhecimento jamais podem dar conta do mistério em que estamos irremediavelmente mergulhados. O mistério tem voz e rosto: é o silêncio, é a sabedoria, é a não-verdade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 19.
26
- "Segundo a tradição celta, as formas mais sagradas de sabedoria provêm do reino dos ancestrais - o mundo dos mortos. Isso explica por que até o Sol brilhante faz seu trajeto descendente, à noite, até o reino sombrio de Donn. O Sol é a fonte de toda a vida, e seu movimento entre o mundo dos vivos, durante o dia , e o mundo dos mortos, durante a noite, determina o ritmo do tempo" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 19.
27
- "As árvores são símbolos importantes na sabedoria celta - por exemplo, o deus Esus é, por tradição, retratado cortando um salgueiro. Com raízes que penetram fundo na terra e galhos que crescem em direção ao céu, o salgueiro proporciona uma ligação entre os mundos superior e inferior. As árvores que mudam de folhas anualmente evocam o ciclo infinito de nascimento, morte e renascimento, enquanto as árvores perenes refletem o aparente paradoxo de vida eterna depois da morte" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 27.
28
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. "O Limiar do Outro Mundo". Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 64.
29
- "Por ser a água a essência da vida e também uma poderosa fonte de sabedoria e verdade, acessível a poetas, druidas, reis e heróis, o caldeirão e a taça, receptáculos desse fluido mágico, têm, eles próprios, poder espiritual" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. "Receptáculos da verdade". Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 76.
30
- "He sophia é aquele “conhecimento” que se centraliza nos “conhecimentos éticos”, no agir ético, inerente a toda poíesis, pois toda ela é ética. Porém, aí o ético nada tem a ver com moral" (1).
- Referência:
31
- "Sabedoria é aquele conhecimento que se dá e se move na essência do agir enquanto todo e qualquer agir ético. Porque ético, de ethos – morada - diz todo e qualquer agir que se dá no âmbito da morada, isto é, em nossa referência ao Ser, na qual e pela qual nosso agir, nosso morar, o abrigarmo-nos, se dá sob a proteção, desvelamento e velamento do Ser. O homem é um ser ético porque está constitutivamente aberto ao Ser, mora na morada do Ser: a Linguagem, isto é, na abertura que o ser humano já desde sempre tem para o Ser e só por isso é ser humano. É a diferença onto-poética. Nessa morada, nessa referência é que se dá o agir do ethos, a sophia. Nele e por ele somos e não somos" (1).
- Referência:
32
- "Ser sábio é o ser humano responder e corresponder ao apelo do que ele é e sempre será como ser-in-augural. Um tal apelo se dá pela escuta da fala do silêncio e da experienciação do vigor da não-verdade" (1).
- Um tal ser humano sabe viver com sabedoria.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio. "As três pragas do século XXI". In: Confraria - 2 anos. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2007, p. 18.
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