Felicidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h10min de 10 de Junho de 2025 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"Na maior parte das vezes, a nossa felicidade ou infelicidade não deriva da vida propriamente dita, mas do sentido que lhe damos. Dediquei minha vida a tentar explorar esse sentido" (1).
Como cada um recebeu um projeto de vida, que podemos denominar, simplesmente, próprio, o que somos para ser, justamente ligado a essa procura de sentido, só a sua realização nos pode tornar felizes. Quando esse sentido não é procurado e não se torna o motivo de nosso viver, necessariamente surge a infelicidade.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Cia. das Letras, 2007, p. 66.

2

"De onde eu tinha tirado essa ideia de que a felicidade é que media a qualidade da vida de uma pessoa?" (1).
A felicidade da vida está na medida ou a medida está na felicidade? Por que esta pergunta em torno da medida? Não podemos esquecer que era a hybris - desmedida - que trazia a infelicidade e a desgraça, lançando a pessoa no mais profundo sofrimento. Por isso, em nossa vida toda ação ética tem como fundo a justa medida. Assim sendo, a medida se torna para o ser humano em seu agir e viver a questão decisiva. A presença mais efetiva da medida está na morte. Esta, em última e primeira instância, é a medida do sentido. Mas não há morte sem vida (zoé, em grego). É nesse sentido que eros e thanatos são para nós, mortais, a fonte de todas as grandes experienciações. Neste horizonte percebe-se bem como é importante diferenciar experiência e experienciação. Nesta está presente sempre um sentido ético de realização, de procura da felicidade e não simplesmente de novos conhecimentos.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Cia. das Letras, 2007, p. 66.

3

"... Apenas na solidão pode-se descobrir que o diabo não existe. E isto significa o infinito da felicidade. Esta é a minha mística" (1).


Referência:
(1) Entrevista com Guimarães Rosa, conduzida por Günter Lorenz no Congresso de Escritores Latino-Americanos, em janeiro de 1965 e publicada em seu livro: Diálogo com a América Latina. São Paulo: E.P.U., 1973. Acessada no site: www.tirodeletra.com.br/entrevistas/Guimarães Rosa - 1965.htm, p. 10.

4

"Não procuro o prazer, procuro a felicidade, o prazer sem a felicidade não é prazer" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. São Paulo: Círculo do livro, s/d., p. 174.

5

Felicidade é a harmonia e unidade de cada um, em seu mundo próprio, nos diferentes e contínuos embates com nossos limites, enquanto sentido e verdade como travessia de vida. O ser feliz nos presenteia a felicidade.


- Manuel Antônio de Castro

6

"Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la" (1).


Referência:
(1) EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 21.

7

"A angústia nos corta a palavra. Pelo fato de o ente em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o nada, em sua presença, emudece qualquer dicção do "é". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na estranheza da angústia, romper o vazio silêncio com palavras sem nexo é apenas o testemunho da presença do nada. Que a angústia revela o nada é confirmado imediatamente pelo próprio homem quando a angústia se afastou. Na posse da claridade do olhar, a lembrança recente nos leva a dizer: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - nada. Efetivamente: o nada mesmo - enquanto tal - estava aí" (1).
De alguma maneira a angústia está ligada à nossa condição humana de finitos, ou seja, à nossa finitude, pois nesta nos defrontamos com o nada que elimina quaisquer limites e então surge a angústia diante do infinito. É que a finitude se faz presente em todo o nosso caminhar, em todo o nosso querer, em todas as nossas ações em sua essência. Como fica a nossa liberdade e o nosso conhecer? Devemos seguir Sócrates quando diz que sei que nada sei? Certamente somente o ser humano é tomado pela angústia, pois só ele é finito e sabe que é finito diante do infinito. Como fica diante da finitude a nossa plenitude e felicidade?


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica?". In: ------. Heidegger. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 40.

8

"Se a felicidade estivesse nos prazeres do corpo, deveríamos chamar felizes os bois quando encontrassem capim para comer" (1).


(1) HERÁCLITO. Fragmento 4. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 59.

9

"O Rei Midas se embrenha na floresta em busca de Sileno, o sábio preceptor de Dioniso. Uma angústia o move. É que nem o viver, nem o poder, nem o ter, nem o ser asseguram a felicidade. Midas pergunta a Sileno o que, então, o homem tem de fazer para ser feliz! A resposta é melancólica: Mísero mortal, athlios brotos, por que desejas sabê-lo? - O que o homem pode fazer para ser feliz é não nascer. Mas uma vez que já nasceu, só lhe resta mesmo é morrer"! (1)


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “O Cânone da felicidade”. In: Revista Tempo Brasileiro - Aporias do Cânone, 129. Rio de Janeiro, abr.-jun., 1997, p.10.

10

"Quando nosso ser está em jogo, então trata-se fundamentalmente de sermos ou não felizes, já que a plenitude do que somos é nosso maior empenho e penhor" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 188.

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"Viver já estamos vivendo. Morrer já estamos morrendo sempre. Viver é morrer para que morrendo vivamos. O que isso implica? Uma procura permanente e radical: ser o que não-é, ou seja, ser feliz. Onde ser feliz é ser o não-ser.Não é apenas uma negatividade positiva, é toda a positividade do ser feliz. Negatividade, fora das relações funcionais entitativas, jamais indica mal, só o bem" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.

12

" - O que aprendeu com clientes famosos, como Maradona e a família Kirchner?"
" - Todos nós, seres humanos, necessitamos que nos amem, que nos aceitem e que nos valorizem. Todos. Atrás de todo excesso, seja de trabalho, de amor, de dinheiro, de poder, de prestígio, de fama...atrás de cadaexcesso, há uma carência, alguma coisa que faltou. O único elemento que dá paz e ordem a seu cérebro é o amor. É impossível não estar feliz se houver amor de boa qualidade" (1).


Referência:
(1) PICASSO, Juan Antônio - terapeuta cogninitivo-comportamental. In: O GLOBO, p. 2, 30-11-2017. Entrevista dada a GABRIEL ROSA.

13

"Para o vivente só uma necessidade o angustia: ser vida, ser pleno e feliz. Felicidade é a plenitude acontecendo para a nossa condição de finitos. Só podemos, porém, falar em plenitude porque é essa, e só essa, que se torna a medida do que não é pleno. Satisfazer as necessidades com bens é ainda ser pleno na medida exata do bem dessa necessidade. Sentir dor e sofrimento é ainda a não satisfação da necessidade desse bem. É nesse âmbito, e só nesse, que se pode falar em mal. Sentimo-nos mal e carentes quando o que queremos como bem necessário nos é tirado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.

14

"Realizar-se: eis o ser feliz" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 207.

15

síntese que realizou, ele mesmo deu a denominação de filosofia cristã. O núcleo em torno do qual gravitam todas as suas ideias é o conceito de beatitude. O problema da felicidade constitui, para Agostinho, toda a motivação do pensar filosófico. Uma das últimas obras que redigiu, a Cidade de Deus, afirma que o homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir a felicidade " (1).


Referência:,
(1) PESSANHA, José Américo Motta (Consultor). Santo Agostinho - Vida e Obra. Confissões - De Magistro. Coleção: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. XIII.

16

"Nunca se é feliz, está-se sempre aprendendo a ser feliz, pois este é o acontecer do que já desde sempre somos em tudo que não somos e estamos sendo. Chegar a ser feliz é a perfeita solidão, o almejar ficar sendo o que se é" (1).


CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e pensar: o aprender". In: ... . Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 71.

17

"Só serei feliz se souber querer a essência do agir para ser. Se for no que ajo e conheço, serei feliz. Isso significa: temos muitos empenhos na vida, muitas ações, mas só uma e tão-somente uma é essencial – aquela que implica ser, ser e nada mais. Ser é, portanto, conhecer-se a partir do que já é, do vigorar do ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 193.

18

"Só questionamos porque algo se torna o cuidado de nossa pro-cura: a) porque sabemos e não-sabemos (inteligência); b) porque queremos e não-queremos (vontade). É nessa dobra de inteligência e vontade, fundados no ser, que se dá a questão do ser feliz. A felicidade é a mais difícil e harmônica unidade de saber, querer e ser no estar sendo. Ser feliz é deixar-se tomar pela essência da musicalidade, a unidade do vigorar da realidade acontecendo" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.

19

"A felicidade, para ser saber, tem de se mover na luz da clareira de Apolo e mergulhar como sabor na dimensão de dzoé-Dioniso, tornando-se a sabedoria da phýsis, dando-se na luz como sentido do ser. Esta é a medida do ser feliz. O sabor do saber jamais é irracional, o sabor da felicidade jamais é irracional. É apaixonado pela proximidade. Nele vigem Apolo e Dioniso, e faz de tal saber a paixão da sabedoria. A paixão e a sabedoria como Penhor dos empenhos é a felicidade. Esta não pode ser tentada, buscada, procurada a partir do saber da razão e muito menos ser julgada no seu tribunal, pelo qual tudo que não for de seu âmbito e delimitação cai na vulgaridade e superficialidade do irracional, o que não é próprio nem alcançado pela luz da razão" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 201.

20

a felicidade deixou de ser novidade
esperando minha chegada
e eu envelheci
procurando a felicidade
nos lugares onde ela não morava (1)


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 108.

21

parei de lutar contra
os sentimentos incômodos
e aceitei que ser feliz
não tem nada a ver com
se sentir bem o tempo todo
- equilíbrio (1)


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 157.

22

"A medida da razão não pode nos determinar o caminho do ser feliz. A razão é o saber do ente esquecido do sentido do ser. A sabedoria e felicidade só podem doar-se no ente a partir do ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 202.

23

"A busca de Deus, dizia Santo Agostinho, é busca de felicidade. O encontro com Deus é a própria felicidade" (1).


Referência bibliográfica:
(1) MENDES, Márcio. A vida no poder do Espírito Santo. 43e. Editora Canção Nova - Cachoeira Paulista, SP, Brasil, 2007, p. 21.

24

"A felicidade, para ser saber, tem de se mover na luz da clareira de Apolo e mergulhar como sabor na dimensão de zôé-Dioniso, tornando-se a sabedoria da phýsis, dando-se na luz como sentido do ser. Esta é a medida do ser feliz. O sabor do saber jamais é irracional, o sabor da felicidade jamais é irracional. É apaixonado pela proximidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In:----.Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 201.

25

"A paixão e a sabedoria como penhor dos empenhos é a felicidade. Esta não pode ser tentada, procurada a partir do saber da razão e muito menos ser julgada no seu tribunal, pelo qual tudo que não for do seu âmbito e delimitação cai na vulgaridade e superficialidade do irracional, o que não é próprio nem alcançado pela luz da razão. A medida da razão não pode nos determinar o caminho do ser feliz. A razão é o saber do ente esquecido do sentido do ser. A sabedoria e a felicidade só podem doar-se no ente a partir do ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 202.
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