Cânone

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

"Uma vez que a literariedade das obras tratava do que era poético em cada obra, do que era a essência do literário, como poderia haver um cânone, um modelo apriori ou aposteriori? Se a obra sempre acontecia num limite, por outro lado, o que nela é poético e essencial, isto é, a literariedade, esta era ilimitada, para além e aquém de todo e qualquer cânone, modelo ou paradigma" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 45.

2

"Verdade é simplesmente verdade. Também, se observarmos bem, as classificações que hoje se usam para essas obras como gêneros não existiam quando as obras foram escritas. Por isso, hoje, eliminar a obra por causa do cânone ou outra qualquer desculpa ignorante, é uma aberração. Diga-se também, que os escritores de tais obras mítico-poéticas jamais fizeram cursos ou oficinas de redação de obras poéticas. Jamais foram à escola aprender gramática, retórica e lógica. Tudo isso que hoje se ensina como pressupostos para estudar e escrever a língua e as obras é estranho, é um preconceito pelo qual se elege apriori, de antemão, um modelo oficial, o da gramática ou do gênero ou o ideológico, para depois considerar o uso correto da língua" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 122.
Ferramentas pessoais