Platão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.
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: "Na realidade, a [[gramática]] está estreitamente ligada à [[retórica]] e esta se guiava por interesses econômicos e formais, fazendo do ''[[logos]]'' [[humano]] o seu [[fundamento]] e interpretando a [[linguagem]] como [[língua]], tornando-se esta um [[instrumento]] [[político]] de tomada do [[poder]] e de convencimento das [[mentes]] dos [[cidadãos]]. É a [[publicidade]] de hoje. [[Platão]], diante dessa [[prática]], escreve o [[diálogo]] ''[[Fedro]]'', onde ataca o [[formalismo]] [[retórico]] e propõe, em seu lugar, a [[dialética]]. Nesta, a [[linguagem]] e seu uso são determinados pela [[ideia]] de [[Bem]], fazendo do [[discurso]] algo de [[Belo]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Linguagem: nosso maior bem''. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 18.

Edição de 20h02min de 14 de Outubro de 2020

Tabela de conteúdo

1

"Limitar não é excluir, mas incluir em outro nível. Por isso a dialética de Platão é sempre a dialética criativa" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 10.

2

Todos sabemos que Platão desenvolveu seu pensamento escrevendo quase exclusivamente diálogos. Nisso, era movido por algum motivo muito forte, não sendo jamais uma questão de gênero, de estilo literário ou de opção estética, muito menos metodológico, o que nos indica que neles o que está em questão é o próprio caminhar como trajetória de compreensão do que seja o humano e sua verdade, enquanto processo de realização, libertação e consumação. Todos os diálogos movem-se sempre na procura da compreensão do humano enquanto essência da verdade e esta como a essência do humano. É que a essência da verdade é a verdade da essência e, portanto, do humano. Foi sempre uma questão de pensamento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 12.

3

Na realidade, o limite só existe como conceito, (por exemplo, o do ponto, fisicamente impossível de determinar), a partir de uma teoria, de um eidenai (ver, em grego). E aqui está a genialidade de Platão ao criar o eidos (ideia): uniu eidenai (ver), logos (dizer, reunir), techne (conhecimento) e epistastai (considerar dos três pontos de vista anteriores). A teoria das ideias de Platão não consiste, portanto, na oposição (sensível/inteligível) nem na exclusão do sensível frente ao inteligível. Consiste na invenção do limite como questão: eidos=logos. Ou, inversamente, na determinação do eidos e do logos como limite e constante, dando origem à medida. Por isso a teoria das ideias não é uma quimera e pode-se, com ela, operar a causalidade, na "medida" em que é um limite constante. Achado o limite como constante, acha-se a causa e, portanto, o efeito e sua previsibilidade (e nisto consiste a lei), sendo causa e efeito o mesmo, porque não são quimeras, mas representações da "medida/lei". E surge, por isso, o problema da imitação, da mimesis. Ideia se torna uma medida da medida. Isso fica muito claro a respeito do tempo cronológico. Mas como medir o tempo de um carinho, de um afago? Toda ciência parte do orgânico, que é o limite enquanto medida e limite. Daqui igualmente a dificuldade de determinar o que é um corpo, porque ele não é só orgânico, isto é, ele é orgânico e não-orgânico. Na dança, por exemplo, isso fica bem claro porque nela o corpo é o instável limite do não-limite. Ocorre que este tempo-orgânico-não-orgânico deve ser apreendido e compreenido a partir da vida (inpirar-expirar/psique), da experienciação e da narração do ser/não-ser como ethos/linguagem. E isso é a poiesis, a aletheia do ser em seu sentido. A isso se dá o nome de kairos (tempo oportuno) com eros.


- Manuel Antônio de Castro

4

"Não esqueçamos que a questão de todos os grandes pensadores e poetas foi, é e será, a questão do permanente no que não cessa de mudar. Essa é a questão do uni-versal. Como uni-versal, o pensador propõe o eidos. Este se origina-se do verbo ver, em grego eidenai, e diz que tal ver já nos foi doado pelo ser ao nos constituir como seres humanos, qualquer ser humano em todas as épocas. É esse ver que diferencia o ser humano de todos os outros seres" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 89.

5

"Em todos os viventes há essa força geradora, a unidade, que denominamos Vida. Portanto, eidos nada tem a ver com ideal em oposição a real, até porque não há algo que exista sem essa energia geradora, sem a unidade, ou seja, sem o ser. Por isso, nos diálogos de Platão, quando quer dizer essa energia geradora que não se confunde com as meras representações, ele a nomeia: ousia. Ou seja: o feminino de on, particípio presente do verbo ser (einai). O eidos me dá a ver o que é a ousia. Esta, como feminino de sendo, diz, portanto, possibilidade de Vida, fertilidade própria de todo feminino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 90.

6

O mito da Caverna ou Alegoria da Caverna está no Livro VII do Diálogo A República. A Alegoria se divide em quatro estágios:
1o. Estágio: 514a; 2o. Estágio: 514 c/d; 3o. Estágio 514e; 4o. Estágio: 516e/517a...até: - Matariam, sem dúvida - confirmou ele.


- Manuel Antônio de Castro.

7

"A ligação do pensamento heraclitiano com o mítico é muito importante, porque a filosofia inaugurada com os sofistas e com o platonismo se esmera em combater os mitos e o pensamento mítico. E nisso esquecem a questão fundamental para o sentido do ser humano: a questão do destino. Neste esquecimento se inscreve a afirmação de Protágoras: O homem é a medida de todas as coisas. Numa posição completamente diferente afirma o pensador Platão: O sagrado/deus é a medida de todas as coisas. O pensador não apreende theos como o fundamento causal que ele se tornará depois. Só aparentemente se afasta do mítico, uma vez que ele não cessa de se servir dos próprios mitos. O afastamento de Platão é muito mais em relação aos ritos retóricos e vazios, que deram lugar à presença viva e atuante do eidos como doação de possibilidades sempre inaugurais. Não é sem motivo que no mito da caverna a plenitude ainda vem da luz, ou seja, Zeus originário. O pensamento de Platão, originário, torna-se doutrina nos platonismos. E com ela fenece o vigorar do pensamento, pois este é sempre questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.

8

"Na realidade, a gramática está estreitamente ligada à retórica e esta se guiava por interesses econômicos e formais, fazendo do logos humano o seu fundamento e interpretando a linguagem como língua, tornando-se esta um instrumento político de tomada do poder e de convencimento das mentes dos cidadãos. É a publicidade de hoje. Platão, diante dessa prática, escreve o diálogo Fedro, onde ataca o formalismo retórico e propõe, em seu lugar, a dialética. Nesta, a linguagem e seu uso são determinados pela ideia de Bem, fazendo do discurso algo de Belo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 18.
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