Pensamento mítico

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Tabela de conteúdo

1

"O que é o Ser para a experiência grega, mítica, arcaica? O Ser se “manifesta como numinoso e na qual [experiência grega arcaica] o universo não é senão um conjunto não-enumerável de teofanias” (Torrano, 1992: 74)(1). Tudo sendo teofanianuminosa é importante entender que tanto “‘faculdades mentais’” de Zeus como os atributos constitutivos da natureza mesma de Zeus [...] são Divindades com esfera de existência e de atribuições própria” (Torrano: 1992, 76). A experiência filosófica de Ser, sobretudo a partir de Platão e Aristóteles, e mais tarde com o platonismo e aristotelismo, empobrece a riqueza do pensamento mítico.
"Na verdade, o pensamento mítico, servindo-se de figuras não-conceituais, de imagens concretas e ideações plásticas, servindo-se de relatos e de fábulas (i.é, disto em que se constituem propriamente os mythoi e os hieroi lógoi, os “mitos” e os “relatos sagrados”), coloca em seus próprios termos [...] o problema da relação entre a Alteridade e a Ipseidade. Zeus é ele-Mesmo e o Outro; o Outro é tanto o Outro quanto é o Mesmo [...] A Alteridade coincide com a Ipseidade tanto quanto dela difere: o Outro é o Mesmo (coincide com o Mesmo) tanto quanto é – na referência ao Mesmo – o Outro (difere de si Mesmo) (Torrano: 1992, 77)" (2) "(3).


Referências:
(1) TORRANO, Jaa. O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996.


2

"... é Métis (a sabedoria). “ Métis é uma faculdade do espírito de Zeus e Zeus tem incorporada a seu espírito essa faculdade nomeada Métis tanto quanto Métis é Métiscom uma existência e uma história outras que não são nem a existência nem a história de Zeus” (Torrano, 1992: 77) (1). A coincidência dos contrários (coincidentia oppositorum) de Alteridade (diferença) e Ipseidade (identidade), inerente ao e fundamental para o pensamento mítico foi abandonada pelo pensamento filosófico-metafísico, dando origem à apreensão do tempo como algo crono-lógico, historiográfico, mensurável, idêntico e representável, porque baseado num entendimento da Totalidade Cosmogônica através das categorias racionais de causa e efeito" (2).


Referência:
(1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função de Musas". In: Teogonia. São Paulo, Iluminuras, 1992.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.
(2) TORRANO, Jaa. O sentido de Zeus. São Paulo: Iluminuras, 1996.
(3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.


3

" "Para o pensamento mítico a alteridade e identidade “possibilita a relação de concomitância onto-cronológica (isto é, tanto temporal como ontogenética) que substitui a relação de causa e efeito” (Torrano: 1992, 77) (1). Dessa maneira, a manifestação do Ser no pensamento arcaico se reveste de um aspecto só aparentemente oposto, porque desdobramento da dobra originária, ou seja, de Zeus e suas uniões, manifestações do próprio sagrado (2).


Referência:
(1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função de Musas". In: Teogonia. São Paulo: Iluminuras, 1992.
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 165.


4

"O indivíduo vale e se define pelo seu génos, de tal maneira que “todas as ações, decisões, falhas e êxitos do indivíduo têm fonte não na individualidade dele, mas nessa natureza supra-individual que caracteriza o génos” (Torrano: 1992, 78) (1). Entendido o agir de cada um nesse horizonte, pode-se compreender o que significa propriamente o destino no pensamento mítico. Cada génosorigem a uma linhagem. Por exemplo, a linhagem de Zeus. Esta, por sua vez, se estrutura em grupos familiares menores, mas estes compartilham a natureza comum da linhagem, enquanto origem, génos (2).


Referência:
(1) TORRANO, Jaa. "O mundo como função das Musas". In: ----. Teogonia. São Paulo, Iluminuras, 1992, p. 78
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 166.
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