Medida
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ensaios e conferências''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 172. | + | : (1) HEIDEGGER, Martin. "...poeticamente o homem habita...". Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. In: ---. '''Ensaios e conferências'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 172. |
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+ | : Nenhum [[ente]] é igual, cada um é uma [[doação]] [[original]] [[absoluta]] do [[ser]], porque só podemos [[ser]] este ou aquele [[ente]] a partir do e na [[vigência]] do '''ser'''. Por isso somos [[sendo]], isto é, provimos e nos presentificamos como [[doação]] do [[ser]] e caminhamos para o [[ser]], num [[processo]] de [[manifestação]] e apropriação do que somos dimensionando-nos pelo [[ser]] e só pelo [[ser]], ou seja, [[ser]] [[é]]: [[sersendo]] pelo [[agir]] e [[fazer]] até o [[sendoser]]. É a nossa [[medida]] [[essencial]] e única. | ||
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- | :(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, | + | : (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 72. |
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+ | : "Agimos ao nos empenharmos por algum [[penhor]]. Talvez seja melhor e mais [[verdadeiro]] enunciar que o [[viver]] agindo é o [[viver]] em que acontece o [[sentido]], uma vez que não somos um programa em que basta simplesmente iniciá-lo com um comando, um toque, como se faz hoje, em geral, com tudo que diz respeito à [[computação]]. Todo [[programa]] é orgânico e, por isso, seus processos, resultados e fins já estão inscritos e previstos. Tudo se regula por uma [[medida]] conhecida pelo programador e pela máquina. O que diferencia o [[agir]] do [[ser humano]] é que nele a [[vida]] se dá, acontece dentro da [[medida]] do [[viver]] e do [[morrer]]. Mas destes ninguém sabe a [[medida]], pois eles mesmos são a [[medida]], e não nós. | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 215. | ||
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+ | : "Toda [[ação]], toda [[procura]], se dá, acontece sempre, queiramos ou não, dentro de uma [[não-medida]] e de uma [[medida]], que lhe são inerentes, internas e externas. Todas as [[ações]] [[humanas]] se dão, [[acontecem]], [[sempre]] dentro de um [[paradoxo]], de uma encruzilhada, em uma [[palavra]], em um [[entre]], ora orientadas pela [[medida]] da [[não-medida]], ora tendo como fim a [[não-medida]] da [[medida]]. O [[pensador]] [[Aristóteles]], na abertura do primeiro livro da '''Ética''', nos diz que “em toda [[ação]] vive um [[empenho]] por algum [[bem]]”. Não podemos, porém, confundir “algum bem” com “o [[bem]]”. É neste e por este que nos advém o [[sentido]]. Isso é o [[ético]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 216. | ||
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+ | : "A [[dança]] jamais pode se por a serviço de qualquer [[sistema]], caso contrário perderá sua [[identidade]], seu [[próprio]]. E qual é o [[próprio]] da [[dança]], a sua [[identidade]]? Esta [[identidade]] não pode ser [[diferente]] da [[identidade]] de todo [[ser humano]]. O [[próprio]] é a [[medida]] de cada um. À [[realização]] dessa [[medida]] corresponde a [[história]] de cada um, que é [[sempre]] singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A [[medida]] é o [[destino]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). '''O que me move, de Pina Bausch''' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82. | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190. | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 211. | ||
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+ | : "A [[medida]], seja qualitativa seja quantitativa, como bem acentuou Antônio Jardim, em '''Música: vigência do pensar poético''', é uma das características do [[pensamento]] [[metafísico]]-[[retórico]] ocidental" (1). | ||
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+ | : "Podemos [[medir]] falas, mas como [[medir]] no [[canto]] o [[encanto]], o seu [[poder]] [[revelador]], enquanto [[voz]] do [[silêncio]]? Como eles não são dimensionáveis, a [[ciência]], filha predileta da [[metafísica]], os classifica como algo [[estético]] e [[subjetivo]], ou seja, não [[objetivos]] nem [[reais]]" (2). | ||
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+ | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 148. | ||
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+ | : "Mas ao entrar no [[estado]] de [[indivíduo]], resultante da [[multiplicidade]] e [[aparência]], conhece que o [[gozo]] da [[aparência]] é falaz e retorna ao [[uno]]. Nesta [[perspectiva]], o [[trágico]] não resulta da luta do [[herói]] contra o [[destino]]. A própria [[Natureza]] é [[originária]] e [[radicalmente]] [[trágica]]. O [[mito]] [[trágico]] é a [[representação]] [[simbólica]] da [[sabedoria]] [[dionisíaca]], com a ajuda de meios [[artísticos]] [[apolíneos]] e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao [[uno]]. O [[estado]] [[apolíneo]], pela [[aparência]], corresponde ao [[princípio]] da “[[medida]]” no sentido [[helênico]]. A [[afirmação]] do [[estado]] [[apolíneo]] repousa sobre o abismo oculto do [[mal]] e do [[conhecimento]]. O [[estado]] [[dionisíaco]] era a [[desmedida]]. Este, mostrando o [[erro]] da [[aparência]] e conduzindo os [[homens]] ao [[estado]] de identificação [[primordial]] da [[Natureza]], produz uma consolação [[metafísica]], e a [[desmedida]] revela-se também como [[verdade]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em '''Vidas Secas'''". In: ---. '''Travessia Poética'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 78. | ||
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+ | : A imediação mediada é nada mais do que a [[mediação]] da [[medida]], a ''[[poiesis]]''. A [[mediação]] da [[medida]] acontece na [[interpretação]]. Por isso é que todo [[ser humano]] é [[intérprete]] e nesse [[interpretar]] ele realiza a [[essência]] do [[humano]], uma [[essência]] que ele recebe e se torna o seu [[próprio]]. Por isso [[ler]] interpretando é sempre um [[interpretar-se]], não como [[decisão]] [[subjetiva]], mas como [[escuta]] do [[que é]] no [[como é]] da [[interpretação]]. Isso só é [[possível]] porque tanto o [[próprio]] de cada [[ser humano]] quanto o que vigora na [[obra de arte]] já são essas [[possibilidades]] que a [[interpretação]] da [[auto-escuta]] da [[fala]] da [[obra]] opera naquilo que recebeu como [[próprio]], o seu [[destino]]. | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
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+ | : "A [[medida]] da [[razão]] não pode nos determinar o [[caminho]] do [[ser feliz]]. A [[razão]] é o [[saber]] do [[ente]] esquecido do [[sentido do ser]]. A [[sabedoria]] e [[felicidade]] só podem [[doar]]-se no [[ente]] a partir do [[ser]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 202. | ||
+ | == 17 == | ||
+ | : A [[dança]] jamais pode se por a serviço de qualquer [[sistema]], caso contrário perderá sua [[identidade]], seu [[próprio]]. E qual é o [[próprio]] da [[dança]], a sua [[identidade]]? Esta [[identidade]] não pode ser [[diferente]] da [[identidade]] de todo [[ser humano]]. O [[próprio]] é a [[medida]] de cada um. À [[realização]] dessa [[medida]] corresponde a [[história]] de cada um, que é [[sempre]] [[singular]] e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A [[medida]] é o [[destino]]. O ''[[genos]]'', [[palavra]] [[grega]] que diz a nossa [[proveniência]], é o [[princípio]] e [[medida]] que [[doa]] a cada um o seu [[destino]]. | ||
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Edição de 00h51min de 22 de janeiro de 2024
1
- "O divino é 'a medida' com a qual o homem confere medida ao seu habitar, à sua morada e demora sobre a terra, sob o céu. Somente porque o homem faz, desse modo, o levantamento da medida de seu habitar é que ele consegue ser na medida de sua essência" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "...poeticamente o homem habita...". Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. In: ---. Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 172.
2
- A questão na vigência do questionar mede seus julgamentos (krisis/crítica) pela medida do sentido e verdade do Ser e não apenas pela medida do ser do sendo, um ser concebido ideal e paradigmaticamente, pressupõe abertura para o envio dos diferentes modos de a phýsis se manifestar. A phýsis é a medida da lei e a lei da medida. São as experienciações do real sendo. Está, portanto, em contínuo e profundo diálogo com a tekhné e a episteme. Mas para ultrapassá-las como tekhné da poíesis e noein do einai/ser (cf. Parmênides: Peri physeos).
- Ver também
- * Questão
3
- "Assim como a medida converte o tempo em razão, a identidade converte o lugar a uma espécie de extensão espacial sem localidade. A identidade assegura o predomínio da ideia para o senso comum. Tanto a medida assegura a temporalidade da ideia, quanto a identidade assegura a sua espacialidade. Esse é o modo como ficam afastadas assim, ao menos por parte da ideia, uma série de possibilidades dinamizadoras da realidade, e esta fica reduzida a uma temporalidade-espacialidade determinada pelas ações-realizações, bem como por aquilo que é capaz de caber no âmbito da ideia, ser por ela identificado e medido" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 71-2.
4
- A compreensão vulgar de espaço e tempo são o resultado da medida. Toda "causalidade" resulta da medida. Mas o radical de medida diz o meditar, pensar. Acontece que nestes advém o que de si se mede enquanto presença e doação como clareira, verdade, sentido.
5
- Nenhum ente é igual, cada um é uma doação original absoluta do ser, porque só podemos ser este ou aquele ente a partir do e na vigência do ser. Por isso somos sendo, isto é, provimos e nos presentificamos como doação do ser e caminhamos para o ser, num processo de manifestação e apropriação do que somos dimensionando-nos pelo ser e só pelo ser, ou seja, ser é: sersendo pelo agir e fazer até o sendoser. É a nossa medida essencial e única.
6
- "A medida, a identidade, a analogia e a análise estruturam uma série de concepções acerca do que é o real, a verdade, o ser, a unidade. A medida sem dimensão, a identidade sem diferença, a analogia que, progressivamente, racionaliza, e a análise que, ascendente e progressivamente, descendente e regressivamente, é capaz de desligar, conformam os modos próprios de predomínio da ideia. Tudo isso concorre para a confecção de uma realidade sem espessura, sem densidade, linear e progressiva, uma realidade ideal" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 72.
7
- "Agimos ao nos empenharmos por algum penhor. Talvez seja melhor e mais verdadeiro enunciar que o viver agindo é o viver em que acontece o sentido, uma vez que não somos um programa em que basta simplesmente iniciá-lo com um comando, um toque, como se faz hoje, em geral, com tudo que diz respeito à computação. Todo programa é orgânico e, por isso, seus processos, resultados e fins já estão inscritos e previstos. Tudo se regula por uma medida conhecida pelo programador e pela máquina. O que diferencia o agir do ser humano é que nele a vida se dá, acontece dentro da medida do viver e do morrer. Mas destes ninguém sabe a medida, pois eles mesmos são a medida, e não nós.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 215.
8
- "Toda ação, toda procura, se dá, acontece sempre, queiramos ou não, dentro de uma não-medida e de uma medida, que lhe são inerentes, internas e externas. Todas as ações humanas se dão, acontecem, sempre dentro de um paradoxo, de uma encruzilhada, em uma palavra, em um entre, ora orientadas pela medida da não-medida, ora tendo como fim a não-medida da medida. O pensador Aristóteles, na abertura do primeiro livro da Ética, nos diz que “em toda ação vive um empenho por algum bem”. Não podemos, porém, confundir “algum bem” com “o bem”. É neste e por este que nos advém o sentido. Isso é o ético" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 216.
9
- "A dança jamais pode se por a serviço de qualquer sistema, caso contrário perderá sua identidade, seu próprio. E qual é o próprio da dança, a sua identidade? Esta identidade não pode ser diferente da identidade de todo ser humano. O próprio é a medida de cada um. À realização dessa medida corresponde a história de cada um, que é sempre singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A medida é o destino" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
10
- "Dioniso foi educado por Hermes, a palavra-medida do sentido da vida e da morte. Só há sabedoria onde houver medida. Hermes é o mensageiro da medida não é a medida. Esta é o vigorar do sagrado, por isso Hermes é o mensageiro dos deuses, da divindade, isto é, do sagrado" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190.
11
- “A não-ação do sábio não é a inação.
- Não é estudada. Coisa alguma a abala.
- O sábio é quieto porque não se altera
- Não porque ele queira ser quieto”.
....................................................
- “O coração do sábio está tranquilo.
- É o espelho do céu e da terra.
- O espelho de tudo.
- É vazio, é quieto, é tranquilo, é sem-sabor
- O silêncio, a não-ação: esta é a medida do céu e da terra”.
.........................................................
- “Assim, do vazio do sábio surge a quietude:
- Da quietude, a ação. Da ação, a realização.
- Da sua quietude vem sua não-ação, que é também ação
- E é, portanto, sua realização.
- Pois a quietude é alegria. A alegria é isenta de preocupações,
- Fértil por muitos anos.
- A alegria faz tudo despreocupadamente:
- O silêncio e a não-ação
- Eis a raiz de todas as coisas” (1).
- Referência:
- (1) TZU, Chuang. “Ação e não-ação”. In: MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 106.
12
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 211.
13
- "A medida, seja qualitativa seja quantitativa, como bem acentuou Antônio Jardim, em Música: vigência do pensar poético, é uma das características do pensamento metafísico-retórico ocidental" (1).
- "Podemos medir falas, mas como medir no canto o encanto, o seu poder revelador, enquanto voz do silêncio? Como eles não são dimensionáveis, a ciência, filha predileta da metafísica, os classifica como algo estético e subjetivo, ou seja, não objetivos nem reais" (2).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 148.
14
- "Mas ao entrar no estado de indivíduo, resultante da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nesta perspectiva, o trágico não resulta da luta do herói contra o destino. A própria Natureza é originária e radicalmente trágica. O mito trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico. A afirmação do estado apolíneo repousa sobre o abismo oculto do mal e do conhecimento. O estado dionisíaco era a desmedida. Este, mostrando o erro da aparência e conduzindo os homens ao estado de identificação primordial da Natureza, produz uma consolação metafísica, e a desmedida revela-se também como verdade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In: ---. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 78.
15
- A imediação mediada é nada mais do que a mediação da medida, a poiesis. A mediação da medida acontece na interpretação. Por isso é que todo ser humano é intérprete e nesse interpretar ele realiza a essência do humano, uma essência que ele recebe e se torna o seu próprio. Por isso ler interpretando é sempre um interpretar-se, não como decisão subjetiva, mas como escuta do que é no como é da interpretação. Isso só é possível porque tanto o próprio de cada ser humano quanto o que vigora na obra de arte já são essas possibilidades que a interpretação da auto-escuta da fala da obra opera naquilo que recebeu como próprio, o seu destino.
16
- "A medida da razão não pode nos determinar o caminho do ser feliz. A razão é o saber do ente esquecido do sentido do ser. A sabedoria e felicidade só podem doar-se no ente a partir do ser" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 202.
17
- A dança jamais pode se por a serviço de qualquer sistema, caso contrário perderá sua identidade, seu próprio. E qual é o próprio da dança, a sua identidade? Esta identidade não pode ser diferente da identidade de todo ser humano. O próprio é a medida de cada um. À realização dessa medida corresponde a história de cada um, que é sempre singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A medida é o destino. O genos, palavra grega que diz a nossa proveniência, é o princípio e medida que doa a cada um o seu destino.