Hermes

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Tabela de conteúdo

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"Hermes, como palavra dos deuses ofertada aos homens na dicção do poeta, diz sempre a verdade, porém não toda a verdade. Desta tensão entre verdade e não-verdade é que surge o próprio mito como espelho de toda especulação. A essência do espelho não é representar o eu como o seu outro, não é reduplicar o real em representações, mas mostrar o que se esconde enquanto aparece. Ou seja, Hermes é o próprio diálogo. No diálogo, as diferenças se especulam, não como diferenças de si, mas do real" (1).


Referência:
(1) CASTRO. Manuel Antônio de. Poética e poiesis: a questão da interpretação. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. Série Conferências, v. 5. 2000, p. 10.

2

"Dioniso foi educado por Hermes, a palavra-medida do sentido da vida e da morte. Só há sabedoria onde houver medida. Hermes é o mensageiro da medida não é a medida. Esta é o vigorar do sagrado, por isso Hermes é o mensageiro dos deuses, da divindade, isto é, do sagrado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190.

3

"Por que Ulisses vence Circe? Ele se abre para a fala e escuta de Hermes, o mensageiro dos deuses, a palavra originária, sagrada e poética. O radical de Hermes, wre ou wer, é indo-europeu e significa palavra. Esta se origina do verbo grego pará-ballein: o lançar no entre, daí toda palavra ser portadora e a própria mensagem. Ulisses só vence porque é portador do saber de Hermes, a própria Linguagem, o mito dos mitos e ritos, o sagrado primordial e originário" (1). A mensagem é a própria palavra e o seu sentido.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.

4

"A imagem-questão não é uma figura de linguagem. É um acontecer. Por isso o “deus”-imagem caminho se diz em grego Hermes, enquanto imagem-questão da essência do agir, pelo qual chegamos a ser o que somos. Hermes é a própria palavra que funda o lugar, o ethos. Toda linguagem que revela o real como verdade o revela e funda como caminho e lugar (Caminho do campo). O lugar, em última instância, é o próprio ser se manifestando tanto mais quanto mais se vela enquanto mundo e linguagem. Por isso, o caminhar é a travessia "entre" o velado/silêncio/vazio E o desvelado, a excessividade poética e o vazio excessivo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 20.

5

"A imagem-questão Édipo se centraliza, como mito, toda ela na ambígua multiplicidade dos pés e no andar. Ele, em seu caminhar de encruzilhada em encruzilhada, desvelará o encontro e desencontro do mito do homem e do mito do real (a esfinge). A complexidade e essencialidade dessa luta e entre-laçamento é desvelada e velada por outra imagem-questão mítico-poética: Hermes. Este rege a inter-pretação enquanto verbo e sentido do agir. Hermes é o mensageiro e a própria mensagem, a linguagem, a palavra, o nome e o verbo, é o próprio desvelamento e velamento do ser humano e do real" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 24.

6

"Nós só somos o que somos no âmbito, densidade e dimensão das questões. Mas há uma aprendizagem – não há outro método senão os caminhos de Hermes. A aprendizagem de Hermes é a experienciação do verbo. Pois Hermes, em sua etimologia, significa verbo. E verbo é ação. É importante guardar que o agir do verbo, que é a physis, o ser, o real se manifestando, os gregos chamaram poiesis. Mas em que consiste a essência e sentido do agir do real, da physis? Todos sabemos que Hermes é o mensageiro dos deuses. A nós, mortais, cabe escutar a sua voz ou a voz de Mmemosine através das Musas. É neste sentido que proponho as questões da arte na obra de Heidegger. Outras escutas podem achar outros caminhos. Eles serão sempre bem-vindos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 29.
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