Etimologia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

"A língua que hoje se usa nos meios de comunicação é a morte da língua. Fazer um exercício etimológico, uma procura da etimologia, não é fazer uma pesquisa gramatical. Trata-se de tirar as camadas de cinza que os séculos foram depositando nas palavras até chegar ao seu núcleo, à brasa viva que pulsa em cada uma" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poíesis, sujeito e metafísica". In: ______ (org). A construção poética do real. Rio de Janeiro: 7letras, 2004, p. 19.

2

"Só que os dicionários não dizem nada do que dizem as palavras na experiência originária do pensamento. Por isso, neste caso, como nos demais, não é verdade que o nosso pensamento viva de etimologias. Vive, antes, de pensar a atitude vigorosa daquilo que as palavras, como palavras, nomeiam de forma concentrada. A etimologia, junto com os dicionários, ainda pensa pouco demais" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A coisa". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 152.

3

"O que é a palavra sem a relação com o que nomeia e o que nela vem à palavra? Deve-se sair correndo de toda etimologia vazia e acidental: ela se torna jogatina se o que se está a nomear na palavra já não tiver sido anteriormente pensado por caminhos longos e vagarosos, e não continuar a ser sempre de novo pensado, comprovado, e sempre de novo provado em sua essência de palavra" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumara, 1998, p. 207.

4

"A linguagem está sempre lembrando o seu começo. Neste sentido, a linguagem é essencialmente etimologia. Etimologia não diz, em primeiro lugar, ciência linguística, que investiga a identidade entre os radicais das palavras. Este sentido é derivado e bastante secundário. Em sentido próprio (aqui, literal), etimologia diz logos do étimo, linguagem do próprio começo. Todavia, a linguagem só pode ser essa incessante retomada e referência ao próprio começo porque, de algum modo, está sempre deslocada do começo" (1).


Referência:
(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. "Para que língua se traduz Ocidente". In: ABRANCHES, Antonio (org.). O que nos faz pensar. Vol. 1, 10. Cadernos do Depto. de Filosofia da PUC-RIO, out. de 1996, p.62.

5

"Todo questionamento radical do sentido das palavras deve perguntar pelas palavras a partir do seu começo. Dito de outra forma: todo questionamento radical do sentido das palavras deve ser etimológico. Nessa dimensão, a linguagem do começo é que possibilita a ciência etimológica e não o contrário. Para questionar o sentido não basta conhecer etimologias. É preciso, primeiro, transportar-se, transpor-se para a movimentação do começo, essa que reúne dia e noite como a volta para casa de quem andou, de quem peregrinou e retorna para descansar" (1).


Referência:
(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. "Para que língua se traduz Ocidente". In: ABRANCHES, Antonio (org.). O que nos faz pensar. Vol. 1, 10. Cadernos do Depto. de Filosofia da PUC-RIO, out. de 1996, p.62.

6

Sabemos que a força e vigor manifestativo e fundador de uma palavra está no seu radical. Os prefixos tendem apenas a alterar esse sentido fundador, ou seja, os significados que os prefixos vêm derivar só podem ser compreendidos a partir do sentido inaugural da raiz. Por este motivo é difícil criar-se uma dicotomia excludente entre os significados aportados pelos sufixos e o sentido do radical. Na realidade, gera-se um polemos/tensão ambígua.


- Manuel Antônio de Castro

7

"Etimologia também é um dizer, mas um dizer originário que emerge de uma consentaneidade. O radical étymos significa legítimo, autêntico, verdadeiro. Etimologia não é um dizer qualquer. É o dizer que remonta para o próprio processo de dizer que provém da verdade do próprio dizer e, por isso, se faz legítimo pelo vigor de sua própria vigência" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, 104.

8

"Um dos aspectos iniciais é a procura da etimologia de ler. Mas não se trata de exercício formal filológico, pois nos motiva a questão do fundamento da etimo-logia: o étymos, palavra grega que diz verdadeiro. Mas o que é o verdadeiro? De que verdade se trata? Da verdade causal e instrumental ou da verdade manifestativa?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 17.

9

"Tomando a genética como uma primeira referência para pensarmos o que é ler, há um dado fenomenal muito interessante: a descoberta de que nosso genoma se constitui de cerca de três bilhões de combinações de suas “letras”, que guardam todas as informações necessárias para dar forma a uma pessoa. E mais: as informações são guardadas por milhares de anos. Em relação às palavras e seus sentidos, é isso que nos proporciona o estudo da etimologia" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 18.
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