Identidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Identidade]] é [[possibilidade]] de [[ser]]. O [[possível]] é o que já nos foi doado pelo [[Ser]] para sermos e constitui nosso [[próprio]]. Somente somos [[sendo]], existindo numa constante [[travessia]], como nos diz Guimarães Rosa em ''Grande Sertão: veredas''. E os [[sábios]] chineses a denominaram [[caminho]] ou ''[[Tao]]''. Toda [[caminhada]] inclui o [[histórico]], o [[cultural]] e o [[social]] sem lhes ficar dependente, pelo contrário, transfigurando-os. A [[identidade]] é o que nos foi dado pelo [[ser]], de uma maneira única e [[própria]], enfim, aquilo que nos foi destinado e, por isso, constitui nosso [[destino]].
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: [[Identidade]] é [[possibilidade]] de [[ser]]. O [[possível]] é o que já nos foi doado pelo [[Ser]] para sermos e constitui nosso [[próprio]]. Somente somos [[sendo]], existindo numa constante [[travessia]], como nos diz Guimarães Rosa em '''Grande Sertão: veredas'''. E os [[sábios]] chineses a denominaram [[caminho]] ou ''[[Tao]]''. Toda [[caminhada]] inclui o [[histórico]], o [[cultural]] e o [[social]] sem lhes ficar dependente, pelo contrário, transfigurando-os. A [[identidade]] é o que nos foi [[doado]] pelo [[ser]], de uma maneira única e [[própria]], enfim, aquilo que nos foi destinado e, por isso, constitui nosso [[destino]].
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: "A [[palavra]] grega ''homologia'' se compõe de dois étimos: ''hom-'' e ''lg''. O primeiro remete para a [[igualdade]] que, em união com as [[diferenças]], constitui a [[identidade]]. Na [[homologia]] prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a [[igualdade]] quanto a [[diferença]] vivem, na [[identidade]], de uma tensão de contrários. A [[igualdade]] não somente tolera a [[diferenciação]] como se nutre das [[diferenças]] para elaborar uma [[identidade]] fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os [[homens]] de todas as [[épocas]]. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo ''lg'', de ''homo-logia''" (1).
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: "A [[palavra]] grega ''homologia'' se compõe de dois étimos: ''hom-'' e ''lg''. O primeiro remete para a [[igualdade]] que, em união com as [[diferenças]], constitui a [[identidade]]. Na [[homologia]] prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a [[igualdade]] quanto a [[diferença]] vivem, na [[identidade]], de uma tensão de contrários. A [[igualdade]] não somente tolera a [[diferenciação]] como se nutre das [[diferenças]] para elaborar uma [[identidade]] fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os [[homens]] de todas as [[épocas]]. Pois é a [[dinâmica]] desta união matriz que cumpre o segundo [[étimo]] ''lg'', de ''homo-logia''" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. ''Filosofia grega - uma introdução''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -----. '''Filosofia grega - uma introdução'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.
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:"É primeiramente imprescindível que seja marcada uma [[diferença]] inicial entre identidade e unidade. Identidade, por um lado, se relaciona com a unidade, mas, por outro, substantivamente, difere desta. Esta diferença está presente desde o idioma grego. O uno se diz em grego ''hén'', e o idêntico se diz ''tò autós''. É para se notar que o um é apenas ele [[mesmo]] e tem sua vigência, portanto, como um substantivo. O uno é [[substantivo]] e é [[concreto]], isto é, é capaz de desencadear sua própria [[realidade]], e portanto é capaz de desencadear [[realidade]]. O idêntico, ''tò autós'', por sua vez, é, em grego, um pronome ou um adjetivo que vem substantivado, em geral, por um artigo. A identidade, por sua vez, só pode ser compreendida em decorrência de um processo de comparação de, no mínimo, uma [[unidade]] com outra. Ela tem por característica localizar-se no plano [[abstrato]] das comparações, e desse modo, impõe a presença necessária de uma instância ajuizadora, essa instância ajuizadora é por sua vez uma [[ideia]] ou, num sentido que pode ser mais amplo, a constituição de um [[gênero]]. A identidade, portanto só é capaz de se estabelecer a partir de uma [[mediação]], quer dizer, a identidade não prescinde de um termo de comparação de um termo médio" (1).
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: "É primeiramente imprescindível que seja marcada uma [[diferença]] inicial entre [[identidade]] e [[unidade]]. [[Identidade]], por um lado, se relaciona com a [[unidade]], mas, por outro, [[substantivamente]], difere desta. Esta [[diferença]] está [[presente]] desde o [[idioma]] [[grego]]. O [[uno]] se diz em [[grego]] ''hén'', e o [[idêntico]] se diz ''tò autós''. É para se notar que o [[um]] é apenas ele [[mesmo]] e tem sua [[vigência]], portanto, como um [[substantivo]]. O [[uno]] é [[substantivo]] e é [[concreto]], isto é, é capaz de desencadear sua própria [[realidade]], e, portanto, é capaz de desencadear [[realidade]]. O [[idêntico]], ''tò autós'', por sua vez, é, em [[grego]], um [[pronome]] ou um [[adjetivo]] que vem substantivado, em geral, por um artigo. A [[identidade]], por sua vez, só pode ser compreendida em decorrência de um processo de comparação de, no mínimo, uma [[unidade]] com outra. Ela tem por característica localizar-se no plano [[abstrato]] das comparações, e desse modo, impõe a [[presença]] [[necessária]] de uma [[instância]] ajuizadora, essa [[instância]] ajuizadora é por sua vez uma [[ideia]] ou, num [[sentido]] que pode ser mais amplo, a constituição de um [[gênero]]. A [[identidade]], portanto, só é capaz de se estabelecer a partir de uma [[mediação]], quer dizer, a [[identidade]] não prescinde de um termo de comparação de um termo médio" (1).
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:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 38-9.
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:*[[Procura]]
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: (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 38-9.
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:*[[Estudos culturais]]
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: *[[Procura]]
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: *[[Estudos culturais]]
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: "A [[identidade]] tem funcionado sempre como um operacionalizador, isto é: é por meio da identidade que se torna possível à dimensão, subsumindo qualquer relacionamento do que é dimensionado com e pelo [[concreto]], operar sua conversão a um aspecto meramente quantitativo. A [[identidade]], por seus traços mais marcantes, converte as [[unidade|unidades]] concretas em [[unidades]] [[ideais]], e, desse modo, faz compreender, na possibilidade de exercer um processo de mediação, pelo gênero, isto é, pelo conceito genérico. Fundada na semelhança, a identidade busca operar, no sentido da constituição de gêneros, uma redução do [[real]], desde uma multiplicidade de [[unidades]] concretas até unidades ideais e gerais" (1).
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: "A [[identidade]] tem funcionado sempre como um operacionalizador, isto é: é por meio da [[identidade]] que se torna possível à [[dimensão]], subsumindo qualquer relacionamento do que é dimensionado com e pelo [[concreto]], operar sua conversão a um aspecto meramente quantitativo. A [[identidade]], por seus traços mais marcantes, converte as [[unidade|unidades]] concretas em [[unidades]] [[ideais]], e, desse modo, faz [[compreender]], na [[possibilidade]] de exercer um [[processo]] de mediação, pelo [[gênero]], isto é, pelo [[conceito]] genérico. Fundada na semelhança, a [[identidade]] busca operar, no sentido da constituição de [[gêneros]], uma redução do [[real]], desde uma multiplicidade de [[unidades]] [[concretas]] até [[unidades]] ideais e gerais" (1).
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: (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 38.
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: (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 38.
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: "É no [[espelho]] que se decide a [[identidade]] de Narciso. A [[leitura]] popular de Narciso como [[narcisismo]] oculta o [[próprio]] [[sentido]] do [[mito]]: [[subjetividade]] e [[morte]], ou seja, a [[identidade]].  A volta para si faz  do [[homem]] moderno um [[ser]] às voltas com seu interior e [[subjetividade]]. E nela mergulha até atingir o inculto terreno do [[inconsciente]]" (1).
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: "É no [[espelho]] que se decide a [[identidade]] de [[Narciso]]. A [[leitura]] popular de [[Narciso]] como [[narcisismo]] oculta o [[próprio]] [[sentido]] do [[mito]]: [[subjetividade]] e [[morte]], ou seja, a [[identidade]].  A volta para si faz  do [[homem]] moderno um [[ser]] às voltas com seu [[interior]] e [[subjetividade]]. E nela mergulha até atingir o inculto terreno do [[inconsciente]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 202.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ---. '''Tempos de Metamorfose'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 202.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). ''O que me move, de Pina Bausch'' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). '''O que me move, de Pina Bausch''' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A Morte do Pensador". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1977, p. 146.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A Morte do Pensador". In: ---. '''Aprendendo a pensar'''. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1977, p. 146.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista '''Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte'''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 48.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ---. '''Aprendendo a pensar'''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 48.
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: "O [[entre]] do [[diálogo]] é a [[possibilidade]] do [[diálogo]] como [[mundo]], como o [[sentido]] do [[eu]] e do [[tu]] que dialogam, mas também do que no [[diálogo]] se dialoga. Esse “[[entre]]” aparece na terceira estrofe do [[poema]] ''Autopsicografia'' (de Fernando Pessoa) como [[entre]]-ter. Este, porém, surge da força que previamente nos estabelece o [[caminho]], ao girarmos nas calhas de roda. Estas são uma [[imagem-questão]] do que chamamos de há muito e desde sempre: [[destino]]. Com ele advém o [[sentido]] [[profundo]] e ambíguo de “girar a entreter”. E aqui podemos “[[ler]]” o “[[entre]]-ter” num outro [[sentido]] mais [[profundo]]: no [[jogar]] do [[destino]] somos tidos e entre-tecidos no [[horizonte]] do “[[entre]]”: o ''[[logos]]'' abismal de todas as [[identidades]]. O que no [[diálogo]] se entretece é o que somos como [[mundo]], não aquele em que já estamos lançados, mas o que no [[entretecer]] se tece como [[aprender]] e [[ensinar]], ou seja, como o que devemos [[tecer]] na [[teia]] da [[vida]], isto é, [[ser]] o que já desde sempre somos ([[destino]])" (1).
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: "O [[entre]] do [[diálogo]] é a [[possibilidade]] do [[diálogo]] como [[mundo]], como o [[sentido]] do [[eu]] e do [[tu]] que dialogam, mas também do que no [[diálogo]] se dialoga. Esse “[[entre]]” aparece na terceira estrofe do [[poema]] ''Autopsicografia'' (de Fernando Pessoa) como [[entre-ter]]. Este, porém, surge da força que previamente nos estabelece o [[caminho]], ao girarmos nas calhas de roda. Estas são uma [[imagem-questão]] do que chamamos de há muito e desde sempre: [[destino]]. Com ele advém o [[sentido]] [[profundo]] e ambíguo de “girar a [[entreter]]”. E aqui podemos “[[ler]]” o “[[entre-ter]]” num outro [[sentido]] mais [[profundo]]: no [[jogar]] do [[destino]] somos tidos e entre-tecidos no [[horizonte]] do “[[entre]]”: o ''[[logos]]'' abismal de todas as [[identidades]]. O que no [[diálogo]] se entretece é o que somos como [[mundo]], não aquele em que já estamos lançados, mas o que no [[entretecer]] se tece como [[aprender]] e [[ensinar]], ou seja, como o que devemos [[tecer]] na [[teia]] da [[vida]], isto é, [[ser]] o que já desde sempre somos ([[destino]])" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista '''Tempo Brasileiro''': Rio de Janeiro: '''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas''', 164, jan.-mar., 2006, p. 30.
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== 13 ==
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: "''Energia ancestral''. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos [[pais]], que a receberam de seus [[pais]] e assim sucessivamente, ou seja, temos uma [[ligação]] [[profunda]] e [[originária]] com a [[família]]. Ela é [[memória]] [[imemorial]]. Os [[gregos]] denominavam a [[unidade]] e [[origem]] das [[famílias]] e das [[pessoas]]: ''[[genos]]''. Este ''[[genos]]'' (de onde se forma a [[palavra]] [[genética]]) passa, como [[energia]], a [[ser]] [[tudo]], a própria [[energia]] [[Qi]]. É ela também que faz com que cada um tenha um [[próprio]], aquilo que cada um [[é]], sua [[identidade]] e [[essência]]. Em si, a [[energia]] [[Qi]] é [[infinita]] e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do ''[[genos]]'' e [[pais]] é [[finita]], [[originando]] a [[morte]]. E então se coloca a [[questão]] da [[relação]] [[essencial]] [[entre]] [[infinito]] e [[finito]] para nós" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista ''Tempo Brasileiro'': Rio de Janeiro: ''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164, jan.-mar., 2006, p. 30.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: '''Desdobramentos do corpo no século XXI'''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.
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== 14 ==
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: "O domínio da [[igualdade]] sobre o [[pensamento]] é tão absorvente que só com muita dificuldade se chega a [[pensar]] a [[identidade]] como [[identidade]] e não como [[igualdade]]... A [[identidade]] não tira. A [[identidade]] [[dá]]. [[Dá]] a [[autoridade]] da [[liberdade]]" (1).
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== 13 ==
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: Referência:
-
: "''Energia ancestral''. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos [[pais]], que a receberam de seus [[pais]] e assim [[sucessivamente]], ou seja, temos uma [[ligação]] [[profunda]] e [[originária]] com a [[família]]. Ela é [[memória]] [[imemorial]]. Os [[gregos]] denominavam a [[unidade]] e [[origem]] das [[famílias]] e das [[pessoas]]: ''[[genos]]''. Este ''[[genos]]'' (de onde se forma a [[palavra]] [[genética]]) passa, como [[energia]], a [[ser]] [[tudo]], a própria [[energia]] [[Qi]]. É ela também que faz com que cada um tenha um [[próprio]], aquilo que cada um [[é]], sua [[identidade]] e [[essência]]. Em si, a [[energia]] [[Qi]] é [[infinita]] e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do ''[[genos]]'' e [[pais]] é [[finita]], [[originando]] a [[morte]]. E então se coloca a [[questão]] da [[relação]] [[essencial]] [[entre]] [[infinito]] e [[finito]] para nós" (1).
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 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e autoridade no cristianismo". In: --------. '''Aprendendo a pensar I'''. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2008, p. 233.
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== 15 ==
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: "''Um vive, e muito se vê...'' Reperguntei qual era o mote. - ''Um [[outro]] pode [[ser]] a [[gente]]: mas a [[gente]] não pode [[ser]] um [[outro]], nem convém''..." (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: ''Desdobramentos do corpo no século XXI''. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.
+
: ROSA, João Guimarães. '''Grande sertão: veredas'''. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.
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== 16 ==
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: "A [[diferença]] e [[referência]] [[entre]] [[consciente]] e [[inconsciente]] não se pode [[reduzir]] apenas a [[mecanismos]] e [[processadores]], mas inclui ambas as [[coisas]]. O que a [[fenomenologia]] do [[fenômeno]] nos faz [[perceber]] é que qualquer emergente na [[vida]] perfaz um [[movimento]] só na [[criação]] das [[pessoas]]. Sem o [[percurso]] desta [[identidade]], de [[igualdade]] e [[diferença]], não é [[possível]] [[sentir-se]] dentro nem encontrar-se com [[movimento]] de [[transformação]] da [[fenomenologia]] de todo [[fenômeno]]. Assim é indispensável passar dos [[mecanismos]] para o [[sentido]] que revelam e a que visam  os [[mecanismos]]" (1).
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: Referência:
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 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.
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== 17 ==
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: "Chamamos de [[espírito]] o [[ente]] que é capaz de exercer-se como um ser-presente-a-si-mesmo, em quem o [[ser]] toma [[consciência]] de si e cientemente toma posse de si mesmo numa [[identidade]] de [[ser]] e [[saber]]" (1).
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: Referência:
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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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== 18 ==
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: "Porém, tanto o sabido “[[é]]” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “[[é]]” (pois só assim posso [[perguntar]] por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no [[exercício]] [[concreto]] da [[pergunta]] uma [[identidade]] [[entre]] o [[ser]] e o [[saber]], e uma [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] o [[saber]], ao mesmo tempo. Significa isto que na [[pergunta]] está posta a [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] posto no meu [[saber]] e o [[ser]] que ultrapassa o meu [[saber]]" (1).
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: Referência:
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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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== 19 ==
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: "... devo [[compreender-me]] a mim [[mesmo]] como [[ente]], ou seja  deve dar-se uma [[identidade]] [[entre]] meu [[saber]] e meu [[ser]], pois nesta [[identidade]] eu tenho uma [[abertura]] ao [[ser ilimitado]] e total dentro do qual eu [[sou]] capaz de [[compreender]] também o [[outro]] como [[ente]], como [[algo]] que “[[é]]” " (1).
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:  Referência:
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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== 20 ==
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: "As [[diferenças]] não podem cair na [[dicotomia]] [[metafísica]], invertendo o [[sistema]] pela [[afirmação]] de um [[outro]],  mas afirmando, sim, a [[identidade]], porém, como [[identidade]] das [[diferenças]] e [[diferenças]] da [[identidade]] ([[alteridade]] e [[ipseidade]]). A [[diferença]], porque é [[diferença]], [[vigora]] no âmbito [[sempre]] do [[não-saber]]. Ousar [[saber]] e ousar [[não-saber]] significa [[saber]] e [[não-saber]], [[ser]] e [[não-ser]], significa assumir a [[liminaridade]] de [[finito]] e [[infinito]], a [[dobra]]. Nessa [[tensão]] [[liminar]] nos realizamos como [[diferenças]]. É a [[medida]] da [[Escuta]] de [[Ulisses]] que nos advém como [[palavra cantada]], como [[Escuta]] do [[mito]] das [[Sereias]]. Por isso precisamos ter sempre [[presente]] o [[pensar]] [[poético]] de [[Heráclito]]" (1):
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: "''Se não se espera, não se encontra o [[inesperado]], sendo sem [[caminho]] de encontro nem [[vias]] de acesso''" (2).
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: Referências:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 183.
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 +
: (2) OS PENSADORES  ORIGINÁRIOS. '''Anaximandro, Parmênides, Heráclito'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublesvski. Petrópolis: Vozes, 1991, 63.
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== 21 ==
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: "Podemos notar que, no [[infinitivo]], [[tempo]] e [[linguagem]] coincidem e são manifestações da ''[[poiesis]]'' da ''[[physis]]''/[[ser]]. É [[necessário]] começar a [[pensar]] a [[gramática]] do ponto de vista da [[linguagem]]/[[tempo]] e não o [[tempo]]/[[linguagem]] do ponto de vista da [[gramática]]. Por outro lado, a [[tensão]] [[entre]] [[infinitivo]] e [[finitos]], o presentificado, o presentificante, o presentificável, é que é o [[horizonte]] de nossa [[identidade]]. E esta se dá como [[diá-logo]], na medida em que este implica tanto o plano do [[ente]] como o plano do [[ser]]. Porém, de novo, não é porque falamos que construímos o [[diálogo]], mas porque já somos [[diálogo]] é que podemos [[falar]]. Uma [[fala]] que não pressupõe [[ouvinte]], nem que seja como [[ausente]], é impossível" (1). É claro que não podemos [[esquecer]] o [[auto-diálogo]], onde o [[ouvinte]] somos [[nós]] [[mesmos]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Linguagem: nosso maior bem''. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.
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== 22 ==
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: "Porque o [[ser]] como [[infinitivo]] é que [[é]] a [[fonte]] [[originária]] das diversas [[falas]], na medida em que é a [[fonte]] como [[verbo]], no [[infinitivo]], das diversas [[possibilidades]] dos [[entes]], pois estes e só estes se dão nos [[tempos]] [[finitos]]. Daí a aparente facilidade de [[definir]] o que é [[identidade]]. Mas ela é ambígua, porque se move ao mesmo tempo e necessariamente no plano do [[ser]] e no plano dos [[entes]], assim como o [[verbo]] se move no [[tempo]] [[infinitivo]] e nos [[tempos]] [[finitos]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Linguagem: nosso maior bem''. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.
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== 23 ==
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: "Não existe [[identidade]] sem [[memória]]. Perder a [[memória]] é perder a [[identidade]], e isso me parece pior do que [[morrer]], porque, tendo perdido a [[vida]], continuamos vivos - sofrendo por a termos perdido. Não imagino o [[inferno]] como um [[lugar]] onde pequenos [[demônios]] cornudos nos atravessam a [[alma]] com o ferro em brasa dos nossos [[arrependimentos]], isto é, das nossas [[memórias]] mais [[dolorosas]] - mas como um [[lugar]] sem memórias. Creio que não existe pior inferno do que o vazio absoluto".
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: Referência:
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: ''O Trono dos Bamum''. In: ''O Globo'', Segundo Caderno, Sábado, 24-06-2023, p. 6.

Edição de 01h32min de 25 de Junho de 2023

1

Identidade é possibilidade de ser. O possível é o que já nos foi doado pelo Ser para sermos e constitui nosso próprio. Somente somos sendo, existindo numa constante travessia, como nos diz Guimarães Rosa em Grande Sertão: veredas. E os sábios chineses a denominaram caminho ou Tao. Toda caminhada inclui o histórico, o cultural e o social sem lhes ficar dependente, pelo contrário, transfigurando-os. A identidade é o que nos foi doado pelo ser, de uma maneira única e própria, enfim, aquilo que nos foi destinado e, por isso, constitui nosso destino.


- Manuel Antônio de Castro

2

"A palavra grega homologia se compõe de dois étimos: hom- e lg. O primeiro remete para a igualdade que, em união com as diferenças, constitui a identidade. Na homologia prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a igualdade quanto a diferença vivem, na identidade, de uma tensão de contrários. A igualdade não somente tolera a diferenciação como se nutre das diferenças para elaborar uma identidade fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os homens de todas as épocas. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo lg, de homo-logia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -----. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.

3

A identidade é a unidade das diferenças. Só como diferença pode vigorar identidade, pois esta pressupõe a diferença na qual e pela qual cada um é ele mesmo, para si mesmo, o mesmo. Se bem observarmos, há sempre a necessidade de uma mediação, mas em que o o que é é referenciado a o como é, noutras palavras o que é se dá, manifesta, enquanto o pensar-se, sendo este então o o como é. A mediação é o entre originário de ser e pensar, de einai e noein, segundo Parmênides no frag. III. Na referenciação de ser e pensar vigora sempre o mesmo. O mesmo é o próprio, que é originariamente verbal, pois o mesmo é sempre o vigorar da unidade. Então identidade, como conceito, representação, ideia geral, gênero, se reduz a uma igualdade ou uniformidade. Identidade se torna conhecimento apenas, isto é, a manifestação objetiva de uma subjetividade. É o sentido do especular filosófico-científico moderno. Nesse sentido, identidade é sempre uma falsa questão, pois perde o sentido concreto de experienciar-se enquanto próprio. Todo próprio é uma essência verbal.


- Manuel Antônio de Castro

4

"É primeiramente imprescindível que seja marcada uma diferença inicial entre identidade e unidade. Identidade, por um lado, se relaciona com a unidade, mas, por outro, substantivamente, difere desta. Esta diferença está presente desde o idioma grego. O uno se diz em grego hén, e o idêntico se diz tò autós. É para se notar que o um é apenas ele mesmo e tem sua vigência, portanto, como um substantivo. O uno é substantivo e é concreto, isto é, é capaz de desencadear sua própria realidade, e, portanto, é capaz de desencadear realidade. O idêntico, tò autós, por sua vez, é, em grego, um pronome ou um adjetivo que vem substantivado, em geral, por um artigo. A identidade, por sua vez, só pode ser compreendida em decorrência de um processo de comparação de, no mínimo, uma unidade com outra. Ela tem por característica localizar-se no plano abstrato das comparações, e desse modo, impõe a presença necessária de uma instância ajuizadora, essa instância ajuizadora é por sua vez uma ideia ou, num sentido que pode ser mais amplo, a constituição de um gênero. A identidade, portanto, só é capaz de se estabelecer a partir de uma mediação, quer dizer, a identidade não prescinde de um termo de comparação de um termo médio" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 38-9.
Ver também:
*Procura
*Estudos culturais

5

Identidade é a unidade das diferenças. Só como diferença pode haver identidade, pois a identidade pressupõe a diferença na qual e pela qual cada um é ele mesmo para si mesmo o mesmo. O mesmo é o vigorar da unidade. Então identidade como conceito se reduz a uma igualdade ou uniformidade, ou seja, é uma falsa questão e um esquecimento do próprio de toda diferença. A igualdade pressupõe o modelo, mas sem que possa apreender e compreender o que é a realidade acontecendo.


- Manuel Antônio de Castro

6

"A identidade tem funcionado sempre como um operacionalizador, isto é: é por meio da identidade que se torna possível à dimensão, subsumindo qualquer relacionamento do que é dimensionado com e pelo concreto, operar sua conversão a um aspecto meramente quantitativo. A identidade, por seus traços mais marcantes, converte as unidades concretas em unidades ideais, e, desse modo, faz compreender, na possibilidade de exercer um processo de mediação, pelo gênero, isto é, pelo conceito genérico. Fundada na semelhança, a identidade busca operar, no sentido da constituição de gêneros, uma redução do real, desde uma multiplicidade de unidades concretas até unidades ideais e gerais" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 38.

7

"É no espelho que se decide a identidade de Narciso. A leitura popular de Narciso como narcisismo oculta o próprio sentido do mito: subjetividade e morte, ou seja, a identidade. A volta para si faz do homem moderno um ser às voltas com seu interior e subjetividade. E nela mergulha até atingir o inculto terreno do inconsciente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ---. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 202.

8

"A dança jamais pode se por a serviço de qualquer sistema, caso contrário perderá sua identidade, seu próprio. E qual é o próprio da dança, a sua identidade? Esta identidade não pode ser diferente da identidade de todo ser humano. O próprio é a medida de cada um. À realização dessa medida corresponde a história de cada um, que é sempre singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A medida é o destino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.

9

"A identidade não tira. A identidade dá. Dá a riqueza do crescimento, por não se perder nem dispersar, mas se conservar e manter nas diferenças que gera. O perigo do crescimento é dissipar-se tanto nas diferenças que se perde da identidade. Este perigo é uma constante em nossos esforços de pensar, sempre à procura de novidades" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A Morte do Pensador". In: ---. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1977, p. 146.

10

"Por detrás de todo humanismo há uma questão maior, porque essencial e não apenas atributiva e acidental. É o desafio de pensar o humano de todo ser humano, em todas as épocas e culturas no seu ético. Como não se pode separar o humano histórico de todo e qualquer ser humano, houve a necessidade de se pensar o universal de uma maneira não apenas epistemológica, mas ontológica, isto é, onde haja uma unidade do universal com o singular e próprio, da identidade com a diferença, numa permanente dialética e diálogo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.

11

"Ensinar é um dar e prestar. Mas o que no ensino se dá e se presta, não são conteúdos, doutrinas, técnicas, em uma palavra, informações apenas. São condições e indicações para se tomar e aprender por si mesmo o que já se tem. Por isso, se alguém aprende e toma apenas conteúdos e doutrinas, técnicas e know how, se armazena apenas informações, não aprende. Pois aprender não é acumular, como crescer não é aumentar de tamanho. Só aprende quem sabe no que compreende, o sabor do que já possui, a riqueza misteriosa de sua identidade" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ---. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 48.

12

"O entre do diálogo é a possibilidade do diálogo como mundo, como o sentido do eu e do tu que dialogam, mas também do que no diálogo se dialoga. Esse “entre” aparece na terceira estrofe do poema Autopsicografia (de Fernando Pessoa) como entre-ter. Este, porém, surge da força que previamente nos estabelece o caminho, ao girarmos nas calhas de roda. Estas são uma imagem-questão do que chamamos de há muito e desde sempre: destino. Com ele advém o sentido profundo e ambíguo de “girar a entreter”. E aqui podemos “ler” o “entre-ter” num outro sentido mais profundo: no jogar do destino somos tidos e entre-tecidos no horizonte do “entre”: o logos abismal de todas as identidades. O que no diálogo se entretece é o que somos como mundo, não aquele em que já estamos lançados, mas o que no entretecer se tece como aprender e ensinar, ou seja, como o que devemos tecer na teia da vida, isto é, ser o que já desde sempre somos (destino)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 30.

13

"Energia ancestral. Esta é a que recebemos ao sermos concebidos e provém de nossos pais, que a receberam de seus pais e assim sucessivamente, ou seja, temos uma ligação profunda e originária com a família. Ela é memória imemorial. Os gregos denominavam a unidade e origem das famílias e das pessoas: genos. Este genos (de onde se forma a palavra genética) passa, como energia, a ser tudo, a própria energia Qi. É ela também que faz com que cada um tenha um próprio, aquilo que cada um é, sua identidade e essência. Em si, a energia Qi é infinita e inesgotável. Contudo, aquela que cada um recebe do genos e pais é finita, originando a morte. E então se coloca a questão da relação essencial entre infinito e finito para nós" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Filosofia e o pensamento do corpo". In: Desdobramentos do corpo no século XXI. MONTEIRO, Maria Conceição & GIUCCI, Guilhermo (orgs.). Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2016, p. 23.

14

"O domínio da igualdade sobre o pensamento é tão absorvente que só com muita dificuldade se chega a pensar a identidade como identidade e não como igualdade... A identidade não tira. A identidade . a autoridade da liberdade" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e autoridade no cristianismo". In: --------. Aprendendo a pensar I. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2008, p. 233.

15

"Um vive, e muito se vê... Reperguntei qual era o mote. - Um outro pode ser a gente: mas a gente não pode ser um outro, nem convém..." (1).


Referência:
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.

16

"A diferença e referência entre consciente e inconsciente não se pode reduzir apenas a mecanismos e processadores, mas inclui ambas as coisas. O que a fenomenologia do fenômeno nos faz perceber é que qualquer emergente na vida perfaz um movimento só na criação das pessoas. Sem o percurso desta identidade, de igualdade e diferença, não é possível sentir-se dentro nem encontrar-se com movimento de transformação da fenomenologia de todo fenômeno. Assim é indispensável passar dos mecanismos para o sentido que revelam e a que visam os mecanismos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.

17

"Chamamos de espírito o ente que é capaz de exercer-se como um ser-presente-a-si-mesmo, em quem o ser toma consciência de si e cientemente toma posse de si mesmo numa identidade de ser e saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

18

"Porém, tanto o sabido “é” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “é” (pois só assim posso perguntar por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no exercício concreto da pergunta uma identidade entre o ser e o saber, e uma diferença entre o ser o saber, ao mesmo tempo. Significa isto que na pergunta está posta a diferença entre o ser posto no meu saber e o ser que ultrapassa o meu saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

19

"... devo compreender-me a mim mesmo como ente, ou seja deve dar-se uma identidade entre meu saber e meu ser, pois nesta identidade eu tenho uma abertura ao ser ilimitado e total dentro do qual eu sou capaz de compreender também o outro como ente, como algo que “é” " (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

20

"As diferenças não podem cair na dicotomia metafísica, invertendo o sistema pela afirmação de um outro, mas afirmando, sim, a identidade, porém, como identidade das diferenças e diferenças da identidade (alteridade e ipseidade). A diferença, porque é diferença, vigora no âmbito sempre do não-saber. Ousar saber e ousar não-saber significa saber e não-saber, ser e não-ser, significa assumir a liminaridade de finito e infinito, a dobra. Nessa tensão liminar nos realizamos como diferenças. É a medida da Escuta de Ulisses que nos advém como palavra cantada, como Escuta do mito das Sereias. Por isso precisamos ter sempre presente o pensar poético de Heráclito" (1):
"Se não se espera, não se encontra o inesperado, sendo sem caminho de encontro nem vias de acesso" (2).


Referências:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 183.
(2) OS PENSADORES ORIGINÁRIOS. Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublesvski. Petrópolis: Vozes, 1991, 63.

21

"Podemos notar que, no infinitivo, tempo e linguagem coincidem e são manifestações da poiesis da physis/ser. É necessário começar a pensar a gramática do ponto de vista da linguagem/tempo e não o tempo/linguagem do ponto de vista da gramática. Por outro lado, a tensão entre infinitivo e finitos, o presentificado, o presentificante, o presentificável, é que é o horizonte de nossa identidade. E esta se dá como diá-logo, na medida em que este implica tanto o plano do ente como o plano do ser. Porém, de novo, não é porque falamos que construímos o diálogo, mas porque já somos diálogo é que podemos falar. Uma fala que não pressupõe ouvinte, nem que seja como ausente, é impossível" (1). É claro que não podemos esquecer o auto-diálogo, onde o ouvinte somos nós mesmos.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.

22

"Porque o ser como infinitivo é que é a fonte originária das diversas falas, na medida em que é a fonte como verbo, no infinitivo, das diversas possibilidades dos entes, pois estes e só estes se dão nos tempos finitos. Daí a aparente facilidade de definir o que é identidade. Mas ela é ambígua, porque se move ao mesmo tempo e necessariamente no plano do ser e no plano dos entes, assim como o verbo se move no tempo infinitivo e nos tempos finitos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.


23

"Não existe identidade sem memória. Perder a memória é perder a identidade, e isso me parece pior do que morrer, porque, tendo perdido a vida, continuamos vivos - sofrendo por a termos perdido. Não imagino o inferno como um lugar onde pequenos demônios cornudos nos atravessam a alma com o ferro em brasa dos nossos arrependimentos, isto é, das nossas memórias mais dolorosas - mas como um lugar sem memórias. Creio que não existe pior inferno do que o vazio absoluto".


Referência:
(1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: O Trono dos Bamum. In: O Globo, Segundo Caderno, Sábado, 24-06-2023, p. 6.
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