Mal

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(1)
(11)
 
(33 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 8: Linha 8:
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) ROSA, João Guimarães. '''Grande sertão: veredas''', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
+
: (1) ROSA, João Guimarães. '''Grande [[sertão]]: [[veredas]], 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.'''
-
: (2) ROSA, João Guimarães. '''Grande sertão: veredas''', 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.
+
: (2) ROSA, João Guimarães. '''Grande [[sertão]]: [[veredas]], 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.'''
== 2 ==
== 2 ==
-
: [[Estar]] sem [[ser]] ainda não é [[sentido]]. Tal carência é o [[mal]]. É então que se discerne o [[ético]], que nada mais [[é]] do que a [[morada]] no [[sagrado]], [[medida]] que a [[morte]] faz [[vigorar]].
+
: [[Estar]] sem [[ser]] ainda não é [[sentido]]. Tal carência é o [[mal]]. É então que se discerne o [[ético]], que [[nada]] mais [[é]] do que a [[morada]] no [[sagrado]], [[medida]] que a [[morte]] faz [[vigorar]].
Linha 19: Linha 19:
== 3 ==
== 3 ==
-
: "No [[princípio]] de tudo a [[ação]]. O [[agir]] [[humano]] é empenho e conquista de [[ser]], é [[percepção]] e [[vivência]] de não ser na experiência de [[vir a ser]]. O [[homem]] não faz apenas [[bem]] e / ou [[mal]] as [[coisas]] que faz. Ele faz também um [[bem]] e/ou um [[mal]] a si [[mesmo]] e aos [[outros]]. Mas em [[tudo]] que venha a [[fazer]] e/ou deixar de [[fazer]] lhe chega sempre um convite [[radical]], o convite de [[fazer]] o [[bem]] e evitar o [[mal]]. É neste sentido que, na dinâmica de todo [[agir]] [[humano]], vive um tríplice apelo: [[fazer]] [[bem]], [[fazer]] um [[bem]], fazer o [[bem]]. Assim, a [[ética]], em que mora todo [[agir]] dos [[homens]], consiste em [[fazer]] o [[bem]] e evitar o [[mal]] em [[tudo]]." (1).
+
: "No [[princípio]] de [[tudo]] a [[ação]]. O [[agir]] [[humano]] é empenho e conquista de [[ser]], é [[percepção]] e [[vivência]] de não ser na [[experiência]] de [[vir a ser]]. O [[homem]] não faz apenas [[bem]] e / ou [[mal]] as [[coisas]] que faz. Ele faz também um [[bem]] e/ou um [[mal]] a si [[mesmo]] e aos [[outros]]. Mas em [[tudo]] que venha a [[fazer]] e/ou deixar de [[fazer]] lhe chega [[sempre]] um convite [[radical]], o convite de [[fazer]] o [[bem]] e evitar o [[mal]]. É neste [[sentido]] que, na dinâmica de [[todo]] [[agir]] [[humano]], vive um tríplice [[apelo]]: [[fazer]] [[bem]], [[fazer]] um [[bem]], fazer o [[bem]]. Assim, a [[ética]], em que mora [[todo]] [[agir]] dos [[homens]], consiste em [[fazer]] o [[bem]] e evitar o [[mal]] em [[tudo]]." (1).
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.
+
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O [[Édipo]] em Píndaro e [[Freud]]". In: ---. '''[[Filosofia]] contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.'''
== 4 ==
== 4 ==
Linha 34: Linha 34:
: - ''[[Eu]] acho que está [[vazio]] pela metade.''  
: - ''[[Eu]] acho que está [[vazio]] pela metade.''  
-
: Qual dos dois alunos tem [[razão]]? Os dois. Isso é [[evidente]]. O que não é tão [[evidente]] e, no entanto, mais [[verdadeiro]], é que os dois alunos só podem discordar porque o [[real]] precede as suas [[visões]] e tanto se oferece à [[visão]] como cheio e como [[vazio]]. Essa [[doação]] do [[real]] não é relativa. A [[ambiguidade]] não está na [[visão]], mas no [[ser]] que tanto se dá como [[vazio]] quanto como cheio. E a nossa [[visão]] do cheio ou do [[vazio]] só vem de nós na [[medida]] em que [[sendo]] e [[não-sendo]] somos também uma [[doação]] do [[ser]]. Por isso a [[arte]] é [[ética]], porque radica no [[ser]] / [[não-ser]] e não na [[visão]] que cada um tem. É no [[horizonte]] do [[ético]] que se decide a [[presença]] do [[mal]]. Mas jamais confundir o [[ético]] / [[ética]] com a [[moral]].
+
: Qual dos dois alunos tem [[razão]]? Os dois. Isso é [[evidente]]. O que não é tão [[evidente]] e, no entanto, mais [[verdadeiro]], é que os dois alunos só podem discordar porque o [[real]] precede as suas [[visões]] e tanto se oferece à [[visão]] como cheio e quanto como [[vazio]]. Essa [[doação]] do [[real]] não é relativa. A [[ambiguidade]] não está na [[visão]], mas no [[ser]] que tanto se dá como [[vazio]] quanto como cheio. E a nossa [[visão]] do cheio ou do [[vazio]] só vem de nós na [[medida]] em que [[sendo]] e [[não-sendo]] somos também uma [[doação]] do [[ser]]. Por isso a [[arte]] é [[ética]], porque radica no [[ser]] / [[não-ser]] e não na [[visão]] que cada um tem. É no [[horizonte]] do [[ético]] que se decide a [[presença]] do [[mal]]. Mas jamais confundir o [[ético]] / [[ética]] com a [[moral]].
   
   
Linha 46: Linha 46:
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) ROSA, João Guimarães. '''Grande sertão: veredas'''. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 394.
+
: (1) [[ROSA]], João Guimarães. '''Grande [[sertão]]: [[veredas]]. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 394.'''
== 6 ==
== 6 ==
Linha 54: Linha 54:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]”. In: ------. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.'''
== 7 ==
== 7 ==
: "Hannah:  
: "Hannah:  
-
: - ''Todo mundo tenta provar que estou errada. Mas ninguém reconhece o meu [[verdadeiro]] [[erro]]. O [[mal]] não pode ser igualmente banal e [[radical]]. O [[mal]] é sempre extremo. Nunca [[radical]]. Profundo e [[radical]] é somente o [[bem]]'' " (1).
+
: - ''Todo [[mundo]] tenta provar que estou errada. Mas ninguém reconhece o meu [[verdadeiro]] [[erro]]. O [[mal]] não pode ser igualmente banal e [[radical]]. O [[mal]] é sempre extremo. Nunca [[radical]]. Profundo e [[radical]] é somente o [[bem]]'' " (1).
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) Fala da personagem Hannah Arendt no filme dirigido por Margarethe von Trotta: ''Hannah Arendt'', 2013.
+
: (1) Fala da personagem Hannah Arendt no [[filme]] dirigido por Margarethe von Trotta: '''Hannah Arendt, 2013.'''
== 8 ==
== 8 ==
Linha 72: Linha 72:
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) Fala da personagem Hannah Arendt no filme dirigido por Margarethe von Trotta: '''Hannah Arendt''', 2013.
+
: (1) Fala da personagem Hannah Arendt no filme dirigido por Margarethe von Trotta: '''Hannah Arendt, 2013.'''
== 9 ==
== 9 ==
Linha 80: Linha 80:
:  Referência:
:  Referência:
-
:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.
+
:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]”. In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.'''
== 10 ==
== 10 ==
-
: Falar dos [[transcendentais]] é falar de [[conversibilidade]] entre o [[ser]] e os quatro [[transcendentais]]. Diz Cláudio Hummes: "A [[conversibilidade]]. Tudo o que [[é]], porque e enquanto lhe convém [[ser]], [[é]] [[uno]], [[verdadeiro]], [[bom]] e [[belo]].  Disto segue uma [[conversibilidade]]: [[tudo]] o que [[é]] [[uno]], [[verdadeiro]], [[belo]] e [[bom]] [[é]]; tudo o que [[é]], [[é]] [[bom]], [[belo]], [[verdadeiro]] e [[uno]]; os graus e os modos de ser são graus e modos de [[unidade]], [[beleza]], [[verdade]] e [[bondade]]. A negação de [[unidade]], [[beleza]], [[verdade]] e [[bondade]] é negação do [[ser]]. Não é esta negação que gera o [[mal]]? No entanto, esta [[conversibilidade]] não implica que a [[relação]] dos [[transcendentais]] para com o [[ser]] seja a [[mesma]] que a do [[ser]] para com os [[transcendentais]]. O [[ser]] fundamenta os [[transcendentais]]; os [[transcendentais]] manifestam e desdobram o [[ser]]. Assim o [[ser]] tem uma prioridade [[ontológica]] – não cronológica – sobre os [[transcendentais]]" (1).
+
: Falar dos [[transcendentais]] é falar de [[conversibilidade]] entre o [[ser]] e os quatro [[transcendentais]].  
 +
 
 +
: Diz Cláudio Hummes:
 +
 
 +
: "A [[conversibilidade]]. Tudo o que [[é]], porque e enquanto lhe convém [[ser]], [[é]] [[uno]], [[verdadeiro]], [[bom]] e [[belo]].  Disto segue uma [[conversibilidade]]: [[tudo]] o que [[é]] [[uno]], [[verdadeiro]], [[belo]] e [[bom]] [[é]]; tudo o que [[é]], [[é]] [[bom]], [[belo]], [[verdadeiro]] e [[uno]]; os graus e os modos de ser são graus e modos de [[unidade]], [[beleza]], [[verdade]] e [[bondade]]. A negação de [[unidade]], [[beleza]], [[verdade]] e [[bondade]] é negação do [[ser]]. Não é esta negação que gera o [[mal]]? No entanto, esta [[conversibilidade]] não implica que a [[relação]] dos [[transcendentais]] para com o [[ser]] seja a [[mesma]] que a do [[ser]] para com os [[transcendentais]]. O [[ser]] fundamenta os [[transcendentais]]; os [[transcendentais]] manifestam e desdobram o [[ser]]. Assim o [[ser]] tem uma prioridade [[ontológica]] – não cronológica – sobre os [[transcendentais]]" (1).
Linha 90: Linha 94:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HUMMES ofm, Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. Atualmente, o autor é Cardeal.
+
: (1) HUMMES ofm, Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963.'''
== 11 ==
== 11 ==
Linha 98: Linha 102:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) Citada por Nelson Motta in: '''O Globo''', sexta-feira, 19-4-2019, p. 3. O autor emite no artigo considerações sobre Dias Toffoli.
+
: (1) Citada por Nelson Motta in: '''O Globo, sexta-feira, 19-4-2019, p. 3. O autor emite no artigo considerações sobre Dias Toffoli.'''
== 12 ==
== 12 ==
Linha 106: Linha 110:
: Referência:
: Referência:
   
   
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]”. In: -----. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.'''
== 13 ==
== 13 ==
-
: "Mas como poderás [[ser]] [[onipotente]] se tu não podes [[tudo]]? Como poderás [[ser]] [[onipotente]] desde que não é [[possível]] a ti nem [[morrer]], nem [[mentir]], nem [[fazer]] com que o [[verdadeiro]] se transforme em [[falso]]? Salvo se [[poder]] [[fazer]] [[coisas]] desta [[espécie]] não é [[potência]], mas [[verdadeira]] [[impotência]], pois quem pode [[fazer]] [[coisas]] assim, tem a [[possibilidade]] de [[fazer]], [[evidentemente]], [[coisas]] funestas e contrárias ao [[dever]] e, quanto mais tiver [[poder]] para fazê-las, tanto mais o [[mal]] e a [[perversidade]] adquirem força sobre ele e tanto menos ele consegue resistir-lhes. Quem tem, portanto, semelhante [[faculdade]] não possui o [[poder]], mas o [[não-poder]]" (1).
+
: "Mas como poderás [[ser]] [[onipotente]] se tu não podes [[tudo]]? Como poderás [[ser]] [[onipotente]] desde que não é [[possível]] a ti nem [[morrer]], nem mentir, nem [[fazer]] com que o [[verdadeiro]] se transforme em [[falso]]? Salvo se [[poder]] [[fazer]] [[coisas]] desta [[espécie]] não é [[potência]], mas [[verdadeira]] [[impotência]], pois quem pode [[fazer]] [[coisas]] assim, tem a [[possibilidade]] de [[fazer]], [[evidentemente]], [[coisas]] funestas e contrárias ao [[dever]] e, quanto mais tiver [[poder]] para fazê-las, tanto mais o [[mal]] e a perversidade adquirem força sobre ele e tanto menos ele consegue resistir-lhes. Quem tem, portanto, semelhante [[faculdade]] não possui o [[poder]], mas o [[não-poder]]" (1).
-
: Fica claro que nesta passagem, [[Santo Anselmo]] está discutindo os [[atributos]] de [[Deus]], [[horizonte]] da sua [[existência]], que é a [[questão]] central da sua [[obra]] ''Proslógio''. Note-se bem que, no fundo, ele está pensando aqui a [[essência]] do [[mal]]. E torna-se [[essencial]] [[pensar]] esta [[questão]]. O [[pensamento]] de [[Santo Anselmo]] traz uma grande contribuição para apreendermos a [[essência]] do [[mal]]. Compreendamos que [[Deus]] é [[Ser]] e o [[mal]] não é. Portanto, fica [[evidente]] que o [[não-poder]] [[é]] o [[não-ser]], é a falta de [[ser]].  
+
 
 +
: Fica claro que nesta passagem, Santo Anselmo está discutindo os [[atributos]] de [[Deus]], [[horizonte]] da sua [[existência]], que é a [[questão]] central da sua [[obra]] '''Proslógio'''. Note-se bem que, no fundo, ele está pensando aqui a [[essência]] do [[mal]]. E torna-se [[essencial]] [[pensar]] esta [[questão]]. O [[pensamento]] de Santo Anselmo traz uma grande contribuição para apreendermos a [[essência]] do [[mal]]. Compreendamos que [[Deus]] é [[Ser]] e o [[mal]] não é. Portanto, fica [[evidente]] que o [[não-poder]] [[é]] o [[não-ser]], é a falta de [[ser]].  
Linha 117: Linha 122:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) ANSELMO, Santo. ''Proslógio''. In: ''Os Pensadores''. ''Santo Anselmo'' - ''Abelardo''. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 106.
+
: (1) ANSELMO, Santo. '''Proslógio'''. In: '''Os Pensadores'''. '''Santo Anselmo''' - '''Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 106.'''
== 14 ==
== 14 ==
-
: "Eu ainda acredito que existe um [[mal]] que não tem [[explicação]]. Um [[mal]] agressivo e [[sedutor]] que, [[entre]] [[todas]] as feras, só existe no [[homem]]. Um [[mal]] [[irracional]] não sujeito a nenhuma [[lei]] [[cósmica]], sem [[razão]]. E não há [[nada]] que assuste mais o [[homem]] que esse [[mal]], incompreensível e inexplicável" (1).
+
: "Eu ainda acredito que existe um [[mal]] que não tem [[explicação]]. Um [[mal]] agressivo e sedutor que, [[entre]] [[todas]] as feras, só existe no [[homem]]. Um [[mal]] [[irracional]] não sujeito a nenhuma [[lei]] [[cósmica]], sem [[razão]]. E não há [[nada]] que assuste mais o [[homem]] que esse [[mal]], incompreensível e inexplicável" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: ''Liv & Ingmar - Uma história de amor''. Documentário dirigido por DHEERAL AKOLKAR. Narrado por Liv Ullmann, 2013.
+
: '''Liv & Ingmar - Uma [[história]] de [[amor]]. Documentário dirigido por DHEERAL AKOLKAR. Narrado por Liv Ullmann, 2013.'''
== 15 ==
== 15 ==
Linha 133: Linha 138:
:  Referência:  
:  Referência:  
-
:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.
+
:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’[[água]] e o [[mar]]". In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.'''
== 16 ==
== 16 ==
Linha 141: Linha 146:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) SANTO AGOSTINHO. "Vencido pela ignorância e pelos maniqueus". In: ..... ''Confissões'', Livro III, p. 47. Coleção ''Os Pensadores'', Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.
+
: (1) SANTO AGOSTINHO. "Vencido pela ignorância e pelos maniqueus". In: ... '''Confissões''', Livro III, p. 47. Coleção '''Os Pensadores''', Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.
== 17 ==
== 17 ==
-
: "As [[ações]], enquanto tais, não são com efeito, nem [[boas]] nem [[más]]. Por exemplo: o que estamos fazendo neste [[momento]], como seja beber,  cantar, falar, [[nada]] disto é em si mesmo [[belo]], mas torna-se [[belo]] de acordo com a maneira como o fazemos. Se o fizermos segundo as [[regras]] do honesto e do [[justo]], torna-se [[belo]]; se o fizermos contrariamente à [[justiça]], torna-se feio. O mesmo podemos afirmar de [[Eros]], pois que nem todo [[Eros]] é em si mesmo [[belo]] e louvável, mas de torna [[belo]] quando nos leva a [[amar]] segundo as [[regras]] do [[belo]]" (1).
+
: "As [[ações]], enquanto tais, não são com efeito, nem [[boas]] nem [[más]]. Por exemplo: o que estamos fazendo neste [[momento]], como seja beber,  cantar, falar, [[nada]] disto é em si mesmo [[belo]], mas torna-se [[belo]] de acordo com a maneira como o fazemos. Se o fizermos segundo as [[regras]] do honesto e do [[justo]], torna-se [[belo]]; se o fizermos contrariamente à [[justiça]], torna-se feio. O mesmo podemos afirmar de [[Eros]], pois que nem todo [[Eros]] é em si mesmo [[belo]] e louvável, mas se torna [[belo]] quando nos leva a [[amar]] segundo as [[regras]] do [[belo]]" (1).
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) PLATÃO. ''O Simpósio ou O do Amor''. Tradução Revista e Notas: Pinharanda Gomes. Lisboa: Guimarães Editores, 1986, p. 34. Discurso de Pausânias.
+
: (1) PLATÃO. '''O Simpósio ou O do [[Amor]]. Tradução Revista e Notas: Pinharanda Gomes. Lisboa: Guimarães Editores, 1986, p. 34. Discurso de Pausânias.'''
== 18 ==
== 18 ==
-
: "A aposta do [[Bem]] pelo [[Bem]] traz consigo o [[apelo]] de [[vir a ser]] nas [[ações]] o que já se [[é]] e não se é no [[ser]] que se tem e não se tem. Por outro lado, a urgência da [[libertação]] implica e traz consigo o [[desafio]] do [[Bem]] e do [[Mal]]. Percorrer o [[curso]] de [[libertação]] próprio desta urgência supõe apostar na [[criação]] do [[inesperado]] que alimenta de [[esperança]] toda espera. Radicalmente, nenhuma [[ética]] se reduz à prescrição de [[normas]], nem está apenas no cumprimento do [[dever]]. Toda [[prescrição]] e todo [[dever]] já chegam sempre tarde. São um [[evento]] temporão" (1).
+
: "A aposta do [[Bem]] pelo [[Bem]] traz consigo o [[apelo]] de [[vir a ser]] nas [[ações]] o que já se [[é]] e não se é no [[ser]] que se tem e não se tem. Por outro lado, a urgência da [[libertação]] implica e traz consigo o [[desafio]] do [[Bem]] e do [[Mal]]. Percorrer o curso de [[libertação]] [[próprio]] desta urgência supõe apostar na [[criação]] do [[inesperado]] que alimenta de [[esperança]] toda espera. Radicalmente, nenhuma [[ética]] se reduz à prescrição de normas, nem está apenas no cumprimento do [[dever]]. Toda prescrição e [[todo]] [[dever]] já chegam [[sempre]] tarde. São um [[evento]] temporão" (1).
: Referência:  
: Referência:  
-
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64.
+
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O [[Édipo]] em Píndaro e [[Freud]]". In: ---. '''[[Filosofia]] contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64.'''
== 19 ==
== 19 ==
-
: "O [[nada]] é [[fonte]] de [[tudo]] que [[é]], assim como o [[silêncio]] é a [[fonte]] de toda [[fala]]. Por isso mesmo o [[nada]] nos aparece como a [[morte]]. Porém, sem esta não há [[posição]] para o [[vivente]]. [[Nada]] é [[vida]]. [[Vida]] é [[morte]]. Todo [[mal]] e [[dor]] é da nossa [[condição de humanos]] [[finitos]]. Desse modo o maior [[mal]] e a maior [[dor]] é a [[distância]] do [[Nada]]. E o maior [[bem]] e [[plenitude]] é sua [[proximidade]]" (1).
+
: "O [[nada]] é [[fonte]] de [[tudo]] que [[é]], assim como o [[silêncio]] é a [[fonte]] de toda [[fala]]. Por isso mesmo o [[nada]] nos aparece como a [[morte]]. Porém, sem esta não há [[posição]] para o [[vivente]]. [[Nada]] é [[vida]]. [[Vida]] é [[morte]]. Todo [[mal]] e [[dor]] é da nossa condição de [[humanos]] [[finitos]]. Desse modo o maior [[mal]] e a maior [[dor]] é a [[distância]] do [[Nada]]. E o maior [[bem]] e [[plenitude]] é sua [[proximidade]]" (1).
: Referência:
: Referência:
   
   
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]”. In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.'''

Edição atual tal como 19h59min de 22 de Dezembro de 2024

1

"O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão" (1).
"O que há é uma certa coisa - uma só, diversas para cada um - que Deus está esperando que esse faça. Neste mundo tem maus e bons - todo o grau de pessoa. Mas então todos são maus. Mas mais então, todos não serão bons?" (2).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 77.
(2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 237.

2

Estar sem ser ainda não é sentido. Tal carência é o mal. É então que se discerne o ético, que nada mais é do que a morada no sagrado, medida que a morte faz vigorar.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"No princípio de tudo a ação. O agir humano é empenho e conquista de ser, é percepção e vivência de não ser na experiência de vir a ser. O homem não faz apenas bem e / ou mal as coisas que faz. Ele faz também um bem e/ou um mal a si mesmo e aos outros. Mas em tudo que venha a fazer e/ou deixar de fazer lhe chega sempre um convite radical, o convite de fazer o bem e evitar o mal. É neste sentido que, na dinâmica de todo agir humano, vive um tríplice apelo: fazer bem, fazer um bem, fazer o bem. Assim, a ética, em que mora todo agir dos homens, consiste em fazer o bem e evitar o mal em tudo." (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: ---. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.

4

O mal não é relativo. Relativa é a visão do mal. O bem não é relativo. Relativa é a visão do bem. O ético é o bem. A falta do ético é o mal. Nem o mal nem o bem são relativos. Vigem na presença ou ausência do ético. A professora entrou na sala de aula e expôs para os alunos um copo com água, que ocupava exatamente a metade do copo. Perguntou à Juliana:
- O copo está cheio ou vazio?
- Eu acho que está cheio até a metade.
- E você, Júlio, o que acha? Está cheio ou vazio?
- Eu acho que está vazio pela metade.
Qual dos dois alunos tem razão? Os dois. Isso é evidente. O que não é tão evidente e, no entanto, mais verdadeiro, é que os dois alunos só podem discordar porque o real precede as suas visões e tanto se oferece à visão como cheio e quanto como vazio. Essa doação do real não é relativa. A ambiguidade não está na visão, mas no ser que tanto se dá como vazio quanto como cheio. E a nossa visão do cheio ou do vazio só vem de nós na medida em que sendo e não-sendo somos também uma doação do ser. Por isso a arte é ética, porque radica no ser / não-ser e não na visão que cada um tem. É no horizonte do ético que se decide a presença do mal. Mas jamais confundir o ético / ética com a moral.


- Manuel Antônio de Castro.

5

" : - "Mano velho, tu é nado aqui ou de donde? Acha mesmo assim que o sertão é bom? ..." Bestiaga que ele me respondeu, e respondeu bem; e digo ao senhor:
" : - Sertão não é malino nem caridoso, mano oh mano!: - ... ele tira ou dá, ou agrada ou amarga, ao senhor, conforme o senhor mesmo" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 394.

6

"Viver já estamos vivendo. Morrer já estamos morrendo sempre. Viver é morrer para que morrendo vivamos. O que isso implica? Uma procura permanente e radical: ser o que não-é, ou seja, ser feliz. Onde ser feliz é ser o não-ser. Não é apenas uma negatividade positiva, é toda a positividade do ser feliz. Negatividade, fora das relações funcionais entitativas, jamais indica mal, só o bem (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.

7

"Hannah:
- Todo mundo tenta provar que estou errada. Mas ninguém reconhece o meu verdadeiro erro. O mal não pode ser igualmente banal e radical. O mal é sempre extremo. Nunca radical. Profundo e radical é somente o bem " (1).


Referência:
(1) Fala da personagem Hannah Arendt no filme dirigido por Margarethe von Trotta: Hannah Arendt, 2013.

8

"Hannah:
- O mal cometido pelos homens sem motivo ou convicção, sem um coração perverso ou palavras demoníacas, é o que eu chamo de "banalidade do mal" (1).


Referência:
(1) Fala da personagem Hannah Arendt no filme dirigido por Margarethe von Trotta: Hannah Arendt, 2013.

9

"Para o vivente só uma necessidade o angustia: ser vida, ser pleno e feliz. Felicidade é a plenitude acontecendo para a nossa condição de finitos. Só podemos, porém, falar em plenitude porque é essa, e só essa, que se torna a medida do que não é pleno. Satisfazer as necessidades com bens é ainda ser pleno na medida exata do bem dessa necessidade. Sentir dor e sofrimento é ainda a não satisfação da necessidade desse bem. É nesse âmbito, e só nesse, que se pode falar em mal. Sentimo-nos mal e carentes quando o que queremos como bem necessário nos é tirado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.

10

Falar dos transcendentais é falar de conversibilidade entre o ser e os quatro transcendentais.
Diz Cláudio Hummes:
"A conversibilidade. Tudo o que é, porque e enquanto lhe convém ser, é uno, verdadeiro, bom e belo. Disto segue uma conversibilidade: tudo o que é uno, verdadeiro, belo e bom é; tudo o que é, é bom, belo, verdadeiro e uno; os graus e os modos de ser são graus e modos de unidade, beleza, verdade e bondade. A negação de unidade, beleza, verdade e bondade é negação do ser. Não é esta negação que gera o mal? No entanto, esta conversibilidade não implica que a relação dos transcendentais para com o ser seja a mesma que a do ser para com os transcendentais. O ser fundamenta os transcendentais; os transcendentais manifestam e desdobram o ser. Assim o ser tem uma prioridade ontológica – não cronológica – sobre os transcendentais" (1).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HUMMES ofm, Frei Cláudio. Metafísica. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963.

11

"Máxima de Hélio Pellegrino ... a inteligência voltada para o mal é pior do que a burrice " (1).


Referência:
(1) Citada por Nelson Motta in: O Globo, sexta-feira, 19-4-2019, p. 3. O autor emite no artigo considerações sobre Dias Toffoli.

12

"Zeus, na sua união com Thêmis (Lei Ancestral, Ordem) gera a Ordenação interior de seu reinado, a Ordem em todos os seus aspectos, pois dessa união nascem suas filhas Hôrai e Môirai, que dosam e regram a distribuição de bem e de mal. Isto é possível porque de uma outra união, com Mêtis (sapiência, saber e sabedoria), ele incorpora toda a sabedoria, que lhe assegura um poder sobre o imprevisível, pois com Mêtis ele conhece o bem e o mal, cambiante e instável como a natureza do mar, onde todos, como eternos Ulisses, fazemos a caminhada de travessia" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 163.

13

"Mas como poderás ser onipotente se tu não podes tudo? Como poderás ser onipotente desde que não é possível a ti nem morrer, nem mentir, nem fazer com que o verdadeiro se transforme em falso? Salvo se poder fazer coisas desta espécie não é potência, mas verdadeira impotência, pois quem pode fazer coisas assim, tem a possibilidade de fazer, evidentemente, coisas funestas e contrárias ao dever e, quanto mais tiver poder para fazê-las, tanto mais o mal e a perversidade adquirem força sobre ele e tanto menos ele consegue resistir-lhes. Quem tem, portanto, semelhante faculdade não possui o poder, mas o não-poder" (1).
Fica claro que nesta passagem, Santo Anselmo está discutindo os atributos de Deus, horizonte da sua existência, que é a questão central da sua obra Proslógio. Note-se bem que, no fundo, ele está pensando aqui a essência do mal. E torna-se essencial pensar esta questão. O pensamento de Santo Anselmo traz uma grande contribuição para apreendermos a essência do mal. Compreendamos que Deus é Ser e o mal não é. Portanto, fica evidente que o não-poder é o não-ser, é a falta de ser.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) ANSELMO, Santo. Proslógio. In: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 106.

14

"Eu ainda acredito que existe um mal que não tem explicação. Um mal agressivo e sedutor que, entre todas as feras, só existe no homem. Um mal irracional não sujeito a nenhuma lei cósmica, sem razão. E não há nada que assuste mais o homem que esse mal, incompreensível e inexplicável" (1).


Referência:
Liv & Ingmar - Uma história de amor. Documentário dirigido por DHEERAL AKOLKAR. Narrado por Liv Ullmann, 2013.

15

"O que nos faz falta é o sentido do ser. O que é o sentido? Dessa maneira tudo que acontece fora do sentido é falta, que é o mal radical. É mal porque sem o sentido de ser a vida perde o seu motivo de viver. Mas o que nos motiva o viver? O simplesmente estar ou no e por estar sendo deixar o ser ser o motivo, isto é, o sentido? Como se pode viver sem sentido? E quem dá o sentido? A perda de sentido não é já deixar estar o mal nos secando?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.

16

"Assim, afastava-me da verdade com a aparência de caminhar para ela, porque não sabia que o mal é apenas a privação do bem, privação cujo último termo é o nada" (1).


Referência:
(1) SANTO AGOSTINHO. "Vencido pela ignorância e pelos maniqueus". In: ... Confissões, Livro III, p. 47. Coleção Os Pensadores, Abril Cultural, São Paulo, 1980, Trad. J. Oliveira Santos, S. J. e A. Ambrósio de Pina, S. J.

17

"As ações, enquanto tais, não são com efeito, nem boas nem más. Por exemplo: o que estamos fazendo neste momento, como seja beber, cantar, falar, nada disto é em si mesmo belo, mas torna-se belo de acordo com a maneira como o fazemos. Se o fizermos segundo as regras do honesto e do justo, torna-se belo; se o fizermos contrariamente à justiça, torna-se feio. O mesmo podemos afirmar de Eros, pois que nem todo Eros é em si mesmo belo e louvável, mas se torna belo quando nos leva a amar segundo as regras do belo" (1).


Referência:
(1) PLATÃO. O Simpósio ou O do Amor. Tradução Revista e Notas: Pinharanda Gomes. Lisboa: Guimarães Editores, 1986, p. 34. Discurso de Pausânias.

18

"A aposta do Bem pelo Bem traz consigo o apelo de vir a ser nas ações o que já se é e não se é no ser que se tem e não se tem. Por outro lado, a urgência da libertação implica e traz consigo o desafio do Bem e do Mal. Percorrer o curso de libertação próprio desta urgência supõe apostar na criação do inesperado que alimenta de esperança toda espera. Radicalmente, nenhuma ética se reduz à prescrição de normas, nem está apenas no cumprimento do dever. Toda prescrição e todo dever já chegam sempre tarde. São um evento temporão" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: ---. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64.

19

"O nada é fonte de tudo que é, assim como o silêncio é a fonte de toda fala. Por isso mesmo o nada nos aparece como a morte. Porém, sem esta não há posição para o vivente. Nada é vida. Vida é morte. Todo mal e dor é da nossa condição de humanos finitos. Desse modo o maior mal e a maior dor é a distância do Nada. E o maior bem e plenitude é sua proximidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 169.
Ferramentas pessoais