Realidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Seu [[método]] de [[reflexão]] [[filosófica]] é exclusivamente o [[método]] [[dialético]] triádico: [[tese]], [[antítese]] e [[síntese]], ou melhor, segundo a [[terminologia]] [[hegeliana]]: [[afirmação]] (Tese), [[negação]] (Antítese) e [[negação da negação]] e [[afirmação da afirmação]] (Síntese). Por este [[método]] [[Hegel]] pretende mostrar como se classificam [[racionalmente]] e como se encadeiam [[racionalmente]], e com [[necessidade]], todos os [[aspectos]] mais importantes da [[realidade]], a partir dos mais [[abstratos]] como: o ser em geral, o [[vir-a-ser]], a qualidade, a quantidade etc., até os mais [[concretos]] como os diversos tipos de [[civilizações]] e de [[filosofias]]. Estes vários aspectos da [[realidade]] são as tais “[[essências]]” que, segundo [[Hegel]], estão [[logicamente]] e [[realmente]] tão encadeadas que a [[existência]] de uma implica necessariamente a [[existência]] de todas as demais. Todo o “[[sistema]]” da [[realidade]] é [[absolutamente]] [[necessário]] e [[absolutamente]] [[lógico]]" (1).

Edição de 22h18min de 11 de Julho de 2019

1

Há duas formas correntes e contraditórias de con-ceber a realidade. Pela primeira, ela é o resultado do que nossos sentidos per-cebem. Pela segunda, ela depende de alguma teoria, racional ou criacionista. Tenta-se unir num terceiro módulo estas duas, seja dialeticamente, seja cientificamente. No entanto, a verdade é muito simples: Realidade é o que não cessa de vigorar e se dá a nós como acontecer poético. A realidade nunca depende, como se crê normalmente, de uma concepção. Ela simplesmente vigora acontecendo, sendo, portanto, um incessante poietizar ou popularmente poetar dela e por ela mesma. Além dessas duas, podemos falar numa terceira que é bem mais completa e complexa: como a realidade se dá na obra de arte. É que esta se revela para o ser humano e com o ser humano como mundo, sentido e verdade.


- Manuel Antônio de Castro

2

A realidade é unidade de real e ideal, de real e irreal no vir-a-ser das realizações. Como unidade a realidade é um mistério que, portanto, exclui qualquer atributo. E dessa maneira não diz respeito a limites, ou seja, a entes. Não sendo ente nenhum e nem a totalidade dos entes, que podemos denominar apropriadamente real, a realidade é nada de ente, enfim, a realidade é o nada criativo. A realidade funda o real, mas o real não é a realidade, pois a realidade é a possibilidade também de todo vir a ser, seja do que já se realizou em realizações, seja do que ainda não se realizou e é possível, portanto, ideal. Enfim, a realidade, embora origine os entes, não é nada de ente nem a soma de todos os entes. Caso contrário não comportaria também o ideal e até mesmo o irreal, pois este pode perfeitamente conter o que vigora, mas não é ente determinado e já realizado. Para esta questão de irreal é necessário levar em consideração, assim como para todas as distinções aqui feitas, a questão da verdade. Então, irreal pode se referir a algo que não é verdadeiro. Mas jamais podemos esquecer que verdadeiro implica o que se manifesta e o que se oculta, como bem o diz a palavra grega para verdade a-letheia.


Manuel Antônio de Castro

3

Numa visão do senso-comum ou do positivismo endêmico, a realidade é o que está aí e nos cerca. Porém, essa questão é bem mais complexa. Essa complexidade pode ser pensada a partir do fragmento 123 de Heráclito, quando diz: "A natureza ama retrair-se" (1), onde a realidade é a tensão no amar tanto do que se manifesta, se desvela, quanto do que se retrai, se vela. Emmanuel Carneiro Leão, a esse propósito, vai falar de totalidade do real ou natureza e tudo que de alguma maneira se desvela, já a realidade é o que se manifestando se retrai. A realização é o amor que é o agir, pelo qual se dá o manifestar-se e o retrair-se. Em suas palavras: "A totalidade do real, o espaço-tempo de todas as coisas, não é apenas o reino aberto das diferenças, onde tudo se distingue de tudo... A totalidade do real é também o reino misterioso da identidade, onde cada coisa não é somente ela mesma, por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem uni-versais, onde tudo é uno: hen panta. No movimento de sua realização, a realidade é tanto o horizonte em expansão da luz de todas as singularidades como a uni-versalidade protetora da noite, onde todos os gatos são pardos" (2). O "hen panta" a que Leão se reporta é o núcleo do fragmento 50 de Heráclito. Por este fragmento também podemos pensar a noite como sendo o silêncio falante do lógos.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HERÁCLITO et alii. Os pensadores originários. Petrópolis: Vozes, 1991.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 84.

4

"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear da realidade. Toda realidade é unidade de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53.


Ver também:
*Logos
*Ser

5

Realidade não é só o que se vê ou sente. Realidade é propriamente a vigência do vigente que se dando como ver, sentir, criar e crer permanentemente se retrai e vela. Mesmo do que se dá a ver e sentir, vemos e sentimos muito pouco. Por isso mesmo, a vigência do vigente é muito mais do que o consciente e do que o inconsciente. Realidade como vigência do vigente é o ser e o nada do abismal mistério: amor.


- Manuel Antônio de Castro

6

"O sentido da realidade é uma questão de talento. Para a maioria das pessoas falta esse talento... e talvez seja melhor assim..." (1). Não só a realidade de cada um é uma questão de dávida da vida, também a dávida do sentido da realidade é um dom, que se recebeu ou não. Cabe a cada um com simplicidade acolher esse dom e não exigir dos outros o que não recebeu, porque o sentido da realidade não é algo que se consiga pelo uso da razão. Alguém pode ser muito erudito e racional e não ter o dom do sentido da realidade. Porque isso é assim é um mistério. Os antigos diziam que esse sentido da realidade é uma questão de destino, assim como ser um Beethoven, um Bach, um Sófocles, um Guimarães Rosa, é uma questão de destino. Friedrich Hölderlin, para assinalar esse destino nele, afirmou num momento de grande lucidez e loucura: "Apolo me feriu". Àquele que foi ferido pelo sentido não cabe deixar de cumprir o destino, que não pode ser confundido com "radicalismo" conceitual e doutrinal. Se então há radicalismo, é o radicalismo das questões. E estas é que nos têm, como o destino. O sentido da realidade é o originário da realidade se manifestando. Sentido da realidade é o saber da realidade. Em Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa também se refere a esta questão do sentido da realidade, que ele denomina, ser-tão, dizendo: "Sendo isto. Ao doido doideiras digo...Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei...Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas - e só essas poucas veredas, veredazinhas" (2). Por que para a maioria das pessoas falta o sentido da realidade não cabe a nós indagar. Em princípio todos o recebem, mas tornar-se um dom no sentido de um destino específico para algo, isso já é uma questão de talento, como muito bem afirma Bergman, embora como ser humanos todos estejam abertos para essa possibilidade.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) BERGMAN, Ingmar. No filme Sonata de outono.
(2) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 79.

7

"Deixe-me lhe dizer uma coisa Anna Egerman. Na minha idade, quando nos inclinamos para a frente, às vezes, nossa mente entra em uma outra realidade. Os mortos não estão mais mortos. Os vivos parecem fantasmas. O que era óbvio um minuto atrás... tornou-se peculiar e impenetrável. Anna... ouça o silêncio aqui neste palco. Imagine toda a energia espiritual, todos os sentimentos reais e representados...riso, fúria, paixão e Deus sabe mais o quê...Tudo isso permanece aqui...fechado...vivendo sua vida secreta e ininterrupta. Às vezes eu os ouço. Às vezes, não. Sempre. Às vezes acho que consigo vê-los...demônios, anjos...fantasmas...pessoas comuns...cuidando atentamente de suas vidas. Fechadas. Reservadas" (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Fala do personagem Henrik Vogler, no filme Depois do ensaio.

8

"O vidente é aquele que já tem visto a totalidade das coisas que se apresenta na presença: em latim vidit; em alemão er steht in Wissen (ele está a par). Ter visto é a ausência do saber. No ter visto já há sempre outra coisa em jogo que a simples realização de um processo ótico. No ter visto a relação com aquilo que se apresenta já retrocedeu para trás de toda a espécie de percepção sensível e não-sensível. A partir daí, o ter visto está relacionado com a presença que se clarifica.
O ver não se determina a partir do olho, mas a partir da clareira do ser. A in-sistência nela constitui a articulação de todos os sentidos humanos. A essência do ver enquanto ter visto é o saber. Este contém a visão. Ele permanece na lembrança da presença. O saber é a lembrança do ser. É por isso que Mnemosýne é a mãe das musas. Saber não é a ciência no sentido moderno. Saber é salvaguarda pensante da guarda do ser" (1).
Na medida em que todo ver pressupõe o já ter visto de alguma maneira é que dá origem ao vidente e à evidência. Esta não precisa de mediação, por ela a realidade se mostra no que ela é e em-si. Por isso, dizemos frequentemente: isso é evidente, ou seja, não precisa de uma explicação, de uma mediação. Em sua essência, todo ser humano é um vidente, embora poucos consigam quebrar o hábito do ver banal e cotidiano. Todo artista, especialmente o poeta e pintor, se deixa tomar em seu ver e dizer pela evidência. Na dança, o meio de manifestar o evidente é o gesto. Todo gesto na dança manifesta a realidade acontecendo, dando-se a ver.


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Os pré-socráticos. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 34.
- Manuel Antônio de Castro

9

A Realidade é mistério em contínua realização, produzindo os reais (on, onta, em grego) como seu modo de se desvelar. Daí a variedade de reais ou mundos, enquanto conjunto de coisas ou entes com sentido de totalidades parciais. Real diz o que é, o próprio da Realidade, como o poético é o próprio da Poética e o humano é o próprio da Humanidade. À realidade, à Poética, à Humanidade não temos acesso, porque nenhuma língua pode dizê-las, embora toda língua seja língua de Linguagem como todo humano é humano da Humanidade e todo real é real da Realidade. Nesta tensão constante e dialética acontecem as realizações.


- Manuel Antônio de Castro


10

"A realidade se dá na medida e enquanto se retrai nas realizações" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Logos, mythos, epos". In: -----. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 31.

11

"Tomas: Existe uma palavra mágica para nós descrentes.
"Jenny: O que quer dizer?
"Às vezes eu a sussurro para mim.
"Pode me dizer qual é?
"Eu desejo ardentemente que alguém me toque para eu me tornar real. Eu repito sempre: "Permita que eu me torne real."
" Jemmy: O que quer dizer com "real"?
" Tomas: Ouvir uma voz humana e saber que ela vem de alguém que sente como eu. Beijar uma boca e saber de imediato que é uma boca. Não ter que repetir o momento terrível mais uma vez no qual experiências anteriores não dizem que era uma boca que beijei. Para mim realidade é quando alegria é verdadeira alegria. E sofrimento é verdadeiro sofrimento. Eu não sei. O real não é isso que eu imagino. Nâo existe razão para a realidade existir. Ela não é nada mais que uma esperança" (1).


(1) BERGMAN, Ingmar. Filme Face a face. Falas dos personagens: Jemmy e Tomas.

12

Quem diz sentido o faz já no horizonte do vigorar da realidade em linguagem, sentido, verdade e mundo. Realidade é acontecer nas realizações do real. Não há realização do real sem abertura de verdade e mundo, pois todo acontecer da realidade manifesta e vela.


- Manuel Antônio de Castro

13

"... toda experiência radical de pensamento se embrenha pelas raízes da própria possibilidade de pensar as realizações do real no e pelo mistério da realidade" (1).


- Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Deus e o homem louco". In: Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 188: 145-153, jan.-mar., 2012, p. 145.


14

"Não há fala sem linguagem como não há realidade sem onta (sendos). Toda fala é uma fala da linguagem assim como todo on é um on da phýsis, ser, realidade. Disso decorre que a linguagem implica a realidade e a realidade implica a linguagem. Cada fala e cada on já são posições dentro da realidade e dentro da linguagem" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.

15

"Em 1950, o matemático americano Norbert Wiener publicava o livro The human use of human beings – cybernetics and society, em que propunha o campo da cibernética como o conhecimento em torno de sistemas de controle, comunicação e transmissão de informações. Tal conhecimento poderia automatizar muitos aspectos da vida humana, tornando-a mais livre e menos dependente do trabalho manual" (1).


Referência:
(1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set.,2015, p. 78.

16

"O que não pode ser esquecido é que o vocabulário, ao nos circunscrever num determinado mundo real, não quer isso dizer que tenhamos já toda a realidade, ou que ela seja toda determinada por esse vocabulário. A realidade é bem mais dinâmica e nem todos os seres humanos são determinados pelo vocabulário. Há outras realizações que convivem entre si e em relação à realidade geral de uma maneira muito dinâmica, múltipla e ambígua, inovadora" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 242.


17

"Entenda-se por realidade não apenas o âmbito do já feito e realizado, o real. Realidade é desde sempre mistério. Em geral, pensamos falar de realidade ou real quando, na verdade, falamos das suas diferentes manifestações históricas, que podemos adequadamente denominar: mundos (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A história do sentido das artes e as épocas". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 287.

19

"A realidade é o labirinto que exige de nós uma caminhada de sentido, um motivo que nos mova em nossa existência. É para esse sentido que a dança nos conduz, se a deixarmos operar ,se tivermos a coragem de nos entregarmos a ela em sua vigência. Na dança poética somos tomados pelo que somos, pois ser é sempre uma tarefa poética, onde quem vigora é o princípio: o não cessar de estar sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 83.


20

"Mentira e realidade são uma coisa só. Tudo pode acontecer. Tudo é sonho e verdade. Tempo e espaço não existem. Sobre a frágil base da realidade, a imaginação tece sua teia e desenha novas formas, novos destinos" (1).


(1) Referência:
Strindberg. Peça teatral "Sonhos". Passagem citada no filme de Ingmar Bergman Fanny e Alexander, 1982.


21

"Seu método de reflexão filosófica é exclusivamente o método dialético triádico: tese, antítese e síntese, ou melhor, segundo a terminologia hegeliana: afirmação (Tese), negação (Antítese) e negação da negação e afirmação da afirmação (Síntese). Por este método Hegel pretende mostrar como se classificam racionalmente e como se encadeiam racionalmente, e com necessidade, todos os aspectos mais importantes da realidade, a partir dos mais abstratos como: o ser em geral, o vir-a-ser, a qualidade, a quantidade etc., até os mais concretos como os diversos tipos de civilizações e de filosofias. Estes vários aspectos da realidade são as tais “essências” que, segundo Hegel, estão logicamente e realmente tão encadeadas que a existência de uma implica necessariamente a existência de todas as demais. Todo o “sistema” da realidade é absolutamente necessário e absolutamente lógico" (1).


Referência:
HUMMES ofm, Cardeal Dom Cláudio. História da Filosofia. Curso dado em 1963, em Daltro Filho, hoje cidade de Imigrantes, RS. Anotações distribuídas em sala de aula.
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