Finitude
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : "O [[homem]] não é só um [[ser]] simplesmente [[finito]]. O [[homem]] é o mais [[finito]] dos [[seres]], porque, na [[finitude]], ele sente sempre o [[infinito]] do [[nada]], mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser [[infinito]]. É na [[finitude]] sem fim do [[nada]] que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o [[infinito]]" (1). | + | : "O [[homem]] não é só um [[ser]] simplesmente [[finito]]. O [[homem]] é o mais [[finito]] dos [[seres]], porque, na [[finitude]], ele sente [[sempre]] o [[infinito]] do [[nada]], mesmo em toda pretensão, escamoteada, de [[ser]] [[infinito]]. É na [[finitude]] sem fim do [[nada]] que afirma, em [[tudo]] que faz e/ou deixa de fazer, o [[infinito]]" (1). |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O [[sentido]] do [[pseudônimo]]". In: -----. [[Aprendendo]] a [[pensar]] III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.''' |
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- | : "A [[angústia]] nos corta a [[palavra]]. Pelo [[fato]] de o [[ente]] em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o [[nada]], em sua [[presença]], emudece qualquer dicção do "[[é]]". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na [[estranheza]] da [[angústia]], romper o [[vazio]] [[silêncio]] com [[palavras]] sem nexo é apenas o testemunho da [[presença]] do [[nada]]. Que a [[angústia]] revela o [[nada]] é confirmado imediatamente pelo próprio [[homem]] quando a [[angústia]] se afastou. Na posse da [[claridade]] do olhar, a lembrança recente nos leva a [[dizer]]: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - [[nada]]. Efetivamente: o [[nada]] mesmo - enquanto tal - estava aí" (1). | + | : "A [[angústia]] nos corta a [[palavra]]. Pelo [[fato]] de o [[ente]] em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o [[nada]], em sua [[presença]], emudece qualquer dicção do "[[é]]". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na [[estranheza]] da [[angústia]], romper o [[vazio]] [[silêncio]] com [[palavras]] sem nexo é apenas o testemunho da [[presença]] do [[nada]]. Que a [[angústia]] revela o [[nada]] é confirmado imediatamente pelo próprio [[homem]] quando a [[angústia]] se afastou. Na posse da [[claridade]] do olhar, a lembrança recente nos leva a [[dizer]]: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - [[nada]]. Efetivamente: o [[nada]] mesmo - enquanto tal - estava aí" (1). |
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: De alguma maneira a [[angústia]] está ligada à nossa [[condição humana]] de [[finitos]], ou seja, à nossa [[finitude]], pois nesta nos defrontamos com o [[nada]] que elimina quaisquer [[limites]] e então surge a [[angústia]] diante do [[infinito]]. É que a [[finitude]] se faz presente em todo o nosso [[caminhar]], em todo o nosso [[querer]], em todas as nossas [[ações]] em sua [[essência]]. Como fica a nossa [[liberdade]] e o nosso [[conhecer]]? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que [[nada]] sei? Certamente somente o [[ser humano]] é tomado pela [[angústia]], pois só ele [[é]] [[finito]] e sabe que [[é]] [[finito]] diante do [[infinito]]. Como fica diante da [[finitude]] a nossa [[plenitude]] e [[felicidade]]? | : De alguma maneira a [[angústia]] está ligada à nossa [[condição humana]] de [[finitos]], ou seja, à nossa [[finitude]], pois nesta nos defrontamos com o [[nada]] que elimina quaisquer [[limites]] e então surge a [[angústia]] diante do [[infinito]]. É que a [[finitude]] se faz presente em todo o nosso [[caminhar]], em todo o nosso [[querer]], em todas as nossas [[ações]] em sua [[essência]]. Como fica a nossa [[liberdade]] e o nosso [[conhecer]]? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que [[nada]] sei? Certamente somente o [[ser humano]] é tomado pela [[angústia]], pois só ele [[é]] [[finito]] e sabe que [[é]] [[finito]] diante do [[infinito]]. Como fica diante da [[finitude]] a nossa [[plenitude]] e [[felicidade]]? | ||
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[ser humano]] e seus [[limites]]". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos [[limites]] - [[ensaios]] para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 234.''' |
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- | : "Deve (o leitor) deixar cada [[palavra]] vir com sua força [[poética]] e nela descobrirá algo maravilhoso: que a [[resposta]], qualquer [[resposta]], só é verdadeiramente [[resposta]] se recolocar a [[questão]], pois somos radicalmente seres-do-entre, [[entre]] [[pergunta]] e [[resposta]], [[entre]] [[vida]] e [[morte]]. Vivemos sempre em [[liminaridade]], uma [[liminaridade]] em que vigora a [[essência]] [[originária]], porque [[poética]], pela qual tanto mais realizamos nossa [[finitude]] quanto mais, corajosamente, nos lançamos no [[não-finito]]" (1). | + | : "Deve (o leitor) deixar cada [[palavra]] vir com sua força [[poética]] e nela descobrirá [[algo]] maravilhoso: que a [[resposta]], qualquer [[resposta]], só é [[verdadeiramente]] [[resposta]] se recolocar a [[questão]], pois somos [[radicalmente]] seres-do-[[entre]], [[entre]] [[pergunta]] e [[resposta]], [[entre]] [[vida]] e [[morte]]. Vivemos [[sempre]] em [[liminaridade]], uma [[liminaridade]] em que [[vigora]] a [[essência]] [[originária]], porque [[poética]], pela qual tanto mais realizamos nossa [[finitude]] quanto mais, corajosamente, nos lançamos no [[não-finito]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.''' |
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- | : "A [[pergunta]] revelou a [[diferença ontológica]] [[entre]] o [[ente]] e o [[ser]]: o [[ente]] “[[é]]”, está posto no [[ser]] e em virtude do [[ser]], mas ele não é o [[ser]] mesmo, o ser-na-sua-totalidade. Ora, com esta [[diferença ontológica]] está posta igualmente a [[finitude]] do [[ente]]: a [[finitude]] do perguntador e do perguntado" (1). | + | : "A [[pergunta]] revelou a [[diferença ontológica]] [[entre]] o [[ente]] e o [[ser]]: o [[ente]] “[[é]]”, está posto no [[ser]] e em virtude do [[ser]], mas ele não é o [[ser]] mesmo, o ser-na-sua-totalidade. Ora, com esta [[diferença ontológica]] está posta igualmente a [[finitude]] do [[ente]]: a [[finitude]] do [[perguntador]] e do [[perguntado]]" (1). |
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+ | : "A [[finitude]] de nosso [[saber]] é o [[saber]] de nossa [[finitude]] pela e na qual podemos nos [[libertar]] e chegar a [[ser felizes]]. O [[saber]] de nossa [[finitude]] só nos pode advir de nossa [[não-finitude]], o [[nada]], a [[morte]]" (1). | ||
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+ | : Referência bibliográfica: | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: ---. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.''' |
Edição atual tal como 03h05min de 27 de janeiro de 2025
Tabela de conteúdo |
1
- A afirmação tanto do "eu" quanto do "sou" implica a existência do limite, mas a finitude é mais: é o saber-se limitado no tender ao ser e sempre tão próximo quanto distante dele. Vivemos na finitude a dialética de distância e proximidade. É assim que o eu encontra a sua medida no sou. Em realidade, verdadeiramente, só podemos falar de finitude em relação ao ser humano e não em relação aos outros entes, embora todos sejam limitados. A finitude inclui o limite, mas todo e qualquer limite não inclui a finitude. Nesta nos deparamos com a questão da morte e é, então, que a finitude aparece em toda a sua dramaticidade. Nesta época da globalização acentua-se e procura-se incutir nas pessoas o poder de fugir à finitude e à morte. Estas passam a ser algo que se pode protelar com tratamentos adequados e milagreiros. Acontece então que a finitude nos advém em meio a essa promessa de felicidade aqui e agora e eterna quando somos tomados pela angústia e pela solidão. Há um palíndromo entre finitude e solidão. A finitude gera a solidão que não é ser só, mas só ser o sendo que somos e tende continuamente para o ser, ou seja, experiência-se sendo e gerando a angústia da finitude e seu apelo de ser infinito, pleno, luz e claridade total vigorando. É da condição humana: ser finitude e solidão.
2
- "O homem não é só um ser simplesmente finito. O homem é o mais finito dos seres, porque, na finitude, ele sente sempre o infinito do nada, mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser infinito. É na finitude sem fim do nada que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o infinito" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.
3
- "A angústia nos corta a palavra. Pelo fato de o ente em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o nada, em sua presença, emudece qualquer dicção do "é". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na estranheza da angústia, romper o vazio silêncio com palavras sem nexo é apenas o testemunho da presença do nada. Que a angústia revela o nada é confirmado imediatamente pelo próprio homem quando a angústia se afastou. Na posse da claridade do olhar, a lembrança recente nos leva a dizer: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - nada. Efetivamente: o nada mesmo - enquanto tal - estava aí" (1).
- De alguma maneira a angústia está ligada à nossa condição humana de finitos, ou seja, à nossa finitude, pois nesta nos defrontamos com o nada que elimina quaisquer limites e então surge a angústia diante do infinito. É que a finitude se faz presente em todo o nosso caminhar, em todo o nosso querer, em todas as nossas ações em sua essência. Como fica a nossa liberdade e o nosso conhecer? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que nada sei? Certamente somente o ser humano é tomado pela angústia, pois só ele é finito e sabe que é finito diante do infinito. Como fica diante da finitude a nossa plenitude e felicidade?
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica?". In: ---. Heidegger. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 40.
4
- "Os bens respondem e correspondem às necessidades dos viventes pelo fato de estarem sendo, de ocuparem, como finitos, posições e além posições, pois cada um é um entre-ser. Toda finitude implica liminaridade. O bem responde e corresponde à necessidade do ser vida" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 206.
5
- "Em nossa finitude essencial, para falarmos de ser, explícita ou implicitamente, sempre temos de partir do “é”. Ora, o “é” diz respeito ao “ente” e seu conhecimento. Então, em nossa finitude, a questão assim nos desafia: de um lado, não podemos reduzir o Ser ao ente, mas, de outro, se coloca a difícil e enigmática questão se e como o Ser é" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos limites - ensaios para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 234.
6
- "O que é o sendo?
- Disso decorre o seguinte desdobramento do caminho de acesso a o que é?, para o ser humano: este, em sua finitude, passa sempre e necessariamente por duas instâncias: o ente e a língua para chegar ao conhecimento. Pois tudo que é é na medida em que é ente" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos limites - ensaios para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 234.
7
- "Contudo, não há ente sem Ser nem conhecimento sem pensamento e nem língua sem linguagem. Porém, toda e qualquer obra de arte é originariamente um perguntar. Por isso os gregos perguntavam sempre: tì tò ón? O entendimento, enquanto pensamento e linguagem, desta pergunta se torna decisivo para o encaminhamento da compreensão de nossa finitude, de nossos limites. Limites de ser e conhecer" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos limites - ensaios para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 234.
8
- "Deve (o leitor) deixar cada palavra vir com sua força poética e nela descobrirá algo maravilhoso: que a resposta, qualquer resposta, só é verdadeiramente resposta se recolocar a questão, pois somos radicalmente seres-do-entre, entre pergunta e resposta, entre vida e morte. Vivemos sempre em liminaridade, uma liminaridade em que vigora a essência originária, porque poética, pela qual tanto mais realizamos nossa finitude quanto mais, corajosamente, nos lançamos no não-finito" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.
9
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 149.
10
- "A pergunta revelou a diferença ontológica entre o ente e o ser: o ente “é”, está posto no ser e em virtude do ser, mas ele não é o ser mesmo, o ser-na-sua-totalidade. Ora, com esta diferença ontológica está posta igualmente a finitude do ente: a finitude do perguntador e do perguntado" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
11
- "... a finitude irremediável do espírito humano impõe ao homem que seu auto-exercício espiritual se processe sob estes dois aspectos de saber e de querer" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
12
- "A finitude de nosso saber é o saber de nossa finitude pela e na qual podemos nos libertar e chegar a ser felizes. O saber de nossa finitude só nos pode advir de nossa não-finitude, o nada, a morte" (1).
- Referência bibliográfica: