Natureza
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : "Ao vigor vigente como tal os gregos denominavam ''[[phýsis]]'' e ao [[acontecer]] dessa [[vigência]]: ''a-létheia'' ou ''[[poíesis]]'', isto é, [[desvelamento]], na medida em que este é a essência da [[verdade]]. O des-velamento, essência da mudança, é a verdade enquanto o poético do real, da ''phýsis''. Este mudar [[originário]] é a [[essência]] da [[História]], ou seja, é o próprio [[acontecer]] [[poético]] do [[real]], da ''[[physis]]'' enquanto natureza E [[cultura]]" (1). | + | : "Ao [[vigor]] [[vigente]] como tal os [[gregos]] denominavam ''[[phýsis]]'' e ao [[acontecer]] dessa [[vigência]]: ''a-létheia'' ou ''[[poíesis]]'', isto é, [[desvelamento]], na medida em que este é a [[essência]] da [[verdade]]. O des-velamento, [[essência]] da [[mudança]], é a [[verdade]] enquanto o [[poético]] do real, da ''[[phýsis]]''. Este [[mudar]] [[originário]] é a [[essência]] da [[História]], ou seja, é o [[próprio]] [[acontecer]] [[poético]] do [[real]], da ''[[physis]]'' enquanto [[natureza]] E [[cultura]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Permanência]] e atualidade da [[Poética]]". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 171, out.-dez. 2007, p. 12.''' |
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+ | : "[[Sempre]] constatei que a [[ciência]] [[ocidental]] era um pouco considerada como um imperialismo, como uma maneira muito particular de se verem as [[coisas]] ligada, justamente, a essas [[leis]] da [[natureza]]. Ora, na China, por exemplo, [[natureza]] significa o que se faz espontaneamente. A [[ideia]] das [[leis]] da [[natureza]] é, portanto, estranha às outras [[tradições]] culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a [[ciência]] oferece perspectivas mais [[universais]]" (1). | ||
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+ | : (1) PRIGOGINE, Ilya.'''"Estaremos às vésperas de um terceiro [[humanismo]]?". In: Revista Tempo Brasileiro - [[Cultura]], [[ciência]] e [[técnica]], 168, jan.-mar., 2007, p. 7.''' | ||
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- | : (1) | + | : (1) [[HERÁCLITO]],''' frag. 123. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os [[pensadores]] [[originários]] - Anaximandro, Parmênides, [[Heráclito]]. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.''' |
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+ | : "A [[Natureza]], para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como [[unidade]] e [[multiplicidade]], num eterno retorno tensional. Simboliza a [[unidade]] pelo [[instinto]] [[dionisíaco]], que tem um [[conhecimento]] imediato de si. O [[uno]] tem [[necessidade]] para sua [[libertação]] do encanto da [[visão]] e da [[alegria]] da [[aparência]], pois quanto mais [[diferente]] mais [[uno]], daí tender à [[aparência]], ou seja, ao [[múltiplo]], ao [[finito]] e [[individual]], sentindo-se cada um [[alienado]] e sofrendo. Toma como [[símbolo]] da [[aparência]] ou da [[multiplicidade]] o [[instinto]] [[apolíneo]]. O [[uno]] ao multiplicar-se e, portanto, [[libertar-se]], experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no [[renascer]] da [[multiplicidade]] e [[aparência]], conhece que o gozo da [[aparência]] é falaz e retorna ao [[uno]]. Nessa [[perspectiva]], o [[trágico]] é a [[representação]] simbólica da [[sabedoria]] [[dionisíaca]], com a ajuda de meios [[artísticos]] [[apolíneos]] e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao [[uno]]. O estado [[apolíneo]], pela [[aparência]], corresponde ao [[princípio]] da “[[medida]]” no [[sentido]] [[helênico]]" (1). | ||
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+ | : "A [[palavra]] [[natureza]] provém do supino ''natura'', do [[verbo]] [[latino]] ''nascor''. Indica [[tudo]] que ainda vai [[nascer]]. Portanto, a [[natureza]] já está na semente, já está em nosso [[código]] [[genético]], já está na [[essência]] de cada [[ente]], de cada [[sendo]]" (1). | ||
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- | : (1) | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Amar]] e [[ser]]". In: ---. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 301.''' |
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+ | : "Não importa se somos [[indígenas]] ou [[brancos]], é [[tempo]] de a [[gente]] se [[juntar]] e [[unificar]] o [[pensamento]]. Vem aí a [[era]] da [[verdade]], do [[amor]], do [[equilíbrio]], com a [[natureza]] ditando as [[regras]]. A [[solução]] não está [[fora]], está [[dentro]] de nós" (1). | ||
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+ | : (1) YAWANAWÁ, Putanny - Pajé. '''A [[cura]] do [[mundo]] é pela [[espiritualidade]], e ela é coletiva. Entrevista a Maria Fortuna. In: O Globo. Segundo Caderno, Quarta-feira, 01-01-2020, p. 2.''' | ||
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+ | : "A [[natureza]] se diz em [[grego]] ''[[physis]]'' e esta vem do verbo grego ''phyo'', que significa tudo que nasce, se torna, aparece, se faz [[presente]] numa excessividade múltipla, diversa, contínua, [[poética]], sejam [[fenômenos]] [[naturais]], [[culturais]] ou [[históricos]]" (1). | ||
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+ | : "... a [[doutrina]] da imutabilidade da [[essência]] tinha a vantagem de poder-se construir uma [[ciência]] [[universal]], válida para todos e para todos os [[tempos]]: [[sempre]] e para todos os [[homens]] valeria que o [[homem]] é um “''animal rationabilis''”. Esta [[verdade]] constituía uma conquista de [[valor]] [[eterno]] e [[universal]]. Esta [[lei]] interna era também chamada “''a [[lei]] [[natural]]''”. Isto porque a [[essência]] era também chamada de “''[[natureza]]''”, em vez de [[falar]] de “[[essência]] do [[homem]]” podia-se [[dizer]] também “''[[natureza]]''”. Aliás, é muito significativo este termo “''[[natureza]]''” para indicar a [[essência]]. A primeira preocupação filosófica do [[homem]], na [[história]], foi a de [[explicar]] a [[natureza]], o [[mundo]] que o rodeia, do qual ele se considerava como fazendo [[parte]] da mesma [[forma]] como todos os demais [[entes]] que o rodeavam" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : "A [[natureza]] indicava de um lado todo o conjunto deste [[mundo]] múltiplo, mas também indicava o modo de [[ser]] de cada [[ente]] deste [[mundo]]: a [[natureza]] dos astros, a [[natureza]] da [[matéria]], a [[natureza]] do cavalo, a [[natureza]] do [[homem]] e assim por diante. Mais uma vez se verifica que o [[homem]] era interpretado segundo o mesmo esquema [[metafísico]] de todos os demais [[entes]] mundanos: todos têm a sua [[natureza]] determinada, bem definida, dentro de cujos [[limites]] se movem" (1). | ||
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+ | : "Por [[realidade]] entende-se a ''[[physis]]'', que foi traduzida para o latim como ''[[natura]]'', ou seja, a [[natureza]]. Mas esta não era concebida como hoje, onde se dá uma [[oposição]] [[entre]] [[natureza]] e [[cultura]]. [[Natureza]] eram todos os [[entes]] e [[cultura]] era [[tudo]] que a [[natureza]] não fazia e precisava do [[ser humano]] para que fosse feito. Este [[fazer]] que a [[natureza]] não fazia e era realizado pelo [[ser humano]], levando a própria [[natureza]] a uma [[plenitude]] que em si mesma ela não realizava, isso se dava pelo [[princípio]] da ''[[techné]]''. ''[[Techné]]'' diz [[conhecimento]]" (1). | ||
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+ | : "[[Circe]] é a “‘[[deusa]] das [[deusas]]’, ‘a filha do [[sol]]’, cujo [[nome]] remete a ''kirkos'', e que os escólios identificam com o anel ou [[círculo]] da [[natureza]] poderosa que reúne [[vida]] e [[morte]], nascimento e destruição num [[eterno]] [[movimento]], ou com o [[movimento]] [[circular]] do [[universo]]” (Schuback: 1999, 166) (1). No verso 150, do mesmo [[canto]], assim [[Ulisses]] caracteriza [[Circe]]: | ||
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+ | : [[Circe]], de tranças bem feitas, canora e terrível [[deidade]]. (Homero: 1960, 183)"(2) (3). | ||
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+ | : (1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante (Org.).''' "As cordas serenas de [[Ulisses]]". In: [[Ensaios]] de [[filosofia]]. Petrópolis R/J: Vozes, 1999.''' | ||
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+ | : (2) HOMERO. '''Odisseia. 3.e. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1960. ''' | ||
+ | : (3) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]”. In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.''' | ||
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+ | : "A [[natureza]] dá e tira a [[vida]], e esses dois [[aspectos]] opostos são completamente interdependentes: [[nada]] pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a [[tradição]] [[celta]] coloca [[animais]] ferozes e poderosos lado a lado com [[deusas]] delicadas e gentis" (1). | ||
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+ | : "A [[natureza]] só pode dar vazão à sua força de [[cura]] quando seu [[potencial]] para a destruição é mantido sob controle por meio das [[ações]] de intermediários, como os [[deuses]] da [[natureza]] e seus congêneres [[humanos]], os [[druidas]] e [[curandeiros]]" (1). | ||
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+ | : (1) HOOD, Juliette. '''O [[livro]] [[celta]] da [[vida]] e da [[morte]]. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora [[Pensamento]], 2011, p. 24. ''' | ||
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+ | : " ''Como é triste [[pensar]] que a [[natureza]] [[fala]], mas a [[humanidade]] não [[escuta]]''. Essa observação, feita há tantos anos por Victor Hugo, é ainda mais importante hoje. Num momento em que a [[pandemia]] da Covid-19 ameaça nossas [[vidas]], não devemos nos [[esquecer]] de que somos, em muitos [[aspectos]], os [[autores]] da nossa [[própria]] desgraça" (1). | ||
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+ | : (1) AZOULAY, Audrey e Outros. '''Reconciliando a [[humanidade]] com todos os [[seres]] vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.''' | ||
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+ | : "Já passou da hora de os [[seres humanos]] compreenderem que não somos os donos da [[Terra]], mas que dependemos dela. Para sermos capazes de compartilhar um [[mundo]] em comum, devemos tornar a proteção da [[natureza]] uma prioridade para nossas [[sociedades]], ou sofrer com as amargas consequências de sua destruição" (1). | ||
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+ | : (1) AZOULAY, Audrey e Outros. '''Reconciliando a [[humanidade]] com todos os [[seres]] vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.''' | ||
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+ | : "Em vez de [[ser]] uma máquina, a [[natureza]] como um [[todo]] se revela, em última [[análise]], mais parecida com a [[natureza]] [[humana]] - imprevisível, [[sensível]] ao [[mundo]] circunvizinho, influenciada por pequenas flutuações. Consequentemente, a maneira apropriada de nos aproximarmos da [[natureza]] para [[aprender]] acerca da sua [[complexidade]] e da sua [[beleza]] não é por meio da dominação e do controle, mas, sim, por meio do respeito, da cooperação e do [[diálogo]]" (1). | ||
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+ | : (1) CAPRA, Fritjof.''' "[[Estruturas]] Dissipativas". In: ---. A [[teia]] da [[vida]] - Uma nova [[compreensão]] [[científica]] dos [[sistemas]] vivos. São Paulo: Cultrix, 2004, 9. e., p. 138.''' | ||
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+ | : "Todo [[mito]] é a oferta das [[questões]] em [[imagens-questões]] e [[figuras]]. Os [[mitos]] têm muitas [[versões]] porque o [[real]] se manisfesta de muitas maneiras. Até a [[Física]] chegou à conclusão de que só pode ser [[Física]] da [[complexidade]]. Claro, a ''[[physis]]'', ou [[natureza]], é e será [[sempre]] [[questão]]. A ''[[Physis]]'' é mais do que a [[Física]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.''' | ||
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+ | : "A [[gente]] precisa mudar a nossa [[perspectiva]] de [[relação]] com a [[natureza]], e para mim o único [[caminho]] é reinventar um pouco a [[história]] de quem nós somos enquanto [[seres humanos]]. É quase como que se a [[gente]] precisasse de um novo [[mito]] de [[criação]]. O [[mito]] de [[criação]] mais prevalente no [[mundo]] [[ocidental]], o ''Gênesis'', [[sempre]] colocou a [[humanidade]] acima da [[natureza]]. A [[gente]] tem que mudar essa [[história]]" (1). | ||
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- | : (1) | + | : (1) GLEISER, Marcelo.''' "Parece Guru, mas não é". Entrevista Marcelo Gleiser, físico e [[escritor]]. In: O Globo, Segundo Caderno, Segunda-feira, 5-09-2022, p. 4.''' |
Edição atual tal como 21h22min de 27 de março de 2025
1
- "Ao vigor vigente como tal os gregos denominavam phýsis e ao acontecer dessa vigência: a-létheia ou poíesis, isto é, desvelamento, na medida em que este é a essência da verdade. O des-velamento, essência da mudança, é a verdade enquanto o poético do real, da phýsis. Este mudar originário é a essência da História, ou seja, é o próprio acontecer poético do real, da physis enquanto natureza E cultura" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 171, out.-dez. 2007, p. 12.
2
- "Sempre constatei que a ciência ocidental era um pouco considerada como um imperialismo, como uma maneira muito particular de se verem as coisas ligada, justamente, a essas leis da natureza. Ora, na China, por exemplo, natureza significa o que se faz espontaneamente. A ideia das leis da natureza é, portanto, estranha às outras tradições culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a ciência oferece perspectivas mais universais" (1).
- Referência:
- (1) PRIGOGINE, Ilya."Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo?". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 7.
3
- " Physis kryptestai philei - Surgimento já tende ao encobrimento" (1).
- Referência:
- (1) HERÁCLITO, frag. 123. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
4
- "A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:---. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.
5
- "A palavra natureza provém do supino natura, do verbo latino nascor. Indica tudo que ainda vai nascer. Portanto, a natureza já está na semente, já está em nosso código genético, já está na essência de cada ente, de cada sendo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 301.
6
- "Não importa se somos indígenas ou brancos, é tempo de a gente se juntar e unificar o pensamento. Vem aí a era da verdade, do amor, do equilíbrio, com a natureza ditando as regras. A solução não está fora, está dentro de nós" (1).
- Referência:
- (1) YAWANAWÁ, Putanny - Pajé. A cura do mundo é pela espiritualidade, e ela é coletiva. Entrevista a Maria Fortuna. In: O Globo. Segundo Caderno, Quarta-feira, 01-01-2020, p. 2.
7
- "A natureza se diz em grego physis e esta vem do verbo grego phyo, que significa tudo que nasce, se torna, aparece, se faz presente numa excessividade múltipla, diversa, contínua, poética, sejam fenômenos naturais, culturais ou históricos" (1).
- Referência:
8
- "... a doutrina da imutabilidade da essência tinha a vantagem de poder-se construir uma ciência universal, válida para todos e para todos os tempos: sempre e para todos os homens valeria que o homem é um “animal rationabilis”. Esta verdade constituía uma conquista de valor eterno e universal. Esta lei interna era também chamada “a lei natural”. Isto porque a essência era também chamada de “natureza”, em vez de falar de “essência do homem” podia-se dizer também “natureza”. Aliás, é muito significativo este termo “natureza” para indicar a essência. A primeira preocupação filosófica do homem, na história, foi a de explicar a natureza, o mundo que o rodeia, do qual ele se considerava como fazendo parte da mesma forma como todos os demais entes que o rodeavam" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
9
- "A natureza indicava de um lado todo o conjunto deste mundo múltiplo, mas também indicava o modo de ser de cada ente deste mundo: a natureza dos astros, a natureza da matéria, a natureza do cavalo, a natureza do homem e assim por diante. Mais uma vez se verifica que o homem era interpretado segundo o mesmo esquema metafísico de todos os demais entes mundanos: todos têm a sua natureza determinada, bem definida, dentro de cujos limites se movem" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
10
- "Por realidade entende-se a physis, que foi traduzida para o latim como natura, ou seja, a natureza. Mas esta não era concebida como hoje, onde se dá uma oposição entre natureza e cultura. Natureza eram todos os entes e cultura era tudo que a natureza não fazia e precisava do ser humano para que fosse feito. Este fazer que a natureza não fazia e era realizado pelo ser humano, levando a própria natureza a uma plenitude que em si mesma ela não realizava, isso se dava pelo princípio da techné. Techné diz conhecimento" (1).
- Referência:
11
- "Circe é a “‘deusa das deusas’, ‘a filha do sol’, cujo nome remete a kirkos, e que os escólios identificam com o anel ou círculo da natureza poderosa que reúne vida e morte, nascimento e destruição num eterno movimento, ou com o movimento circular do universo” (Schuback: 1999, 166) (1). No verso 150, do mesmo canto, assim Ulisses caracteriza Circe:
- Referência:
- (1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante (Org.). "As cordas serenas de Ulisses". In: Ensaios de filosofia. Petrópolis R/J: Vozes, 1999.
- (2) HOMERO. Odisseia. 3.e. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1960.
- (3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
12
- "A natureza dá e tira a vida, e esses dois aspectos opostos são completamente interdependentes: nada pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a tradição celta coloca animais ferozes e poderosos lado a lado com deusas delicadas e gentis" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
13
- "A natureza só pode dar vazão à sua força de cura quando seu potencial para a destruição é mantido sob controle por meio das ações de intermediários, como os deuses da natureza e seus congêneres humanos, os druidas e curandeiros" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
14
- " Como é triste pensar que a natureza fala, mas a humanidade não escuta. Essa observação, feita há tantos anos por Victor Hugo, é ainda mais importante hoje. Num momento em que a pandemia da Covid-19 ameaça nossas vidas, não devemos nos esquecer de que somos, em muitos aspectos, os autores da nossa própria desgraça" (1).
- Referência:
- (1) AZOULAY, Audrey e Outros. Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.
15
- "Já passou da hora de os seres humanos compreenderem que não somos os donos da Terra, mas que dependemos dela. Para sermos capazes de compartilhar um mundo em comum, devemos tornar a proteção da natureza uma prioridade para nossas sociedades, ou sofrer com as amargas consequências de sua destruição" (1).
- Referência:
- (1) AZOULAY, Audrey e Outros. Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.
16
- "Em vez de ser uma máquina, a natureza como um todo se revela, em última análise, mais parecida com a natureza humana - imprevisível, sensível ao mundo circunvizinho, influenciada por pequenas flutuações. Consequentemente, a maneira apropriada de nos aproximarmos da natureza para aprender acerca da sua complexidade e da sua beleza não é por meio da dominação e do controle, mas, sim, por meio do respeito, da cooperação e do diálogo" (1).
- Referência:
- (1) CAPRA, Fritjof. "Estruturas Dissipativas". In: ---. A teia da vida - Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2004, 9. e., p. 138.
17
- "Todo mito é a oferta das questões em imagens-questões e figuras. Os mitos têm muitas versões porque o real se manisfesta de muitas maneiras. Até a Física chegou à conclusão de que só pode ser Física da complexidade. Claro, a physis, ou natureza, é e será sempre questão. A Physis é mais do que a Física" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.
18
- "A gente precisa mudar a nossa perspectiva de relação com a natureza, e para mim o único caminho é reinventar um pouco a história de quem nós somos enquanto seres humanos. É quase como que se a gente precisasse de um novo mito de criação. O mito de criação mais prevalente no mundo ocidental, o Gênesis, sempre colocou a humanidade acima da natureza. A gente tem que mudar essa história" (1).
- Referência:
- (1) GLEISER, Marcelo. "Parece Guru, mas não é". Entrevista Marcelo Gleiser, físico e escritor. In: O Globo, Segundo Caderno, Segunda-feira, 5-09-2022, p. 4.