Espírito
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : "Ora, um [[exercício]] em que o [[ente]] é '''[[exercício]]''' e em que o [[ente]] é ''' | + | : "Ora, um [[exercício]] em que o [[ente]] é '''[[exercício]]''' e em que o [[ente]] é '''exercido''' sob a [[luz]] do [[ser]], no [[horizonte]] do [[ser]], chama-se um [[exercício]] [[espiritual]]. Em outras [[palavras]], quem é capaz de exercer o [[ente]] como tal, ou seja, [[compreender]] o [[ente]] a partir da [[luz]] de seu [[fundamento]], o [[ser]], este tal é um [[espírito]]. Logo, todo aquele que é capaz de formular uma [[pergunta]] é [[espírito]], porque a [[pergunta]] só é [[possível]] para quem tem esta abertura ao [[ser]] [[ilimitado]]. Por isto, na [[pergunta]] se revela que o [[homem]] é [[espírito]]" (1). |
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- | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ' | + | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. ''' |
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- | : [[ | + | : "... na medida em que eu atinjo o [[ser]] eu sei o [[ser]], no sentido de que ele se me torna transparente, se me revela. Ora, em primeira [[instância]] é o meu [[próprio]] [[ser]] que eu atinjo, que se me [[revela]]. E através dele [[eu]] atinjo o [[ser]] [[ilimitado]] como [[fundamento]] do meu [[ser]] e como [[luz]] que me faz [[compreender]] a mim mesmo como [[ente]]. É nisto que consiste para o [[homem]] o [[ser]] [[espírito]]: o [[homem]] se torna transparente a si mesmo como [[ente]], compreende-se a partir do [[ser]] [[ilimitado]], na [[luz]] do [[ser]] [[ilimitado]]. O [[homem]] assim é um [[ente]]-[[presente]]-a-si-mesmo, ou seja, um [[espírito]]. Porém, se o [[homem]] [[compreende]] a si mesmo a partir do [[horizonte]] do [[ser]] [[ilimitado]], significa que ele está [[aberto]] a este [[horizonte]]. E estando [[aberto]] a este [[horizonte]] o [[homem]] deve [[ser]] capaz igualmente de [[compreender]] os [[outros]] [[entes]] à [[luz]] do [[ser]] [[ilimitado]]" (1). |
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. ''' | ||
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- | : | + | : [[Espírito]]/[[espelho]] não é [[saber]] algo, ou seja, isto e aquilo e aquilo outro, mas, sim, [[especular]] "como [[saber]]" o seu [[próprio]] [[ser]], o que ele é no "como ele sabe". Porém, este [[saber]] não pode ficar no [[saber]] do "[[eu]]" (''Ego cogito'', de Descartes), mas no [[saber]] do "[[sou]]" que o "[[eu]]" é "como" [[saber]]. O "[[eu]]" só é a partir do [[ser]]. Ou seja, tem de [[vigorar]] no [[Ser]] para [[ser]] o que ele [[é]]. Por isso, o [[Ser]] nunca se restringe a um "como se sabe" nem se limita ao "que é" do [[ente]]. Daí a afirmação de [[Heidegger]] dizendo que o [[Ser]] não é, pois, se fosse, seria [[ente]] e não [[Ser]]. Por outro lado, o [[sendo]] [[é]] [[sendo]] do [[Ser]]. E, por isso, afirmou também que o que antes de tudo [[é]] [[é]] o [[Ser]]. Há, pois, um [[Espírito]] relacionado ao [[saber]]/[[ente]] do [[homem]] e o [[Espírito]] referenciado ao [[Saber]] / [[Ser]], como [[fundar]] de todos os [[saberes]] e [[entes]]. Porém, [[entre]] [[ente]] e [[Ser]] não há uma [[dicotomia]] e um isolamento, pois todo [[sendo]] é [[sendo]] do [[Ser]]. Portanto, o [[sendo]] que se sabe ([[Espírito]]) só se sabe e é na medida em que sabe e é como [[sendo]] do [[Ser]] ([[Espírito]]). |
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- | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''La pobreza | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''La pobreza. Buenos Aires: Amorrutu, 2006, p.99.''' |
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- | : "Os budistas consideram que o [[espírito]] está sempre desperto. A [[consciência]] e a [[compaixão]] são sua [[natureza]] [essência]. Para descobri-la e saboreá-la plenamente, o Buda ensinou diversos [[métodos]] de [[meditação]]. Sejam quais forem as [[práticas]] que nós utilizamos, todas são destinadas a aumentar a nossa atenção e nossa [[consciência]] despertada, a reforçar nosso [[sentimento]] de [[paz]] [[interior]], bem como a melhorar nossa capacidade de lidar com nossas [[emoções]]" (1). | + | : "Os budistas consideram que o [[espírito]] está sempre desperto. A [[consciência]] e a [[compaixão]] são sua [[natureza]] [essência]. Para descobri-la e saboreá-la plenamente, o [[Buda]] ensinou diversos [[métodos]] de [[meditação]]. Sejam quais forem as [[práticas]] que nós utilizamos, todas são destinadas a aumentar a nossa atenção e nossa [[consciência]] despertada, a reforçar nosso [[sentimento]] de [[paz]] [[interior]], bem como a melhorar nossa capacidade de lidar com nossas [[emoções]]" (1). |
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- | : (1) PANLOP RINPOCHÉ, Dzogehen. "Apêndice I - Instruções para a prática da meditação", p. 338. In: ------. | + | : (1) PANLOP RINPOCHÉ, Dzogehen.''' "Apêndice I - Instruções para a prática da meditação", p. 338. In: ------. [[Buda]] rebelde - sobre o [[caminho]] da [[libertação]].Traduzido do americano por Philippe delamare. Marabout. Belfon, um Departamento de Place des éditeurs, 2012, para a tradução francesa. Tradução do francês para o português de Manuel Antônio de Castro. |
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- | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ' | + | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' |
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- | : "''[[Psykhé]]'', psiqué, que se perpetuou [[universalmente]] com o [[sentido]] de ''[[alma]]'' nas [[línguas]] cultas e em tantos compostos, provém do [[verbo]] ''psykhein'', soprar, [[respirar]], donde ''psiqué'', do ponto de vista [[etimológico]], significa [[respiração]], ''sopro vital'', ''[[vida]]''" (1). O importante a observar, ao tomarmos [[conhecimento]] da [[origem]] da [[palavra]] [[espírito]], é que tanto [[espírito]] quanto [[alma]] têm ambas as [[palavras]] como aquilo em que se [[fundam]] o [[elemento]] [[ar]]. Ora, o [[ar]] é um dos quatro [[elementos]] [[fundadores]] de [[tudo]], ao lado do [[fogo]], da [[água]] e da [[terra]]. O [[elemento]] [[ar]] é [[essencial]] no [[pensamento]] [[oriental]]. Assim ele, como [[respiração]] e controle desta é [[essencial]] para a | + | : "''[[Psykhé]]'', psiqué, que se perpetuou [[universalmente]] com o [[sentido]] de ''[[alma]]'' nas [[línguas]] cultas e em tantos compostos, provém do [[verbo]] ''psykhein'', soprar, [[respirar]], donde ''psiqué'', do ponto de vista [[etimológico]], significa [[respiração]], ''sopro vital'', ''[[vida]]''" (1). O importante a observar, ao tomarmos [[conhecimento]] da [[origem]] da [[palavra]] [[espírito]], é que tanto [[espírito]] quanto [[alma]] têm ambas as [[palavras]] como aquilo em que se [[fundam]] o [[elemento]] [[ar]]. Ora, o [[ar]] é um dos quatro [[elementos]] [[fundadores]] de [[tudo]], ao lado do [[fogo]], da [[água]] e da [[terra]]. O [[elemento]] [[ar]] é [[essencial]] no [[pensamento]] [[oriental]]. Assim ele, como [[respiração]] e controle desta é [[essencial]] para a Ioga, bem como para o [[pensamento]] e [[prática]] do [[Budismo]]. O [[ar]] que na [[vida]] inspiramos e expiramos é o próprio sopro [[vital]] ou [[anima]], isto é, [[alma]]. Daí a [[ligação]] entre [[ar]] e vida, [[alma]] e [[espírito]]. Seguem um [[caminho]] diferente do [[ocidental]], onde [[tudo]] está [[fundado]] no ''[[logos]]'', [[traduzido]] para o latim como [[verbo]] e [[razão]]. [[Fundamentados]] na [[razão]], na [[modernidade]] chega-se a negar o [[espírito]]. |
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- | : (1) BRANDÃO, Junito de Souza. ''Mitologia Grega | + | : (1) BRANDÃO, Junito de Souza. '''[[Mitologia]] [[Grega]], vol. I. Petrópolis/RJ: Vozes, 1986, p. 144.''' |
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- | : "A [[cultura]] é o [[espírito]] da [[nação]], o [[valor]] [[simbólico]] que a mantém una, que a faz [[existir]]. Ela não é só responsável por [[produtos]] de [[cinema]], [[música]], televisão, [[literatura]], [[artes]] | + | : "A [[cultura]] é o [[espírito]] da [[nação]], o [[valor]] [[simbólico]] que a mantém una, que a faz [[existir]]. Ela não é só responsável por [[produtos]] de [[cinema]], [[música]], televisão, [[literatura]], [[artes]] plásticas etc., como também pelos [[costumes]] de um [[povo]], os hábitos da população que se desenvolvem ao longo do [[tempo]]" (1). |
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- | : (1) DIEGUES, Cacá. "Cultura como economia". In: Jornal | + | : (1) DIEGUES, Cacá.''' "[[Cultura]] como [[economia]]". In: Jornal O Globo, 1o. Caderno, p.3, Segunda-feira, 20-08-2018.''' |
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- | : "Temos assim como final da problemática do [[ser]] do [[homem]]: O [[homem]] é [[liberdade]] limitada e, como tal, ele se dá a si mesmo a sua [[essência]], que será [[autêntica]] enquanto for escolhido em direção ao [[ser]]. E que será [[inautêntica]] enquanto for escolhida em [[direção]] inversa ao [[ser]]. Isto significa igualmente que o [[homem]] é [[espírito]] [[limitado]], pois a característica do [[espírito]] é justamente este [[saber]] do seu [[próprio]] [[ser]] enquanto este se refere ao seu [[fundamento]], o [[ser absoluto]]. [[Espírito]] e [[liberdade]] são dois aspetos da mesma [[realidade]], tanto assim que um implica o outro: não há [[liberdade]] senão no [[espírito]], e não há [[espírito]] senão [[livre]]" (1). Isso é a plena [[iluminação]] efetivada enquanto [[verdade]] e [[linguagem]]. | + | : "Temos assim como final da problemática do [[ser]] do [[homem]]: O [[homem]] é [[liberdade]] limitada e, como tal, ele se dá a si mesmo a sua [[essência]], que será [[autêntica]] enquanto for escolhido em direção ao [[ser]]. E que será [[inautêntica]] enquanto for escolhida em [[direção]] inversa ao [[ser]]. Isto significa igualmente que o [[homem]] é [[espírito]] [[limitado]], pois a característica do [[espírito]] é justamente este [[saber]] do seu [[próprio]] [[ser]] enquanto este se refere ao seu [[fundamento]], o [[ser absoluto]]. [[Espírito]] e [[liberdade]] são dois aspetos da mesma [[realidade]], tanto assim que um implica o outro: não há [[liberdade]] senão no [[espírito]], e não há [[espírito]] senão [[livre]]" (1). |
+ | : Isso é a plena [[iluminação]] efetivada enquanto [[verdade]] e [[linguagem]]. | ||
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- | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ' | + | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' “[[Heidegger]] e a [[modernidade]]: a correlação de [[sujeito]] e [[objeto]]”. In: ------------. [[Aprendendo]] a [[pensar]], II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.''' |
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+ | : A [[palavra]] portuguesa [[espírito]] provém diretamente do latim: ''spiritus''. Este [[substantivo]] origina-se do [[verbo]] ''spiro, spirare''. "''Spiritus'' significa: ar em movimento, vento, brisa; sopro, [[respiração]]; ar necessário à [[vida]]; [[vida]]; [[espírito]], [[alma]], [[mente]]; [[paixão]]; indignação; entusiasmo, [[inspiração]]" (1). | ||
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+ | : Já o [[verbo]]: "''spiro, spirare'', significa: soprar (vento); [[respirar]] ruidosamente, fremir; [[viver]]; sentir-se inspirado; rescender, ser aromático; estar cheio ou compenetrado de alguma coisa" (2). | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]] | ||
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+ | : (1) KOEHLER S. J., Pe. H. '''Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.''' | ||
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+ | : (2) KOEHLER S. J., Pe. H. '''Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.''' | ||
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+ | : "Desta [[finitude]] do [[espírito]] [[humano]] nasce a tensão típica do [[homem]]. O [[homem]] tem sede do [[infinito]], embora nunca possa superar totalmente sua [[finitude]]. O [[espírito]] [[finito]], enquanto é [[espírito]], exerce a si mesmo e ao [[outro]] sob a [[luz]] e no [[horizonte]] do [[ser]] [[infinito]], o qual lhe está fundamentalmente aberto e lhe dá precisamente o [[ser]] [[espírito]], o condiciona como [[espírito]]. Mas como [[finito]], o [[espírito]] [[humano]] deve [[sempre]] de novo recomeçar em direção ao [[infinito]], deve [[perguntar]] [[sempre]] mais avante pelo [[sentido de ser]] [[ilimitado]] e por isto também pelo [[sentido]] dos [[entes]] [[finitos]] e de si mesmo, pois somente se fosse capaz de atingir [[plena]] e perfeitamente o [[sentido do ser]] [[ilimitado]] poderia através dele determinar plena e perfeitamente o [[sentido]] dos [[entes]], pois estes recebem todo o seu [[sentido]] a partir do [[sentido do ser]] [[ilimitado]]. Todavia, o [[ser]] [[ilimitado]] é [[infinito]] e por isto, como tal, inacessível totalmente ao [[espírito]] [[finito]]. Temos, portanto, os termos da [[tensão]] [[existencial]] [[humana]]: de um lado, o [[homem]] foi criado para o [[infinito]] porque ele é [[espírito]] e [[espírito]] significa exercer-se e exercer os [[outros]] sob a [[luz]] e no [[horizonte]] do [[infinito]]. E, de outro lado, este [[infinito]], nunca lhe é dado totalmente, porque ele [[mesmo]] não é [[infinito]], mas apenas tem uma [[abertura]] ao [[infinito]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : "Nós não somos capazes de abranger exaustivamente a [[unidade]] e [[totalidade]] do [[ser]] [[ilimitado]], porque não somos [[ilimitados]], mas apenas temos uma [[abertura]] ao [[horizonte]] do [[ilimitado]]. Ora, um tal [[espírito]], que não é capaz de abranger exaustivamente o [[ilimitado]] em sua [[unidade]] e [[totalidade]], mas sempre atinge em primeira [[instância]] o [[ser]] dos [[entes]] [[finitos]] e somente mediante este, e por isto de modo [[finito]], tem acesso [[limitado]] ao [[ser]] [[ilimitado]], tal [[espírito]] é [[finito]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : "Todavia, o [[ser]] [[ilimitado]] é [[infinito]] e por isto, como tal, inacessível de modo total ao [[espírito]] [[finito]]. Temos, portanto, os termos da [[tensão]] [[existencial]] [[humana]]: de um lado, o [[homem]] foi criado para o [[infinito]] porque ele é [[espírito]] e [[espírito]] significa exercer-se e exercer os [[outros]] sob a [[luz]] e no [[horizonte]] do [[infinito]]. E, de outro lado, este [[infinito]], nunca lhe é dado totalmente, porque ele mesmo não é [[infinito]], mas apenas tem uma [[abertura]] ao [[infinito]]. O [[homem]] tende para o [[infinito]], mas nunca poderá identificar-se com o [[infinito]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : "O [[homem]] assim é um ente-presente-a-si-mesmo, ou seja, um [[espírito]]. Porém, se o [[homem]] compreende a si mesmo a partir do [[horizonte]] do [[ser]] [[ilimitado]], significa que ele está [[aberto]] a este [[horizonte]]. E estando [[aberto]] a este [[horizonte]] o [[homem]] deve ser capaz igualmente de [[compreender]] os [[outros]] [[entes]] à [[luz]] do [[ser]] [[ilimitado]]" (1). | ||
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+ | : É esta [[abertura]] para o [[horizonte]] do [[ser]] que torna o [[ser humano]] propriamente [[humano]], pois ele funda seu [[agir]] nesta [[abertura]]. E é esta [[abertura]] que o caracteriza como [[espírito]]. Desse modo toda [[obra de arte]] se funda na [[abertura]] do [[sentido do ser]] em que age o [[ser humano]]. | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : "Como [[espírito]], portanto, o [[homem]] deve exercer-se no campo [[ilimitado]] do [[ser]], mas, como [[finito]], deve exercer-se no campo [[limitado]] do [[mundo]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : A [[palavra]] [[espírito]] é a [[tradução]] da [[palavra]] [[grega]] ''[[Nous]]'', do [[verbo]] ''[[noein]]''. Para [[ver]] o alcance deste [[verbo]] e todas as suas implicações é [[necessário]] [[ler]] o [[ensaio]] de [[Heidegger]] ''[[Moira]]'', no livro ‘‘Ensaios e conferências’’ (1). [[Espírito]] vem desse [[verbo]], onde se dá, acontece o [[saber]] como o [[saber]] que se sabe [[ser]]. | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
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+ | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "Moira - Parmênides VIII, 34-41". In: ______. [[Ensaios]] e Conferências. Petrópolis / RJ: Vozes, 2002, 205 / 226. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback.''' | ||
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+ | : "O [[exercício espiritual]] é um [[exercício]] do [[ser]] como [[ser]]. O [[espírito]] [[finito]], todavia, não pode exercer o [[ser]] em toda a sua [[infinita]] [[plenitude]]. Enquanto [[finito]], o [[espírito]] [[finito]] só pode exercer [[entes]] [[finitos]], mas enquanto ele é [[espírito]], ele pode exercer o [[ente]] na [[luz]] e no [[horizonte]] do [[ser]] [[ilimitado]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | ||
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+ | : O [[saber]] que se sabe é um [[auto]]-[[iluminar-se]] e, portanto, um [[exercício espiritual]]. Temos então a [[definição]] do que seja [[espírito]], pois ele é compreendido dentro da [[questão]] do [[saber]] que se sabe por haver um [[auto]]-[[refletir-se]]. | ||
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+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
Edição atual tal como 21h46min de 16 de março de 2025
1
- "Ora, um exercício em que o ente é exercício e em que o ente é exercido sob a luz do ser, no horizonte do ser, chama-se um exercício espiritual. Em outras palavras, quem é capaz de exercer o ente como tal, ou seja, compreender o ente a partir da luz de seu fundamento, o ser, este tal é um espírito. Logo, todo aquele que é capaz de formular uma pergunta é espírito, porque a pergunta só é possível para quem tem esta abertura ao ser ilimitado. Por isto, na pergunta se revela que o homem é espírito" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
2
- "... na medida em que eu atinjo o ser eu sei o ser, no sentido de que ele se me torna transparente, se me revela. Ora, em primeira instância é o meu próprio ser que eu atinjo, que se me revela. E através dele eu atinjo o ser ilimitado como fundamento do meu ser e como luz que me faz compreender a mim mesmo como ente. É nisto que consiste para o homem o ser espírito: o homem se torna transparente a si mesmo como ente, compreende-se a partir do ser ilimitado, na luz do ser ilimitado. O homem assim é um ente-presente-a-si-mesmo, ou seja, um espírito. Porém, se o homem compreende a si mesmo a partir do horizonte do ser ilimitado, significa que ele está aberto a este horizonte. E estando aberto a este horizonte o homem deve ser capaz igualmente de compreender os outros entes à luz do ser ilimitado" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
3
- Espírito/espelho não é saber algo, ou seja, isto e aquilo e aquilo outro, mas, sim, especular "como saber" o seu próprio ser, o que ele é no "como ele sabe". Porém, este saber não pode ficar no saber do "eu" (Ego cogito, de Descartes), mas no saber do "sou" que o "eu" é "como" saber. O "eu" só é a partir do ser. Ou seja, tem de vigorar no Ser para ser o que ele é. Por isso, o Ser nunca se restringe a um "como se sabe" nem se limita ao "que é" do ente. Daí a afirmação de Heidegger dizendo que o Ser não é, pois, se fosse, seria ente e não Ser. Por outro lado, o sendo é sendo do Ser. E, por isso, afirmou também que o que antes de tudo é é o Ser. Há, pois, um Espírito relacionado ao saber/ente do homem e o Espírito referenciado ao Saber / Ser, como fundar de todos os saberes e entes. Porém, entre ente e Ser não há uma dicotomia e um isolamento, pois todo sendo é sendo do Ser. Portanto, o sendo que se sabe (Espírito) só se sabe e é na medida em que sabe e é como sendo do Ser (Espírito).
4
- "Chamamos de espírito o ente que é capaz de exercer-se como um ser-presente-a-si-mesmo, em quem o ser toma consciência de si e cientemente toma posse de si mesmo numa identidade de ser e saber" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
5
- "A essência do espírito é a vontade originária que se quer a ela mesma, a qual é pensada umas vezes como "substância", outras como "sujeito", outras como a unidade de ambos" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. La pobreza. Buenos Aires: Amorrutu, 2006, p.99.
6
- "Os budistas consideram que o espírito está sempre desperto. A consciência e a compaixão são sua natureza [essência]. Para descobri-la e saboreá-la plenamente, o Buda ensinou diversos métodos de meditação. Sejam quais forem as práticas que nós utilizamos, todas são destinadas a aumentar a nossa atenção e nossa consciência despertada, a reforçar nosso sentimento de paz interior, bem como a melhorar nossa capacidade de lidar com nossas emoções" (1).
- Referência:
- (1) PANLOP RINPOCHÉ, Dzogehen. "Apêndice I - Instruções para a prática da meditação", p. 338. In: ------. Buda rebelde - sobre o caminho da libertação.Traduzido do americano por Philippe delamare. Marabout. Belfon, um Departamento de Place des éditeurs, 2012, para a tradução francesa. Tradução do francês para o português de Manuel Antônio de Castro.
7
- "Ora, na medida em que o sujeito sai de si mesmo ele é-ausente-de-si-mesmo. Esta ausência-de-si-mesmo é a negação da espiritualidade que é total presença-a-si-mesmo. Esta negatividade do espírito chamamos materialidade. Esta, portanto, só é definível a partir da espiritualidade, como negatividade desta última. Isto porque o ser é, fundamentalmente, espírito e por isto toda a realidade positiva provém do espírito, é participação do espírito, com a consequência de que a materialidade, como negação do espírito, é puro princípio de negatividade, ou seja, de não-ser, enquanto que o espírito é o princípio de toda a positividade, ou seja, de ser (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
8
- "Psykhé, psiqué, que se perpetuou universalmente com o sentido de alma nas línguas cultas e em tantos compostos, provém do verbo psykhein, soprar, respirar, donde psiqué, do ponto de vista etimológico, significa respiração, sopro vital, vida" (1). O importante a observar, ao tomarmos conhecimento da origem da palavra espírito, é que tanto espírito quanto alma têm ambas as palavras como aquilo em que se fundam o elemento ar. Ora, o ar é um dos quatro elementos fundadores de tudo, ao lado do fogo, da água e da terra. O elemento ar é essencial no pensamento oriental. Assim ele, como respiração e controle desta é essencial para a Ioga, bem como para o pensamento e prática do Budismo. O ar que na vida inspiramos e expiramos é o próprio sopro vital ou anima, isto é, alma. Daí a ligação entre ar e vida, alma e espírito. Seguem um caminho diferente do ocidental, onde tudo está fundado no logos, traduzido para o latim como verbo e razão. Fundamentados na razão, na modernidade chega-se a negar o espírito.
- Referência:
9
- "A cultura é o espírito da nação, o valor simbólico que a mantém una, que a faz existir. Ela não é só responsável por produtos de cinema, música, televisão, literatura, artes plásticas etc., como também pelos costumes de um povo, os hábitos da população que se desenvolvem ao longo do tempo" (1).
- Referência:
- (1) DIEGUES, Cacá. "Cultura como economia". In: Jornal O Globo, 1o. Caderno, p.3, Segunda-feira, 20-08-2018.
10
- "Temos assim como final da problemática do ser do homem: O homem é liberdade limitada e, como tal, ele se dá a si mesmo a sua essência, que será autêntica enquanto for escolhido em direção ao ser. E que será inautêntica enquanto for escolhida em direção inversa ao ser. Isto significa igualmente que o homem é espírito limitado, pois a característica do espírito é justamente este saber do seu próprio ser enquanto este se refere ao seu fundamento, o ser absoluto. Espírito e liberdade são dois aspetos da mesma realidade, tanto assim que um implica o outro: não há liberdade senão no espírito, e não há espírito senão livre" (1).
- Isso é a plena iluminação efetivada enquanto verdade e linguagem.
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
11
- "Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.
12
- A palavra portuguesa espírito provém diretamente do latim: spiritus. Este substantivo origina-se do verbo spiro, spirare. "Spiritus significa: ar em movimento, vento, brisa; sopro, respiração; ar necessário à vida; vida; espírito, alma, mente; paixão; indignação; entusiasmo, inspiração" (1).
- Já o verbo: "spiro, spirare, significa: soprar (vento); respirar ruidosamente, fremir; viver; sentir-se inspirado; rescender, ser aromático; estar cheio ou compenetrado de alguma coisa" (2).
- Referência:
- (1) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
- (2) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
13
- "Desta finitude do espírito humano nasce a tensão típica do homem. O homem tem sede do infinito, embora nunca possa superar totalmente sua finitude. O espírito finito, enquanto é espírito, exerce a si mesmo e ao outro sob a luz e no horizonte do ser infinito, o qual lhe está fundamentalmente aberto e lhe dá precisamente o ser espírito, o condiciona como espírito. Mas como finito, o espírito humano deve sempre de novo recomeçar em direção ao infinito, deve perguntar sempre mais avante pelo sentido de ser ilimitado e por isto também pelo sentido dos entes finitos e de si mesmo, pois somente se fosse capaz de atingir plena e perfeitamente o sentido do ser ilimitado poderia através dele determinar plena e perfeitamente o sentido dos entes, pois estes recebem todo o seu sentido a partir do sentido do ser ilimitado. Todavia, o ser ilimitado é infinito e por isto, como tal, inacessível totalmente ao espírito finito. Temos, portanto, os termos da tensão existencial humana: de um lado, o homem foi criado para o infinito porque ele é espírito e espírito significa exercer-se e exercer os outros sob a luz e no horizonte do infinito. E, de outro lado, este infinito, nunca lhe é dado totalmente, porque ele mesmo não é infinito, mas apenas tem uma abertura ao infinito" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
14
- "Nós não somos capazes de abranger exaustivamente a unidade e totalidade do ser ilimitado, porque não somos ilimitados, mas apenas temos uma abertura ao horizonte do ilimitado. Ora, um tal espírito, que não é capaz de abranger exaustivamente o ilimitado em sua unidade e totalidade, mas sempre atinge em primeira instância o ser dos entes finitos e somente mediante este, e por isto de modo finito, tem acesso limitado ao ser ilimitado, tal espírito é finito" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
15
- "Todavia, o ser ilimitado é infinito e por isto, como tal, inacessível de modo total ao espírito finito. Temos, portanto, os termos da tensão existencial humana: de um lado, o homem foi criado para o infinito porque ele é espírito e espírito significa exercer-se e exercer os outros sob a luz e no horizonte do infinito. E, de outro lado, este infinito, nunca lhe é dado totalmente, porque ele mesmo não é infinito, mas apenas tem uma abertura ao infinito. O homem tende para o infinito, mas nunca poderá identificar-se com o infinito" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
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- "O homem assim é um ente-presente-a-si-mesmo, ou seja, um espírito. Porém, se o homem compreende a si mesmo a partir do horizonte do ser ilimitado, significa que ele está aberto a este horizonte. E estando aberto a este horizonte o homem deve ser capaz igualmente de compreender os outros entes à luz do ser ilimitado" (1).
- É esta abertura para o horizonte do ser que torna o ser humano propriamente humano, pois ele funda seu agir nesta abertura. E é esta abertura que o caracteriza como espírito. Desse modo toda obra de arte se funda na abertura do sentido do ser em que age o ser humano.
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
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- "Como espírito, portanto, o homem deve exercer-se no campo ilimitado do ser, mas, como finito, deve exercer-se no campo limitado do mundo" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
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- A palavra espírito é a tradução da palavra grega Nous, do verbo noein. Para ver o alcance deste verbo e todas as suas implicações é necessário ler o ensaio de Heidegger Moira, no livro ‘‘Ensaios e conferências’’ (1). Espírito vem desse verbo, onde se dá, acontece o saber como o saber que se sabe ser.
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Moira - Parmênides VIII, 34-41". In: ______. Ensaios e Conferências. Petrópolis / RJ: Vozes, 2002, 205 / 226. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback.
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- "O exercício espiritual é um exercício do ser como ser. O espírito finito, todavia, não pode exercer o ser em toda a sua infinita plenitude. Enquanto finito, o espírito finito só pode exercer entes finitos, mas enquanto ele é espírito, ele pode exercer o ente na luz e no horizonte do ser ilimitado" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Curso dado em Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
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- O saber que se sabe é um auto-iluminar-se e, portanto, um exercício espiritual. Temos então a definição do que seja espírito, pois ele é compreendido dentro da questão do saber que se sabe por haver um auto-refletir-se.