Subjetividade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:O apelo às [[Musas]] ainda não traduz a problemática da subjetividade ([[gênio]]) na questão da criação artística. Ernesto Grassi faz observações que apontam para a junção das duas posições, embora não alcance o núcleo ontológico da questão. Mas suas observações servem como indicativo: "Se atentarmos agora no seu [[autor]], o artista, torna-se primeiramente necessário distinguir os momentos artísticos dos subjetivos. Um fenômeno como o do imprescindível estado de alma (ou afinação) tem sido com demasiada frequência subordinado unilateralmente ao domínio da subjetividade. Observamos mais atrás que no momento em que tentamos escolher os fenômenos que nos envolvem se torna visível a 'tensão original' que nos coloca em determinada disposição de alma, ou afinação, a partir da qual conseguimos o projeto de um mundo próprio. Este estado não tem caráter psicológico, no sentido moderno, mas transcendental, isto é, possibilita-nos a existência. Representa um modo particular de iluminação da existência na medida em que nos dá notícia do que se passa nas profundezas da existência humana, antes da sua bipartição entre eu e [[mundo]], em interioridade subjetiva e interioridade objetiva. Em estados alternados desvendam-se-nos, de cada vez, diversos e sempre novos aspectos da realidade" (1). É necessário fazer a caracterização da subjetividade e destacar essa dimensão nova do homem na [[Modernidade]], que levou a uma nova faceta do [[humanismo]]. Aqui de novo se torna necessário: 1º Estudar o conceito de [[gênio]]; 2º confrontar a questão epistemológica e a ontológica; 3º questionar o conceito de [[interioridade]]; 4º ver a questão da [[ambiguidade]]; 5º pensar o conceito ontológico de disposição em Heidegger; 6º mostrar a contradição da construção do homem e do real na modernidade.
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: O apelo às [[Musas]] ainda não traduz a problemática da subjetividade ([[gênio]]) na [[questão]] da criação artística. Ernesto Grassi faz observações que apontam para a junção das duas posições, embora não alcance o núcleo ontológico da [[questão]]. Mas suas observações servem como indicativo: "Se atentarmos agora no seu [[autor]], o artista, torna-se primeiramente necessário distinguir os momentos artísticos dos subjetivos. Um [[fenômeno]] como o do imprescindível estado de alma (ou afinação) tem sido com demasiada frequência subordinado unilateralmente ao domínio da [[subjetividade]]. Observamos mais atrás que no momento em que tentamos escolher os [[fenômenos]] que nos envolvem se torna visível a 'tensão original' que nos coloca em determinada disposição de alma, ou afinação, a partir da qual conseguimos o projeto de um [[mundo]] [[próprio]]. Este estado não tem caráter psicológico, no sentido moderno, mas [[transcendental]], isto é, possibilita-nos a [[existência]]. Representa um modo particular de iluminação da [[existência]] na medida em que nos dá notícia do que se passa nas profundezas da existência humana, antes da sua bipartição entre [[eu]] e [[mundo]], em [[interioridade]] subjetiva e [[interioridade]] objetiva. Em estados alternados desvendam-se-nos, de cada vez, diversos e sempre novos aspectos da [[realidade]]" (1). É necessário fazer a caracterização da [[subjetividade]] e destacar essa dimensão nova do [[homem]] na [[Modernidade]], que levou a uma nova faceta do [[humanismo]]. Aqui de novo se torna necessário: 1º Estudar o conceito de [[gênio]]; 2º confrontar a questão epistemológica e a ontológica; 3º [[questionar]] o [[conceito]] de [[interioridade]]; 4º ver a [[questão]] da [[ambiguidade]]; 5º [[pensar]] o [[conceito]] ontológico de [[disposição]] em Heidegger; 6º mostrar a contradição da construção do [[homem]] e do [[real]] na [[Modernidade]].
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: (1) GRASSI, Ernesto. ''Arte e mito''. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 171.
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: "Na [[modernidade]] tudo é [[representação]], tudo é [[especulação]]. E é enquanto [[especulação]] que a [[realidade]] se torna a [[objetividade]] da [[subjetividade]]. Esse é o largo passo na caminhada do [[Ocidente]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 202.
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: "Toda a [[subjetividade]] fundamenta-se na [[causalidade]]. Quem a põe em [[questão]] desde sempre são os [[poetas]] e [[pensadores]]. Mas para compreendê-los é necessário abrir-se para o [[pensar]] e acompanhar com eles toda a [[trajetória]] além e aquém-causal da [[filosofia]] ocidental" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.
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: (1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista ''Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte'', 201/202, abr.-set., 2015, p. 81.
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: "Temos com Descartes a descoberta da [[subjetividade]] do [[homem]], como centro e [[fundamento]] de toda a [[reflexão]] [[filosófica]]: De [[tudo]] eu posso [[duvidar]], menos do [[fato]] de que eu [[penso]] minha [[dúvida]].  “Ora se [[penso]], [[sou]]”. Significa que somente de mim como pensante tenho [[certeza]] imediata e irrefutável" (1).
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "Assim, o nosso [[pensamento]] se tornou o ponto de partida de [[tudo]].  Mas como podia meu [[pensamento]] [[individual]] reivindicar para si um [[valor]] [[universal]] se estava baseado apenas em si mesmo?  Por isto pouco a pouco, de [[Descartes]] a [[Hegel]], passando por [[Kant]], o [[sujeito]] pensante como centro e [[explicação]] de [[tudo]] foi-se universalizando, até tornar-se um [[Sujeito]] [[universal]] que absorve todos os [[sujeitos]] [[individuais]] (Hegel)" (1).
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: [[Hegel]] para isso criou o [[método]] [[dialético]] de [[Tese]], [[Antítese]] e [[Síntese]]. É baseado neste [[método]] que [[Marx]] pensou a [[essência]] do [[trabalho]] como [[essência]] do [[homem]], [[fundamento]] do [[Comunismo]]. [[Marx]] não pensou o lugar da [[técnica]] e o seu excepcional desenvolvimento. É neste desenvolvimento que o [[homem]] mostra [[dimensões]] que jamais tinham sido imaginadas. É [[necessário]] [[pensar]] a [[relação]] [[essencial]] [[entre]] [[homem]] e [[técnica]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "... a [[crítica]] acerba ao [[sistema]] [[hegeliano]], feita pelos [[existencialistas]] (a começar por Kierkegaard), precisamente com a acusação de que, em [[Hegel]], chegou ao seu auge uma [[filosofia]] do [[sujeito]], mas em quem o [[homem]] [[concreto]], este [[sujeito]] [[concreto]], acabou se perdendo na [[identidade]] [[absoluta]] do [[sujeito]] [[infinito]]. No [[sistema]] [[hegeliano]], o [[homem]] [[concreto]] e [[individual]] não tinha mais [[sentido]] como tal.  Ora, diziam os [[existencialistas]], é o [[homem]] [[concreto]] que se trata de [[salvar]] e de [[explicar]]" (1).
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: O [[ser humano]] faz parte [[essencialmente]] da [[realidade]]. O [[lugar]] do [[ser humano]] no todo da [[realidade]] é que se torna a grande [[questão]]. A [[experiência]] [[histórica]], desde Esparta, é que não se pode reduzir a [[realidade]] e nela incluído o [[ser humano]] a um [[sistema]], por mais [[ideal]] que seja, pois a [[realidade]] é não se reduzirá jamais a um [[sistema]], pois ela em sua [[essência]] é um [[processo]] contínuo e complexo. Esse [[processo]] é a [[História]] como [[Sentido do Ser]].
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: E é como [[processo]] e no [[processo]] que cada [[ser humano]] encontra o seu [[sentido]] de [[realização]]. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu [[próprio]] e manifestado nas [[obras de arte]]. A [[obra de arte]] inclui [[trabalho]], [[sentido]] e [[existência]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "Mas todo [[pensamento]] tem que ser expresso. Por isso a descida à [[subjetividade]] faz [[ascender]] o [[problema]] da [[representação]]. A [[representação]] é a contraface da [[subjetividade]]. Daí que a [[subjetividade]], o [[eu]] coloca imediatamente o [[problema]] do [[outro]] ([[alteridade]]), da [[alienação]] e da [[diferença]]. Há três pólos: o [[Eu]] ([[identidade]]), o [[Outro]] ([[diferença]]) e a [[Representação]] ([[espelho]]). Os [[mitos]], sempre a melhor [[forma]] de colocar as [[questões]] [[essenciais]], já desde [[sempre]] tinham apreendido essa problemática no [[mito]] de [[Narciso]]. Por isso, o [[mito]] de [[Narciso]] será um dos [[mitos]] [[fundadores]] da [[modernidade]] e a [[narrativa]] lhe prestará o seu tributo" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ..... ''Tempos de metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 65.

Edição atual tal como 22h28min de 17 de Agosto de 2020

1

O apelo às Musas ainda não traduz a problemática da subjetividade (gênio) na questão da criação artística. Ernesto Grassi faz observações que apontam para a junção das duas posições, embora não alcance o núcleo ontológico da questão. Mas suas observações servem como indicativo: "Se atentarmos agora no seu autor, o artista, torna-se primeiramente necessário distinguir os momentos artísticos dos subjetivos. Um fenômeno como o do imprescindível estado de alma (ou afinação) tem sido com demasiada frequência subordinado unilateralmente ao domínio da subjetividade. Observamos mais atrás que no momento em que tentamos escolher os fenômenos que nos envolvem se torna visível a 'tensão original' que nos coloca em determinada disposição de alma, ou afinação, a partir da qual conseguimos o projeto de um mundo próprio. Este estado não tem caráter psicológico, no sentido moderno, mas transcendental, isto é, possibilita-nos a existência. Representa um modo particular de iluminação da existência na medida em que nos dá notícia do que se passa nas profundezas da existência humana, antes da sua bipartição entre eu e mundo, em interioridade subjetiva e interioridade objetiva. Em estados alternados desvendam-se-nos, de cada vez, diversos e sempre novos aspectos da realidade" (1). É necessário fazer a caracterização da subjetividade e destacar essa dimensão nova do homem na Modernidade, que levou a uma nova faceta do humanismo. Aqui de novo se torna necessário: 1º Estudar o conceito de gênio; 2º confrontar a questão epistemológica e a ontológica; 3º questionar o conceito de interioridade; 4º ver a questão da ambiguidade; 5º pensar o conceito ontológico de disposição em Heidegger; 6º mostrar a contradição da construção do homem e do real na Modernidade.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) GRASSI, Ernesto. Arte e mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 171.
Ver também:
*Sujeito
*Imaginação
*Arte
*Faculdade
*Inspiração

2

"Na modernidade tudo é representação, tudo é especulação. E é enquanto especulação que a realidade se torna a objetividade da subjetividade. Esse é o largo passo na caminhada do Ocidente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 218.

3

"É no espelho que se decide a identidade de Narciso. A leitura popular de Narciso como narcisismo oculta o próprio sentido do mito: subjetividade e morte, ou seja, a identidade. A volta para si faz do homem moderno um ser às voltas com seu interior e subjetividade. E nela mergulha até atingir o inculto terreno do inconsciente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 202.

4

"Toda a subjetividade fundamenta-se na causalidade. Quem a põe em questão desde sempre são os poetas e pensadores. Mas para compreendê-los é necessário abrir-se para o pensar e acompanhar com eles toda a trajetória além e aquém-causal da filosofia ocidental" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.

5

"Ora, ninguém é comum. Sem dúvida, há uma pesada estratégia de mercado, que constrói sobre a equalização de ser humano e subjetividade. A partir dessa equalização, reconhecemos como próprio não o que somos, mas o que realizamos sobre ou em relação aos demais. É um sentido terceirizado, relacional, do próprio: identidade" (1).


Referência:
(1) LIRA, André. "O ciborgue frente ao real". In: Revista Tempo Brasileiro: globalização, pensamento e arte, 201/202, abr.-set., 2015, p. 81.

6

"Temos com Descartes a descoberta da subjetividade do homem, como centro e fundamento de toda a reflexão filosófica: De tudo eu posso duvidar, menos do fato de que eu penso minha dúvida. “Ora se penso, sou”. Significa que somente de mim como pensante tenho certeza imediata e irrefutável" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

7

"Assim, o nosso pensamento se tornou o ponto de partida de tudo. Mas como podia meu pensamento individual reivindicar para si um valor universal se estava baseado apenas em si mesmo? Por isto pouco a pouco, de Descartes a Hegel, passando por Kant, o sujeito pensante como centro e explicação de tudo foi-se universalizando, até tornar-se um Sujeito universal que absorve todos os sujeitos individuais (Hegel)" (1).
Hegel para isso criou o método dialético de Tese, Antítese e Síntese. É baseado neste método que Marx pensou a essência do trabalho como essência do homem, fundamento do Comunismo. Marx não pensou o lugar da técnica e o seu excepcional desenvolvimento. É neste desenvolvimento que o homem mostra dimensões que jamais tinham sido imaginadas. É necessário pensar a relação essencial entre homem e técnica.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

8

"... a crítica acerba ao sistema hegeliano, feita pelos existencialistas (a começar por Kierkegaard), precisamente com a acusação de que, em Hegel, chegou ao seu auge uma filosofia do sujeito, mas em quem o homem concreto, este sujeito concreto, acabou se perdendo na identidade absoluta do sujeito infinito. No sistema hegeliano, o homem concreto e individual não tinha mais sentido como tal. Ora, diziam os existencialistas, é o homem concreto que se trata de salvar e de explicar" (1).
O ser humano faz parte essencialmente da realidade. O lugar do ser humano no todo da realidade é que se torna a grande questão. A experiência histórica, desde Esparta, é que não se pode reduzir a realidade e nela incluído o ser humano a um sistema, por mais ideal que seja, pois a realidade é não se reduzirá jamais a um sistema, pois ela em sua essência é um processo contínuo e complexo. Esse processo é a História como Sentido do Ser.
E é como processo e no processo que cada ser humano encontra o seu sentido de realização. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu próprio e manifestado nas obras de arte. A obra de arte inclui trabalho, sentido e existência.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

9

"Mas todo pensamento tem que ser expresso. Por isso a descida à subjetividade faz ascender o problema da representação. A representação é a contraface da subjetividade. Daí que a subjetividade, o eu coloca imediatamente o problema do outro (alteridade), da alienação e da diferença. Há três pólos: o Eu (identidade), o Outro (diferença) e a Representação (espelho). Os mitos, sempre a melhor forma de colocar as questões essenciais, já desde sempre tinham apreendido essa problemática no mito de Narciso. Por isso, o mito de Narciso será um dos mitos fundadores da modernidade e a narrativa lhe prestará o seu tributo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Metamorfose da narrativa". In: ..... Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 65.