Natureza

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(2)
(2)
 
(36 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
__NOTOC__
__NOTOC__
== 1 ==
== 1 ==
-
: "Ao vigor vigente como tal os gregos denominavam ''[[phýsis]]'' e ao [[acontecer]] dessa [[vigência]]: ''a-létheia'' ou ''[[poíesis]]'', isto é, [[desvelamento]], na medida em que este é a essência da [[verdade]]. O des-velamento, essência da mudança, é a verdade enquanto o poético do real, da ''phýsis''. Este mudar [[originário]] é a [[essência]] da [[História]], ou seja, é o próprio [[acontecer]] [[poético]] do [[real]], da ''[[physis]]'' enquanto natureza E [[cultura]]" (1).
+
: "Ao [[vigor]] [[vigente]] como tal os [[gregos]] denominavam ''[[phýsis]]'' e ao [[acontecer]] dessa [[vigência]]: ''a-létheia'' ou ''[[poíesis]]'', isto é, [[desvelamento]], na medida em que este é a [[essência]] da [[verdade]]. [[O des-velamento]], [[essência]] da [[mudança]], é a [[verdade]] enquanto o [[poético]] do real, da ''[[phýsis]]''. Este [[mudar]] [[originário]] é a [[essência]] da [[História]], ou seja, é o [[próprio]] [[acontecer]] [[poético]] do [[real]], da ''[[physis]]'' enquanto [[natureza]] E [[cultura]]" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: ''Revista Tempo Brasileiro''. Rio de Janeiro: n. 171, out.-dez. 2007, p. 12.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: '''Revista Tempo Brasileiro'''. Rio de Janeiro: n. 171, out.-dez. 2007, p. 12.
 +
== 2 ==
 +
: "[[Sempre]] constatei que a [[ciência]] [[ocidental]] era um pouco considerada como um [[imperialismo]], como uma maneira muito particular de se verem as [[coisas]] ligada, justamente, a essas [[leis]] da [[natureza]]. Ora, na China, por exemplo, [[natureza]] significa o que se faz espontaneamente. A [[ideia]] das [[leis]] da [[natureza]] é, portanto, estranha às outras [[tradições]] culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a [[ciência]] oferece perspectivas mais [[universais]]" (1).
-
== 2 ==
+
: Referência:
-
: "Sempre constatei que a [[ciência]] ocidental era um pouco considerada como um imperialismo, como uma maneira muito particular de se verem as [[coisas]] ligada, justamente, a essas [[leis]] da [[natureza]]. Ora, na China, por exemplo, [[natureza]] significa o que se faz espontaneamente. A [[ideia]] das [[leis]] da [[natureza]] é, portanto, estranha às outras [[tradições]] culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a [[ciência]] oferece perspectivas mais [[universais]]" (1).
+
 
 +
: (1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo?". In: Revista '''Tempo Brasileiro''' - '''Cultura, ciência e técnica''', 168, jan.-mar., 2007, p. 7.
 +
 
 +
== 3 ==
 +
: " ''[[Physis]] kryptestai philei'' - Surgimento já tende ao encobrimento" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo?". In: Revista ''Tempo Brasileiro'' - ''Cultura, ciência e técnica'', 168, jan.-mar., 2007, p. 7.
+
: (1) HERÁCLITO, frag. 123. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: '''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito'''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
 +
== 4 ==
 +
: "A [[Natureza]], para [[Nietzsche]], é uma força irresistível que se manifesta como [[unidade]] e [[multiplicidade]], num [[eterno retorno]] tensional. Simboliza a [[unidade]] pelo [[instinto]] [[dionisíaco]], que tem um [[conhecimento]] imediato de si. O [[uno]] tem [[necessidade]] para sua [[libertação]] do encanto da [[visão]] e da [[alegria]] da [[aparência]], pois quanto mais [[diferente]] mais [[uno]], daí tender à [[aparência]], ou seja, ao [[múltiplo]], ao [[finito]] e [[individual]], sentindo-se cada um [[alienado]] e sofrendo. Toma como [[símbolo]] da [[aparência]] ou da [[multiplicidade]] o [[instinto]] [[apolíneo]]. O [[uno]] ao multiplicar-se e, portanto, [[libertar-se]], experimenta um profundo gozo e força, que [[Nietzsche]] visualiza no [[renascer]] da [[multiplicidade]] e [[aparência]], conhece que o gozo da [[aparência]] é falaz e retorna ao [[uno]]. Nessa [[perspectiva]], o [[trágico]] é a [[representação]] simbólica da [[sabedoria]] [[dionisíaca]], com a ajuda de meios [[artísticos]] [[apolíneos]] e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao [[uno]]. O estado [[apolíneo]], pela [[aparência]], corresponde ao [[princípio]] da “[[medida]]” no [[sentido]] [[helênico]]" (1).
-
== 3 ==
+
:  Referência:
-
: " ''[[Physis]] kryptestai philei'' - Surgimento já tende ao encobrimento" (1).
+
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em '''Vidas Secas'''". In:---. '''Travessia Poética'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.
 +
 
 +
== 5 ==
 +
: "A [[palavra]] [[natureza]] provém do supino ''natura'', do [[verbo]] [[latino]] ''nascor''. Indica [[tudo]] que ainda vai [[nascer]]. Portanto, a [[natureza]] já está na [[semente]], já está em nosso [[código]] [[genético]], já está na [[essência]] de cada [[ente]], de cada [[sendo]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 301.
 +
 
 +
== 6 ==
 +
: "Não importa se somos [[indígenas]] ou [[brancos]], é [[tempo]] de a [[gente]] se [[juntar]] e [[unificar]] o [[pensamento]]. Vem aí a [[era]] da [[verdade]], do [[amor]], do [[equilíbrio]], com a [[natureza]] ditando as [[regras]]. A [[solução]] não está [[fora]], está [[dentro]] de nós" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) YAWANAWÁ, Putanny - Pajé. '''A cura do mundo é  pela espiritualidade, e ela é coletiva'''. Entrevista a ''Maria Fortuna''. In: ''O Globo''. Segundo Caderno, Quarta-feira, 01-01-2020, p. 2.
 +
 
 +
== 7 ==
 +
: "A [[natureza]] se diz em [[grego]] ''[[physis]]'' e esta vem do verbo grego ''phyo'', que significa tudo que nasce, se torna, aparece, se faz [[presente]] numa [[excessividade]] múltipla, diversa, contínua, [[poética]], sejam [[fenômenos]] [[naturais]], [[culturais]] ou [[históricos]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''O ser e a aparência''. Ensaio ainda não publicado.
 +
 
 +
== 8 ==
 +
: "... a [[doutrina]] da [[imutabilidade]] da [[essência]] tinha a vantagem de poder-se construir uma [[ciência]] [[universal]], válida para todos e para todos os [[tempos]]: [[sempre]] e para todos os [[homens]] valeria que o [[homem]] é um “''animal rationabilis''”. Esta [[verdade]] constituía uma conquista de [[valor]] [[eterno]] e [[universal]]. Esta [[lei]] [[interna]] era também chamada “''a [[lei]] [[natural]]''”.  Isto porque a [[essência]] era também chamada de “''[[natureza]]''”, em vez de [[falar]] de “[[essência]] do [[homem]]” podia-se [[dizer]] também “''[[natureza]]''”.  Aliás, é muito significativo este termo “''[[natureza]]''” para indicar a [[essência]].  A primeira preocupação filosófica do [[homem]], na [[história]], foi a de [[explicar]] a [[natureza]], o [[mundo]] que o rodeia, do qual ele se considerava como fazendo [[parte]] da mesma [[forma]] como todos os demais [[entes]] que o rodeavam" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
 +
 
 +
== 9 ==
 +
: "A [[natureza]] indicava de um lado todo o conjunto deste [[mundo]] múltiplo, mas também indicava o [[modo]] de [[ser]] de cada [[ente]] deste [[mundo]]: a [[natureza]] dos astros, a [[natureza]] da [[matéria]], a [[natureza]] do cavalo, a [[natureza]] do [[homem]] e assim por diante.  Mais uma vez se verifica que o [[homem]] era interpretado segundo o mesmo esquema [[metafísico]] de todos os demais [[entes]] mundanos: todos têm a sua [[natureza]] determinada, bem definida, dentro de cujos [[limites]] se movem" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
 +
 
 +
== 10 ==
 +
: "Por [[realidade]] entende-se a ''[[physis]]'', que foi traduzida para o [[latim]] como ''[[natura]]'', ou seja, a [[natureza]]. Mas esta não era concebida como hoje, onde se dá uma [[oposição]] [[entre]] [[natureza]] e [[cultura]]. [[Natureza]] eram todos os [[entes]] e [[cultura]] era [[tudo]] que a [[natureza]] não fazia e precisava do [[ser humano]] para que fosse feito. Este [[fazer]] que a [[natureza]] não fazia e era realizado pelo [[ser humano]], levando a própria [[natureza]] a uma [[plenitude]] que em si mesma ela não realizava, isso se dava pelo [[princípio]] da ''[[techné]]''. ''[[Techné]]'' diz [[conhecimento]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) www.travessiapoetica.blogspot.com>2010/10/as-musas-e-essencia-da-criacao-html.
 +
 
 +
== 11 ==
 +
: "[[Circe]] é a “‘[[deusa]] das [[deusas]]’, ‘a filha do [[sol]]’, cujo [[nome]] remete a ''kirkos'', e que os escólios identificam com o anel ou [[círculo]] da [[natureza]] poderosa que reúne [[vida]] e [[morte]], nascimento e destruição num [[eterno]] [[movimento]], ou com o [[movimento]] [[circular]] do [[universo]]” (Schuback: 1999, 166) (1). No verso 150, do mesmo [[canto]], assim [[Ulisses]] caracteriza [[Circe]]:
 +
 
 +
: ''[[Circe]], de tranças bem feitas, canora e terrível [[deidade]]''. (Homero: 1960, 183)"(2) (3).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante (Org.). "As cordas serenas de Ulisses". In: ''Ensaios de filosofia''. Petrópolis R/J: Vozes, 1999.
 +
 
 +
: (2) HOMERO. ''Odisseia''. 3.e. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1960. 
 +
 
 +
: (3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.
 +
 
 +
== 12 ==
 +
: "A [[natureza]] dá e tira a [[vida]], e esses dois [[aspectos]] opostos são completamente interdependentes: [[nada]] pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a [[tradição]] [[celta]] coloca [[animais]] ferozes e poderosos lado a lado com [[deusas]] delicadas e gentis" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) HOOD, Juliette. '''O livro celta da vida e da morte'''. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
 +
 
 +
== 13 ==
 +
: "A [[natureza]] só pode dar vazão à sua força de [[cura]] quando seu [[potencial]] para a destruição é mantido sob controle por meio das [[ações]] de [[intermediários]], como os [[deuses]] da [[natureza]] e seus congêneres [[humanos]], os [[druidas]] e [[curandeiros]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) HOOD, Juliette. '''O livro celta da vida e da morte'''. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.
 +
 
 +
== 14 ==
 +
: " ''Como é triste [[pensar]] que a [[natureza]] [[fala]], mas a [[humanidade]] não [[escuta]]''. Essa observação, feita há tantos anos por Victor Hugo, é ainda mais importante hoje. Num momento em que a [[pandemia]] da Covid-19 ameaça nossas [[vidas]], não devemos nos [[esquecer]] de que somos, em muitos [[aspectos]], os [[autores]] da nossa [[própria]] [[desgraça]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) AZOULAY, Audrey e Outros. ''Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos''. In: '''O Globo''', p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da  ''Unesco''.
 +
 
 +
== 15 ==
 +
: "Já passou da hora de os [[seres humanos]] compreenderem que não somos os donos da [[Terra]], mas que dependemos dela. Para sermos capazes de compartilhar um [[mundo]] em comum, devemos tornar a proteção da [[natureza]] uma prioridade para nossas [[sociedades]], ou sofrer com as amargas consequências de sua [[destruição]]" (1).
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) AZOULAY, Audrey e Outros. ''Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos''. In: '''O Globo''', p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da  ''Unesco''.
 +
 
 +
== 16 ==
 +
: "Em vez de [[ser]] uma máquina, a [[natureza]] como um [[todo]] se revela, em última [[análise]], mais parecida com a [[natureza]] [[humana]] - imprevisível, [[sensível]] ao [[mundo]] circunvizinho, influenciada por pequenas flutuações. Consequentemente, a maneira apropriada de nos aproximarmos da [[natureza]] para [[aprender]] acerca da sua [[complexidade]] e da sua [[beleza]] não é por meio da dominação e do controle, mas, sim, por meio do respeito, da cooperação e do [[diálogo]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CAPRA, Fritjof. "Estruturas Dissipativas". In: ---. '''A teia da vida''' - ''Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos''. São Paulo: Cultrix, 2004, 9. e., p. 138.
 +
 
 +
== 17 ==
 +
: "Todo [[mito]] é a oferta das [[questões]] em [[imagens-questões]] e [[figuras]]. Os [[mitos]] têm muitas [[versões]] porque o [[real]] se manisfesta de muitas maneiras. Até a [[Física]] chegou à conclusão de que só pode ser [[Física]] da [[complexidade]]. Claro, a ''[[physis]]'', ou [[natureza]], é e será [[sempre]] [[questão]]. A ''[[Physis]]'' é mais do que a [[Física]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: '''Arte: corpo, mundo e terra'''. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.
 +
 
 +
== 18 ==
 +
: "A [[gente]] precisa mudar a nossa [[perspectiva]] de [[relação]] com a [[natureza]], e para mim o único [[caminho]] é reinventar um pouco a [[história]] de quem nós somos enquanto [[seres humanos]]. É quase como que se a [[gente]] precisasse de um novo [[mito]] de [[criação]]. O [[mito]] de [[criação]] mais prevalente no [[mundo]] [[ocidental]], o ''Gênesis'', [[sempre]] colocou a [[humanidade]] acima da [[natureza]]. A [[gente]] tem que mudar essa [[história]]" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HERÁCLITO, frag. 123. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: ''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
+
: (1) GLEISER, Marcelo. "Parece Guru, mas não é". Entrevista Marcelo Gleiser, físico e escritor. In: '''O Globo''', ''Segundo Caderno'', Segunda-feira, 5-09-2022, p. 4.

Edição atual tal como 01h20min de 23 de janeiro de 2024

1

"Ao vigor vigente como tal os gregos denominavam phýsis e ao acontecer dessa vigência: a-létheia ou poíesis, isto é, desvelamento, na medida em que este é a essência da verdade. O des-velamento, essência da mudança, é a verdade enquanto o poético do real, da phýsis. Este mudar originário é a essência da História, ou seja, é o próprio acontecer poético do real, da physis enquanto natureza E cultura" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Permanência e atualidade da Poética". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 171, out.-dez. 2007, p. 12.

2

"Sempre constatei que a ciência ocidental era um pouco considerada como um imperialismo, como uma maneira muito particular de se verem as coisas ligada, justamente, a essas leis da natureza. Ora, na China, por exemplo, natureza significa o que se faz espontaneamente. A ideia das leis da natureza é, portanto, estranha às outras tradições culturais. E, tenho a impressão - e isto gostaria de desenvolver - que hoje em dia a ciência oferece perspectivas mais universais" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo?". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 7.

3

" Physis kryptestai philei - Surgimento já tende ao encobrimento" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO, frag. 123. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.

4

"A Natureza, para Nietzsche, é uma força irresistível que se manifesta como unidade e multiplicidade, num eterno retorno tensional. Simboliza a unidade pelo instinto dionisíaco, que tem um conhecimento imediato de si. O uno tem necessidade para sua libertação do encanto da visão e da alegria da aparência, pois quanto mais diferente mais uno, daí tender à aparência, ou seja, ao múltiplo, ao finito e individual, sentindo-se cada um alienado e sofrendo. Toma como símbolo da aparência ou da multiplicidade o instinto apolíneo. O uno ao multiplicar-se e, portanto, libertar-se, experimenta um profundo gozo e força, que Nietzsche visualiza no renascer da multiplicidade e aparência, conhece que o gozo da aparência é falaz e retorna ao uno. Nessa perspectiva, o trágico é a representação simbólica da sabedoria dionisíaca, com a ajuda de meios artísticos apolíneos e, pelo aniquilamento destes, chega-se ao uno. O estado apolíneo, pela aparência, corresponde ao princípio da “medida” no sentido helênico" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In:---. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 77.

5

"A palavra natureza provém do supino natura, do verbo latino nascor. Indica tudo que ainda vai nascer. Portanto, a natureza já está na semente, já está em nosso código genético, já está na essência de cada ente, de cada sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 301.

6

"Não importa se somos indígenas ou brancos, é tempo de a gente se juntar e unificar o pensamento. Vem aí a era da verdade, do amor, do equilíbrio, com a natureza ditando as regras. A solução não está fora, está dentro de nós" (1).


Referência:
(1) YAWANAWÁ, Putanny - Pajé. A cura do mundo é pela espiritualidade, e ela é coletiva. Entrevista a Maria Fortuna. In: O Globo. Segundo Caderno, Quarta-feira, 01-01-2020, p. 2.

7

"A natureza se diz em grego physis e esta vem do verbo grego phyo, que significa tudo que nasce, se torna, aparece, se faz presente numa excessividade múltipla, diversa, contínua, poética, sejam fenômenos naturais, culturais ou históricos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O ser e a aparência. Ensaio ainda não publicado.

8

"... a doutrina da imutabilidade da essência tinha a vantagem de poder-se construir uma ciência universal, válida para todos e para todos os tempos: sempre e para todos os homens valeria que o homem é um “animal rationabilis”. Esta verdade constituía uma conquista de valor eterno e universal. Esta lei interna era também chamada “a lei natural”. Isto porque a essência era também chamada de “natureza”, em vez de falar de “essência do homem” podia-se dizer também “natureza”. Aliás, é muito significativo este termo “natureza” para indicar a essência. A primeira preocupação filosófica do homem, na história, foi a de explicar a natureza, o mundo que o rodeia, do qual ele se considerava como fazendo parte da mesma forma como todos os demais entes que o rodeavam" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

9

"A natureza indicava de um lado todo o conjunto deste mundo múltiplo, mas também indicava o modo de ser de cada ente deste mundo: a natureza dos astros, a natureza da matéria, a natureza do cavalo, a natureza do homem e assim por diante. Mais uma vez se verifica que o homem era interpretado segundo o mesmo esquema metafísico de todos os demais entes mundanos: todos têm a sua natureza determinada, bem definida, dentro de cujos limites se movem" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

10

"Por realidade entende-se a physis, que foi traduzida para o latim como natura, ou seja, a natureza. Mas esta não era concebida como hoje, onde se dá uma oposição entre natureza e cultura. Natureza eram todos os entes e cultura era tudo que a natureza não fazia e precisava do ser humano para que fosse feito. Este fazer que a natureza não fazia e era realizado pelo ser humano, levando a própria natureza a uma plenitude que em si mesma ela não realizava, isso se dava pelo princípio da techné. Techné diz conhecimento" (1).


Referência:
(1) www.travessiapoetica.blogspot.com>2010/10/as-musas-e-essencia-da-criacao-html.

11

"Circe é a “‘deusa das deusas’, ‘a filha do sol’, cujo nome remete a kirkos, e que os escólios identificam com o anel ou círculo da natureza poderosa que reúne vida e morte, nascimento e destruição num eterno movimento, ou com o movimento circular do universo” (Schuback: 1999, 166) (1). No verso 150, do mesmo canto, assim Ulisses caracteriza Circe:
Circe, de tranças bem feitas, canora e terrível deidade. (Homero: 1960, 183)"(2) (3).


Referência:
(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante (Org.). "As cordas serenas de Ulisses". In: Ensaios de filosofia. Petrópolis R/J: Vozes, 1999.
(2) HOMERO. Odisseia. 3.e. Trad. Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1960.
(3) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 155.

12

"A natureza dá e tira a vida, e esses dois aspectos opostos são completamente interdependentes: nada pode florir ou ser curado sem destruição. Por isso a tradição celta coloca animais ferozes e poderosos lado a lado com deusas delicadas e gentis" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.

13

"A natureza só pode dar vazão à sua força de cura quando seu potencial para a destruição é mantido sob controle por meio das ações de intermediários, como os deuses da natureza e seus congêneres humanos, os druidas e curandeiros" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 24.

14

" Como é triste pensar que a natureza fala, mas a humanidade não escuta. Essa observação, feita há tantos anos por Victor Hugo, é ainda mais importante hoje. Num momento em que a pandemia da Covid-19 ameaça nossas vidas, não devemos nos esquecer de que somos, em muitos aspectos, os autores da nossa própria desgraça" (1).


Referência:
(1) AZOULAY, Audrey e Outros. Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.

15

"Já passou da hora de os seres humanos compreenderem que não somos os donos da Terra, mas que dependemos dela. Para sermos capazes de compartilhar um mundo em comum, devemos tornar a proteção da natureza uma prioridade para nossas sociedades, ou sofrer com as amargas consequências de sua destruição" (1).
Referência:
(1) AZOULAY, Audrey e Outros. Reconciliando a humanidade com todos os seres vivos. In: O Globo, p. 3, 24-03-2021. Audrey Azulay é Diretora Geral da Unesco.

16

"Em vez de ser uma máquina, a natureza como um todo se revela, em última análise, mais parecida com a natureza humana - imprevisível, sensível ao mundo circunvizinho, influenciada por pequenas flutuações. Consequentemente, a maneira apropriada de nos aproximarmos da natureza para aprender acerca da sua complexidade e da sua beleza não é por meio da dominação e do controle, mas, sim, por meio do respeito, da cooperação e do diálogo" (1).


Referência:
(1) CAPRA, Fritjof. "Estruturas Dissipativas". In: ---. A teia da vida - Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2004, 9. e., p. 138.

17

"Todo mito é a oferta das questões em imagens-questões e figuras. Os mitos têm muitas versões porque o real se manisfesta de muitas maneiras. Até a Física chegou à conclusão de que só pode ser Física da complexidade. Claro, a physis, ou natureza, é e será sempre questão. A Physis é mais do que a Física" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 19.

18

"A gente precisa mudar a nossa perspectiva de relação com a natureza, e para mim o único caminho é reinventar um pouco a história de quem nós somos enquanto seres humanos. É quase como que se a gente precisasse de um novo mito de criação. O mito de criação mais prevalente no mundo ocidental, o Gênesis, sempre colocou a humanidade acima da natureza. A gente tem que mudar essa história" (1).


Referência:
(1) GLEISER, Marcelo. "Parece Guru, mas não é". Entrevista Marcelo Gleiser, físico e escritor. In: O Globo, Segundo Caderno, Segunda-feira, 5-09-2022, p. 4.