Divino

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O divino está sempre vigorando, quer considerado com [[propriedade]] e pensado com visível [[gratidão]] na figura de um santo padroeiro, quer desconsiderado ou mesmo renegado" (1).  
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: "O [[divino]] está [[sempre]] [[vigorando]], quer considerado com [[propriedade]] e [[pensado]] com visível gratidão na [[figura]] de um [[santo]] padroeiro, quer desconsiderado ou [[mesmo]] renegado" (1).  
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:(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar. In: ''Ensaios e conferências''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 132.
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: (1) [[HEIDEGGER]], Martin. "[[Construir]], [[habitar]], [[pensar]]". In: '''[[Ensaios]] e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 132.'''
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: "Os [[deuses]] [[gregos]] não são a pura [[liberdade]], acima da [[necessidade]] representada pelas [[leis]] da [[natureza]]: eles são  a própria [[natureza]], desde que a compreendamos sem nenhuma conotação bucólica ou idílica, nem como a contrapartida ao campo [[humano]]. "[[Natureza]]" aqui não diz mais do que a [[realidade]] em seu todo, considerada a partir dos [[poderes]] e [[limites]] que cada âmbito da [[realidade]] possui. O peso da pedra, a leveza da chama, a perene fluidez da água, o [[poder]] desvairante do [[amor]], a força desocultadora da [[palavra]], o [[poder]] soberano do [[cuidado]], de [[velar]] para que cada [[coisa]] se mostre e consume como isso que ela [[é]]: isto é o que perfaz, basicamente, a [[experiência]] [[grega]] do [[divino]]" (1).
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: (1) FRANCALANCI, Carla.''' "Antígona e as [[leis]] não escritas". In: Revista Tempo Brasileiro, 157. Rio de Janeiro, abr.-jun., 2004, p. 50.'''
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: (1) BERGMAN, Ingmar. '''[[Imagens]]. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 234. O Diretor de [[cinema]] está comentando o seu [[filme]]: ''O sétimo selo''.'''
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: A [[mulher]], como verdadeira [[obra]] poética, criativa, precisa para [[procriar]] ser desvirginizada, desvelando a [[fonte]] da [[vida]], da [[maternidade]]. Devemos [[compreender]] aqui esse [[desvelamento]] como a [[verdade]] acontecendo (''[[aletheia]]''). Todo [[procriar]] é um [[acontecer]] da [[maternidade]]: [[milagre]] do [[mistério]] [[extraordinário]] que é o [[procriar]], o dar à [[luz]]. A pura [[possibilidade]] que a virgindade como [[velamento]] contém em-si pode tornar a [[mulher]] a [[mãe]] de muitos filhos, continuando o [[milagre]] da [[vida]] como [[permanência]] da [[vida]] e desafio da [[morte]]. [[Vida]] e [[morte]]: faces do [[mesmo]] [[acontecer]]. Todo [[nascimento]] de uma [[criança]] reinaugura o [[mundo]] diante da [[morte]] e é, portanto, um desvirginizar, porque é deixar o [[nada]] ser criativo, [[fonte]] de todas as [[possibilidades]]. Nesse sentido, a [[mulher]] se torna [[mãe]], porque nela acontece a [[maternidade]], o [[ser]] o [[lugar]] do [[procriar]], do [[gerar]] filhos. E só acontece na [[mulher]], pois é [[próprio]] do [[feminino]], ou seja, nela acontece ''[[Eros]]''. Este acontecendo na [[mulher]] torna-a tanto mais [[humana]] quanto mais [[divina]]. Em verdade, ela co-participa da [[essência]] de ''[[Eros]]''. É neste [[sentido]] que falamos do [[amor]] maternal, tão radical quanto o [[ser]] [[mãe]]. No [[homem]], isso não pode [[acontecer]]. Num outro sentido acontece no [[homem]], pois também dizemos: [[ser]] pai. Há, aí, uma [[complementaridade]] de [[diferenças]], próprias do [[feminino]] e do [[masculino]].
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: (1) GADALLA, Moustafa. "O [[Ser]] [[Humano]]". In: ------. '''[[Cosmologia]] egípcia - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 92.'''
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: (1) GADALLA, Moustafa. "O [[Ser]] [[Humano]]". In: ------. '''[[Cosmologia]] egípcia - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 91.'''
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: Não há [[clareira]] sem [[floresta]], porém a [[floresta]] aparece como [[floresta]] na [[medida]] em que se retira e se deixa [[ver]], [[perceber]], [[manifestar]], isto é, vir à [[luz]], [[iluminar-se]], na [[clareira]]. Eis a [[verdade]] como ''[[aletheia]]'': [[revelação]], [[desvelamento]], [[manifestação]] do [[ser]]. Nisso consiste e acontece a sua [[verdade]]. Toda [[revelação]] é uma [[epifania]], pois esta [[palavra]] diz o [[aparecer]], o [[manifestar-se]] do [[divino]], do [[sagrado]], do que é [[santo]] do [[ser]]. Daí o caráter [[sagrado]] da [[verdade]] em [[grego]], ou seja, [[aletheia]].
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: - "Não use a palavra "[[Deus]]". Diga "[[Santidade]]". Há [[santidade]] em todas as pessoas. [[Santidade]] [[humana]]. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a [[santidade]] [[humana]]. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a [[morte]]. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os [[poetas]], músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto [[pensar]] na [[santidade]] [[humana]]" (1).
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: (1) Ingmar Bergman. No [[filme]] '''A ilha de Bergman''', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, [[personagem]] do [[filme]] '''Confições privadas''', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para [[dizer]], sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos [[temas]] religiosos de seus [[filmes]]. A [[tradução]] das [[falas]], no [[filme]], traz ''[[santidade]]'', mas creio que também poderia essa [[palavra]], no [[original]], ser traduzida tanto por ''[[sagrado]]'' quanto por ''[[divino]]''.
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:  (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "[[Dialética]]: [[entre]] o fechado e o aberto". Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 9.'''
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: "A antiga [[palavra]] egípcia '''neter''' e sua [[forma]] feminina '''netert''', foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por ''deus'' e ''deusa'' pela maioria dos acadêmicos". '''Neteru''' (plural de '''neter'''/'''netert''') são os [[princípios]] e [[funções]] [[divinos]] do Único [[Deus]] Supremo"(1).
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: (1) GADALLA, Moustafa. '''[[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.'''
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: "Os [[textos]] transformacionais (funerários) do [[Antigo Egito]] mostram que se devem superar muitos obstáculos no [[caminho]] até a reunificação final. Um destes obstáculos é o [[ego]]. Para reunir-se com o [[Divino]] é preciso estar liberado do [[ego]]" (1).
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: (1) GADALLA, Moustafa.''' "Nosso Objetivo na  [[Terra]]". In: ------. [[Cosmologia]] [[egípcia]] - o [[universo]] animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 139.'''
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: "E assim como o [[humanismo]] masca e mascara a [[experiência]] [[originária]] do [[homem]] com o [[Ser]], assim também o [[monoteísmo]] [[metafísico]] diverte e perverte a [[experiência]] [[originária]] do [[homem]] com o [[Divino]]. Ora, o [[Divino]] constitui o [[horizonte]] pluridimensional da [[deidade]], o elemento [[misterioso]] onde poderá haver uma correspondência com [[Deus]] e os [[Deuses]]. Por isso, o [[Pensamento Essencial]] procura sua [[Verdade]] fora da [[dualidade]] [[metafísica]] do teísmo e [[ateísmo]]. O [[ateísmo]] [[moderno]] não passa de uma consequência do [[cristianismo]]. É o [[cristianismo]] perfeitamente [[humanizado]], isto é, no fundo totalmente [[descristianizado]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''[[Aprendendo]] a [[pensar]] I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216.'''
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: [[eu]] desperto para meu [[eu]] [[divino]]
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:  (1) KAUR, rupi. '''meu [[corpo]] / minha [[casa]]. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 185.'''
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: "Para os [[celtas]], a [[essência]] do [[ser]], tanto física quanto [[espiritual]], reside na [[cabeça]]. A [[imagem]] da [[cabeça]] aparece em todo [[lugar]] - entalhada em redondo ou como decoração em pilares, moedas, caldeirões e altares. Dotada de um [[poder]] protetor, a [[cabeça]] serve de [[talismã]] para afastar o [[mal]]. Também é um [[símbolo]] do [[divino]] e um lembrete de que a [[vida]] continua depois da [[morte]]" (1).
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: (1) HOOD, Juliette. "O [[mistério]] da [[cabeça]]". '''O [[livro]] [[celta]] da [[vida]] e da [[morte]]. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 90.'''

Edição atual tal como 21h47min de 17 de Abril de 2025

1

"O divino está sempre vigorando, quer considerado com propriedade e pensado com visível gratidão na figura de um santo padroeiro, quer desconsiderado ou mesmo renegado" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 132.


Ver também:
* Sagrado
* Religião
* Mito
* Deus

2

"Os deuses gregos não são a pura liberdade, acima da necessidade representada pelas leis da natureza: eles são a própria natureza, desde que a compreendamos sem nenhuma conotação bucólica ou idílica, nem como a contrapartida ao campo humano. "Natureza" aqui não diz mais do que a realidade em seu todo, considerada a partir dos poderes e limites que cada âmbito da realidade possui. O peso da pedra, a leveza da chama, a perene fluidez da água, o poder desvairante do amor, a força desocultadora da palavra, o poder soberano do cuidado, de velar para que cada coisa se mostre e consume como isso que ela é: isto é o que perfaz, basicamente, a experiência grega do divino" (1).


Referência:
(1) FRANCALANCI, Carla. "Antígona e as leis não escritas". In: Revista Tempo Brasileiro, 157. Rio de Janeiro, abr.-jun., 2004, p. 50.

3

"Depois a ideia de que o Homem é um ser sagrado: Jof e Mia são, para mim, uma imagem importante, pois, mesmo excluindo a teologia, sua natureza divina persiste" (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Imagens. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 234. O Diretor de cinema está comentando o seu filme: O sétimo selo.

4

A mulher, como verdadeira obra poética, criativa, precisa para procriar ser desvirginizada, desvelando a fonte da vida, da maternidade. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (aletheia). Todo procriar é um acontecer da maternidade: milagre do mistério extraordinário que é o procriar, o dar à luz. A pura possibilidade que a virgindade como velamento contém em-si pode tornar a mulher a mãe de muitos filhos, continuando o milagre da vida como permanência da vida e desafio da morte. Vida e morte: faces do mesmo acontecer. Todo nascimento de uma criança reinaugura o mundo diante da morte e é, portanto, um desvirginizar, porque é deixar o nada ser criativo, fonte de todas as possibilidades. Nesse sentido, a mulher se torna mãe, porque nela acontece a maternidade, o ser o lugar do procriar, do gerar filhos. E só acontece na mulher, pois é próprio do feminino, ou seja, nela acontece Eros. Este acontecendo na mulher torna-a tanto mais humana quanto mais divina. Em verdade, ela co-participa da essência de Eros. É neste sentido que falamos do amor maternal, tão radical quanto o ser mãe. No homem, isso não pode acontecer. Num outro sentido acontece no homem, pois também dizemos: ser pai. Há, aí, uma complementaridade de diferenças, próprias do feminino e do masculino.


- Manuel Antônio de Castro

5

"A teoria do Big Bang, que vê a criação do Universo como um evento físico, foi apresentada há milhares de anos nos textos egípcios, na qual o Absoluto criou o Universo a partir de Nun, o oceânico cósmico. Todas as partes do Universo originaram-se de uma única fonte. Já que a origem é Divina, conclui-se que as partes também o são" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O Ser Humano". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 92.

6

"Para os antigos egípcios, o homem era a personificação das leis da criação e, assim, as funções e processos fisiológicos das várias partes do corpo eram vistas como manifestações das funções cósmicas. Os membros e os órgãos tinham uma função metafísica, além de seu objetivo físico. As partes do corpo eram consagradas a um dos neteru (princípios divinos), que aparecem nos registros egípcios históricos recuperados" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O Ser Humano". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 91.

7

Não há clareira sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na medida em que se retira e se deixa ver, perceber, manifestar, isto é, vir à luz, iluminar-se, na clareira. Eis a verdade como aletheia: revelação, desvelamento, manifestação do ser. Nisso consiste e acontece a sua verdade. Toda revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o aparecer, o manifestar-se do divino, do sagrado, do que é santo do ser. Daí o caráter sagrado da verdade em grego, ou seja, aletheia.


- Manuel Antônio de Castro.

8

- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes. A tradução das falas, no filme, traz santidade, mas creio que também poderia essa palavra, no original, ser traduzida tanto por sagrado quanto por divino.

9

"Platão diz que a dialética é o diálogo que a alma, o pensamento, faz consigo. O grande problema é como se entende esse pensamento. Pensamento traduz aí psykhe. Para o pensamento medieval psykhe é o diálogo da alma consigo. E Mestre Eckart diz: Quem é esse si mesmo da alma? Quem é que entra nessa discussão, nesse debate, nesse diálogo com a alma mesma? É o que a alma tem de divino. É o que a alma tem de mistério "(1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 9.

10

"A antiga palavra egípcia neter e sua forma feminina netert, foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por deus e deusa pela maioria dos acadêmicos". Neteru (plural de neter/netert) são os princípios e funções divinos do Único Deus Supremo"(1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.

11

"Os textos transformacionais (funerários) do Antigo Egito mostram que se devem superar muitos obstáculos no caminho até a reunificação final. Um destes obstáculos é o ego. Para reunir-se com o Divino é preciso estar liberado do ego" (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 139.

12

"E assim como o humanismo masca e mascara a experiência originária do homem com o Ser, assim também o monoteísmo metafísico diverte e perverte a experiência originária do homem com o Divino. Ora, o Divino constitui o horizonte pluridimensional da deidade, o elemento misterioso onde poderá haver uma correspondência com Deus e os Deuses. Por isso, o Pensamento Essencial procura sua Verdade fora da dualidade metafísica do teísmo e ateísmo. O ateísmo moderno não passa de uma consequência do cristianismo. É o cristianismo perfeitamente humanizado, isto é, no fundo totalmente descristianizado" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216.

13

eu desperto para meu eu divino


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 185.

14

"Para os celtas, a essência do ser, tanto física quanto espiritual, reside na cabeça. A imagem da cabeça aparece em todo lugar - entalhada em redondo ou como decoração em pilares, moedas, caldeirões e altares. Dotada de um poder protetor, a cabeça serve de talismã para afastar o mal. Também é um símbolo do divino e um lembrete de que a vida continua depois da morte" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. "O mistério da cabeça". O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 90.
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