Pergunta

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) FOGEL, Gilvan. "[[Liberdade]] e [[criação]]". In: Revista '''Aisthe, No. 1, 2007, p. 30.'''
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: (1) FOGEL, Gilvan.''' "[[Liberdade]] e [[criação]]". In: Revista Aisthe, No. 1, 2007, p. 30.'''
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: (1) HUMMES o.f.m, Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e depois Cardeal. Já faleceu.'''
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: (1) [[HUMMES]] o.f.m, Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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: "Só podemos [[perguntar]] porque já [[vigoramos]] no [[ser]], na [[memória]] do [[sentido do ser]]. É que o [[ser]], a [[memória]] ou [[sentido do ser]], é [[questão]]. É que a [[questão]] não é apenas [[saber]] e [[não-saber]], [[ser]] e [[não-ser]], ela é também a [[unidade]] de [[saber]] e [[ser]], de [[não-saber]] e [[não-ser]]. E só por ser [[unidade]] é que a [[questão]] pode advir à [[pergunta]]. Advir à [[pergunta]] [[é]] advir à [[linguagem]], a partir da [[memória]]. [[Memória]] é [[unidade]] e sendo [[unidade]] [[é]] [[linguagem]]. [[Linguagem]], enquanto [[unidade]], não é, em primeira [[instância]], [[fala]] ou [[elocução]]. Só se [[fala]] na e a [[partir]] da [[linguagem]]. Então podemos [[dizer]] que a quarta [[dimensão]] do [[tempo]] é a [[memória]], e esta é a [[unidade]] do [[tempo]] enquanto o [[tempo]] se faz [[linguagem]]. [[É]]. O [[tempo]] [[é]] já [[diz]], [[originariamente]], [[linguagem]], [[unidade]]" (1).
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: "Só podemos [[perguntar]] porque já [[vigoramos]] no [[ser]], na [[memória]] do [[sentido do ser]]. É que o [[ser]], a [[memória]] ou [[sentido do ser]], é [[questão]]. É que a [[questão]] não é apenas [[saber]] e [[não-saber]], [[ser]] e [[não-ser]], ela é também a [[unidade]] de [[saber]] e [[ser]], de [[não-saber]] e [[não-ser]]. E só por ser [[unidade]] é que a [[questão]] pode advir à [[pergunta]]. Advir à [[pergunta]] [[é]] advir à [[linguagem]], a partir da [[memória]]. [[Memória]] é [[unidade]] e sendo [[unidade]] [[é]] [[linguagem]]. [[Linguagem]], enquanto [[unidade]], não é, em primeira [[instância]], [[fala]] ou elocução. Só se [[fala]] na e a partir da [[linguagem]]. Então podemos [[dizer]] que a quarta [[dimensão]] do [[tempo]] é a [[memória]], e esta é a [[unidade]] do [[tempo]] enquanto o [[tempo]] se faz [[linguagem]]. [[É]]. O [[tempo]] [[é]] já [[diz]], [[originariamente]], [[linguagem]], [[unidade]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Espelho]]: o perigoso [[caminho] do auto-[[diálogo]]". Ensaio ainda não publicado.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Espelho]]: o perigoso [[caminho]] do auto-[[diálogo]]". Ensaio ainda não publicado.'''
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: "Não se trata, porém, de um [[saber]] [[temático]], e menos ainda de um [[saber]] [[empírico]] [[objetivo]].  Trata-se antes de um [[pré-saber]] [[atemático]], que é pressuposto e posto juntamente com o [[exercício]] da [[pergunta]] como [[condição]] de sua [[possibilidade]]. A [[própria]] [[pergunta]] deve, portanto, ser perguntada sobre sua [[condição]] de [[possibilidade]], e o [[atemático]] [[pré-saber]] deve [[ser]] elevado a [[saber]] [[tematizado]]. Temos, assim, descoberto já um [[possível]] ponto de [[partida]] para [[encontrar]] o [[ser]] do [[ente]]:  a [[pergunta]]" (1).
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: "Não se trata, porém, de um [[saber]] [[temático]], e menos ainda de um [[saber]] [[empírico]] [[objetivo]].  Trata-se antes de um [[pré-saber]] [[atemático]], que é pressuposto e posto juntamente com o [[exercício]] da [[pergunta]] como [[condição]] de sua [[possibilidade]]. A [[própria]] [[pergunta]] deve, portanto, ser perguntada sobre sua [[condição]] de [[possibilidade]], e o [[atemático]] [[pré-saber]] deve [[ser]] elevado a [[saber]] [[tematizado]]. Temos, assim, descoberto já um [[possível]] ponto de partida para encontrar o [[ser]] do [[ente]]:  a [[pergunta]]" (1).
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. já faleceu.
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: (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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: "Ora, a [[pergunta]] sobre a [[pergunta]] já nos mostrou: [[perguntar]] por isto ou por aquilo [[singularmente]] só posso se posso [[perguntar]] [[simplesmente]]. [[Perguntar]] [[simplesmente]] só posso se posso [[perguntar]] sobre todo o [[perguntável]], [[simplesmente]]. A [[pergunta]] sobre todo o [[perguntável]] [[simplesmente]] é a [[pergunta]] pela [[totalidade]]" (1).
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: "Ora, a [[pergunta]] sobre a [[pergunta]] já nos mostrou: [[perguntar]] por isto ou por aquilo singularmente só posso se posso [[perguntar]] [[simplesmente]]. [[Perguntar]] [[simplesmente]] só posso se posso [[perguntar]] sobre todo o [[perguntável]], [[simplesmente]]. A [[pergunta]] sobre todo o [[perguntável]] [[simplesmente]] é a [[pergunta]] pela [[totalidade]]" (1).
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. Já faleceu.
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: "Assim o [[ser]] - como [[horizonte]] fundamental e [[original]] sabido e não-sabido ao mesmo [[tempo]] - deve constituir para o [[homem]] um [[mistério]] original, fundamental e como tal, inesgotável. Nunca meu [[saber]] poderá [[compreender]] exaustivamente o [[horizonte]] do [[ser]]. Por isto nunca se esgotará minha capacidade de [[perguntar]] e ao mesmo tempo minha [[necessidade]] de [[perguntar]] pelo [[ser]] dos [[entes]].  A [[pergunta]] pelo [[ser]] é [[essencial]] ao [[homem]], expressão de sua [[essência]]: o [[homem]] é o perguntador [[simplesmente]], é quem pode e deve [[simplesmente]] [[perguntar]], é quem pergunta pelo [[ser]], é quem pode e deve [[simplesmente]] [[perguntar]] pelo [[ser]] - esta é sua [[essência]], vista através do prisma do [[exercício]] da [[pergunta]], como típico [[exercício]] do [[sentido do ser]] do [[homem]] pelo [[homem]] mesmo. Karl Rahner (2) diz: “O [[homem]] existe como [[pergunta]] pelo [[ser]].” " (1).
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: "Assim o [[ser]] - como [[horizonte]] fundamental e [[original]] sabido e não-sabido ao mesmo [[tempo]] - deve constituir para o [[homem]] um [[mistério]] original, fundamental e como tal, inesgotável. Nunca meu [[saber]] poderá [[compreender]] exaustivamente o [[horizonte]] do [[ser]]. Por isto nunca se esgotará minha capacidade de [[perguntar]] e ao mesmo tempo minha [[necessidade]] de [[perguntar]] pelo [[ser]] dos [[entes]].  A [[pergunta]] pelo [[ser]] é [[essencial]] ao [[homem]], expressão de sua [[essência]]: o [[homem]] é o perguntador [[simplesmente]], é quem pode e deve [[simplesmente]] [[perguntar]], é quem pergunta pelo [[ser]], é quem pode e deve [[simplesmente]] [[perguntar]] pelo [[ser]] - esta é sua [[essência]], vista através do prisma do [[exercício]] da [[pergunta]], como típico [[exercício]] do [[sentido do ser]] do [[homem]] pelo [[homem]] mesmo". (1)
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: Karl Rahner diz: “O [[homem]] existe como [[pergunta]] pelo [[ser]]" (2).
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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: (2) Karl Rahner, cf. seu livro “Geist in Welt”: ''Espírito no Mundo''.
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: '''(2) Karl Rahner, cf. seu livro “Geist in Welt”: [[Espírito]] no [[Mundo]]'''.
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. '''
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: "Assim a [[pergunta]] aparece como sendo ao mesmo tempo um [[auto-exercício]] e um [[exercício]] de [[outro]].  Trata-se de um [[auto-exercício]] em que o [[sujeito]] como [[perguntador]] se transcende a si mesmo em direção ao [[outro]] como perguntado, ao [[objeto]], ou seja, um [[auto-exercício]] que se realiza através do [[exercício]] de um [[outro]]" (1). Está aqui, certamente, a [[intencionalidade]] de que trata a  [[fenomenologia]] e, por isso mesmo, a [[questão]] do [[horizonte]]. "Em outras [[palavras]], em um mesmo [[exercício]] da [[pergunta]] o [[perguntador]] se exerce a si mesmo e a algo de [[outro]]. Já sabemos também que toda [[pergunta]] implica um [[saber]] que o [[perguntador]] possui de si mesmo e do [[objeto]] perguntado. Ora, todo [[saber]] é, em última [[análise]], um [[saber]] referente ao [[ser]], pois somente [[algo]] que [[é]] pode [[ser]] sabido" (2). Esta [[observação]] é [[fundamental]]. Todo [[saber]] diz respeito em primeira [[instância]] ao [[ser]] e a sua separação deste é pura [[abstração]]. Quando há a [[representação]] o interessante é que se cria uma defasagem [[entre]] o que se representa e o que acontece a [[partir]] de e na [[vigência]] do [[ser]]. E é aí que se dá toda a [[perda]] que a mera [[representação]] acarreta: perde-se o [[sentido]] da [[realidade]], de maneira que se dá uma [[defasagem]] e um afastamento dela. E isso acaba gerando a [[perda]] do seu [[sentido]] e de quem assim age. E sem [[sentido]] não se pode mais [[viver]], não se pode mais [[ser]].
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: "Assim a [[pergunta]] aparece como sendo ao mesmo tempo um auto-exercício e um [[exercício]] de [[outro]].  Trata-se de um auto-exercício em que o [[sujeito]] como [[perguntador]] se transcende a si mesmo em direção ao [[outro]] como perguntado, ao [[objeto]], ou seja, um auto-exercício que se realiza através do [[exercício]] de um [[outro]]" (1). Está aqui, certamente, a [[intencionalidade]] de que trata a  [[fenomenologia]] e, por isso mesmo, a [[questão]] do [[horizonte]]. "Em outras [[palavras]], em um mesmo [[exercício]] da [[pergunta]] o [[perguntador]] se exerce a si mesmo e a algo de [[outro]]. Já sabemos também que toda [[pergunta]] implica um [[saber]] que o [[perguntador]] possui de si mesmo e do [[objeto]] perguntado. Ora, todo [[saber]] é, em última [[análise]], um [[saber]] referente ao [[ser]], pois somente [[algo]] que [[é]] pode [[ser]] sabido" (2). Esta observação é [[fundamental]]. Todo [[saber]] diz respeito em primeira [[instância]] ao [[ser]] e a sua separação deste é pura [[abstração]]. Quando há a [[representação]] o interessante é que se cria uma defasagem [[entre]] o que se representa e o que acontece a partir de e na [[vigência]] do [[ser]]. E é aí que se dá toda a [[perda]] que a mera [[representação]] acarreta: perde-se o [[sentido]] da [[realidade]], de maneira que se dá uma defasagem e um afastamento dela. E isso acaba gerando a [[perda]] do seu [[sentido]] e de quem assim age. E sem [[sentido]] não se pode mais [[viver]], não se pode mais [[ser]].
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.'''
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: "A nossa [[experiência]] cotidiana do [[mundo]] faz encontrar-nos com uma grande multiplicidade de [[entes]]. Quando tomamos a [[pergunta]] como ponto de partida de nossa investigação [[metafísica]], constatamos reflexivamente que somos capazes de [[perguntar]] por [[tudo]] sem [[limitações]]. Mostrou-se também que [[perguntar]] por [[tudo]] não significava [[perguntar]] uma por uma [[todas]] as [[realidades]] particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as [[particularidades]] e [[perguntar]] de uma vez por [[tudo]], num [[ato]] [[unificador]] através da [[pergunta]]. A [[pergunta]] assim revelava-se como eminentemente [[unificante]], já que por ela não se unificam apenas algumas [[realidades]] particulares, mas [[todas]] de uma vez. Porém, [[poder]] [[unificar]] a [[tudo]] através da [[pergunta]], ou seja, [[poder]] [[perguntar]] por [[tudo]] de uma vez, só é [[possível]] se [[tudo]] forma realmente uma [[unidade]] [[original]]. Em que consiste esta [[unidade]] [[fundamental]]? A isto podemos [[responder]] respondendo à [[pergunta]]: Em [[virtude]] de que a [[pergunta]] unifica [[tudo]]? Quando [[eu]] pergunto: “O que [[é]] isto?”, “O que [[é]] aquilo?”, “O que [[é]] [[tudo]] isto?”, a própria [[pergunta]] nos responde: a [[unidade]] de todo o perguntável é constituído pelo “[[é]]”, que é comum a [[tudo]] aquilo que [[eu]] pergunto, é constituída pelo [[fato]] de que o [[ente]] [[é]], posto no [[ser]] e em [[virtude]] do [[ser]]. Ora, de [[tudo]] posso [[dizer]] que “[[é]]”. Logo posso [[perguntar]] por [[tudo]] unificando a [[tudo]] em [[virtude]] do [[ser]]. O [[ser]] é a [[unidade]] de todo o perguntável e de todo o [[conhecível]], a [[unidade]] de todos os [[entes]]" (1).
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: "A nossa [[experiência]] cotidiana do [[mundo]] faz encontrar-nos com uma grande multiplicidade de [[entes]]. Quando tomamos a [[pergunta]] como ponto de partida de nossa investigação [[metafísica]], constatamos reflexivamente que somos capazes de [[perguntar]] por [[tudo]] sem [[limitações]]. Mostrou-se também que [[perguntar]] por [[tudo]] não significava [[perguntar]] uma por uma [[todas]] as [[realidades]] particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as particularidades e [[perguntar]] de uma vez por [[tudo]], num [[ato]] unificador através da [[pergunta]]. A [[pergunta]] assim revelava-se como eminentemente unificante, já que por ela não se unificam apenas algumas [[realidades]] particulares, mas [[todas]] de uma vez. Porém, [[poder]] [[unificar]] a [[tudo]] através da [[pergunta]], ou seja, [[poder]] [[perguntar]] por [[tudo]] de uma vez, só é [[possível]] se [[tudo]] forma realmente uma [[unidade]] [[original]]. Em que consiste esta [[unidade]] [[fundamental]]? A isto podemos [[responder]] respondendo à [[pergunta]]: Em [[virtude]] de que a [[pergunta]] unifica [[tudo]]? Quando [[eu]] pergunto: “O que [[é]] isto?”, “O que [[é]] aquilo?”, “O que [[é]] [[tudo]] isto?”, a própria [[pergunta]] nos responde: a [[unidade]] de todo o perguntável é constituído pelo “[[é]]”, que é comum a [[tudo]] aquilo que [[eu]] pergunto, é constituída pelo [[fato]] de que o [[ente]] [[é]], posto no [[ser]] e em [[virtude]] do [[ser]]. Ora, de [[tudo]] posso [[dizer]] que “[[é]]”. Logo posso [[perguntar]] por [[tudo]] unificando a [[tudo]] em [[virtude]] do [[ser]]. O [[ser]] é a [[unidade]] de todo o perguntável e de todo o conhecível, a [[unidade]] de todos os [[entes]]" (1).
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio. '''[[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. '''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: -------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 200.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: ----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 200.'''
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "A imagem-questão", '''ensaio''' ainda não publicado.
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: CASTRO, Manuel Antônio de. ''' "A [[imagem]]-[[questão]]", [[ensaio]] ainda não publicado.'''

Edição atual tal como 21h46min de 18 de fevereiro de 2025

1

"O que é real? E ela não sabia como responder. Às cegas teria que pedir. Mas ela queria que, se fosse às cegas, pelo menos entendesse o que pedisse. Ela sabia que não devia pedir o impossível: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada. É perigoso mexer com a grande resposta." (1)


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, pp. 56-57.

2

Todo perguntar eclode do questionar. Neste já estamos desde sempre pré-lançados. Por isso quando perguntamos queremos saber a partir do que já nos está dado no questionar. Toda pergunta exercita assim um saber e um não-saber. Só perguntamos porque não sabemos. Por outro lado, se absolutamente não soubéssemos nada, jamais poderíamos perguntar, porque todo perguntar pergunta porque quer saber algo. Mas o que acontece quando perguntamos pelo perguntar? Só perguntamos porque já nos movemos na clareira do ser, no questionar. "Quando se pergunta o que é perguntar, não há dissociação entre a pergunta e o perguntado. O perguntar se inclui no perguntado. Já não é possível instalar-se fora da pergunta. Resta apenas a alternativa de perguntar ou não perguntar. Quando pergunto, só pergunto por já estar dentro da pergunta. O perguntar e o perguntado não se excluem, mas se incluem mutuamente" (1).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. In: "Definições da filosofia". Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 130/131, 1997, p. 153.

3

"...o homem é este estranho espécime que pergunta. Este estranho espécime, cuja devoção é perguntar. E isso porque pensa. Quer dizer, não só porque , mas, sobretudo, porque que ! Toda pergunta é eco, ressonância desse desconcerto" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "Liberdade e criação". In: Revista Aisthe, No. 1, 2007, p. 30.

4

"Unicamente o homem é capaz de perguntar. Ele sabe e não sabe. Este saber e não-saber, se fecundam mutuamente, porque o homem já sempre está mais adiante do que onde ele está agora. Ele é existência. Está aberto ao horizonte de um mistério infinito. Este mistério, por ser infinito é inesgotável para o homem e também precisamente por ser infinito ele é também mistério para o homem. Ora, na penetração deste mistério infinito são possíveis infinitas perguntas, pois o mistério é justamente algo de que sabemos, mas que também não sabemos tudo e onde nosso não-saber é fecundado pelo pré-saber que nos indica a direção, a meta, através da abertura que temos para o infinito. Unicamente de uma tal situação pode surgir uma pergunta. E esta é a situação própria do homem" (1).


Referência:
(1) HUMMES o.f.m, Frei Cláudio. Metafísica. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

5

procura verdadeiramente o homem que pergunta. Daí a questão fundar a pergunta e a resposta. Estas acontecem num círculo originário, onde o fim implica o início e este o fim. A pergunta extrai sua força e vigor, tem origem nas questões. Sem questão não há pergunta. Por isso, podemos caracterizar o ser humano como sendo aquele que faz perguntas. E há outro "ente" que pergunte? Não. É a diferença ontológica.


- Manuel Antônio de Castro.

6

Toda pergunta surge do exercício do questionar. A pergunta pode exercer-se em dois horizontes: o do pensamento e o do conhecimento. Quando se pergunta para conhecer, procura-se uma resposta que aumente o conhecimento e nos traga mais informações sobre o objeto da pergunta. E aí a resposta desfaz a pergunta. Tal pergunta surge quando nos dedicamos ao estudo e nos conduz a um aprendizado. Quando se pergunta para pensar, a resposta, em vez de me trazer um conhecimento, reinstala a questão, que originou a pergunta, em outro nível, como se desse um passo para reinstalar não mais saber, mas o não-saber. Esse é o exercício da aprendizagem do aprender a pensar. O aprender a pensar é aquele questionar que nos liberta para o desaprender. Nesse nível todo desaprender é em essência sempre uma renúncia, onde esta não tira, dá, porque liberta para ser sem a prisão de algo que já sabemos e não somos. Ser é ser sem limites e sem estar preso a algo.


- Manuel Antônio de Castro

7

"A resposta à pergunta é, como cada autêntica resposta, a última saída do último passo de uma longa seqüência de passos questionantes. Cada resposta somente conserva sua força como resposta enquanto ela permanecer enraizada no questionar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70/Almedina, 2010, p. 179.

8

"Vivendo se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 312.

9

"Só podemos perguntar porque já vigoramos no ser, na memória do sentido do ser. É que o ser, a memória ou sentido do ser, é questão. É que a questão não é apenas saber e não-saber, ser e não-ser, ela é também a unidade de saber e ser, de não-saber e não-ser. E só por ser unidade é que a questão pode advir à pergunta. Advir à pergunta é advir à linguagem, a partir da memória. Memória é unidade e sendo unidade é linguagem. Linguagem, enquanto unidade, não é, em primeira instância, fala ou elocução. Só se fala na e a partir da linguagem. Então podemos dizer que a quarta dimensão do tempo é a memória, e esta é a unidade do tempo enquanto o tempo se faz linguagem. É. O tempo édiz, originariamente, linguagem, unidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado.

10

"Não se trata, porém, de um saber temático, e menos ainda de um saber empírico objetivo. Trata-se antes de um pré-saber atemático, que é pressuposto e posto juntamente com o exercício da pergunta como condição de sua possibilidade. A própria pergunta deve, portanto, ser perguntada sobre sua condição de possibilidade, e o atemático pré-saber deve ser elevado a saber tematizado. Temos, assim, descoberto já um possível ponto de partida para encontrar o ser do ente: a pergunta" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

11

"Se na pergunta não houvesse nada de desconhecido, ao menos parcialmente, ou desconhecido sob certo aspecto, eu não poderia perguntar a pergunta sobre nada, pois já saberia tudo o que ela é ou implica" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

12

"A pergunta implica sempre dois elementos: o saber e o não-saber. É este que faz surgir a pergunta para saber, mas ele não é um não-saber totalmente vazio, algo totalmente desconhecido. Trata-se antes - na unidade do saber e não-saber já ciente - de um não-saber em que pelo fato de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa forma geral e indeterminada, mas não é ainda em forma específica e determinada" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

13

"Para que haja pergunta já se exige mais que uma mútua delimitação de saber e não-saber: exige-se um não-saber ciente, que ciente do seu próprio não-saber e ultrapassando-o se projeta para mais adiante do que onde ele está, na direção do ainda-não-sabido, pois, do contrário, não poderia constituir uma direção. De um tal não-saber ciente surge o querer saber e do querer saber surge a pergunta" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

14

"Ora, a pergunta sobre a pergunta já nos mostrou: perguntar por isto ou por aquilo singularmente só posso se posso perguntar simplesmente. Perguntar simplesmente só posso se posso perguntar sobre todo o perguntável, simplesmente. A pergunta sobre todo o perguntável simplesmente é a pergunta pela totalidade" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

15

"Perguntar por tudo simplesmente só posso enquanto pergunto em uma pergunta por tudo: o que é tudo? O que é a totalidade do perguntável? Perguntar por tudo numa só pergunta eu só posso se a totalidade implica uma unidade fundamental" (1).
Unidade é sentido, é linguagem, é mundo, em que eu já estou vigorando.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

16

"A unidade da pergunta supõe a unidade do perguntado. Por isto, podemos concluir: se a possibilidade de perguntar por tudo está implicada como condição de possibilidade de toda pergunta singularmente determinada, e se a possibilidade de perguntar por tudo se funda na unidade de tudo enquanto este tudo é perguntável, então devemos dizer que a unidade da totalidade do perguntável é condição de possibilidade de qualquer pergunta" (1).
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

17

"... devemos dizer que eu só posso perguntar o que ainda não sei. A pergunta só pode surgir de um saber que-não-sabe. Ora, como vimos, a possibilidade de qualquer pergunta se funda na possibilidade de perguntar pelo ser. Por isto, o ser deve significar para mim também um horizonte não-sabido. Assim devemos dizer que o horizonte de ser, como condição fundamental de todo perguntar deve constituir um horizonte sabido-não-sabido por mim. Assim perguntar pelo ser eu só poderei se o ser significar sempre para mim um não-sabido além de ser algo de sabido. E assim sucede que meu não-saber do ser nunca seja totalmente redutível a um saber, pois então se dissolveria a possibilidade de perguntar pelo ser e, igualmente, a possibilidade de qualquer outra pergunta" (1). É o que se tenta dizer com a liminaridade, com o entre-ser em que vigora o ser humano.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

18

"Assim o ser - como horizonte fundamental e original sabido e não-sabido ao mesmo tempo - deve constituir para o homem um mistério original, fundamental e como tal, inesgotável. Nunca meu saber poderá compreender exaustivamente o horizonte do ser. Por isto nunca se esgotará minha capacidade de perguntar e ao mesmo tempo minha necessidade de perguntar pelo ser dos entes. A pergunta pelo ser é essencial ao homem, expressão de sua essência: o homem é o perguntador simplesmente, é quem pode e deve simplesmente perguntar, é quem pergunta pelo ser, é quem pode e deve simplesmente perguntar pelo ser - esta é sua essência, vista através do prisma do exercício da pergunta, como típico exercício do sentido do ser do homem pelo homem mesmo". (1)
Karl Rahner diz: “O homem existe como pergunta pelo ser" (2).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
(2) Karl Rahner, cf. seu livro “Geist in Welt”: Espírito no Mundo.

19

"Nunca podemos perder totalmente de vista nosso ponto de partida: a pergunta, ou seja, o homem que se exerce como perguntador, exprimindo assim seu ser próprio" (1). E se exercitando inteiramente no e como saber, como conhecer, de tal maneira que em primeira instância a questão do ser humano é o saber e não propriamente o ser, pois este já está dado. Por isso ele tem que agir sempre, sendo essa a sua caminhada para chegar a ser o que já lhe foi doado.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

20

"Assim a pergunta aparece como sendo ao mesmo tempo um auto-exercício e um exercício de outro. Trata-se de um auto-exercício em que o sujeito como perguntador se transcende a si mesmo em direção ao outro como perguntado, ao objeto, ou seja, um auto-exercício que se realiza através do exercício de um outro" (1). Está aqui, certamente, a intencionalidade de que trata a fenomenologia e, por isso mesmo, a questão do horizonte. "Em outras palavras, em um mesmo exercício da pergunta o perguntador se exerce a si mesmo e a algo de outro. Já sabemos também que toda pergunta implica um saber que o perguntador possui de si mesmo e do objeto perguntado. Ora, todo saber é, em última análise, um saber referente ao ser, pois somente algo que é pode ser sabido" (2). Esta observação é fundamental. Todo saber diz respeito em primeira instância ao ser e a sua separação deste é pura abstração. Quando há a representação o interessante é que se cria uma defasagem entre o que se representa e o que acontece a partir de e na vigência do ser. E é aí que se dá toda a perda que a mera representação acarreta: perde-se o sentido da realidade, de maneira que se dá uma defasagem e um afastamento dela. E isso acaba gerando a perda do seu sentido e de quem assim age. E sem sentido não se pode mais viver, não se pode mais ser.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
(2) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por um ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

21

"Toda pergunta, todo saber nosso, se exerce dentro do horizonte do ser. Este, como horizonte, é constituído pelo ser absoluto. Ora, embora para perguntar devamos sempre já co-exercer o horizonte do ser ilimitado, no entanto, isto se realiza apenas no sentido de que o pré-captamos sem atingi-lo na sua plenitude, ou seja, que ele é fundamentalmente a direção para onde vai toda nossa pergunta e nosso saber, sem que jamais o possamos abranger à maneira de um abraço com que envolvemos alguém" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

22

"O nosso ponto de partida para toda a metafísica é o homem assim como realiza o sentido do seu ser através da ação. Entre as ações humanas escolhemos a pergunta porque ela é eminentemente característica do homem" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

23

"A nossa experiência cotidiana do mundo faz encontrar-nos com uma grande multiplicidade de entes. Quando tomamos a pergunta como ponto de partida de nossa investigação metafísica, constatamos reflexivamente que somos capazes de perguntar por tudo sem limitações. Mostrou-se também que perguntar por tudo não significava perguntar uma por uma todas as realidades particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as particularidades e perguntar de uma vez por tudo, num ato unificador através da pergunta. A pergunta assim revelava-se como eminentemente unificante, já que por ela não se unificam apenas algumas realidades particulares, mas todas de uma vez. Porém, poder unificar a tudo através da pergunta, ou seja, poder perguntar por tudo de uma vez, só é possível se tudo forma realmente uma unidade original. Em que consiste esta unidade fundamental? A isto podemos responder respondendo à pergunta: Em virtude de que a pergunta unifica tudo? Quando eu pergunto: “O que é isto?”, “O que é aquilo?”, “O que é tudo isto?”, a própria pergunta nos responde: a unidade de todo o perguntável é constituído pelo “é”, que é comum a tudo aquilo que eu pergunto, é constituída pelo fato de que o ente é, posto no ser e em virtude do ser. Ora, de tudo posso dizer que “é”. Logo posso perguntar por tudo unificando a tudo em virtude do ser. O ser é a unidade de todo o perguntável e de todo o conhecível, a unidade de todos os entes" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

24

"E perguntar só posso se sei que pergunto, do contrário a pergunta não seria um exercício consciente e mais uma vez deixaria de ser possível. Mas, também, perguntar eu só posso quando quero saber. E quando de fato pergunto, sei que quero saber. Porém, quando quero saber, isto supõe que posso saber. Isto significa, portanto, que a pergunta se dirige a algo que pode ser sabido – e este último elemento é importante para nossa questão da verdade do ser. A pergunta se dirige a algo que pode ser sabido e que eu já sei até certo ponto, mas não plenamente, não exaustivamente. E que, por isto, quero saber mais plenamente. Isto me impele a perguntar. Vemos como o saber está na base da pergunta. Pois pergunta pressupõe um saber anterior. Implica este mesmo saber anterior e se dirige para um novo saber. Assim temos como uma primeira forma de exercício espiritual o saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

25

"Fique claro: o perguntar enquanto poder perguntar move-se no ser, mas cada pergunta concreta já se exerce sempre no âmbito e na conjuntura do sendo. Por isso, é que a pergunta pelo ser se dá sempre no âmbito do sendo: o que é ser? Daí a única resposta possível: o ser não é" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.

26

"... isto não nos deve fazer esquecer que o ente não é o ser e que, portanto, a resposta não dá conta da questão, não dá conta do ser. E que não há aí uma dicotomia, mas uma tensão dinâmica na qual qualquer resposta já solicita, convoca e recoloca a questão. Todo agir dá-se sempre em uma dobra. A questão se move, portanto, na densidade complexa e abismal de não-ser-ser. A resposta-conceito se move no âmbito paradoxal, mas restrito, do ente. A questão sempre se como pergunta" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: ----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 200.

27

"Toda pergunta é querer ver claro a selva da vida, pois sabemos que vivemos na espera da sua plenitude: a morte. A morte é o vazio onde se move e tece a teia da vida. A morte é o silêncio vivo do mistério. Vivemos nesse "E" de vida "E" morte como um entre sempre provisório" (1).


CASTRO, Manuel Antônio de. "A imagem-questão", ensaio ainda não publicado.
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