Filosofia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:“A filosofia é o corresponder ao ser do ente. Mas ela o é somente então e apenas quando esta correspondência se exerce propriamente e assim se desenvolve e alarga este desenvolvimento. Este corresponder se dá de diversas maneiras, dependendo sempre do modo como fala o [[apelo]] do ser, ou do modo como é ouvido ou não ouvido um tal apelo, ou ainda, do modo como é dito e silenciado o que se ouviu” (1).  
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: “A [[filosofia]] é o corresponder ao [[ser]] do [[ente]]. Mas ela o é somente então e apenas quando esta correspondência se exerce propriamente e assim se desenvolve e alarga este desenvolvimento. Este corresponder se dá de diversas maneiras, dependendo sempre do modo como fala o [[apelo]] do [[ser]], ou do modo como é ouvido ou não ouvido um tal [[apelo]], ou ainda, do modo como é dito e silenciado o que se ouviu” (1).  
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:(1) HEIDEGGER, Martin. Trad. Ernildo Stein. ''Os pensadores''. São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 20.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é isto - a filosofia?". Trad. Ernildo Stein. In: --------. '''Os pensadores'''. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 20.
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: “A filosofia não é, pois, uma disciplina de ensino que se pudesse adquirir à maneira de conhecimentos técnicos ou por meio de um treinamento especializado. Mas também não é ciência pura cujos teoremas pudessem ser axiomatizados ou vir um dia a serem aplicados com vantagem. A filosofia é um modo de ser tão radical que nem sente necessidade de renunciar ao útil e identificar-se com o inútil” (1).
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: *[[Sentido]]
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: "A [[filosofia]] não é, pois, uma [[disciplina]] de ensino que se pudesse adquirir à maneira de [[conhecimentos]] [[técnica|técnicos]] ou por meio de um treinamento especializado. Mas também não é [[ciência]] pura cujos teoremas pudessem ser axiomatizados ou vir um dia a serem aplicados com vantagem. A [[filosofia]] é um modo de [[ser]] tão radical que nem sente [[necessidade]] de renunciar ao [[útil]] e identificar-se com o [[inútil]]" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a Pensar II''. Petrópolis, Vozes, 1992, p. 180-181.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''Aprendendo a Pensar II'''. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 180-1.
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:*[[Sabedoria]]
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:*[[Conhecimento]]
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: *[[Sabedoria]]
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: *[[Conhecimento]]
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:"O radical "phil" se encontra em várias formas do verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome ''noos'', cognato do latim ''suus''. Designa de per si a qualidade e ação de ''próprio'', de ''apropriar-se'' e ''ser próprio''. em Homero (Od. i, 233, II. 3, 31) ''philos'' significa próprio. Mas o que é próprio, propriedade e apropriar-se? Esta a pergunta que faz o filósofo. [[Próprio]] e propriedade é um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim ''philo-sophos'' indica o [[homem]] enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado o sabor de viver. O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de [[saber]], por já ter sido apropriado pela [[paixão]] de viver" (1).
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:"O [[radical]] ''phil'' se encontra em várias formas do [[verbo]], [[substantivo]], adjetivo. Corresponde ao pronome ''noos'', cognato do [[latim]] ''suus''. Designa de per si a qualidade e [[ação]] de [[próprio]], de apropriar-se e [[ser]] [[próprio]]. Em Homero (Od. i, 233, II. 3, 31), ''philos'' significa [[próprio]]. Mas o que é [[próprio]], propriedade e apropriar-se? Esta é a [[pergunta]] que faz o [[filósofo]]. [[Próprio]] e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num [[processo]] de [[apropriação]]. Assim ''philo-sophos'' indica o [[homem]] enquanto se conquista determinada [[atitude]], por ele se ter apropriado do [[sabor]] de [[viver]]. O [[homem]] só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de [[saber]], por já ter sido apropriado pela [[paixão]] de [[viver]]" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Rev. Tempo Brasileiro, 130/131, jul.-dez., 1997, p. 153.
 
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''Revista Tempo Brasileiro, nº 130/131, 1997''', p. 153.
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:"[[Filosofia]] é um [[radical]], um visceral compromisso com o [[real]], no [[sentido]] de, por parte do [[homem]], autoimpor-se a tarefa de compreendê-lo. E compreendê-lo é, será sempre, transpor-se para a sua [[gênese]], para seu ''in statu nascendi'', que é sua [[essência]], seu tornar-se ou fazer-se" (1).
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:(1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). '''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra'''. Rio de Janeiro: ''Confraria do Vento'', 2011, p. 99.
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: "Curioso é o modo de proceder do [[filósofo]] no exercício da [[filosofia]]. Ele põe em [[questionamento]] uma [[questão]] tentando respondê-la  numa variedade de níveis e modos. Mas, se bem se analisa, a [[resposta]] não passa de uma [[radicalização]] e aprofundamento da [[pergunta]]. Ao longo de todo o esforço de [[pensar]], o [[filósofo]] se faz ouvinte para [[escutar]] outras [[respostas]], diferentes e contrárias, que possam vir a enriquecer e desdobrar a [[questão]]. É um procedimento não só [[difícil]] de encontrar  como também  penoso de seguir no âmbito da [[consciência]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista '''Tempo brasileiro, 130 / 131, jul.-dez., 1997''', p. 148.
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:"A [[filosofia]] não é um estado nem um dado na posse de alguns [[homens]], os filósofos. A [[filosofia]] se dá [[sempre]] que algum [[homem]] assume, radicalmente, em seu [[ser]], o [[vigor]] do [[próprio]] [[ser]]. E é somente por isso que [[Platão]] coloca o [[diálogo]] no [[caminho]] de uma [[meditação]] sobre o [[ser]] e o [[não ser]] de [[tudo]] que [[é]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Introdução ao '''Sofista''' de [[Platão]]". In: ------. '''Filosofia grega - uma introdução'''. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2010, p. 218.
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: "Perguntamos: Que é isto - a [[filosofia]]? Pronunciamos assaz frequente vezes a [[palavra]] "[[filosofia]]". Se, porém, agora não mais empregamos a [[palavra]] "[[filosofia]]" como um termo gasto; se, em vez disso, escutamos a palavra "[[filosofia]]" em sua [[origem]], então ela soa ''philosophia''. A [[palavra]] "[[filosofia]]" fala agora através do grego. A [[palavra]] grega é, enquanto [[palavra]] ''grega'', um [[caminho]]. De um lado, esse [[caminho]] se estende diante de nós, pois a [[palavra]] já foi proferida há muito tempo. De outro lado, ele já se estende atrás de nós, pois ouvimos e pronunciamos esta [[palavra]] desde os primórdios de nossa [[civilização]]. Desta maneira, a [[palavra]] grega ''philosophia'' é um [[caminho]] sobre o qual estamos a [[caminho]]. Conhecemos, porém, este [[caminho]] apenas confusamente, ainda que  possuamos muitos [[conhecimentos]] históricos sobre a [[filosofia]] grega e os possamos difundir" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Que é isto - a filosofia''. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Livraria Duas Cidades / Petrópolis / RJ: Vozes, 2006, p. 17.
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: "A [[filosofia]] grega é uma [[experiência]] de [[Pensamento]]. Mas não é a única [[experiência]] grega de [[pensamento]]. Outra [[experiência]] grega de [[Pensamento]] é o [[Mito]] e a [[Mística]]. Uma outra, são os [[deuses]] e o [[extraordinário]]. Ainda uma outra é a [[Poesia]] e a [[Arte]]. Ainda outra é a ''[[Polis]]'' e a ''[[Politeia]]''. A última, por ser no fundo a primeira [[experiência]] grega de [[Pensamento]],  é [[Vida]] e a [[Morte]], ''[[Eros]]'' e ''[[Thanatos]]'' " (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. '''Filosofia grega - uma introdução'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 11.
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== 9 ==
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: "Que ninguém hesite em se dedicar à [[filosofia]] enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde de [[espírito]]" (1).
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: (1) EPICURO. '''Carta sobre a felicidade''' (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 21.
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== 10 ==
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: "A [[palavra]] ''philosophia'' diz-nos que a [[filosofia]] é algo que pela primeira vez e antes de tudo vinca a [[existência]] do [[mundo]] grego. Não só isto - a ''philosophia'' determina também a linha mestra de nossa [[história]] ocidental-europeia. A batida expressão "filosofia ocidental-europeia" é, na verdade, uma tautologia. Por quê? Porque a "filosofia" é grega em sua [[essência]], e grego aqui significa: a [[filosofia]] é nas [[origens]] de sua [[essência]] de tal [[natureza]] que ela primeiro se apoderou do [[mundo]] grego e só dele, usando-o para se desenvolver" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Que é isto - a filosofia''. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Livraria Duas Cidades / Petrópolis / RJ: Vozes, 2006, p. 17.
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: "...para Heidegger, a [[filosofia]] não é, primordialmente, uma construção de [[conhecimento]], é uma [[experiência]] de pensamento, do mesmo nível ontológico da religiosidade, da [[mitologia]], da [[poesia]], da [[vida]] e da [[morte]] e de toda [[mentalidade]], no sentido de todos os processos mentais e não mentais do [[homem]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.
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: "Na eloquência [[originária]] de seu [[nome]], na própria força instauradora da [[palavra]] grega, [[filosofia]] diz reciprocamente tanto o [[amor]] da [[sabedoria]] como a [[sabedoria]]  do [[amor]]" (1).
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: Referência:
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista ''Tempo brasileiro'', 130 / 131, jul.-dez., 1997, p. 146.
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== 13 ==
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: "Assim numa [[definição]] [[real]] poder-se-ia definir a [[filosofia]] como o esforço do [[pensamento]] de [[questionar]] tudo que nos vem ao encontro, tanto o que somos, como o que não somos, pela radicalização da [[paixão]] de [[viver]]. Dando [[sentido]] a todas as [[coisas]], a [[paixão]] de [[viver]] torna a [[vida]] digna de ser vivida. Destarte a [[definição nos diz duas coisas fundamentais: primeiro, que [[filosofia]] é [[questionar]] e ser questionado pela [[paixão]] de [[viver]], e, segundo, ser [[filósofo]] equivale a ser homem também discursivamente apaixonado, i. é, num [[discurso]] agente e paciente daquela [[paixão]]" (1).
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: Referência:
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista ''Tempo brasileiro'', 130 / 131, jul.-dez., 1997, p. 149.
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== 14 ==
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: "O [[tema]] central na [[filosofia]] [[grega]], começando com Parmênides e Górgias nos concerne a [[pensar]] o que [[não é]]. [[Pensar]], portanto, consiste em uma [[relação]] com a [[coisa]] sobre a qual a [[pessoa]] pensa. No entanto, nenhuma [[relação]] pode [[acontecer]] se o que é relatado não acontece. Podemos, às vezes, [[pensar]] o que não existe. E isso é a [[loucura]]. Uma [[vida]] tão solipsista que acaba por afastar-se completamente da [[realidade]]" (1).
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: Referência:
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: (1) FRECHEIRAS, Marta Luzie de Oliveira. "Intencionalidade, memória e reminiscência em Aristóteles". In: Revista ''Tempo Brasileiro - Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164. Rio de Janeiro: jan.-mar. 2006, p. 38.
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: "Há, pois, duas [[possibilidades]], que brotam, se complementam e se integram na [[estrutura]] do [[pensar]]: o [[pensamento]] irrequieto, que calcula, e o [[pensamento]] sereno, que pensa o [[sentido]]. É da [[angústia]] deste [[pensamento]] do [[sentido]] que estamos fugindo hoje e na fuga lhe sentimos a falta. Por isso, procuramos preencher o [[vazio]] com discussões sobre [[filosofia]] e [[psicanálise]]" (1).
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: Referência:
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Filosofia e psicanálise". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 52.
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== 16 ==
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: "... a [[filosofia]] é sempre um [[futuro]], uma [[coisa]] a [[ser]] conquistada que nunca termina de [[ser]] conquistada pela promoção e [[desenvolvimento]] do cabedal [[diferente]] das [[possibilidades]] de cada um. Assim, cada [[possibilidade]], por mais difícil que seja [[adquirir]] a [[consciência]] das minhas [[possibilidades]] e de cada [[possibilidade]] de cada um, é indispensável para o [[crescimento]] e [[desenvolvimento]] de [[todos]]" (1).
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: Referência:
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: ''Arte: corpo, mundo e terra''. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 72.
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== 17 ==
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: "É que as [[obras]] [[religiosas]] não são [[filosóficas]], são muitas vezes [[obras]] [[mítico]]-[[poéticas]], como por exemplo, os ''Salmos'', o ''Cântico dos cânticos'', de Salomão, o ''Gênesis''. Porém, as [[obras]] [[religiosas]] são encaradas a partir da [[questão]] da [[verdade]] e, por isso, a [[verdade]] que elas dizem, manifestam, precisam das [[reflexões]] [[filosóficas]] para que sejam compreendidas. Pois quem trata da [[questão]] da [[verdade]], explicitamente, é a [[filosofia]]. Toda a [[filosofia]] se tece em torno da grande e [[fundamental]] [[questão]] da [[verdade]]. Hoje e desde [[sempre]] o modo como se encara e conduz a [[questão]] da [[verdade]] é [[filosófica]]. Claro, depois, essa tarefa coube à [[teologia]]. Mas não há [[teologia]] sem [[filosofia]], nunca houve nem haverá" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 125.
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== 18 ==
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: "O [[sentido do Ser]] torna a [[questão]] da [[essência]] do [[agir]] o fio condutor para [[repensar]] não só a [[filosofia]], mas também a [[poesia]] e o seu exercício de [[leitura]] e [[interpretação]]. É porque [[ação]] em seu [[sentido]] não pode [[ser]] apenas algo [[racional]], [[abstrato]] e distante, implica a [[presença]] do ''[[Dasein]]'' [[concreto]] e [[vital]]" (1).
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: Referência:
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 32.
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== 19 ==
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: "Insistindo na [[questão]] do [[esquecimento]] do [[sentido do Ser]], [[Heidegger]] põe toda a [[filosofia]] em [[questão]]. Mas esse [[questionar]] não significa um excluir ou tentar superar os [[sistemas]] anteriores, para pôr em seu [[lugar]] uma nova [[verdade]] e um novo [[sistema]] ou, no caso da [[arte]], uma nova [[estética]]. Não. Ele se mantém firme [[sempre]] nas [[questões]] a serem pensadas, no '''a-se-pensar'''. Este não cabe jamais nos [[conceitos]] nem em algum [[sistema]]. Os [[leitores]] profissionais de [[filosofia]] querem de qualquer maneira rotulá-lo e classificá-lo. No fundo, [[ler]] [[Heidegger]] é se abrir para as [[questões]], para o '''a-se-pensar'''" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 34.
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== 20 ==
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: "Como os [[conceitos]] são operacionais no estabelecimento de [[conhecimentos]] [[universais]] [[abstratos]], a [[filosofia]] não pode [[fundar]] nunca os difíceis [[caminhos]] da [[interpretação]] das [[obras de arte]]. Para atender à sua densidade em [[dizer]] o [[sagrado]], é necessária uma abertura de [[compreensão]] de [[escuta]] da [[fala]] das [[obras]]. Esta se torna, sem dúvida, uma [[questão]] central: Em que consiste a [[leitura]] das [[obras de arte]]? [[Heidegger]] trata disso no [[ensaio]] A [[origem]] da [[obra de arte]]" (1).
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: Referência:
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==4==
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 35
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: Mais uma ficha para teste de caixa.
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Edição atual tal como 01h44min de 21 de janeiro de 2024

1

“A filosofia é o corresponder ao ser do ente. Mas ela o é somente então e apenas quando esta correspondência se exerce propriamente e assim se desenvolve e alarga este desenvolvimento. Este corresponder se dá de diversas maneiras, dependendo sempre do modo como fala o apelo do ser, ou do modo como é ouvido ou não ouvido um tal apelo, ou ainda, do modo como é dito e silenciado o que se ouviu” (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Que é isto - a filosofia?". Trad. Ernildo Stein. In: --------. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 20.


Ver também:
*Silêncio
*Sentido

2

"A filosofia não é, pois, uma disciplina de ensino que se pudesse adquirir à maneira de conhecimentos técnicos ou por meio de um treinamento especializado. Mas também não é ciência pura cujos teoremas pudessem ser axiomatizados ou vir um dia a serem aplicados com vantagem. A filosofia é um modo de ser tão radical que nem sente necessidade de renunciar ao útil e identificar-se com o inútil" (1).
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a Pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 180-1.


Ver também:
*Sabedoria
*Conhecimento

3

"O radical phil se encontra em várias formas do verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome noos, cognato do latim suus. Designa de per si a qualidade e ação de próprio, de apropriar-se e ser próprio. Em Homero (Od. i, 233, II. 3, 31), philos significa próprio. Mas o que é próprio, propriedade e apropriar-se? Esta é a pergunta que faz o filósofo. Próprio e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim philo-sophos indica o homem enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado do sabor de viver. O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de saber, por já ter sido apropriado pela paixão de viver" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Revista Tempo Brasileiro, nº 130/131, 1997, p. 153.

4

"Filosofia é um radical, um visceral compromisso com o real, no sentido de, por parte do homem, autoimpor-se a tarefa de compreendê-lo. E compreendê-lo é, será sempre, transpor-se para a sua gênese, para seu in statu nascendi, que é sua essência, seu tornar-se ou fazer-se" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 99.

5

"Curioso é o modo de proceder do filósofo no exercício da filosofia. Ele põe em questionamento uma questão tentando respondê-la numa variedade de níveis e modos. Mas, se bem se analisa, a resposta não passa de uma radicalização e aprofundamento da pergunta. Ao longo de todo o esforço de pensar, o filósofo se faz ouvinte para escutar outras respostas, diferentes e contrárias, que possam vir a enriquecer e desdobrar a questão. É um procedimento não só difícil de encontrar como também penoso de seguir no âmbito da consciência" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista Tempo brasileiro, 130 / 131, jul.-dez., 1997, p. 148.

6

"A filosofia não é um estado nem um dado na posse de alguns homens, os filósofos. A filosofia se dá sempre que algum homem assume, radicalmente, em seu ser, o vigor do próprio ser. E é somente por isso que Platão coloca o diálogo no caminho de uma meditação sobre o ser e o não ser de tudo que é" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Introdução ao Sofista de Platão". In: ------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2010, p. 218.

7

"Perguntamos: Que é isto - a filosofia? Pronunciamos assaz frequente vezes a palavra "filosofia". Se, porém, agora não mais empregamos a palavra "filosofia" como um termo gasto; se, em vez disso, escutamos a palavra "filosofia" em sua origem, então ela soa philosophia. A palavra "filosofia" fala agora através do grego. A palavra grega é, enquanto palavra grega, um caminho. De um lado, esse caminho se estende diante de nós, pois a palavra já foi proferida há muito tempo. De outro lado, ele já se estende atrás de nós, pois ouvimos e pronunciamos esta palavra desde os primórdios de nossa civilização. Desta maneira, a palavra grega philosophia é um caminho sobre o qual estamos a caminho. Conhecemos, porém, este caminho apenas confusamente, ainda que possuamos muitos conhecimentos históricos sobre a filosofia grega e os possamos difundir" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Que é isto - a filosofia. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Livraria Duas Cidades / Petrópolis / RJ: Vozes, 2006, p. 17.

8

"A filosofia grega é uma experiência de Pensamento. Mas não é a única experiência grega de pensamento. Outra experiência grega de Pensamento é o Mito e a Mística. Uma outra, são os deuses e o extraordinário. Ainda uma outra é a Poesia e a Arte. Ainda outra é a Polis e a Politeia. A última, por ser no fundo a primeira experiência grega de Pensamento, é Vida e a Morte, Eros e Thanatos " (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 11.

9

"Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde de espírito" (1).


Referência:
(1) EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 21.

10

"A palavra philosophia diz-nos que a filosofia é algo que pela primeira vez e antes de tudo vinca a existência do mundo grego. Não só isto - a philosophia determina também a linha mestra de nossa história ocidental-europeia. A batida expressão "filosofia ocidental-europeia" é, na verdade, uma tautologia. Por quê? Porque a "filosofia" é grega em sua essência, e grego aqui significa: a filosofia é nas origens de sua essência de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Que é isto - a filosofia. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Livraria Duas Cidades / Petrópolis / RJ: Vozes, 2006, p. 17.


11

"...para Heidegger, a filosofia não é, primordialmente, uma construção de conhecimento, é uma experiência de pensamento, do mesmo nível ontológico da religiosidade, da mitologia, da poesia, da vida e da morte e de toda mentalidade, no sentido de todos os processos mentais e não mentais do homem" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.


12

"Na eloquência originária de seu nome, na própria força instauradora da palavra grega, filosofia diz reciprocamente tanto o amor da sabedoria como a sabedoria do amor" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista Tempo brasileiro, 130 / 131, jul.-dez., 1997, p. 146.


13

"Assim numa definição real poder-se-ia definir a filosofia como o esforço do pensamento de questionar tudo que nos vem ao encontro, tanto o que somos, como o que não somos, pela radicalização da paixão de viver. Dando sentido a todas as coisas, a paixão de viver torna a vida digna de ser vivida. Destarte a [[definição nos diz duas coisas fundamentais: primeiro, que filosofia é questionar e ser questionado pela paixão de viver, e, segundo, ser filósofo equivale a ser homem também discursivamente apaixonado, i. é, num discurso agente e paciente daquela paixão" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista Tempo brasileiro, 130 / 131, jul.-dez., 1997, p. 149.


14

"O tema central na filosofia grega, começando com Parmênides e Górgias nos concerne a pensar o que não é. Pensar, portanto, consiste em uma relação com a coisa sobre a qual a pessoa pensa. No entanto, nenhuma relação pode acontecer se o que é relatado não acontece. Podemos, às vezes, pensar o que não existe. E isso é a loucura. Uma vida tão solipsista que acaba por afastar-se completamente da realidade" (1).


Referência:
(1) FRECHEIRAS, Marta Luzie de Oliveira. "Intencionalidade, memória e reminiscência em Aristóteles". In: Revista Tempo Brasileiro - Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164. Rio de Janeiro: jan.-mar. 2006, p. 38.


15

"Há, pois, duas possibilidades, que brotam, se complementam e se integram na estrutura do pensar: o pensamento irrequieto, que calcula, e o pensamento sereno, que pensa o sentido. É da angústia deste pensamento do sentido que estamos fugindo hoje e na fuga lhe sentimos a falta. Por isso, procuramos preencher o vazio com discussões sobre filosofia e psicanálise" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Filosofia e psicanálise". In: ------. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 52.


16

"... a filosofia é sempre um futuro, uma coisa a ser conquistada que nunca termina de ser conquistada pela promoção e desenvolvimento do cabedal diferente das possibilidades de cada um. Assim, cada possibilidade, por mais difícil que seja adquirir a consciência das minhas possibilidades e de cada possibilidade de cada um, é indispensável para o crescimento e desenvolvimento de todos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 72.

17

"É que as obras religiosas não são filosóficas, são muitas vezes obras mítico-poéticas, como por exemplo, os Salmos, o Cântico dos cânticos, de Salomão, o Gênesis. Porém, as obras religiosas são encaradas a partir da questão da verdade e, por isso, a verdade que elas dizem, manifestam, precisam das reflexões filosóficas para que sejam compreendidas. Pois quem trata da questão da verdade, explicitamente, é a filosofia. Toda a filosofia se tece em torno da grande e fundamental questão da verdade. Hoje e desde sempre o modo como se encara e conduz a questão da verdade é filosófica. Claro, depois, essa tarefa coube à teologia. Mas não há teologia sem filosofia, nunca houve nem haverá" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 125.

18

"O sentido do Ser torna a questão da essência do agir o fio condutor para repensar não só a filosofia, mas também a poesia e o seu exercício de leitura e interpretação. É porque ação em seu sentido não pode ser apenas algo racional, abstrato e distante, implica a presença do Dasein concreto e vital" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 32.

19

"Insistindo na questão do esquecimento do sentido do Ser, Heidegger põe toda a filosofia em questão. Mas esse questionar não significa um excluir ou tentar superar os sistemas anteriores, para pôr em seu lugar uma nova verdade e um novo sistema ou, no caso da arte, uma nova estética. Não. Ele se mantém firme sempre nas questões a serem pensadas, no a-se-pensar. Este não cabe jamais nos conceitos nem em algum sistema. Os leitores profissionais de filosofia querem de qualquer maneira rotulá-lo e classificá-lo. No fundo, ler Heidegger é se abrir para as questões, para o a-se-pensar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 34.

20

"Como os conceitos são operacionais no estabelecimento de conhecimentos universais abstratos, a filosofia não pode fundar nunca os difíceis caminhos da interpretação das obras de arte. Para atender à sua densidade em dizer o sagrado, é necessária uma abertura de compreensão de escuta da fala das obras. Esta se torna, sem dúvida, uma questão central: Em que consiste a leitura das obras de arte? Heidegger trata disso no ensaio A origem da obra de arte" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 35