Unidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→15) |
(→1) |
||
(41 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 8: | Linha 8: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1). BERGMAN, Ingmar. Fala do velho Diretor de teatro Henrik Vogler (Erland Josephson), no filme | + | : (1). BERGMAN, Ingmar. '''Fala do velho Diretor de teatro Henrik Vogler (Erland Josephson), no [[filme]] Depois do ensaio, Suécia, 1984'''. |
== 2 == | == 2 == | ||
- | : "Uma [[unidade]] existente ou criada [[vigor]]|vigora sempre como [[unidade]], significa: mesmo que composta por outras [[unidades]], a volta a essas [[unidades]] é necessariamente diluição, tanto quanto o é a volta de uma [[unidade]] composta às [[unidades]] componentes. Uma [[unidade]] se caracteriza basicamente enquanto [[unidade]] seja ela [[originária]] ou não. Uma [[unidade]] é irrepetível no [[outro]], ela não se expõe à dinâmica da [[igualdade]]. Uma [[unidade]] só é igual a si mesma. É a partir desse [[ser]] igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um [[outro]], ou de uma outra [[unidade]]. A [[unidade]] é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da [[realidade]] como [[dinâmica]] se dá a partir da [[unidade]] que esta mesma [[realidade]] é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de [[produzir]]" (1). | + | : "Uma [[unidade]] existente ou criada [[vigor]]|vigora [[sempre]] como [[unidade]], significa: mesmo que composta por outras [[unidades]], a volta a essas [[unidades]] é necessariamente diluição, tanto quanto o é a volta de uma [[unidade]] composta às [[unidades]] componentes. Uma [[unidade]] se caracteriza basicamente enquanto [[unidade]] seja ela [[originária]] ou não. Uma [[unidade]] é irrepetível no [[outro]], ela não se expõe à dinâmica da [[igualdade]]. Uma [[unidade]] só é igual a si mesma. É a partir desse [[ser]] igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um [[outro]], ou de uma outra [[unidade]]. A [[unidade]] é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da [[realidade]] como [[dinâmica]] se dá a partir da [[unidade]] que esta mesma [[realidade]] é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de [[produzir]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53-4. | + | : (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53-4. |
== 3 == | == 3 == | ||
- | : "O [[mestre]] de quase todos, Hesíodo | + | : "O [[mestre]] de quase todos, Hesíodo; estão convencidos de que ele sabe quase [[tudo]], ele, que não distinguia [[dia]] e [[noite]]; pois se dá a [[unidade]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HERÁCLITO. Fragmento 57. In: ''Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito | + | : (1) HERÁCLITO. Fragmento 57. In: '''Os [[pensadores]] [[originários]] - Anaximandro, Parmênides, [[Heráclito]]. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991''', p. 73. |
== 4 == | == 4 == | ||
- | :Qual a importância de se [[pensar]] o [[mesmo]], não como [[conceito]], mas como o [[elemento]] onde o [[tempo]] [[é]] e está sendo [[tempo]]? É que o [[mesmo]] dá [[unidade]] ao antes e ao depois e à [[travessia]]. Essa [[unidade]] é a [[realidade]] enquanto [[morte]], não mais como fim, mas como simples [[possibilidade]] de [[ser]] e de consumar o [[próprio]]. | + | : Qual a importância de se [[pensar]] o [[mesmo]], não como [[conceito]], mas como o [[elemento]] onde o [[tempo]] [[é]] e está sendo [[tempo]]? É que o [[mesmo]] dá [[unidade]] ao antes e ao depois e à [[travessia]]. Essa [[unidade]] é a [[realidade]] enquanto [[morte]], não mais como [[fim]], mas como simples [[possibilidade]] de [[ser]] e de [[consumar]] o [[próprio]]. |
- | :- [[Manuel Antônio de Castro]] | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]] |
== 5 == | == 5 == | ||
- | :"A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear de [[realidade]]. Toda realidade é unidade de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1). | + | : "A [[unidade]] é o ponto inicial de qualquer desencadear de [[realidade]]. Toda [[realidade]] é [[unidade]] de [[identidade]] e [[diferença]]. Na medida em que toda [[unidade]] é a [[vigência]] do mais [[simples]] e do mais [[complexo]], toda [[unidade]] é sem [[dobras]], e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1). |
- | :Referência: | + | : Referência: |
- | :(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53. | + | : (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53. |
+ | : '''Ver também:''' | ||
- | + | : *[[Dobra]] | |
- | + | ||
- | :*[[Dobra]] | + | |
- | + | ||
== 6 == | == 6 == | ||
- | :"Uma unidade se caracteriza basicamente enquanto unidade seja ela originária ou não. Uma unidade é irrepetível no outro, ela não se expõe à dinâmica da igualdade. Uma unidade só é igual a si mesma. É a partir desse ser igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um outro, ou de uma outra unidade. A unidade é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da [[realidade]] como dinâmica se dá a partir da unidade que esta mesma realidade é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de produzir" (1). | + | : "Uma [[unidade]] se caracteriza basicamente enquanto [[unidade]] seja ela [[originária]] ou não. Uma [[unidade]] é irrepetível no [[outro]], ela não se expõe à [[dinâmica]] da [[igualdade]]. Uma [[unidade]] só é igual a si mesma. É a partir desse [[ser]] igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um [[outro]], ou de uma outra [[unidade]]. A [[unidade]] é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da [[realidade]] como [[dinâmica]] se dá a partir da [[unidade]] que esta mesma [[realidade]] é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de [[produzir]]" (1). |
- | :Referência: | + | : Referência: |
- | + | ||
- | + | ||
- | + | ||
+ | : (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005''', p. 53. | ||
== 7 == | == 7 == | ||
Linha 68: | Linha 64: | ||
== 8 == | == 8 == | ||
- | :"Numa unidade, o que se dá é um processo de presentificação do uno. Uma unidade é possível quando, mesmo que diferentes, duas [[coisa|coisas]] con-formem uma, que passe a ter sua vigência de modo indissolúvel, a quebra de sua unidade passa a ser fator de sua destruição. Significa: no caso de duas ou mais coisas diferentes, nós passamos a ter uma unidade quando uma vez juntas essas unidades, se é incapaz de devolvê-las, por nenhum processo, a suas [[diferença|diferenças]] originais sem que com isso fique destruída a nova unidade composta por essas mesmas coisas. Há unidade quando há [[harmonia]], um acordo, na junção em que se cria uma outra unidade indissolúvel" (1). | + | : "Numa [[unidade]], o que se dá é um processo de presentificação do uno. Uma unidade é possível quando, mesmo que diferentes, duas [[coisa|coisas]] con-formem uma, que passe a ter sua vigência de modo indissolúvel, a quebra de sua unidade passa a ser fator de sua destruição. Significa: no caso de duas ou mais coisas diferentes, nós passamos a ter uma unidade quando uma vez juntas essas unidades, se é incapaz de devolvê-las, por nenhum processo, a suas [[diferença|diferenças]] originais sem que com isso fique destruída a nova unidade composta por essas mesmas coisas. Há unidade quando há [[harmonia]], um acordo, na junção em que se cria uma outra unidade indissolúvel" (1). |
- | :Referência: | + | : Referência: |
- | + | ||
- | + | ||
- | + | ||
- | :'' | + | : (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 50. |
- | |||
+ | : '''Ver também:''' | ||
+ | : * [[Ser-com]] | ||
== 9 == | == 9 == | ||
Linha 88: | Linha 82: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético | + | : (1) JARDIM, Antonio. '''[[Música]]: [[vigência]] do [[pensar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005''', p. 53. |
- | + | ||
- | + | ||
== 10 == | == 10 == | ||
Linha 139: | Linha 131: | ||
: (1) HUMMES, Cláudio. ''Metafísica''. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. | : (1) HUMMES, Cláudio. ''Metafísica''. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963. | ||
- | |||
- | |||
== 15 == | == 15 == | ||
Linha 158: | Linha 148: | ||
: (1) HESSE, Hermann. ''Sidarta''. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 113. | : (1) HESSE, Hermann. ''Sidarta''. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 113. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 17 == | ||
+ | : "Só podemos [[perguntar]] porque já [[vigoramos]] no [[ser]], na [[memória]] do [[sentido do ser]]. É que o [[ser]], a [[memória]] ou [[sentido do ser]], é [[questão]]. É que a [[questão]] não é apenas [[saber]] e [[não-saber]], [[ser]] e [[não-ser]], ela é também a [[unidade]] de [[saber]] e [[ser]], de [[não-saber]] e [[não-ser]]. E só por ser [[unidade]] é que a [[questão]] pode [[advir]] à [[pergunta]]. [[Advir]] à [[pergunta]] [[é]] [[advir]] à [[linguagem]], a partir da [[memória]]. [[Memória]] é [[unidade]] e sendo [[unidade]] [[é]] [[linguagem]]. [[Linguagem]], enquanto [[unidade]], não é, em primeira [[instância]], [[fala]] ou [[elocução]]. Só se [[fala]] na e a [[partir]] da [[linguagem]]. Então podemos [[dizer]] que a quarta [[dimensão]] do [[tempo]] é a [[memória]], e esta é a [[unidade]] do [[tempo]] enquanto o [[tempo]] se faz [[linguagem]]. [[É]]. O [[tempo]] [[é]] já [[diz]], [[originariamente]], [[linguagem]], [[unidade]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado. | ||
+ | |||
+ | == 18 == | ||
+ | : "A [[unidade]] é, portanto, um [[poder]] [[querer]] porque é um [[querer]] [[poder]]. A [[unidade]] se constitui de [[possibilidade]] de para [[possibilidades]]. [[Todos]] os [[passos]] e [[escolhas]] de nossa [[vida]] já nos foram dadas como [[possibilidades]] de realiza-las, mas elas não extinguem as nossas [[possibilidades]]. Pelo contrário, perdem sua mera [[circunstancialidade]] [[entitativa]] e se tornam o ativar de novas [[possibilidades]] para continuar nossos [[passos]] e [[escolhas]]. Somos [[essencialmente]] não um [[algo]], mas [[possibilidades]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 242. | ||
+ | |||
+ | == 19 == | ||
+ | : "Só podemos tentar achar uma [[resposta]] à [[pergunta]] que nos orienta e nos deixa, diante da [[morte]], sempre perplexos – o que há para além da [[morte]]? – se pensarmos o [[mesmo]]. Sem este nem é [[possível]] a [[pergunta]] sobre o [[tempo]]. Ou melhor, o [[tempo]] só pode [[ser]] antes e depois e [[viagem]] por já estar vigorando no [[mesmo]], que lhe dá [[unidade]]. O [[tempo]] é o [[mesmo]] que é a [[unidade]] das três marcações [[tradicionais]] do [[tempo]]: o [[passado]], o [[presente]] e o [[futuro]]. O [[além]] é o [[futuro]], assim como o [[passado]] é o que no [[presente]] não pode mais [[ser]] [[futuro]] nem [[presente]], pensa-se" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248. | ||
+ | |||
+ | == 20 == | ||
+ | : "[[Vida]] é [[unidade]], que é [[tempo]], que é o que normalmente denominamos [[memória]]. Seria [[impossível]] [[perguntar]] pela [[vida]] depois da [[morte]] se já não fôssemos [[memória]]. Sabemos que nossa [[vida]], no [[presente]], remete para um [[passado]] e para um [[futuro]]. Se não houvesse [[memória]] seria [[impossível]] haver [[lembrança]] do [[passado]] e a [[possibilidade]] de [[futuro]]. Só há [[lembrança]] do [[passado]] porque a [[memória]] não é só o [[passado]], mas a [[unidade]] que nos faz [[experienciar]] o [[tempo]] como [[unidade]] [[acontecendo]], como o [[ser]] [[estando]] [[sendo]]. Será muito limitado restringir a [[memória]] a um processo de [[consciência]], seja [[consciente]], seja [[inconsciente]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248. | ||
+ | |||
+ | == 21 == | ||
+ | : "Não se deve reduzir a [[luz]] à [[claridade]]. A [[escuridão]] também pertence à [[luz]] e por isso mesmo nunca deixa de [[ser]] [[luminosa]]. A [[luz]] é [[tensão]] [[ontológica]], a [[tensão]] da [[unidade]] de [[claridade]] e [[escuridão]] no [[próprio]] [[ser]] dos [[seres]]. É desta [[unidade]] que [[Heráclito]] de Éfeso diz que [[tudo]] é [[Um]]: (''én panta einai'')(Diels, 50)" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A luz na arte grega". In: -----. ''Filosofia grega - Uma Introdução''. Teresópolis: Daimon, 2010, p. 89. | ||
+ | |||
+ | == 22 == | ||
+ | : "Como [[falar]] de [[diferenças]] se elas já não se movessem no [[sentido]] da [[unidade]]? [[Ter]] [[unidade]] é mover-se no [[sentido]]. Uma justaposição de tijolos ainda não é uma [[casa]]. Eles se tornam [[casa]] quando se reúnem numa [[unidade]]: a [[casa]]. Esta como [[unidade]] é prévia aos tijolos. Prévia diz aí a [[abertura]] do [[homem]] para o [[sentido]] da [[unidade]], do ''[[logos]]''. A [[unidade]] acontecendo é o [[sentido]]. O [[sentido]] acontecendo é a [[linguagem]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. ''Espelho: o penoso caminho do auto-diálogo''. Ensaio ainda não publicado. | ||
+ | |||
+ | == 23 == | ||
+ | : "A [[unidade]] da [[pergunta]] supõe a [[unidade]] do perguntado. Por isto, podemos concluir: se a [[possibilidade]] de [[perguntar]] por [[tudo]] está implicada como condição de [[possibilidade]] de toda [[pergunta]] singularmente determinada, e se a [[possibilidade]] de [[perguntar]] por [[tudo]] se [[funda]] na [[unidade]] de [[tudo]] enquanto este [[tudo]] é perguntável, então devemos [[dizer]] que a [[unidade]] da [[totalidade]] do perguntável é condição de [[possibilidade]] de qualquer [[pergunta]]" (1). | ||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 24 == | ||
+ | : "A [[realidade]], enquanto [[linguagem]] e [[sentido]], é o que denominamos: [[mundo]]. No [[amar]] e quando amamos vigoramos em nosso [[amor]] no [[mundo]], isto é, [[tudo]] entra no âmbito do [[sentido]], da [[linguagem]], pois sem esta não há [[sentido]], [[unidade]] e [[musicalidade]]. [[Amar]], portanto, é sempre deixar [[acontecer]] [[mundo]] e [[sentido]], [[unidade]] e [[musicalidade]]. [[Amar]] como [[verbo]] é o deixar [[vigorar]] o [[sentido]] [[musical]] do [[ser]]. E é sempre no [[horizonte]] de [[mundo]] e [[sentido]] que acontece [[verdade]], [[unidade]], [[beleza]], [[bem]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In:------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 317. | ||
+ | |||
+ | == 25 == | ||
+ | : "É no [[homem]] que se dá a [[união]] de toda a [[realidade]], embora quem seja a [[unidade]] não é o [[homem]], mas o [[ser]]; porém, o [[homem]] é o [[ponto]] onde o [[ser]] unifica [[tudo]], e se unifica com [[tudo]]. O [[homem]] é o [[mediador]]!" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 26 == | ||
+ | : "A nossa [[experiência]] cotidiana do [[mundo]] faz encontrar-nos com uma grande multiplicidade de [[entes]]. Quando tomamos a [[pergunta]] como ponto de partida de nossa investigação [[metafísica]], constatamos reflexivamente que somos capazes de [[perguntar]] por [[tudo]] sem [[limitações]]. Mostrou-se também que [[perguntar]] por [[tudo]] não significava [[perguntar]] uma por uma [[todas]] as [[realidades]] particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as [[particularidades]] e [[perguntar]] de uma vez por [[tudo]], num [[ato]] [[unificador]] através da [[pergunta]]. A [[pergunta]] assim revelava-se como eminentemente [[unificante]], já que por ela não se unificam apenas algumas [[realidades]] particulares, mas [[todas]] de uma vez. Porém, [[poder]] [[unificar]] a [[tudo]] através da [[pergunta]], ou seja, [[poder]] [[perguntar]] por [[tudo]] de uma vez, só é [[possível]] se [[tudo]] forma realmente uma [[unidade]] [[original]]. Em que consiste esta [[unidade]] [[fundamental]]? A isto podemos [[responder]] respondendo à [[pergunta]]: Em [[virtude]] de que a [[pergunta]] unifica [[tudo]]? Quando [[eu]] pergunto: “O que [[é]] isto?”, “O que [[é]] aquilo?”, “O que [[é]] [[tudo]] isto?”, a própria [[pergunta]] nos responde: a [[unidade]] de todo o perguntável é constituído pelo “[[é]]”, que é comum a [[tudo]] aquilo que [[eu]] pergunto, é constituída pelo [[fato]] de que o [[ente]] [[é]], posto no [[ser]] e em [[virtude]] do [[ser]]. Ora, de [[tudo]] posso [[dizer]] que “[[é]]”. Logo posso [[perguntar]] por [[tudo]] unificando a [[tudo]] em [[virtude]] do [[ser]]. O [[ser]] é a [[unidade]] de todo o perguntável e de todo o [[conhecível]], a [[unidade]] de todos os [[entes]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 27 == | ||
+ | : "Toda [[multiplicidade]] supõe [[unidade]]. A [[multiplicidade]] só é [[possível]] se cada [[indivíduo]] da [[multiplicidade]] é ele [[mesmo]] [[uno]], que se distingue do [[outro]] e com o [[outro]] precisamente constitui a [[multiplicidade]]. [[Multiplicidade]] é [[essencialmente]] composta de [[unidades]] [[particulares]]. Se assim não fosse, não teríamos uma [[multiplicidade]], mas uma [[unidade]] simplesmente. A [[multiplicidade]] supõe a [[unidade]] de cada [[indivíduo]] de que ela é composta. Assim [[multiplicidade]] não pode [[existir]] nem mesmo ser pensada sem a suposta [[unidade]]. De fato, esta [[unidade]] dos [[indivíduos]] existe, porque toda [[multiplicidade]] é [[multiplicidade]] de [[entes]] ou não é [[multiplicidade]] nenhuma; ora, todo [[ente]] enquanto [[ente]] é [[uno]]. No entanto, [[multiplicidade]] não supõe apenas [[unidade]] e em cada membro da [[multiplicidade]], mas também uma [[unidade]] na [[multiplicidade]] mesmo como todo, ou seja, supõe que todos os membros tenham [[algo]] em [[comum]] que unifica a [[multiplicidade]] e a torna [[possível]] como tal" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 28 == | ||
+ | : "Toda [[multiplicidade]] é, em última [[análise]], uma [[multiplicidade]] de [[entes]] e estes têm todos em comum o [[ser]]. É a [[unidade]] – o [[ser]] –, portanto, que [[fundamenta]] a [[multiplicidade]] e não vice-versa" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 29 == | ||
+ | : "Não há apenas uma [[unidade]] em cada [[ente]], mas também uma [[unidade]] [[formal]] que engloba toda [[multiplicidade]] de [[entes]]. Nesta perspectiva, o [[ente]] [[particular]] se torna [[parte]] de um [[todo]] englobante e como [[parte]], naturalmente, ele não constitui [[unidade]] por si só, mas apenas em [[conjunto]] com o [[todo]]. Porém, [[evidentemente]], esta [[unidade]] não é [[perfeita]], pois o [[todo]] significa justamente [[composição]] de [[partes]]. E toda [[composição]] supõe [[diferenciação]] [[interna]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. | ||
+ | |||
+ | == 30 == | ||
+ | : "A [[atuação]] da [[palavra cantada]], confundida com o [[sentimento]] [[subjetivo]], ainda não é a [[abertura]] para o [[vigor]] [[poético]] da [[obra]], para a sua [[Escuta poética]]. O [[vigor]] do [[lírico]] reconduz as [[diferenças]] à [[identidade]] do [[um]], fazendo do [[eu]] e do [[tu]] um [[nós]], por isso não há [[eu-lírico]]. É a [[unidade]] vigorando que possibilita o [[lírico]] e não o contrário. [[Unidade]] é [[ser]], [[eu-lírico]] é [[estar]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 151. | ||
+ | |||
+ | == 31 == | ||
+ | : A [[integração]] harmônica d' [[o que é]] n' [[o como é]] é o que chamamos [[unidade]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
Edição atual tal como 19h21min de 23 de Outubro de 2024
1
- " - Um prendedor de cabelos entre os dedos:' - Olhe isto aqui. Tem dois dentes, mas é um alfinete. São dois, porém, é um. Se eu o endireitar, ele se torna uma entidade única. Se eu dobrá-lo, ele se torna dois... sem deixar de ser um. Isso significa que esses dois são um. Mas se eu quebrá-lo, agora eles são dois' " (1).
- Referência:
- (1). BERGMAN, Ingmar. Fala do velho Diretor de teatro Henrik Vogler (Erland Josephson), no filme Depois do ensaio, Suécia, 1984.
2
- "Uma unidade existente ou criada vigor|vigora sempre como unidade, significa: mesmo que composta por outras unidades, a volta a essas unidades é necessariamente diluição, tanto quanto o é a volta de uma unidade composta às unidades componentes. Uma unidade se caracteriza basicamente enquanto unidade seja ela originária ou não. Uma unidade é irrepetível no outro, ela não se expõe à dinâmica da igualdade. Uma unidade só é igual a si mesma. É a partir desse ser igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um outro, ou de uma outra unidade. A unidade é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da realidade como dinâmica se dá a partir da unidade que esta mesma realidade é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de produzir" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53-4.
3
- "O mestre de quase todos, Hesíodo; estão convencidos de que ele sabe quase tudo, ele, que não distinguia dia e noite; pois se dá a unidade" (1).
- Referência:
- (1) HERÁCLITO. Fragmento 57. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 73.
4
- Qual a importância de se pensar o mesmo, não como conceito, mas como o elemento onde o tempo é e está sendo tempo? É que o mesmo dá unidade ao antes e ao depois e à travessia. Essa unidade é a realidade enquanto morte, não mais como fim, mas como simples possibilidade de ser e de consumar o próprio.
5
- "A unidade é o ponto inicial de qualquer desencadear de realidade. Toda realidade é unidade de identidade e diferença. Na medida em que toda unidade é a vigência do mais simples e do mais complexo, toda unidade é sem dobras, e ao mesmo tempo a exigência de dobramento" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53.
- Ver também:
6
- "Uma unidade se caracteriza basicamente enquanto unidade seja ela originária ou não. Uma unidade é irrepetível no outro, ela não se expõe à dinâmica da igualdade. Uma unidade só é igual a si mesma. É a partir desse ser igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um outro, ou de uma outra unidade. A unidade é a insuficiência manifesta pela suficiência. A imposição da realidade como dinâmica se dá a partir da unidade que esta mesma realidade é ao mesmo tempo, capaz e incapaz de produzir" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 53.
7
- "Quando tomamos a pergunta como ponto de partida de nossa investigação metafísica, constatamos reflexivamente que somos capazes de perguntar por tudo sem limitações. Mostrou-se também que perguntar por tudo não significava perguntar uma por uma todas as realidades particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as particularidades e perguntar de uma vez por tudo, num ato unificador através da pergunta. A pergunta assim revelava-se como eminentemente unificante, já que por ela não se unificam apenas algumas realidades particulares, mas todas de uma vez. Porém, poder unificar a tudo através da pergunta, ou seja, poder perguntar por tudo de uma vez, só é possível se tudo forma realmente uma unidade original. Em que consiste esta unidade fundamental? A isto podemos responder respondendo à pergunta: Em virtude de que a pergunta unifica tudo? Quando eu pergunto: “O que é isto?”, “O que é aquilo?”, “O que é tudo isto?”, a própria pergunta nos responde: a unidade de todo o perguntável é constituído pelo “é”, que é comum a tudo aquilo que eu pergunto, é constituída pelo fato de que o ente é, posto no ser e em virtude do ser. Ora, de tudo posso dizer que “é”. Logo posso perguntar por tudo unificando a tudo em virtude do ser" (1). Por isso, a unidade se constitui num dos quatro transcendentais, ou seja, o uno, o verdadeiro, o bom e o belo, a que correspondem: a unidade, a verdade, o bem e a beleza.
- Referência:
- (1) HUMMES, Cláudio. Metafísica. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963.
8
- "Numa unidade, o que se dá é um processo de presentificação do uno. Uma unidade é possível quando, mesmo que diferentes, duas coisas con-formem uma, que passe a ter sua vigência de modo indissolúvel, a quebra de sua unidade passa a ser fator de sua destruição. Significa: no caso de duas ou mais coisas diferentes, nós passamos a ter uma unidade quando uma vez juntas essas unidades, se é incapaz de devolvê-las, por nenhum processo, a suas diferenças originais sem que com isso fique destruída a nova unidade composta por essas mesmas coisas. Há unidade quando há harmonia, um acordo, na junção em que se cria uma outra unidade indissolúvel" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 50.
- Ver também:
- * Ser-com
9
- "Há na unidade a vigência de identidade e diferença, a unidade é sempre unidade de identidade e diferença, do mesmo e do outro. Toda e qualquer instância da unidade é disposição de tensão, isto é, na medida em que ordena e é ordenada, a unidade não vige sem tensão. Essa tensão se dá porque a unidade é, internamente, a vigência do uno enquanto uno, ao mesmo tempo em que, a partir dessa vigência, instaura, externamente, uma dinâmica de diferença que é ao mesmo tempo uma dinâmica de diferença específica, em que as tentativas de identificação generalizantes se apresentam insuficientes, para dar conta da diferença específica imposta. A unidade traz, desse modo, uma dinamicidade pela vigência de identidade e diferença postas concretamente, interna e externamente, em dinâmica pela vigência de toda e qualquer unidade. Por trazer à presença uma dinâmica de diferenças, a unidade enquanto unidade tem sempre consigo o desconhecido ou, ao menos, potencialmente, o desconhecido e só é unidade em con-junção com esse desconhecido" (1).
- Referência:
10
- "No entanto, toda ideia é con-formada a partir da unidade. Sem unidade nem mesmo a ideia é possível. Tendo ou não a ideia como mediação, a unidade é o que é primeiro, é o que é primário, originário. É só a partir da unidade que pode se constituir e dar movimento. A unidade não paralisa o movimento, antes pelo contrário, toda e qualquer unidade traz consigo o movimento, porque toda e qualquer unidade é sempre unidade de identidade e diferença. É sempre na unidade que identidade e diferença podem ter vigência" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 74.
11
- "Para os egípcios, Um não é um número, mas a essência do princípio fundamental do número, e todos os outros números são feitos a partir dele. O Um representa a unidade: o Absoluto como energia não polarizada . O Um não é ímpar nem par, mas ambos, pois se somado a um número ímpar, transforma-se em par, e vice-versa. Por isso, ele combina os opostos do par e do ímpar, e todos os outros opostos do Universo. A unidade é uma consciência perfeita, eterna e não-diferenciada" (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "Tudo é Número". In: -----. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 30.
12
- "A linguagem é a unidade da memória vigorando enquanto sentido. Cada palavra, cada oração, cada língua, cada possibilidade de discurso, é sempre possibilidade da linguagem em cada vivente, não interessa qual seja a língua, assim como cada vivente é possibilidade da vida e cada instante é possibilidade do tempo, não interessa a época nem a cultura" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 251.
13
- "Hoje, a biologia considera cada ser vivo como uma “unidade". As descobertas mais recentes trouxeram uma nova visão do ser vivo. Ele não é mecânico nem o produto de um meio. Pelo contrário, em cada “unidade” há um código genético comum a outros seres vivos da mesma espécie e, ao mesmo tempo, totalmente único" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 25.
14
- Falar dos transcendentais é falar de conversibilidade entre o ser e os quatro transcendentais. Diz Cláudio Hummes: "A conversibilidade. Tudo o que é, porque e enquanto lhe convém ser, é uno, verdadeiro, bom e belo. Disto segue uma conversibilidade: tudo o que é uno, verdadeiro, belo e bom é; tudo o que é, é bom, belo, verdadeiro e uno; os graus e os modos de ser são graus e modos de unidade, beleza, verdade e bondade. A negação de unidade, beleza, verdade e bondade é negação do ser. Não é esta negação que gera o mal? No entanto, esta conversibilidade não implica que a relação dos transcendentais para com o ser seja a mesma que a do ser para com os transcendentais. O ser fundamenta os transcendentais; os transcendentais manifestam e desdobram o ser. Assim o ser tem uma prioridade ontológica – não cronológica – sobre os transcendentais" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, Cláudio. Metafísica. Mímeo. Daltro Filho/Imigrantes/RS, 1963.
15
- "Nas tradições do Antigo Egito, Ra personifica a força criativa cósmica primitiva. A Litania descreve Ra como Aquele que reuniu, que surgiu a partir de seus membros. A definição egípcia antiga para Ra é a representação perfeita da Unidade, que compreende a união de diversas entidades, isto é, Aquele que é Tudo " (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "Ra, Força Criativa Cósmica". In: -----. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 67.
16
- "Seu eu incorporara-se na unidade.
- Foi nessa hora que Sidarta cessou de lutar contra o Destino. Cessou de sofrer. No seu rosto florescia aquela serenidade do saber, à qual já não se opunha nenhuma vontade, que conhece a perfeição, que está de acordo com o rio dos acontecimentos e o curso da vida: a serenidade que torna suas as penas e as ditas de todos, entregue à corrente, pertencente à unidade" (1).
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Sidarta. Trad. Herbert Caro. Rio de Janeiro: O Globo, 2003, p. 113.
17
- "Só podemos perguntar porque já vigoramos no ser, na memória do sentido do ser. É que o ser, a memória ou sentido do ser, é questão. É que a questão não é apenas saber e não-saber, ser e não-ser, ela é também a unidade de saber e ser, de não-saber e não-ser. E só por ser unidade é que a questão pode advir à pergunta. Advir à pergunta é advir à linguagem, a partir da memória. Memória é unidade e sendo unidade é linguagem. Linguagem, enquanto unidade, não é, em primeira instância, fala ou elocução. Só se fala na e a partir da linguagem. Então podemos dizer que a quarta dimensão do tempo é a memória, e esta é a unidade do tempo enquanto o tempo se faz linguagem. É. O tempo é já diz, originariamente, linguagem, unidade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado.
18
- "A unidade é, portanto, um poder querer porque é um querer poder. A unidade se constitui de possibilidade de para possibilidades. Todos os passos e escolhas de nossa vida já nos foram dadas como possibilidades de realiza-las, mas elas não extinguem as nossas possibilidades. Pelo contrário, perdem sua mera circunstancialidade entitativa e se tornam o ativar de novas possibilidades para continuar nossos passos e escolhas. Somos essencialmente não um algo, mas possibilidades" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 242.
19
- "Só podemos tentar achar uma resposta à pergunta que nos orienta e nos deixa, diante da morte, sempre perplexos – o que há para além da morte? – se pensarmos o mesmo. Sem este nem é possível a pergunta sobre o tempo. Ou melhor, o tempo só pode ser antes e depois e viagem por já estar vigorando no mesmo, que lhe dá unidade. O tempo é o mesmo que é a unidade das três marcações tradicionais do tempo: o passado, o presente e o futuro. O além é o futuro, assim como o passado é o que no presente não pode mais ser futuro nem presente, pensa-se" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248.
20
- "Vida é unidade, que é tempo, que é o que normalmente denominamos memória. Seria impossível perguntar pela vida depois da morte se já não fôssemos memória. Sabemos que nossa vida, no presente, remete para um passado e para um futuro. Se não houvesse memória seria impossível haver lembrança do passado e a possibilidade de futuro. Só há lembrança do passado porque a memória não é só o passado, mas a unidade que nos faz experienciar o tempo como unidade acontecendo, como o ser estando sendo. Será muito limitado restringir a memória a um processo de consciência, seja consciente, seja inconsciente" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 248.
21
- "Não se deve reduzir a luz à claridade. A escuridão também pertence à luz e por isso mesmo nunca deixa de ser luminosa. A luz é tensão ontológica, a tensão da unidade de claridade e escuridão no próprio ser dos seres. É desta unidade que Heráclito de Éfeso diz que tudo é Um: (én panta einai)(Diels, 50)" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A luz na arte grega". In: -----. Filosofia grega - Uma Introdução. Teresópolis: Daimon, 2010, p. 89.
22
- "Como falar de diferenças se elas já não se movessem no sentido da unidade? Ter unidade é mover-se no sentido. Uma justaposição de tijolos ainda não é uma casa. Eles se tornam casa quando se reúnem numa unidade: a casa. Esta como unidade é prévia aos tijolos. Prévia diz aí a abertura do homem para o sentido da unidade, do logos. A unidade acontecendo é o sentido. O sentido acontecendo é a linguagem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Espelho: o penoso caminho do auto-diálogo. Ensaio ainda não publicado.
23
- "A unidade da pergunta supõe a unidade do perguntado. Por isto, podemos concluir: se a possibilidade de perguntar por tudo está implicada como condição de possibilidade de toda pergunta singularmente determinada, e se a possibilidade de perguntar por tudo se funda na unidade de tudo enquanto este tudo é perguntável, então devemos dizer que a unidade da totalidade do perguntável é condição de possibilidade de qualquer pergunta" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
24
- "A realidade, enquanto linguagem e sentido, é o que denominamos: mundo. No amar e quando amamos vigoramos em nosso amor no mundo, isto é, tudo entra no âmbito do sentido, da linguagem, pois sem esta não há sentido, unidade e musicalidade. Amar, portanto, é sempre deixar acontecer mundo e sentido, unidade e musicalidade. Amar como verbo é o deixar vigorar o sentido musical do ser. E é sempre no horizonte de mundo e sentido que acontece verdade, unidade, beleza, bem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e Ser". In:------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 317.
25
- "É no homem que se dá a união de toda a realidade, embora quem seja a unidade não é o homem, mas o ser; porém, o homem é o ponto onde o ser unifica tudo, e se unifica com tudo. O homem é o mediador!" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
26
- "A nossa experiência cotidiana do mundo faz encontrar-nos com uma grande multiplicidade de entes. Quando tomamos a pergunta como ponto de partida de nossa investigação metafísica, constatamos reflexivamente que somos capazes de perguntar por tudo sem limitações. Mostrou-se também que perguntar por tudo não significava perguntar uma por uma todas as realidades particulares, mas, sim, a capacidade de ultrapassar todas as particularidades e perguntar de uma vez por tudo, num ato unificador através da pergunta. A pergunta assim revelava-se como eminentemente unificante, já que por ela não se unificam apenas algumas realidades particulares, mas todas de uma vez. Porém, poder unificar a tudo através da pergunta, ou seja, poder perguntar por tudo de uma vez, só é possível se tudo forma realmente uma unidade original. Em que consiste esta unidade fundamental? A isto podemos responder respondendo à pergunta: Em virtude de que a pergunta unifica tudo? Quando eu pergunto: “O que é isto?”, “O que é aquilo?”, “O que é tudo isto?”, a própria pergunta nos responde: a unidade de todo o perguntável é constituído pelo “é”, que é comum a tudo aquilo que eu pergunto, é constituída pelo fato de que o ente é, posto no ser e em virtude do ser. Ora, de tudo posso dizer que “é”. Logo posso perguntar por tudo unificando a tudo em virtude do ser. O ser é a unidade de todo o perguntável e de todo o conhecível, a unidade de todos os entes" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
27
- "Toda multiplicidade supõe unidade. A multiplicidade só é possível se cada indivíduo da multiplicidade é ele mesmo uno, que se distingue do outro e com o outro precisamente constitui a multiplicidade. Multiplicidade é essencialmente composta de unidades particulares. Se assim não fosse, não teríamos uma multiplicidade, mas uma unidade simplesmente. A multiplicidade supõe a unidade de cada indivíduo de que ela é composta. Assim multiplicidade não pode existir nem mesmo ser pensada sem a suposta unidade. De fato, esta unidade dos indivíduos existe, porque toda multiplicidade é multiplicidade de entes ou não é multiplicidade nenhuma; ora, todo ente enquanto ente é uno. No entanto, multiplicidade não supõe apenas unidade e em cada membro da multiplicidade, mas também uma unidade na multiplicidade mesmo como todo, ou seja, supõe que todos os membros tenham algo em comum que unifica a multiplicidade e a torna possível como tal" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
28
- "Toda multiplicidade é, em última análise, uma multiplicidade de entes e estes têm todos em comum o ser. É a unidade – o ser –, portanto, que fundamenta a multiplicidade e não vice-versa" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
29
- "Não há apenas uma unidade em cada ente, mas também uma unidade formal que engloba toda multiplicidade de entes. Nesta perspectiva, o ente particular se torna parte de um todo englobante e como parte, naturalmente, ele não constitui unidade por si só, mas apenas em conjunto com o todo. Porém, evidentemente, esta unidade não é perfeita, pois o todo significa justamente composição de partes. E toda composição supõe diferenciação interna" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
30
- "A atuação da palavra cantada, confundida com o sentimento subjetivo, ainda não é a abertura para o vigor poético da obra, para a sua Escuta poética. O vigor do lírico reconduz as diferenças à identidade do um, fazendo do eu e do tu um nós, por isso não há eu-lírico. É a unidade vigorando que possibilita o lírico e não o contrário. Unidade é ser, eu-lírico é estar" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 151.
31
- A integração harmônica d' o que é n' o como é é o que chamamos unidade.