Lembrança

De Dicionário de Poética e Pensamento

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"Sem dúvida nenhuma, memória é ser. Somos na dimensão da memória vigorando em nós. Por isso, não somos nós que temos a memória, ela é que nos tem, pois é ela que nos doa o que somos. De nossa parte temos recordações e lembranças e só estas podem ser comparadas à memória do peixe (conferir o filme Todas as cores do amor). É esse o âmbito do sujeito e de sua vontade. É claro que não se pode, de jeito nenhum, criar uma dicotomia entre memória e lembrança, como não se pode também determinar o que é a partir do sujeito e sua vontade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.

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"... o mito criou a figura de Mnēmosýnē: a memória. Ora, esta não é só o que se lembra, mas também o que se vela e como tal vige no esquecimento, no vigor do silêncio do esquecer, sem o qual não pode nem haver lembrança. Contudo, a presença da lembrança é tão pregnante, tão evidente, tão forte e abrangente que nos esquecemos da memória como velamento-silêncio-esquecimento. Esquecer não significa deixar de ser, mas ser a memória só no âmbito do lembrar, isto é, do ente, do desvelado, da luz da clareira do desvelado. Ficamos tão empolgados pela luz da razão que esquecemos a clareira e o que nela se ausenta: o velado, o ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 201.
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