Divino
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : "Os [[deuses]] [[gregos]] não são a pura [[liberdade]], acima da [[necessidade]] representada pelas [[leis]] da [[natureza]]: eles são a própria [[natureza]], desde que a compreendamos sem nenhuma conotação bucólica ou idílica, nem como a contrapartida ao campo [[humano]]. "[[Natureza]]" aqui não diz mais do que a [[realidade]] em seu todo, considerada a partir dos [[poderes]] e [[limites]] que cada âmbito da [[realidade]] possui. O peso da pedra, a leveza da chama, a perene fluidez da água, o [[poder]] desvairante do [[amor]], a força desocultadora da [[palavra]], o [[poder]] soberano do [[cuidado]], de [[velar]] para que cada [[coisa]] se mostre e consume como isso que ela [[é]]: isto é o que perfaz, basicamente, a [[experiência]] grega do [[divino]]" (1). | + | : "Os [[deuses]] [[gregos]] não são a pura [[liberdade]], acima da [[necessidade]] representada pelas [[leis]] da [[natureza]]: eles são a própria [[natureza]], desde que a compreendamos sem nenhuma conotação bucólica ou idílica, nem como a contrapartida ao campo [[humano]]. "[[Natureza]]" aqui não diz mais do que a [[realidade]] em seu todo, considerada a partir dos [[poderes]] e [[limites]] que cada âmbito da [[realidade]] possui. O peso da pedra, a leveza da chama, a perene fluidez da água, o [[poder]] desvairante do [[amor]], a força desocultadora da [[palavra]], o [[poder]] soberano do [[cuidado]], de [[velar]] para que cada [[coisa]] se mostre e consume como isso que ela [[é]]: isto é o que perfaz, basicamente, a [[experiência]] [[grega]] do [[divino]]" (1). |
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- | : (1) FRANCALANCI, Carla. "Antígona e as leis não escritas". In: | + | : (1) FRANCALANCI, Carla. "Antígona e as leis não escritas". In: '''Revista Tempo Brasileiro, 157. Rio de Janeiro, abr.-jun., 2004''', p. 50. |
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- | : Não há [[clareira]] sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na [[medida]] em que se retira e se deixa [[ver]], [[perceber]], [[manifestar]], isto é, vir à [[luz]], iluminar-se, na [[clareira]]. Eis a [[verdade]] como ''[[aletheia]]'': [[revelação]], [[desvelamento]], [[manifestação]] do [[ser]]. Nisso consiste e acontece a sua [[verdade]]. Toda [[revelação]] é uma [[epifania]], pois esta [[palavra]] diz o [[aparecer]], o [[manifestar-se]] do [[divino]], do [[sagrado]], do que é [[santo]] do [[ser]]. Daí o caráter [[sagrado]] da [[verdade]] em grego, ou seja, [[aletheia]]. | + | : Não há [[clareira]] sem [[floresta]], porém a [[floresta]] aparece como [[floresta]] na [[medida]] em que se retira e se deixa [[ver]], [[perceber]], [[manifestar]], isto é, vir à [[luz]], [[iluminar-se]], na [[clareira]]. Eis a [[verdade]] como ''[[aletheia]]'': [[revelação]], [[desvelamento]], [[manifestação]] do [[ser]]. Nisso consiste e acontece a sua [[verdade]]. Toda [[revelação]] é uma [[epifania]], pois esta [[palavra]] diz o [[aparecer]], o [[manifestar-se]] do [[divino]], do [[sagrado]], do que é [[santo]] do [[ser]]. Daí o caráter [[sagrado]] da [[verdade]] em [[grego]], ou seja, [[aletheia]]. |
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- | : (1) Ingmar Bergman. No filme ''A ilha de Bergman'', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme ''Confições privadas'', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes. A tradução das falas, no filme, traz ''[[santidade]]'', mas creio que também poderia essa palavra, no [[original]], ser traduzida tanto por ''[[sagrado]]'' quanto por ''[[divino]]''. | + | : (1) Ingmar Bergman. No [[filme]] '''A ilha de Bergman''', de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, [[personagem]] do [[filme]] '''Confições privadas''', roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para [[dizer]], sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos [[temas]] religiosos de seus [[filmes]]. A [[tradução]] das [[falas]], no [[filme]], traz ''[[santidade]]'', mas creio que também poderia essa [[palavra]], no [[original]], ser traduzida tanto por ''[[sagrado]]'' quanto por ''[[divino]]''. |
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- | : "Platão diz que a [[dialética]] é o [[diálogo]] que a [[alma]], o [[pensamento]], faz consigo. O grande [[problema]] é como se entende esse [[pensamento]]. [[Pensamento]] traduz aí ''[[psykhe]]''. Para o [[pensamento]] | + | : "[[Platão]] diz que a [[dialética]] é o [[diálogo]] que a [[alma]], o [[pensamento]], faz consigo. O grande [[problema]] é como se entende esse [[pensamento]]. [[Pensamento]] traduz aí ''[[psykhe]]''. Para o [[pensamento]] medieval ''[[psykhe]]'' é o [[diálogo]] da [[alma]] consigo. E Mestre Eckart diz: ''Quem é esse si mesmo da [[alma]]? Quem é que entra nessa discussão, nesse debate, nesse [[diálogo]] com a [[alma]] mesma? É o que a [[alma]] tem de [[divino]]. É o que a [[alma]] tem de [[mistério]]'' "(1). |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". ''Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II''. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 9. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". '''Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II'''. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 9. |
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- | : (1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. ''Cosmologia egípcia - o universo animado''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 139. | + | : (1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. '''Cosmologia egípcia - o universo animado'''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 139. |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar I''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''Aprendendo a pensar I'''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216. |
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Edição atual tal como 15h18min de 12 de Abril de 2024
1
- "O divino está sempre vigorando, quer considerado com propriedade e pensado com visível gratidão na figura de um santo padroeiro, quer desconsiderado ou mesmo renegado" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 132.
- Ver também:
- * Sagrado
- * Religião
- * Mito
- * Deus
2
- "Os deuses gregos não são a pura liberdade, acima da necessidade representada pelas leis da natureza: eles são a própria natureza, desde que a compreendamos sem nenhuma conotação bucólica ou idílica, nem como a contrapartida ao campo humano. "Natureza" aqui não diz mais do que a realidade em seu todo, considerada a partir dos poderes e limites que cada âmbito da realidade possui. O peso da pedra, a leveza da chama, a perene fluidez da água, o poder desvairante do amor, a força desocultadora da palavra, o poder soberano do cuidado, de velar para que cada coisa se mostre e consume como isso que ela é: isto é o que perfaz, basicamente, a experiência grega do divino" (1).
- Referência:
- (1) FRANCALANCI, Carla. "Antígona e as leis não escritas". In: Revista Tempo Brasileiro, 157. Rio de Janeiro, abr.-jun., 2004, p. 50.
3
- "Depois a ideia de que o Homem é um ser sagrado: Jof e Mia são, para mim, uma imagem importante, pois, mesmo excluindo a teologia, sua natureza divina persiste" (1).
- Referência:
- (1) BERGMAN, Ingmar. Imagens. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 234. O Diretor de cinema está comentando o seu filme: O sétimo selo.
4
- A mulher, como verdadeira obra poética, criativa, precisa para procriar ser desvirginizada, desvelando a fonte da vida, da maternidade. Devemos compreender aqui esse desvelamento como a verdade acontecendo (aletheia). Todo procriar é um acontecer da maternidade: milagre do mistério extraordinário que é o procriar, o dar à luz. A pura possibilidade que a virgindade como velamento contém em-si pode tornar a mulher a mãe de muitos filhos, continuando o milagre da vida como permanência da vida e desafio da morte. Vida e morte: faces do mesmo acontecer. Todo nascimento de uma criança reinaugura o mundo diante da morte e é, portanto, um desvirginizar, porque é deixar o nada ser criativo, fonte de todas as possibilidades. Nesse sentido, a mulher se torna mãe, porque nela acontece a maternidade, o ser o lugar do procriar, do gerar filhos. E só acontece na mulher, pois é próprio do feminino, ou seja, nela acontece Eros. Este acontecendo na mulher torna-a tanto mais humana quanto mais divina. Em verdade, ela co-participa da essência de Eros. É neste sentido que falamos do amor maternal, tão radical quanto o ser mãe. No homem, isso não pode acontecer. Num outro sentido acontece no homem, pois também dizemos: ser pai. Há, aí, uma complementaridade de diferenças, próprias do feminino e do masculino.
5
- "A teoria do Big Bang, que vê a criação do Universo como um evento físico, foi apresentada há milhares de anos nos textos egípcios, na qual o Absoluto criou o Universo a partir de Nun, o oceânico cósmico. Todas as partes do Universo originaram-se de uma única fonte. Já que a origem é Divina, conclui-se que as partes também o são" (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "O Ser Humano". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 92.
6
- "Para os antigos egípcios, o homem era a personificação das leis da criação e, assim, as funções e processos fisiológicos das várias partes do corpo eram vistas como manifestações das funções cósmicas. Os membros e os órgãos tinham uma função metafísica, além de seu objetivo físico. As partes do corpo eram consagradas a um dos neteru (princípios divinos), que aparecem nos registros egípcios históricos recuperados" (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "O Ser Humano". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 91.
7
- Não há clareira sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na medida em que se retira e se deixa ver, perceber, manifestar, isto é, vir à luz, iluminar-se, na clareira. Eis a verdade como aletheia: revelação, desvelamento, manifestação do ser. Nisso consiste e acontece a sua verdade. Toda revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o aparecer, o manifestar-se do divino, do sagrado, do que é santo do ser. Daí o caráter sagrado da verdade em grego, ou seja, aletheia.
8
- - "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- - "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).
- Referência:
- (1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes. A tradução das falas, no filme, traz santidade, mas creio que também poderia essa palavra, no original, ser traduzida tanto por sagrado quanto por divino.
9
- "Platão diz que a dialética é o diálogo que a alma, o pensamento, faz consigo. O grande problema é como se entende esse pensamento. Pensamento traduz aí psykhe. Para o pensamento medieval psykhe é o diálogo da alma consigo. E Mestre Eckart diz: Quem é esse si mesmo da alma? Quem é que entra nessa discussão, nesse debate, nesse diálogo com a alma mesma? É o que a alma tem de divino. É o que a alma tem de mistério "(1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Dialética: entre o fechado e o aberto". Revista Tempo Brasileiro: Dialética em questão II. Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, jul.-set., 2013, 194, p. 9.
10
- "A antiga palavra egípcia neter e sua forma feminina netert, foi traduzida erroneamente, e é provável que intencionalmente, por deus e deusa pela maioria dos acadêmicos". Neteru (plural de neter/netert) são os princípios e funções divinos do Único Deus Supremo"(1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 15.
11
- "Os textos transformacionais (funerários) do Antigo Egito mostram que se devem superar muitos obstáculos no caminho até a reunificação final. Um destes obstáculos é o ego. Para reunir-se com o Divino é preciso estar liberado do ego" (1).
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 139.
12
- "E assim como o humanismo masca e mascara a experiência originária do homem com o Ser, assim também o monoteísmo metafísico diverte e perverte a experiência originária do homem com o Divino. Ora, o Divino constitui o horizonte pluridimensional da deidade, o elemento misterioso onde poderá haver uma correspondência com Deus e os Deuses. Por isso, o Pensamento Essencial procura sua Verdade fora da dualidade metafísica do teísmo e ateísmo. O ateísmo moderno não passa de uma consequência do cristianismo. É o cristianismo perfeitamente humanizado, isto é, no fundo totalmente descristianizado" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216.
13
- Referência:
- (1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 185.
14
- "Para os celtas, a essência do ser, tanto física quanto espiritual, reside na cabeça. A imagem da cabeça aparece em todo lugar - entalhada em redondo ou como decoração em pilares, moedas, caldeirões e altares. Dotada de um poder protetor, a cabeça serve de talismã para afastar o mal. Também é um símbolo do divino e um lembrete de que a vida continua depois da morte" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. "O mistério da cabeça". O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 90.