Interpretação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Através da [[etimologia]] da palavra interpretação, chega-se ao [[valor]]. Mas pode-se ampliar essa compreensão, partindo da inter-subjetividade e da realidade social. Para aprofundar a discussão, confira Bárbara Freitag (1) quando trata da teoria da ação comunicativa de Habermas.  
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: Através da [[etimologia]] da [[palavra]] [[interpretação]] chega-se ao [[valor]]. Mas pode-se ampliar essa [[compreensão]], partindo da inter-subjetividade e da [[realidade]] [[social]]. Para aprofundar a discussão, confira Bárbara Freitag (1) quando trata da [[teoria]] da [[ação]] comunicativa de Habermas.  
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) FREITAG, Bárbara. '''Teoria crítica: ontem e hoje'''. São Paulo: Brasiliense, 1985, pp. 58-9.
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:(1) FREITAG, Bárbara. ''Teoria crítica: ontem e hoje''. São Paulo: Brasiliense, 1985, pp. 58-9.
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:Na questão da interpretação, em que se pensa a [[diferença]] da [[análise]], da explicação e do [[diálogo|diá-logo]], é essencial ter em mente a exegese e, nesta, os três passos fundamentais: ''intelligendi'', ''aprehendi'' e ''applicandi''. Ora, este processo tem alguns passos que julgam o [[texto]]/[[obra]] como algo objetivo. Aqui está a questão: como dar esses três passos sem questionar o que se [[presença|apresenta]] sem a tensão com o que se [[velamento|vela]]? Mas, constatando que toda obra de [[arte]] opera a partir da [[linguagem]], como ler radicalmente se não for como diálogo, onde o que é comum e o mesmo é o ''[[lógos]]''? Para aprofundar esta questão, confira o ensaio "A questão da hermenêutica" (1).
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: Na [[questão]] da [[interpretação]], em que se pensa a [[diferença]] da [[análise]], da [[explicação]] e do [[diálogo|diá-logo]], é [[essencial]] ter em [[mente]] a [[exegese]] e, nesta, os três passos fundamentais: ''intelligendi'', ''aprehendi'' e ''applicandi''. Ora, este [[processo]] tem alguns passos que julgam o [[texto]]/[[obra]] como algo [[objetivo]]. Aqui está a [[questão]]: como dar esses três passos sem [[questionar]] o que se [[presença|apresenta]] sem a tensão com o que se [[velamento|vela]]? Mas, constatando que toda [[obra de arte]] opera a partir da [[linguagem]], como [[ler]] radicalmente se não for como [[diálogo]], onde o que é comum e o [[mesmo]] é o ''[[lógos]]''? Para [[aprofundar]] esta [[questão]], confira o [[ensaio]] "A questão da [[hermenêutica"]] (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: '''Tempos de metamorfose'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Acessível em [http://travessiapoetica.blogspot.com Travessia Poética].
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: ''Tempos de metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Acessível em [http://travessiapoetica.blogspot.com Travessia Poética].
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:O que ocorre na [[leitura]] de cada um como ente [[singular]]? Certamente ela se dá em cada um como interpretação e diá-logo. Contudo, duas dimensões também aí se fazem presentes: [[ser]] e linguagem. Martin Heidegger no ensaio "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador" (1), diz que as duas grandes questões que o frequentam são: ser e linguagem. Surge a questão: cada [[leitor]] é um [[ente]] absolutamente original. Na medida em que o ser se dá em cada ente, certamente também a linguagem. E o mesmo acontece com a leitura, ou seja, cada leitor é único, não como [[subjetividade]], mas como ente do ser. Então a interpretação/diá-logo certamente vai seguir essa mesma dimensão. Pode-se perguntar então perguntar: o que une a todos? Duas dimensões [[ontologia|ontológicas]]: o [[não-saber]] e o ''[[lógos]]'' como [[mundo]] e [[memória]] de todas as leituras e diálogos. O ''lógos'' é a [[medida]] de todas as dimensões e possíveis leituras.  
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: O que ocorre na [[leitura]] de cada um como ente [[singular]]? Certamente ela se dá em cada um como [[interpretação]] e [[diá-logo]]. Contudo, duas [[dimensões]] também aí se fazem presentes: [[ser]] e [[linguagem]]. Martin [[Heidegger]] no [[ensaio]] "De uma conversa sobre a [[linguagem]] [[entre]] um japonês e um [[pensador]]" (1), diz que as duas grandes [[questões]] que o frequentam são: [[ser]] e [[linguagem]]. Surge a [[questão]]: cada [[leitor]] é um [[ente]] absolutamente original. Na medida em que o [[ser]] se dá em cada [[ente]], certamente também a [[linguagem]]. E o mesmo acontece com a [[leitura]], ou seja, cada [[leitor]] é único, não como [[subjetividade]], mas como [[ente]] do [[ser]]. Então a [[interpretação]]/[[diá-logo]] certamente vai seguir essa mesma [[dimensão]]. Pode-se então [[perguntar]]: o que une a todos? Duas [[dimensões]] [[ontologia|ontológicas]]: o [[não-saber]] e o ''[[lógos]]'' como [[mundo]] e [[memória]] de todas as [[leituras]] e [[diálogos]]. O ''[[lógos]]'' é a [[medida]] de todas as [[dimensões]] e possíveis [[leituras]].  
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: ''A caminho da linguagem''. Petrópolis: Vozes, 2003.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: '''A caminho da linguagem'''. Petrópolis: Vozes, 2003.
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:Na ''[[poíesis]]'' o que permanece é o [[caminho]]. E aí temos: [[leitura]] como diálogo a partir da interpretação como pensamento e caminho. Ligando estes três termos, amplia-se e radicaliza-se a questão da leitura como interpretação: o diálogo interpretativo passa a ser caminhada de manifestação do que cada um é, no vigor poético da ''poíesis'' como verdade. Ler, interpretar e dialogar é percorrer na tripla dimensão ''horídzo'' (limite/[[horizonte]]/limiar), ex-peras (porta/passagem) e ''télos'' ([[sentido]]) o caminho do ser. É a [[travessia]]. Ocorre então que interpretar como [[diálogo]] onto-poético é uma ascese. Quando interpretamos nesse sentido não iremos transmitir [[conceito|conceitos]] nem [[conhecimento]] nem informações, mas apenas e tão somente [[assinalar]] a caminhada. Toda caminhada que se move na ''poíesis'' do ser é co-letiva, onde o ''lógos'' reúne como identidade as diferenças.  
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: Na ''[[poíesis]]'' o que permanece é o [[caminho]]. E aí temos: [[leitura]] como [[diálogo]] a partir da [[interpretação]] como [[pensamento]] e [[caminho]]. Ligando estes três termos, amplia-se e radicaliza-se a [[questão]] da [[leitura]] como [[interpretação]]: o [[diálogo]] interpretativo passa a ser caminhada de [[manifestação]] do que cada um [[é]], no [[vigor]] [[poético]] da ''[[poíesis]]'' como [[verdade]]. [[Ler]], [[interpretar]] e [[dialogar]] é percorrer na tripla [[dimensão]] ''horídzo'' ([[limite]]/[[horizonte]]/[[limiar]]), ''ex-peras'' (porta/passagem) e ''télos'' ([[sentido]]) o [[caminho]] do [[ser]]. É a [[travessia]]. Ocorre então que [[interpretar]] como [[diálogo]] onto-poético é uma [[ascese]]. Quando interpretamos nesse [[sentido]] não iremos transmitir [[conceito|conceitos]] nem [[conhecimento]] nem [[informações]], mas apenas e tão somente [[assinalar]] a [[caminhada]]. Toda [[caminhada]] que se move na ''[[poíesis]]'' do [[ser]] é co-letiva, onde o ''[[lógos]]'' reúne como [[identidade]] as [[diferenças]].  
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:(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. "Para que língua se traduz o Ocidente". In: ''O que nos faz pensar''. PUC-Rio, nº 10, 1996, p. 63.
:(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. "Para que língua se traduz o Ocidente". In: ''O que nos faz pensar''. PUC-Rio, nº 10, 1996, p. 63.
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:A quantidade de [[informação|informações]] deve ser vista levando em consideração três atitudes (entre outros aspectos):  
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:1º)  Linguístico-contextual: entram aí [[forma]], [[língua]], [[discurso]], [[linguagem]], dados estruturais etc.
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: 1º)  Linguístico-contextual: entram aí [[forma]], [[língua]], [[discurso]], [[linguagem]], dados estruturais etc.
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:2º)  Fenomenológica: ultrapassa-se aqui a percepção de [[coisa]] como [[objeto]] conceitual (inerente à atitude anterior) e entra-se mais radicalmente na complexidade da "coisa". Esta pode limitar-se a uma operação epistemológica.
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: 2º)  Fenomenológica: ultrapassa-se aqui a percepção de [[coisa]] como [[objeto]] conceitual (inerente à atitude anterior) e entra-se mais radicalmente na complexidade da "coisa". Esta pode limitar-se a uma operação epistemológica.
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:3º)  Ontológica: englobando as duas anteriores, operacionaliza-se no [[diálogo]], onde a abertura para a [[escuta]] do ''lógos'' é fundamental. O conceito social de linguagem está ligado à concepção determinística do homem pela [[história]] e ao seu determinismo histórico-material.
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: 3º)  Ontológica: englobando as duas anteriores, operacionaliza-se no [[diálogo]], onde a abertura para a [[escuta]] do ''lógos'' é fundamental. O conceito social de linguagem está ligado à concepção determinística do homem pela [[história]] e ao seu determinismo histórico-material.
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:*[[Leitura]]
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: * [[Leitura]]
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: * O meu livro: ''Leitura: questões'', 3a. Parte - LER: CAMINHO E MÉTODO. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015.
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:(1) FOGEL, Gilvan. Vida, realidade, interpretação. In: FAGUNDES, Igor (org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 100.
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:(1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 100.
   
   
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 248.
:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 248.
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: "Nietzsche escreveu (1): "Uma '[[coisa]] em si' é algo tão absurdo quanto um '[[sentido]] em si', uma '[[significação]] em si'. Não há nenhum 'fato em si', mas, para que um (estado de) fato possa haver, ''é preciso que um [[sentido]] primeiramente sempre já tenha sido introduzido'' " (2).
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: Referências:
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: (1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). ''Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra''. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 101.
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: (2) Cf. Nietzsche, F., ''Kritische Gesamtausgabe'', VIII-1, 2 149, De Gruyter, Berlin, 1974, p. 138, ou ''A vontade de poder''. Contraponto: Rio de Janeiro, 2008, nr. 556, p. 290.
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== 12 ==
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: "Pesquisa é busca do [[poder]] de [[produção]] total, [[interpretação]] é acolhida do [[dom]] do [[real]]" (1).
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: Referência:
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: ''Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio'', 136, jan.-mar., 1999, p. 74.
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== 13 ==
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: "A ''[[compreensão]]'' é um processo [[hermenêutico]] visando ao [[sentido]] dos eventos do [[mundo]] histórico-cultural, especificamente [[humano]]. Na [[interpretação]] do [[sentido]] o próprio cientista (sujeito), com seu lastro subjetivo de estimativas de [[valor]], nunca pode ser separado inteiramente do [[objeto]] a ser interpretado, de modo que um teor de [[subjetividade]] não pode ser retirado das [[ciências da cultura]], ao contrário do que ocorre com as [[ciências da natureza]], cujas [[explicações]] se pretendem fundadas apenas na [[objetividade]] dos [[fatos]], sem interferência subjetiva (valorativa) por parte do [[cientista]]" (1).
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: Referência:
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: (1) GIACOIA JR., Oswaldo. '''Heidegger urgente - introdução a um novo pensar'''. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 31.
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== 14 ==
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: "[[Ser]] [[interpretação]] não é uma [[escolha]] que dependa da [[vontade]] [[humana]]. Ao contrário, esta condição [[ontológica]] já lhe foi destinada para que seja o que [[é]]: [[homem]], um [[ser]] que interpreta, e que por isso é [[livre]]. Paradoxalmente, sua [[liberdade]] é [[destino]]" (1).
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: Referência:
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: (1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). ''O educar poético''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 103.'
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== 15 ==
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: " ''Use suas orelhas, ouça as [[palavras]] que são ditas, use sua [[mente]] para interpretá-las . Colocá-las em seu [[coração]] traz benefícios'' " (1).
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: Referência:
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: (1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. ''Cosmologia egípcia - o universo animado''. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 137.
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== 16 ==
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: "O [[caminho]] sempre pressupõe duas margens e um “[[entre]]”. A este “[[entre]]” das margens os [[gregos]] denominaram: ''meta'': que significa “através de, [[entre]]”. ''Hodos'' significa [[caminho]]. Daqui se origina a [[palavra]] portuguesa [[método]]. Este pressupõe um [[caminho]] que se dá através do “[[entre]]”. O “''[[deus]]''” dos [[caminhos]], da [[verdade]], da ambiguidade, das encruzilhadas, os [[gregos]] tematizaram no [[mito]] de [[Hermes]]. Como mediador, é a [[imagem-questão]] do [[ser humano]], enquanto se realiza percorrendo o [[caminho]] do que [[é]]. De [[Hermes]] se formou, em [[grego]], o [[substantivo]] ''[[hermeneuia]]'', de onde se originou a [[hermenêutica]].. Os latinos a traduziram como: [[interpretação]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 204.
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== 17 ==
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: "A [[palavra]] [[interpretação]] vem do [[latim]]. “O [[substantivo]] latino ''interpretatio'' tem [[origem]] na feira, no negócio, na [[discussão]] dos preços ou do preço, ''pretium'', face ao qual os [[interlocutores]] assumem [[posições]] [[diversas]], de onde o ''inter-pretium''” (1). Estranhamos esse uso não corrente de [[interpretação]]. Examinemos, porém, os componentes da [[palavra]]: o [[prefixo]] ''[[inter]]'' e o [[radical]]: ''[[pretium]]''. ''[[Inter]]'', quando [[traduzido]] por “[[entre]]”, põe em cena o [[diálogo]], o debate em que há [[posições]] [[diferentes]]. Indica também o [[lugar]] no qual e a partir do qual acontece o [[diálogo]], o [[embate]]. O [[preço]] é algo [[mutável]], que se define no decorrer e como consequência do [[diálogo]]. É o [[valor]] que está em [[jogo]]. O [[diálogo]] em torno do [[jogo]] do [[valor]] se faz a [[partir]] do [[lugar]] no qual os [[dialogantes]] se movem. A este [[lugar]] de [[abertura]] e [[possibilidade]] do [[debate]] e [[embate]] deram os [[gregos]] o [[nome]] de [[ethos]]. A [[tensão]] e [[relação]] do “[[entre]]” como [[diálogo]] e do ''[[pretium]]'' como ''[[ethos]]'' fazem [[aparecer]] a terceira [[dimensão]] de toda [[interpretação]]: o barganhar, o [[especular]]" (1). 
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: Referência:
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: (1) GOMES, Pinharanda. Prefácio, p.12. In: ARISTÓTELES. ''Organon''. Lisboa, Guimarães, 1985.
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: (2) CASTRO. Manuel Antônio de. ''Poética e ''poiesis'': a questão da interpretação''. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. '''Série Conferências''', v. 5, 2000, p. 8.
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: A imediação mediada é nada mais do que a [[mediação]] da [[medida]], a ''[[poiesis]]''. A [[mediação]] da [[medida]] acontece na [[interpretação]]. Por isso é que todo [[ser humano]] é [[intérprete]] e nesse [[interpretar]] ele realiza a [[essência]] do [[humano]], uma [[essência]] que ele recebe e se torna o seu [[próprio]]. Por isso [[ler]] interpretando é sempre um [[interpretar-se]], não como [[decisão]] [[subjetiva]], mas como [[escuta]] d' [[o que é]] em [[o como é]] da [[interpretação]]. Isso só é [[possível]] porque tanto o [[próprio]] de cada [[ser humano]] quanto o que vigora na [[obra de arte]] já são essas [[possibilidades]] que a [[interpretação]] da [[auto-escuta]] da [[fala]] da [[obra]] opera naquilo que recebeu como [[próprio]], o seu [[destino]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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== 19 ==
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: "Dado este [[poema]] procede-se à sua [[leitura]]. Isso é feito naturalmente pelo [[leitor]], desde que esteja alfabetizado. Mas o que acontece quando além da [[leitura]] normal, pede-se que se faça uma [[interpretação]], ou, no linguajar escolar viciado, uma [[análise]]? Por onde [[começar]]? Há só um [[caminho]] considerado o certo? Para isso devemos nos [[perguntar]]: Qual é o [[objetivo]] da [[análise]]? Onde se quer chegar? O que é [[necessário]] para que se proceda à [[interpretação]]? Quais são os pressupostos (implícitos ou explícitos) para nos guiar na [[interpretação]] e na propalada e [[falsa]] [[análise]]?" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---. '''Leitura: questões'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 122.
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: "Até a [[mentira]] pode ser [[interpretada]] por [[historiadores]]. A pluralidade e a [[refutação]] de [[diferentes]] [[interpretações]] é parte do debate. Já dizia o [[filósofo]] Karl Popper que uma [[sentença]] irrefutável não é [[científica]] - lembra o [[historiador]] italiano Carlo Ginszburg" (1). O [[historiador]] [[italiano]] diz o seguinte, na entrevista citada: "Até a [[mentira]] pode ser [[interpretada]] por [[historiadores]]. A pluralidade e a refutação de [[diferentes]] [[interpretações]] é parte do debate. Já disse o [[filósofo]] Karl Popper que uma [[sentença]] irrefutável não é [[científica]]" (2). 
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: Referências:
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: (2) GABRIEL, Ruan de Sousa. ''A disputa pela verdadeira história''. In: '''O GLOBO''', ''Segundo Caderno'', sábado, 8-5-2021, p.1.
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: (2) GINSBURG, Carlo. ''Os usos políticos da mentira são notícia velha''. Entrevista. In: '''O GLOBO''', ''Segundo Caderno'', sábado, 9-5-2021, p. 2.

Edição atual tal como 20h54min de 30 de Agosto de 2022

1

Através da etimologia da palavra interpretação chega-se ao valor. Mas pode-se ampliar essa compreensão, partindo da inter-subjetividade e da realidade social. Para aprofundar a discussão, confira Bárbara Freitag (1) quando trata da teoria da ação comunicativa de Habermas.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) FREITAG, Bárbara. Teoria crítica: ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1985, pp. 58-9.

2

Na questão da interpretação, em que se pensa a diferença da análise, da explicação e do diá-logo, é essencial ter em mente a exegese e, nesta, os três passos fundamentais: intelligendi, aprehendi e applicandi. Ora, este processo tem alguns passos que julgam o texto/obra como algo objetivo. Aqui está a questão: como dar esses três passos sem questionar o que se apresenta sem a tensão com o que se vela? Mas, constatando que toda obra de arte opera a partir da linguagem, como ler radicalmente se não for como diálogo, onde o que é comum e o mesmo é o lógos? Para aprofundar esta questão, confira o ensaio "A questão da hermenêutica" (1).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. Acessível em Travessia Poética.

3

O que ocorre na leitura de cada um como ente singular? Certamente ela se dá em cada um como interpretação e diá-logo. Contudo, duas dimensões também aí se fazem presentes: ser e linguagem. Martin Heidegger no ensaio "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador" (1), diz que as duas grandes questões que o frequentam são: ser e linguagem. Surge a questão: cada leitor é um ente absolutamente original. Na medida em que o ser se dá em cada ente, certamente também a linguagem. E o mesmo acontece com a leitura, ou seja, cada leitor é único, não como subjetividade, mas como ente do ser. Então a interpretação/diá-logo certamente vai seguir essa mesma dimensão. Pode-se então perguntar: o que une a todos? Duas dimensões ontológicas: o não-saber e o lógos como mundo e memória de todas as leituras e diálogos. O lógos é a medida de todas as dimensões e possíveis leituras.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003.

4

Na poíesis o que permanece é o caminho. E aí temos: leitura como diálogo a partir da interpretação como pensamento e caminho. Ligando estes três termos, amplia-se e radicaliza-se a questão da leitura como interpretação: o diálogo interpretativo passa a ser caminhada de manifestação do que cada um é, no vigor poético da poíesis como verdade. Ler, interpretar e dialogar é percorrer na tripla dimensão horídzo (limite/horizonte/limiar), ex-peras (porta/passagem) e télos (sentido) o caminho do ser. É a travessia. Ocorre então que interpretar como diálogo onto-poético é uma ascese. Quando interpretamos nesse sentido não iremos transmitir conceitos nem conhecimento nem informações, mas apenas e tão somente assinalar a caminhada. Toda caminhada que se move na poíesis do ser é co-letiva, onde o lógos reúne como identidade as diferenças.


- Manuel Antônio de Castro.

5

Criação é concriação, assim como interpretar é concriar. A interpretação não é um ato epistemológico-científico, mas poético. Por isso, a palavra hermenêutica tem sua origem no mito de Hermes. A interpretação se dá sempre como um ato de compreensão e jamais de análise. A criação do poeta só é criação se for con-criação, porque na obra não é o poeta que cria, mas é a própria realidade que advém como verdade e sentido, na medida em que ela opera desvelando-se tanto mais quanto mais se vela, enquanto linguagem do silêncio.


- Manuel Antônio de Castro


6

O pensamento está relacionado com o diálogo-pensante em sua relação com o passado. Márcia Cavalcante Schuback diz: "O diálogo pensante não pode restaurar. Pode apenas traduzir para um começo. Isto é o que Heidegger chama de interpretação. A interpretação não é jamais neutra. A interpretação nunca é apreensão de um dado preliminar, isenta de pressuposições. Se a concreção da interpretação, no sentido da interpretação textual exata, se compraz em se basear nisso que 'está' no texto, aquilo que, de imediato, se apresenta como estranho no texto nada mais é do que a opinião prévia, indiscutida e supostamente evidente do intérprete" (1). A interpretação é sempre uma intervenção poética pessoal, se for escuta do lógos, senão torna-se mero subjetivismo opiniativo.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) SCHUBACK, Márcia Sá Cavalcante. "Para que língua se traduz o Ocidente". In: O que nos faz pensar. PUC-Rio, nº 10, 1996, p. 63.


7

A quantidade de informações deve ser vista levando em consideração três atitudes (entre outros aspectos):
1º) Linguístico-contextual: entram aí forma, língua, discurso, linguagem, dados estruturais etc.
2º) Fenomenológica: ultrapassa-se aqui a percepção de coisa como objeto conceitual (inerente à atitude anterior) e entra-se mais radicalmente na complexidade da "coisa". Esta pode limitar-se a uma operação epistemológica.
3º) Ontológica: englobando as duas anteriores, operacionaliza-se no diálogo, onde a abertura para a escuta do lógos é fundamental. O conceito social de linguagem está ligado à concepção determinística do homem pela história e ao seu determinismo histórico-material.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:
* Leitura
* O meu livro: Leitura: questões, 3a. Parte - LER: CAMINHO E MÉTODO. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015.

8

A caracterização do ser humano como mortal se desdobra em três níveis: a) vida vivida; b) vida experienciada; e c) vida narrada. (Não poeticamente, há vida racionalizada ou epistêmica). Contudo, há duas instâncias sem as quais isso não confere ao ente humano, o ser mortal. Elas acabam por ordenar e reunir os três níveis. De um lado eles são reunidos pelo lógos, mas por outro lado as três ações diferentes constituem sentido advindas de poíesis. A linguagem como tal é, pois, lógos e poíesis, ou seja, a linguagem que colhe, recolhe e reúne na medida em que os três níveis recebem pela poíesis um sentido. A linguagem só será então linguagem se inseminada pelo sentido do agir da poíesis. Ora, isso constitui a obra de arte. Na medida em que lhe é correlato o desvelo originário, essas cinco dimensões também se devem fazer nela presente. E isso é absolutamente singular em cada um, o que não quer dizer subjetivo, mas uma aprendizagem como método de ser. Porém, a aprendizagem vai além. Ela exige o inter-pretium, ou seja, o mergulho e o advento do ético. Mas o ético é éthos, a linguagem como morada. E quando falamos linguagem como morada, então, a arte acontece. Então, dá-se interpretação. A arte sempre é obra e como tal não é ente, pois como lugar da verdade acontece como verdade do ser. E a verdade não é, dá-se, acontece.


- Manuel Antônio de Castro


9

"Interpretação é a força, o princípio, o fundamento, a essência, isto é, a gênese do real. Assim interpretação, de imediato e formalmente, será entendida e determinada como a própria vida do real" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 100.


Ver também:

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"Assim, hermeneúein, interpretar, não diz conduzir alguma coisa para a claridade da razão e para o discurso da língua, mas reconduzi-la a seu lugar de origem no mistério da Linguagem" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 248.


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"Nietzsche escreveu (1): "Uma 'coisa em si' é algo tão absurdo quanto um 'sentido em si', uma 'significação em si'. Não há nenhum 'fato em si', mas, para que um (estado de) fato possa haver, é preciso que um sentido primeiramente sempre já tenha sido introduzido " (2).


Referências:
(1) FOGEL, Gilvan. "Vida, realidade, interpretação". In: FAGUNDES, Igor (org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 101.
(2) Cf. Nietzsche, F., Kritische Gesamtausgabe, VIII-1, 2 149, De Gruyter, Berlin, 1974, p. 138, ou A vontade de poder. Contraponto: Rio de Janeiro, 2008, nr. 556, p. 290.

12

"Pesquisa é busca do poder de produção total, interpretação é acolhida do dom do real" (1).
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 74.


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"A compreensão é um processo hermenêutico visando ao sentido dos eventos do mundo histórico-cultural, especificamente humano. Na interpretação do sentido o próprio cientista (sujeito), com seu lastro subjetivo de estimativas de valor, nunca pode ser separado inteiramente do objeto a ser interpretado, de modo que um teor de subjetividade não pode ser retirado das ciências da cultura, ao contrário do que ocorre com as ciências da natureza, cujas explicações se pretendem fundadas apenas na objetividade dos fatos, sem interferência subjetiva (valorativa) por parte do cientista" (1).


Referência:
(1) GIACOIA JR., Oswaldo. Heidegger urgente - introdução a um novo pensar. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 31.

14

"Ser interpretação não é uma escolha que dependa da vontade humana. Ao contrário, esta condição ontológica já lhe foi destinada para que seja o que é: homem, um ser que interpreta, e que por isso é livre. Paradoxalmente, sua liberdade é destino" (1).


Referência:
(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "O homem e a interpretação: da escuta do destino à liberdade". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). O educar poético. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 103.'


15

" Use suas orelhas, ouça as palavras que são ditas, use sua mente para interpretá-las . Colocá-las em seu coração traz benefícios " (1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "Nosso Objetivo na Terra". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 137.


16

"O caminho sempre pressupõe duas margens e um “entre”. A este “entre” das margens os gregos denominaram: meta: que significa “através de, entre”. Hodos significa caminho. Daqui se origina a palavra portuguesa método. Este pressupõe um caminho que se dá através do “entre”. O “deus” dos caminhos, da verdade, da ambiguidade, das encruzilhadas, os gregos tematizaram no mito de Hermes. Como mediador, é a imagem-questão do ser humano, enquanto se realiza percorrendo o caminho do que é. De Hermes se formou, em grego, o substantivo hermeneuia, de onde se originou a hermenêutica.. Os latinos a traduziram como: interpretação" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 204.


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"A palavra interpretação vem do latim. “O substantivo latino interpretatio tem origem na feira, no negócio, na discussão dos preços ou do preço, pretium, face ao qual os interlocutores assumem posições diversas, de onde o inter-pretium” (1). Estranhamos esse uso não corrente de interpretação. Examinemos, porém, os componentes da palavra: o prefixo inter e o radical: pretium. Inter, quando traduzido por “entre”, põe em cena o diálogo, o debate em que há posições diferentes. Indica também o lugar no qual e a partir do qual acontece o diálogo, o embate. O preço é algo mutável, que se define no decorrer e como consequência do diálogo. É o valor que está em jogo. O diálogo em torno do jogo do valor se faz a partir do lugar no qual os dialogantes se movem. A este lugar de abertura e possibilidade do debate e embate deram os gregos o nome de ethos. A tensão e relação do “entre” como diálogo e do pretium como ethos fazem aparecer a terceira dimensão de toda interpretação: o barganhar, o especular" (1).


Referência:
(1) GOMES, Pinharanda. Prefácio, p.12. In: ARISTÓTELES. Organon. Lisboa, Guimarães, 1985.
(2) CASTRO. Manuel Antônio de. Poética e poiesis: a questão da interpretação. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. Série Conferências, v. 5, 2000, p. 8.

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A imediação mediada é nada mais do que a mediação da medida, a poiesis. A mediação da medida acontece na interpretação. Por isso é que todo ser humano é intérprete e nesse interpretar ele realiza a essência do humano, uma essência que ele recebe e se torna o seu próprio. Por isso ler interpretando é sempre um interpretar-se, não como decisão subjetiva, mas como escuta d' o que é em o como é da interpretação. Isso só é possível porque tanto o próprio de cada ser humano quanto o que vigora na obra de arte já são essas possibilidades que a interpretação da auto-escuta da fala da obra opera naquilo que recebeu como próprio, o seu destino.


- Manuel Antônio de Castro.

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"Dado este poema procede-se à sua leitura. Isso é feito naturalmente pelo leitor, desde que esteja alfabetizado. Mas o que acontece quando além da leitura normal, pede-se que se faça uma interpretação, ou, no linguajar escolar viciado, uma análise? Por onde começar? Há só um caminho considerado o certo? Para isso devemos nos perguntar: Qual é o objetivo da análise? Onde se quer chegar? O que é necessário para que se proceda à interpretação? Quais são os pressupostos (implícitos ou explícitos) para nos guiar na interpretação e na propalada e falsa análise?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 122.

20

"Até a mentira pode ser interpretada por historiadores. A pluralidade e a refutação de diferentes interpretações é parte do debate. Já dizia o filósofo Karl Popper que uma sentença irrefutável não é científica - lembra o historiador italiano Carlo Ginszburg" (1). O historiador italiano diz o seguinte, na entrevista citada: "Até a mentira pode ser interpretada por historiadores. A pluralidade e a refutação de diferentes interpretações é parte do debate. Já disse o filósofo Karl Popper que uma sentença irrefutável não é científica" (2).


Referências:
(2) GABRIEL, Ruan de Sousa. A disputa pela verdadeira história. In: O GLOBO, Segundo Caderno, sábado, 8-5-2021, p.1.
(2) GINSBURG, Carlo. Os usos políticos da mentira são notícia velha. Entrevista. In: O GLOBO, Segundo Caderno, sábado, 9-5-2021, p. 2.