Caminhada
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→4) |
(→6) |
||
(3 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 37: | Linha 37: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[questão]] da [[técnica]]". In: [[Ensaios]] e | + | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' "A [[questão]] da [[técnica]]". In: [[Ensaios]] e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p.11.''' |
== 5 == | == 5 == | ||
Linha 52: | Linha 52: | ||
== 6 == | == 6 == | ||
- | : "A [[linguagem]] não é um [[ente]], mas o [[fenômeno]] dos [[fenômenos]], pois quanto mais se revela, mais se vela, operando num “''[[entre]]''”, que os [[gregos]] denominaram ''[[polemos]]'', cuja [[tradução]] mais frequente é: luta, tensão de contrários, [[disputa]]. E propomos traduzi-la também por “''[[entre]]''”. [[Linguagem]] é um ''[[entre]]'' [[princípio]] e [[fim]], ''[[entre]]'' [[finito]] e não-finito, ''[[entre]]'' [[compreender]] e não-compreender, ''[[entre]]'' [[saber]] e não-saber, ''[[entre]]'' [[ver]] e não-ver, ''[[entre]]'' [[ser]] e [[não-ser]]. Em virtude disso, nossa [[caminhada]] é um contínuo avançar e recuar, num [[verdadeiro]] [[labirinto]] [[poético]]-[[circular]], cuja saída almejamos e, no entanto, [[sempre]] nos advém como desafio, pois a cada passo se abre em [[infinitas]] [[possibilidades]], numa aparente sem saída, onde o importante do [[ler]] é a [[procura]] e [[caminhada]]. Isso gera no [[ser humano]] [[angústia]] e dor, mas também a alegria erótico-libertadora das contínuas e sempre novas [[experienciações]]. E, no fundo, essa [[caminhada]] do [[caminho]] é o [[ler]]" (1). | + | : "A [[linguagem]] não é um [[ente]], mas o [[fenômeno]] dos [[fenômenos]], pois quanto mais se revela, mais se vela, operando num “''[[entre]]''”, que os [[gregos]] denominaram ''[[polemos]]'', cuja [[tradução]] mais frequente é: [[luta]], tensão de contrários, [[disputa]]. E propomos traduzi-la também por “''[[entre]]''”. [[Linguagem]] é um ''[[entre]]'' [[princípio]] e [[fim]], ''[[entre]]'' [[finito]] e não-finito, ''[[entre]]'' [[compreender]] e não-compreender, ''[[entre]]'' [[saber]] e não-saber, ''[[entre]]'' [[ver]] e [[não-ver]], ''[[entre]]'' [[ser]] e [[não-ser]]. Em virtude disso, nossa [[caminhada]] é um contínuo avançar e recuar, num [[verdadeiro]] [[labirinto]] [[poético]]-[[circular]], cuja saída almejamos e, no entanto, [[sempre]] nos advém como desafio, pois a cada passo se abre em [[infinitas]] [[possibilidades]], numa aparente sem saída, onde o importante do [[ler]] é a [[procura]] e [[caminhada]]. Isso gera no [[ser humano]] [[angústia]] e [[dor]], mas também a alegria erótico-libertadora das contínuas e sempre novas [[experienciações]]. E, no fundo, essa [[caminhada]] do [[caminho]] é o [[ler]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[ler]] e suas [[questões]]". In: ---------. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[ler]] e suas [[questões]]". In: ---------. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 21.''' |
== 7 == | == 7 == | ||
Linha 65: | Linha 65: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Poético]]-[[ecologia]]". In: [[Arte]]: [[corpo]], [[mundo]] e [[terra]]. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 33.''' |
Edição atual tal como 20h08min de 29 de Abril de 2025
Tabela de conteúdo |
1
- "O ser humano é uma doação da linguagem. Sempre se movendo na linguagem, em sua ânsia essencial de ser o não-ser, procura incessantemente o horizonte de seu mistério e presença como escuta de sua fala. A escuta exige de nós uma entrega e caminhada, que se torna uma travessia, um percurso de iluminação. Ela nos leva à fala da sua escuta para melhor escutá-la. É quando a palavra se torna o vigor de seu desvelamento e velamento como língua. Porque a palavra é o vigor desse "entre" que identifica e diferencia fala e silêncio, desvelamento e velamento. E assim surgem algumas das mais importantes reflexões dos pensadores" (1).
- O percurso de iluminação nos conduz a uma posse do que somos e recebemos para ser. Será, portanto, um percurso ontológico e não meramente temporal ou espacial. O ontológico é o originário de todo espaço e tempo, de toda época. No e pelo ontológico o percurso como caminhada é de mergulho na memória, que a tudo preside. A iluminação provoca em nós a experienciação da sabedoria e uma caminhada de libertação. Não há iluminação sem desprendimento e recolhimento. E será uma caminhada ou travessia para a plenitude de realização do sentido do que recebemos para ser, será uma apropriação do próprio. No recolhimento apreendemos o sentido de nosso agir.
- Referência:
2
- "Assim precisamos percorrer efetiva e plenamente o círculo. Isto não é nem uma solução passageira nem é uma deficiência. A posição vigorosa é trilhar este caminho e permanecer nele é a festa do pensar, posto que o pensar é um ofício. Não somente o passo principal da obra para a arte assim como o passo da arte para a obra é um círculo, mas cada passo isolado que tentamos dar circula neste círculo" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 39.
3
- "Se Globalização é tempo, todo tempo já diz de possibilidades de caminho. Todo caminho é uma caminhada de passagens e paradas, nas e com as estâncias do existir em contínua possibilidade de ascensão e iluminação, até advir a possível plenitude. Não vivemos apenas. Ao ser humano é próprio o existir. Este é um tempo de oportunidades de realização ascensional" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro: Globalização, pensamento e arte - 201/202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.
4
- Toda questão só é questão na medida em que provoca uma caminhada. Nesta, a questão advém e fala como verdade. É a alétheia (palavra grega que diz: desvelamento, e este é o que poeticamente se denomina verdade) do lógos (linguagem). A alétheia pode ser a alétheia do logos porque ela se torna e é a partir da poíesis (vigor do poético) enquanto éthos (vigor do sentido do agir, ética) da questão. Por ser o éthos da questão, ela se dá como sophia (sabedoria) e não simplesmente como o a ser conhecido tecnicamente. Toda sophía, como éthos, vige na essência da linguagem: a phýsis (nascividade) / dzoé (vida). A questão de todo querer se dá como caminho e não simplesmente como desejo ao nível do psíquico ou pela vontade do querer.
- Eis o que nos diz Heidegger: “A seguir questionaremos a técnica. O questionamento trabalha na construção de um caminho. Por isso aconselha-se a considerar sobretudo o caminho e a não ficar preso às várias sentenças e aos diversos títulos. O caminho é um caminho de pensamento. Todo caminho de pensamento passa, de maneira mais ou menos perceptível e de modo extraordinário, pela linguagem” (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A questão da técnica". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p.11.
5
- - vida (1)
- Referência:
- (1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 118.
6
- "A linguagem não é um ente, mas o fenômeno dos fenômenos, pois quanto mais se revela, mais se vela, operando num “entre”, que os gregos denominaram polemos, cuja tradução mais frequente é: luta, tensão de contrários, disputa. E propomos traduzi-la também por “entre”. Linguagem é um entre princípio e fim, entre finito e não-finito, entre compreender e não-compreender, entre saber e não-saber, entre ver e não-ver, entre ser e não-ser. Em virtude disso, nossa caminhada é um contínuo avançar e recuar, num verdadeiro labirinto poético-circular, cuja saída almejamos e, no entanto, sempre nos advém como desafio, pois a cada passo se abre em infinitas possibilidades, numa aparente sem saída, onde o importante do ler é a procura e caminhada. Isso gera no ser humano angústia e dor, mas também a alegria erótico-libertadora das contínuas e sempre novas experienciações. E, no fundo, essa caminhada do caminho é o ler" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 21.
7
- "No grito de dor de Édipo de furar os olhos, dá-se o último passo de uma caminhada de vida, nas três sendas do parecer aparecendo, do ser sendo e do não-ser no mergulho da excessividade do Nada" (1).
- Referência: