Diferença

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Toda diferenciação é um [[crescer]] tendo como fim, como plena [[realização]], o que lhe dá [[sentido]] e atrai: o ser originário, o desejo a ser conquistado. Toda diferença procura a [[origem]] daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra [[posição]], mas para o que já desde sempre é: [[vazio]], [[plenitude]], [[não-posição]], ''[[nada criativo]]'' (1).
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: Toda diferenciação é um [[crescer]] tendo como fim, como plena [[realização]], o que lhe dá [[sentido]] e atrai: o ser [[originário]], o [[desejo]] a [[ser]] conquistado. Toda [[diferença]] [[procura]] a [[origem]] daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e [[é]]. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra [[posição]], mas para o que já desde sempre é: [[vazio]], [[plenitude]], [[não-posição]], ''[[nada criativo]]'' (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.
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: "A [[palavra]] grega ''homologia'' se compõe de dois étimos: ''hom-'' e ''lg''. O primeiro remete para a [[igualdade]] que, em união com as [[diferenças]], constitui a [[identidade]]. Na [[homologia]] prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a [[igualdade]] quanto a [[diferença]] vivem, na [[identidade]], de uma tensão de contrários. A [[igualdade]] não somente tolera a [[diferenciação]] como se nutre das [[diferenças]] para elaborar uma [[identidade]] fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os [[homens]] de todas as [[épocas]]. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo ''lg'', de ''homo-logia''" (1).
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: "A [[palavra]] grega ''[[homologia]]'' se compõe de dois étimos: ''hom-'' e ''lg''. O primeiro remete para a [[igualdade]] que, em união com as [[diferenças]], constitui a [[identidade]]. Na [[homologia]] prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a [[igualdade]] quanto a [[diferença]] vivem, na [[identidade]], de uma tensão de contrários. A [[igualdade]] não somente tolera a [[diferenciação]] como se nutre das [[diferenças]] para elaborar uma [[identidade]] fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os [[homens]] de todas as [[épocas]]. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo [[étimo]] ''lg'', de ''homo-logia''" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. ''Filosofia grega - uma introdução''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. '''Filosofia grega - uma introdução'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.
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:"O substantivo, no entanto, desencadeia realidade ontológica em que toda [[coisa]] é e ao mesmo tempo não é, numa disputa dinâmica em que vigora a diferença – e por diferença não se quer dizer aqui “oposição” já que toda oposição se baseia numa [[medida]] ideal cuja identidade já foi estabelecida de antemão. A própria palavra “diferença” já aponta para o convívio [[entre]] duas dimensões distintas: a do conhecido/revelado/aquilo que é e a do desconhecido/velado/aquilo que não é" (1).
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: "Porém, tanto o sabido “[[é]]” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “[[é]]” (pois só assim posso [[perguntar]] por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no [[exercício]] [[concreto]] da [[pergunta]] uma [[identidade]] [[entre]] o [[ser]] e o [[saber]], e uma [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] o [[saber]], ao mesmo tempo. Significa isto que na [[pergunta]] está posta a [[diferença]] [[entre]] o [[ser]] posto no meu [[saber]] e o [[ser]] que ultrapassa o meu [[saber]]" (1).
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:(1) MAROUVO, Patrícia. Desvelo do instante poético em ''Água viva''. 2012. Dissertação (Mestrado em Poética) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, pp. 25-26.
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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "O [[uno]] não admite [[divisão]]. Toda e qualquer [[forma]] de [[divisão]] é já [[desintegração]], é já destruição do [[uno]]. Para que se apresente o uno com [[sentido]] é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é [[análise|analisável]]. Ele constitui um [[outro]] irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou [[dimensão]], sempre, a [[possibilidade]] de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um ''[[logos]]'', de um [[sentido]] da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a [[vigência]] do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da [[diferença]], é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a [[diferença]] à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).
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: "O uno não admite [[divisão]]. Toda e qualquer [[forma]] de divisão é já [[desintegração]], é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com [[sentido]] é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é [[análise|analisável]]. Ele constitui um [[outro]] irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou [[dimensão]], sempre, a [[possibilidade]] de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um ''[[logos]]'', de um [[sentido]] da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a [[vigência]] do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da [[diferença]], é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a [[diferença]] à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).
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: (1) JARDIM, Antonio. '''Música: vigência do pensar poético'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.
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: "Por detrás de todo [[humanismo]] há uma [[questão]] maior, porque [[essencial]] e não apenas [[atributiva]] e [[acidental]]. É o desafio de [[pensar]] o [[humano]] de todo [[ser humano]], em todas as [[épocas]] e [[culturas]] no seu [[ético]]. Como não se pode separar o [[humano]] [[histórico]] de todo e qualquer [[ser humano]], houve a [[necessidade]] de se [[pensar]] o [[universal]] de uma maneira não apenas [[epistemológica]], mas [[ontológica]], isto é, onde haja uma [[unidade]] do [[universal]] com o [[singular]] e [[próprio]], da [[identidade]] com a [[diferença]], numa permanente [[dialética]] e [[diálogo]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.
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: "''Um vive, e muito se vê...'' Reperguntei qual era o mote. - ''Um [[outro]]  pode [[ser]] a [[gente]]: mas a [[gente]] não pode [[ser]] um [[outro]], nem convém''..." (1).
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: (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.
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: ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas''. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.
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: "A [[diferença]] e [[referência]] [[entre]] [[consciente]] e [[inconsciente]] não se pode [[reduzir]] apenas a [[mecanismos]] e [[processadores]], mas inclui ambas as [[coisas]]. O que a [[fenomenologia]] do [[fenômeno]] nos faz [[perceber]] é que qualquer emergente na [[vida]] perfaz um [[movimento]] só na [[criação]] das [[pessoas]]. Sem o [[percurso]] desta [[identidade]], de [[igualdade]] e [[diferença]], não é [[possível]] [[sentir-se]] dentro nem encontrar-se com [[movimento]] de [[transformação]] da [[fenomenologia]] de todo [[fenômeno]]. Assim é indispensável passar dos [[mecanismos]] para o [[sentido]] que revelam e a que visam  os [[mecanismos]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.
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: "Todavia, para [[compreender]] a [[diferença]] do meu [[ser]] frente ao [[outro]] e frente ao [[ser ilimitado]], é a [[consciência]] do [[outro]] que condiciona minha [[auto-consciência]], ou seja, devo dar-me conta do [[outro]] para [[poder]] dar-me conta de mim [[mesmo]] como diferenciado do [[outro]] e do [[ser ilimitado]]" (1).
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "As [[diferenças]] não podem cair na [[dicotomia]] [[metafísica]], invertendo o [[sistema]] pela [[afirmação]] de um [[outro]],  mas afirmando, sim, a [[identidade]], porém, como [[identidade]] das [[diferenças]] e [[diferenças]] da [[identidade]] ([[alteridade]] e [[ipseidade]]). A [[diferença]], porque é [[diferença]], [[vigora]] no âmbito [[sempre]] do [[não-saber]]. Ousar [[saber]] e ousar [[não-saber]] significa [[saber]] e [[não-saber]], [[ser]] e [[não-ser]], significa assumir a [[liminaridade]] de [[finito]] e [[infinito]], a [[dobra]]. Nessa [[tensão]] [[liminar]] nos realizamos como [[diferenças]]. É a [[medida]] da [[Escuta]] de [[Ulisses]] que nos advém como [[palavra cantada]], como [[Escuta]] do [[mito]] das [[Sereias]]. Por isso precisamos ter sempre [[presente]] o [[pensar]] [[poético]] de [[Heráclito]] (1):
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: ''Se não se espera, não se encontra o [[inesperado]], sendo sem [[caminho]] de encontro nem [[vias]] de acesso'' (2). (1991, 63).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 183.
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: (2) OS PENSADORES  ORIGINÁRIOS. ''Anaximandro, Parmênides, Heráclito''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublesvski. Petrópolis: Vozes, 1991, 63.

Edição atual tal como 20h47min de 1 de março de 2024

1

Toda diferenciação é um crescer tendo como fim, como plena realização, o que lhe dá sentido e atrai: o ser originário, o desejo a ser conquistado. Toda diferença procura a origem daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra posição, mas para o que já desde sempre é: vazio, plenitude, não-posição, nada criativo (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.

2

"A palavra grega homologia se compõe de dois étimos: hom- e lg. O primeiro remete para a igualdade que, em união com as diferenças, constitui a identidade. Na homologia prevalece a concordância sobre a divergência. É que tanto a igualdade quanto a diferença vivem, na identidade, de uma tensão de contrários. A igualdade não somente tolera a diferenciação como se nutre das diferenças para elaborar uma identidade fecunda, que não apenas partilha, mas compartilha com os homens de todas as épocas. Pois é a dinâmica desta união matriz que cumpre o segundo étimo lg, de homo-logia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 7.

3

"Porém, tanto o sabido “é” (pois eu o sei como algo que é) como também o não-sabido “é” (pois só assim posso perguntar por ele): ambos “são” e, assim, ambos estão postos no ser-na-sua-totalidade. Deste modo, eu ponho no exercício concreto da pergunta uma identidade entre o ser e o saber, e uma diferença entre o ser o saber, ao mesmo tempo. Significa isto que na pergunta está posta a diferença entre o ser posto no meu saber e o ser que ultrapassa o meu saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

4

A palavra escolhida (diferença) quer dizer o que ela diz: o diferente não estabelece nenhuma escala de valores comparativos, impossíveis em termos de obras de arte. Ela quer dizer o que diz: a realidade jamais se repete e se mostra sempre em novas dimensões, porque a realidade é um incessante acontecer, não em um eterno retorno, mas em uma inaugurabilidade originária que tanto mais se manifesta como o vigorar do novo quanto mais se funda e afunda no nada de suas possibilidades poéticas. Esse eidos ou idea de que nos falou Platão, isto é, ousia.


- Manuel Antônio de Castro

5

"O uno não admite divisão. Toda e qualquer forma de divisão é já desintegração, é já destruição do uno. Para que se apresente o uno com sentido é incondicional a sua indivisibilidade. O uno não é analisável. Ele constitui um outro irreversível. É essa irreversibilidade que assegura em qualquer instância ou dimensão, sempre, a possibilidade de que se estabeleça uma dinâmica propícia à instauração de um logos, de um sentido da instauração de uma instância de proferição. Radicalmente: o uno é a vigência do uno enquanto uno. Em última instância é a vigência da diferença, é a radicalização da diferença no encaminhamento que leva a diferença à sua instância mais radical, à sua raiz" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 84.

6

"Por detrás de todo humanismo há uma questão maior, porque essencial e não apenas atributiva e acidental. É o desafio de pensar o humano de todo ser humano, em todas as épocas e culturas no seu ético. Como não se pode separar o humano histórico de todo e qualquer ser humano, houve a necessidade de se pensar o universal de uma maneira não apenas epistemológica, mas ontológica, isto é, onde haja uma unidade do universal com o singular e próprio, da identidade com a diferença, numa permanente dialética e diálogo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 20.

7

"Um vive, e muito se vê... Reperguntei qual era o mote. - Um outro pode ser a gente: mas a gente não pode ser um outro, nem convém..." (1).


Referência:
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1968, p. 347.

8

"A diferença e referência entre consciente e inconsciente não se pode reduzir apenas a mecanismos e processadores, mas inclui ambas as coisas. O que a fenomenologia do fenômeno nos faz perceber é que qualquer emergente na vida perfaz um movimento só na criação das pessoas. Sem o percurso desta identidade, de igualdade e diferença, não é possível sentir-se dentro nem encontrar-se com movimento de transformação da fenomenologia de todo fenômeno. Assim é indispensável passar dos mecanismos para o sentido que revelam e a que visam os mecanismos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.

9

"Todavia, para compreender a diferença do meu ser frente ao outro e frente ao ser ilimitado, é a consciência do outro que condiciona minha auto-consciência, ou seja, devo dar-me conta do outro para poder dar-me conta de mim mesmo como diferenciado do outro e do ser ilimitado" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

10

"As diferenças não podem cair na dicotomia metafísica, invertendo o sistema pela afirmação de um outro, mas afirmando, sim, a identidade, porém, como identidade das diferenças e diferenças da identidade (alteridade e ipseidade). A diferença, porque é diferença, vigora no âmbito sempre do não-saber. Ousar saber e ousar não-saber significa saber e não-saber, ser e não-ser, significa assumir a liminaridade de finito e infinito, a dobra. Nessa tensão liminar nos realizamos como diferenças. É a medida da Escuta de Ulisses que nos advém como palavra cantada, como Escuta do mito das Sereias. Por isso precisamos ter sempre presente o pensar poético de Heráclito (1):
Se não se espera, não se encontra o inesperado, sendo sem caminho de encontro nem vias de acesso (2). (1991, 63).


Referências:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 183.
(2) OS PENSADORES ORIGINÁRIOS. Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublesvski. Petrópolis: Vozes, 1991, 63.
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