Espírito

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (2) KOEHLER S. J., Pe. H. ''Dicionário Escolar Latino-Português''. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

Edição de 22h23min de 1 de Agosto de 2020

1

"Ora, um exercício em que o ente é exercício e em que o ente é exercido sob a luz do ser, no horizonte do ser, chama-se um exercício espiritual. Em outras palavras, quem é capaz de exercer o ente como tal, ou seja, compreender o ente a partir da luz de seu fundamento, o ser, este tal é um espírito. Logo, todo aquele que é capaz de formular uma pergunta é espírito, porque a pergunta só é possível para quem tem esta abertura ao ser ilimitado. Por isto, na pergunta se revela que o homem é espírito" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

2

"... na medida em que eu atinjo o ser eu sei o ser, no sentido de que ele se me torna transparente, se me revela. Ora, em primeira instância é o meu próprio ser que eu atinjo, que se me revela. E através dele eu atinjo o ser ilimitado como fundamento do meu ser e como luz que me faz compreender a mim mesmo como ente. É nisto que consiste para o homem o ser espírito: o homem se torna transparente a si mesmo como ente, compreende-se a partir do ser ilimitado, na luz do ser ilimitado. O homem assim é um ente-presente-a-si-mesmo, ou seja, um espírito. Porém, se o homem compreende a si mesmo a partir do horizonte do ser ilimitado, significa que ele está aberto a este horizonte. E estando aberto a este horizonte o homem deve ser capaz igualmente de compreender os outros entes à luz do ser ilimitado" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

3

Espírito/espelho não é saber algo, ou seja, isto e aquilo e aquilo outro, mas, sim, especular "como saber" o seu próprio ser, o que ele é no "como ele sabe". Porém, este saber não pode ficar no saber do "eu" (Ego cogito, de Descartes), mas no saber do "sou" que o "eu" é "como" saber. O "eu" só é a partir do ser. Ou seja, tem de vigorar no Ser para ser o que ele é. Por isso, o Ser nunca se restringe a um "como se sabe" nem se limita ao "que é" do ente. Daí a afirmação de Heidegger dizendo que o Ser não é, pois, se fosse, seria ente e não Ser. Por outro lado, o sendo é sendo do Ser. E, por isso, afirmou também que o que antes de tudo é é o Ser. Há, pois, um Espírito relacionado ao saber/ente do homem e o Espírito referenciado ao Saber / Ser, como fundar de todos os saberes e entes. Porém, entre ente e Ser não há uma dicotomia e um isolamento, pois todo sendo é sendo do Ser. Portanto, o sendo que se sabe (Espírito) só se sabe e é na medida em que sabe e é como sendo do Ser (Espírito).


- Manuel Antônio de Castro

4

"Chamamos de espírito o ente que é capaz de exercer-se como um ser-presente-a-si-mesmo, em quem o ser toma consciência de si e cientemente toma posse de si mesmo numa identidade de ser e saber" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

5

"A essência do espírito é a vontade originária que se quer a ela mesma, a qual é pensada umas vezes como "substância", outras como "sujeito", outras como a unidade de ambos" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. La pobreza. Buenos Aires: Amorrutu, 2006, p.99.

6

"Os budistas consideram que o espírito está sempre desperto. A consciência e a compaixão são sua natureza [essência]. Para descobri-la e saboreá-la plenamente, o Buda ensinou diversos métodos de meditação. Sejam quais forem as práticas que nós utilizamos, todas são destinadas a aumentar a nossa atenção e nossa consciência despertada, a reforçar nosso sentimento de paz interior, bem como a melhorar nossa capacidade de lidar com nossas emoções" (1).


Referência:
(1) PANLOP RINPOCHÉ, Dzogehen. "Apêndice I - Instruções para a prática da meditação", p. 338. In: ------. Buda rebelde - sobre o caminho da libertação.Traduzido do americano por Philippe delamare. Marabout. Belfon, um Departamento de Place des éditeurs, 2012, para a tradução francesa. Tradução do francês para o português de Manuel Antônio de Castro.

7

"Ora, na medida em que o sujeito sai de si mesmo ele é-ausente-de-si-mesmo. Esta ausência-de-si-mesmo é a negação da espiritualidade que é total presença-a-si-mesmo. Esta negatividade do espírito chamamos materialidade. Esta, portanto, só é definível a partir da espiritualidade, como negatividade desta última. Isto porque o ser é, fundamentalmente, espírito e por isto toda a realidade positiva provém do espírito, é participação do espírito, com a consequência de que a materialidade, como negação do espírito, é puro princípio de negatividade, ou seja, de não-ser, enquanto que o espírito é o princípio de toda a positividade, ou seja, de ser (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

8

"Psykhé, psiqué, que se perpetuou universalmente com o sentido de alma nas línguas cultas e em tantos compostos, provém do verbo psykhein, soprar, respirar, donde psiqué, do ponto de vista etimológico, significa respiração, sopro vital, vida" (1). O importante a observar, ao tomarmos conhecimento da origem da palavra espírito, é que tanto espírito quanto alma têm ambas as palavras como aquilo em que se fundam o elemento ar. Ora, o ar é um dos quatro elementos fundadores de tudo, ao lado do fogo, da água e da terra. O elemento ar é essencial no pensamento oriental. Assim ele, como respiração e controle desta é essencial para a Ioga, bem como para o pensamento e prática do Budismo. O ar que na vida inspiramos e expiramos é o próprio sopro vital ou anima, isto é, alma. Daí a ligação entre ar e vida, alma e espírito. Seguem um caminho diferente do ocidental, onde tudo está fundado no logos, traduzido para o latim como verbo e razão. Fundamentados na razão, na modernidade chega-se a negar o espírito.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega, vol. I. Petrópolis/RJ: Vozes, 1986, p. 144.

9

"A cultura é o espírito da nação, o valor simbólico que a mantém una, que a faz existir. Ela não é só responsável por produtos de cinema, música, televisão, literatura, artes plásticas etc., como também pelos costumes de um povo, os hábitos da população que se desenvolvem ao longo do tempo" (1).


Referência:
(1) DIEGUES, Cacá. "Cultura como economia". In: Jornal O Globo, 1o. Caderno, p.3, Segunda-feira, 20-08-2018.

10

"Temos assim como final da problemática do ser do homem: O homem é liberdade limitada e, como tal, ele se dá a si mesmo a sua essência, que será autêntica enquanto for escolhido em direção ao ser. E que será inautêntica enquanto for escolhida em direção inversa ao ser. Isto significa igualmente que o homem é espírito limitado, pois a característica do espírito é justamente este saber do seu próprio ser enquanto este se refere ao seu fundamento, o ser absoluto. Espírito e liberdade são dois aspetos da mesma realidade, tanto assim que um implica o outro: não há liberdade senão no espírito, e não há espírito senão livre" (1). Isso é a plena iluminação efetivada enquanto verdade e linguagem.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

11

"Mistério vem do verbo grego myo. E myo diz: trancar-se no centro, concentrar-se; diz: encerrar-se no âmago, recolher-se ao íntimo. Aqui, centro, âmago, íntimo, evocam a raiz da intensidade, o sumo da plenitude. Mistério não diz uma coisa, diz um movimento, o movimento de con-sumar, de concentrar-se na origem, de recolher-se à natividade da raiz, de retornar ao sem fundo e fundamento, ao a-bismo de ser. As palavras, Deus, Absoluto, Transcendência, Inconsciente, Espírito, Matéria, Psique, Estrutura, Ser são outras tantas redes em cujas malhas o poder do saber ocidental na teologia, na filosofia, na ciência, sempre de novo tentou, mas nunca conseguiu, prender e segurar a natividade do mistério" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 180.

12

A palavra portuguesa espírito provém diretamente do latim: spiritus. Este substantivo origina-se do verbo spiro, spirare. "Spiritus significa: ar em movimento, vento, brisa; sopro, respiração; ar necessário à vida; vida; espírito, alma, mente; paixão; indignação; entusiasmo, inspiração" (1). Já o verbo: "spiro, spirare, significa: soprar (vento); respirar ruidosamente, fremir; viver; sentir-se inspirado; rescender, ser aromático; estar cheio ou compenetrado de alguma coisa" (2).


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.
(2) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 307.

13

"Desta finitude do espírito humano nasce a tensão típica do homem. O homem tem sede do infinito, embora nunca possa superar totalmente sua finitude. O espírito finito, enquanto é espírito, exerce a si mesmo e ao outro sob a luz e no horizonte do ser infinito, o qual lhe está fundamentalmente aberto e lhe dá precisamente o ser espírito, o condiciona como espírito. Mas como finito, o espírito humano deve sempre de novo recomeçar em direção ao infinito, deve perguntar sempre mais avante pelo sentido de ser ilimitado e por isto também pelo sentido dos entes finitos e de si mesmo, pois somente se fosse capaz de atingir plena e perfeitamente o sentido do ser ilimitado poderia através dele determinar plena e perfeitamente o sentido dos entes, pois estes recebem todo o seu sentido a partir do sentido do ser ilimitado. Todavia, o ser ilimitado é infinito e por isto, como tal, inacessível totalmente ao espírito finito. Temos, portanto, os termos da tensão existencial humana: de um lado, o homem foi criado para o infinito porque ele é espírito e espírito significa exercer-se e exercer os outros sob a luz e no horizonte do infinito. E, de outro lado, este infinito, nunca lhe é dado totalmente, porque ele mesmo não é infinito, mas apenas tem uma abertura ao infinito" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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