Proposição
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(→2) |
(→9) |
||
(12 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 9: | Linha 9: | ||
== 2 == | == 2 == | ||
- | + | "A proposição não é aquilo em que a [[verdade]] se faz possível pela primeira vez, mas, ao contrário, a proposição só é possível, na verdade, na medida em que já se viu o [[fenômeno]] que os gregos designavam como verdade e Aristóteles captou conceitualmente com nitidez pela primeira vez. A proposição não é o lugar da verdade, mas, sim, a verdade é que é o lugar da proposição" (1). | |
- | :Referência: | + | :Referência: |
- | :(1) | + | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Lógica - La pregunta por la verdad''. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 113. |
- | |||
- | :*[[Ente]] | + | == 3 == |
+ | :"A proposição guarda uma [[relação]] peculiar com a [[verdade]], na medida em que, como verdade da proposição, está necessariamente na alternativa: a proposição é a fala que não é verdadeira como tal nem é falsa como tal, mas que pode ser verdadeira ''ou'' falsa" (1): | ||
+ | |||
+ | |||
+ | :Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Lógica - La pregunta por la verdad''. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 113. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 4 == | ||
+ | "A proposição se determina como [[enunciado]] a partir do [[descobrir]] e do [[ocultar]]. A [[essência]] da proposição é o ''apophainesthai'': fazer ver um [[sendo]], ''apo-'': a partir dele mesmo. O [[sentido]] de fala que tem o enunciado é este fazer ver (''deloun''). O ''logos'' é ''apophantikós'', cuja [[possibilidade]] distintiva de falar consiste em fazer ver e que, conforme sua formulação linguística, pode trazer algo à visão: ou dito sinteticamente: ''apophansis'' significa enunciado, ou, mais adequadamente, manifestação" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | :Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Lógica - La pregunta por la verdad''. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 112. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 5 == | ||
+ | : "A proposição é um modo de enunciação que se caracteriza por afirmar o que alguma [[coisa]] é. É o que no grego antigo se chamava ''[[lógos]] apophantikós'', isto é, um discurso que faz apresentar, que faz [[manifestação|manifestar]] e aparecer o que alguma coisa é. É uma forma de declaração, tal como: esta sala é grande" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 164. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : '''Ver também:''' | ||
+ | |||
+ | : *[[Ente]] | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 6 == | ||
+ | : "[[Explicar]] a [[fala]] é [[explicar]] a [[realidade]] e o [[mundo]], enfim, a [[referência]] de [[ser]] e [[essência]] do [[ser humano]]. É a [[teoria]] da [[proposição]]. Esta, no [[discurso]] de qualquer [[língua]], sempre se faz [[presente]]. Mas pode-se [[pensar]] a [[proposição]] sem já haver uma [[decisão]] sobre a [[posição]]? E o que tem a ver [[posição]] e [[fala]]? As [[teorias]] gramaticais e linguísticas são já desdobramentos sobre a [[de-cisão]] [[metafísica]] pelo [[fundamento]], a respeito da [[referência]] de [[ser]] e [[ser humano]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 126. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 7 == | ||
+ | : A [[questão]] da [[proposição]] está profundamente correlacionada às [[questões]] do [[limite]], do [[ponto]], da [[posição]], do pôr e da [[medida]]. Desse novelo saem também as [[questões]] do [[ente]] como [[substantivo]], do [[tempo]] como [[cronologia]], da [[linguagem]] como [[enunciado]] e [[enunciação]] (''[[logos]]'' / [[ideia]]), da [[memória]] como [[passado]], da [[história]] como [[historiografia]], do [[sentido]] como [[significado]], da ''[[poiesis]]'' como [[forma]] e [[matéria]] ([[estilo]] e [[gêneros]]), da [[linguagem]] como [[código]], do ''[[logos]]'' como [[fundamento]], da [[verdade]] como [[adequação]], do [[narrar]] como [[perspectivas]], da [[obra]] como [[estrutura]]. Como se vê é todo um [[sistema]] sustentado em [[conceitos]] que têm o mesmo [[fundamento]]. E foram sendo desenvolvidos ao longo do percurso ocidental. Mas o mais importante ficou obliterado: o [[esquecimento]] do [[sentido]] do [[Ser]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 8 == | ||
+ | : "O [[espaço]] sendo [[espaço]] é o [[tempo]] [[acontecendo]]. Daí o [[tempo]] [[ser]] a quarta [[dimensão]] do [[espaço]]. As três outras [[dimensões]] do [[espaço]] são: [[comprimento]], [[largura]] e [[altura]]. Toda [[proposição]] é ao mesmo tempo uma [[proposição]] [[espacial]] – [[posição]] – e uma [[proposição]] [[temporal]] – ''pro''-, que diz o vir à frente, o [[acontecer]] do [[tempo]]" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
+ | == 9 == | ||
+ | : [[Proposição]] é um [[termo]] usado em [[lógica]] para descrever o [[conteúdo]] de [[asserções]]. Uma [[asserção]] é um [[conteúdo]] que pode ser tomado como [[verdadeiro]] ou [[falso]]. [[Asserções]] são [[abstrações]] de [[sentenças]] não [[linguísticas]] que a [[constituem]]. A [[natureza]] das [[proposições]] é altamente controversa entre [[filósofos]], muitos dos quais são [[céticos]] sobre a [[existência]] de [[proposições]]. Muitos [[lógicos]] preferem evitar o uso do [[termo]] [[proposição]] em favor de usar [[sentença]]. Na [[lógica]] [[aristotélica]] uma [[proposição]] é um [[tipo]] particular de [[sentença]], a saber, aquela que afirma ou nega um [[predicado]] de um [[sujeito]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
+ | |||
+ | == 10 == | ||
+ | : Como pode haver [[essência]] a não ser a partir da [[vigência]] do [[ser]]? É que a [[proposição]] deslocando o [[fundamento]] do [[ser]] para o [[sujeito]], este se autonomiza de tal maneira que esquece o que o [[funda]]: o [[ser]]. Pois sem [[ser]] não há [[sujeito]], ou seja, nenhuma [[essência]]. Ora se não há [[sujeito]] ou [[essência]] sem o [[ser]], isto diz e proclama e evidencia que o [[ser]] não é um [[verbo]] fraco ou de ligação. Muito pelo contrário: o [[Ser]] é o [[verbo]] de todos os [[verbos]]. Sem [[ser]] não há [[realidade]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]] |
Edição atual tal como 02h25min de 18 de Maio de 2020
Tabela de conteúdo |
1
- No fundo, a questão da proposição se dá em termos de limite e não-limite. E nela se dá a confluência de tempo, linguagem e verbo/poíesis: ser como presença. Faces da mesma questão, a proposição é o limite querendo determinar o não-limite enquanto tempo-finito (e até infinitivo), linguagem-dis-curso, verbo-substantivo/sujeito e assim o Ser se reduz ao que liga e como tal inter-liga e possibilita o finito-limite, mas que é esquecido e silenciado. Isso fica bem claro na sintaxe da proposição que se divide em coordenação e subordinação. Na primeira se concebe o tempo, linguagem, verbo e ser como coordenação discursiva porque só se analisam os nós da rede coordenados, ou seja, sistêmicos.
- Já o discurso por subordinação se concebe de uma maneira piramidal causal. Neste caso, o fundamento se tornou lógico e não real, assim como no outro caso o vazio foi esquecido, em que as linhas discursivas coordenam e dão o todo real lógico-matemático. Em nenhum momento se faz presente o não-limite, o não-discurso, a não-ação, o não-tempo.
- Em vista disto, a proposição fala sempre do limite, mesmo quando está sendo e, portanto, do ente, daí poder ser equacionada tanto no substantivo/adjetivo como no sujeito/predicativo, ou seja, sempre dentro do limite e, portanto, do conceitual. O conceito começa no limite, se alimenta do não-limite e termina no limite. A questão surge do não-limite, perpassa o limite e termina no não-limite. Por isso a questão é a proposição que se nega a si mesma. A proposição que sempre se move nas três formas/limites do tempo/discurso origina o sistema-ordem-sintaxe. A ultrapassagem da ordem-proposição sujeito-sintaxe se dá na sintaxe poética como não-ação, não-proposição, não-limite, não-discurso, não-tempo. Este não não é negativo mas a plenitude da fala do silêncio como noite, vazio, repouso e ser: memória-poético-ontológica. A necessidade da proposição se dá porque o ente é uma doação do Ser enquanto é.
2
"A proposição não é aquilo em que a verdade se faz possível pela primeira vez, mas, ao contrário, a proposição só é possível, na verdade, na medida em que já se viu o fenômeno que os gregos designavam como verdade e Aristóteles captou conceitualmente com nitidez pela primeira vez. A proposição não é o lugar da verdade, mas, sim, a verdade é que é o lugar da proposição" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Lógica - La pregunta por la verdad. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 113.
3
- "A proposição guarda uma relação peculiar com a verdade, na medida em que, como verdade da proposição, está necessariamente na alternativa: a proposição é a fala que não é verdadeira como tal nem é falsa como tal, mas que pode ser verdadeira ou falsa" (1):
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Lógica - La pregunta por la verdad. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 113.
4
"A proposição se determina como enunciado a partir do descobrir e do ocultar. A essência da proposição é o apophainesthai: fazer ver um sendo, apo-: a partir dele mesmo. O sentido de fala que tem o enunciado é este fazer ver (deloun). O logos é apophantikós, cuja possibilidade distintiva de falar consiste em fazer ver e que, conforme sua formulação linguística, pode trazer algo à visão: ou dito sinteticamente: apophansis significa enunciado, ou, mais adequadamente, manifestação" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Lógica - La pregunta por la verdad. Madrid: Alianza Editorial, 2004, p. 112.
5
- "A proposição é um modo de enunciação que se caracteriza por afirmar o que alguma coisa é. É o que no grego antigo se chamava lógos apophantikós, isto é, um discurso que faz apresentar, que faz manifestar e aparecer o que alguma coisa é. É uma forma de declaração, tal como: esta sala é grande" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 164.
- Ver também:
- *Ente
6
- "Explicar a fala é explicar a realidade e o mundo, enfim, a referência de ser e essência do ser humano. É a teoria da proposição. Esta, no discurso de qualquer língua, sempre se faz presente. Mas pode-se pensar a proposição sem já haver uma decisão sobre a posição? E o que tem a ver posição e fala? As teorias gramaticais e linguísticas são já desdobramentos sobre a de-cisão metafísica pelo fundamento, a respeito da referência de ser e ser humano" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 126.
7
- A questão da proposição está profundamente correlacionada às questões do limite, do ponto, da posição, do pôr e da medida. Desse novelo saem também as questões do ente como substantivo, do tempo como cronologia, da linguagem como enunciado e enunciação (logos / ideia), da memória como passado, da história como historiografia, do sentido como significado, da poiesis como forma e matéria (estilo e gêneros), da linguagem como código, do logos como fundamento, da verdade como adequação, do narrar como perspectivas, da obra como estrutura. Como se vê é todo um sistema sustentado em conceitos que têm o mesmo fundamento. E foram sendo desenvolvidos ao longo do percurso ocidental. Mas o mais importante ficou obliterado: o esquecimento do sentido do Ser.
8
- "O espaço sendo espaço é o tempo acontecendo. Daí o tempo ser a quarta dimensão do espaço. As três outras dimensões do espaço são: comprimento, largura e altura. Toda proposição é ao mesmo tempo uma proposição espacial – posição – e uma proposição temporal – pro-, que diz o vir à frente, o acontecer do tempo" (1).
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado.
9
- Proposição é um termo usado em lógica para descrever o conteúdo de asserções. Uma asserção é um conteúdo que pode ser tomado como verdadeiro ou falso. Asserções são abstrações de sentenças não linguísticas que a constituem. A natureza das proposições é altamente controversa entre filósofos, muitos dos quais são céticos sobre a existência de proposições. Muitos lógicos preferem evitar o uso do termo proposição em favor de usar sentença. Na lógica aristotélica uma proposição é um tipo particular de sentença, a saber, aquela que afirma ou nega um predicado de um sujeito.
10
- Como pode haver essência a não ser a partir da vigência do ser? É que a proposição deslocando o fundamento do ser para o sujeito, este se autonomiza de tal maneira que esquece o que o funda: o ser. Pois sem ser não há sujeito, ou seja, nenhuma essência. Ora se não há sujeito ou essência sem o ser, isto diz e proclama e evidencia que o ser não é um verbo fraco ou de ligação. Muito pelo contrário: o Ser é o verbo de todos os verbos. Sem ser não há realidade.