Relação
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | + | : Cf. [[HEIDEGGER]], Martin.''' "Sobre a [[essência]] da [[verdade]]". In: Os [[pensadores]]. São Paulo: Abril Cultural, 1979.''' | |
- | + | : Cf. [[HUMMES]] o.f.m., Frei Cláudio.''' "[[Metafísica]]", p. 100. Acessível em: [www.travessiapoetica.blogspot.com]. Importante: Mostra como [[entre]] o [[ente]] e o [[ser]] [[absoluto]] não pode haver [[relação]]. Diz, afinal, que nossa [[inteligência]] é pequena. O [[autor]] depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.''' | |
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- | :Há a relação e a [[referência]]. Por isso, em alemão, Heidegger usa para a primeira ''Beziehung'' e para a segunda ''Bezug''. No experimento da física quântica, o [[objeto]] perde a primazia e se estabelece uma [[tensão]] entre [[sujeito]] e objeto, ou seja, uma relação que toma a primazia. Nesse sentido, Martin Heidegger assim pensa a relação: "Só assim a relação sujeito-objeto chega a assumir seu caráter de 'relação', ou seja, de dis-posição em que tanto o sujeito como o objeto se absorvem em dis-ponibilidades. Isso não significa que a relação sujeito-objeto desaparece, mas, ao contrário, que somente agora atinge seu completo vigor já predeterminado pela [[composição|com-posição]]. Ela se torna, então, uma dis-ponibilidade a ser dis-posta" (1). Já na referência acontece algo completamente diferente. O que permite a referência atua de uma tal maneira que os referenciados se interrelacionam profundamente e algo de novo acontece, | + | : Há a [[relação]] e a [[referência]]. Por isso, em alemão, [[Heidegger]] usa para a primeira ''Beziehung'' e para a segunda ''Bezug''. No experimento da [[física]] quântica, o [[objeto]] perde a primazia e se estabelece uma [[tensão]] entre [[sujeito]] e [[objeto]], ou seja, uma [[relação]] que toma a primazia. Nesse [[sentido]], Martin [[Heidegger]] assim pensa a [[relação]]: |
+ | : "Só assim a [[relação]] [[sujeito]]-[[objeto]] chega a assumir seu caráter de '[[relação]]', ou seja, de dis-posição em que tanto o [[sujeito]] como o [[objeto]] se absorvem em dis-ponibilidades. Isso não significa que a [[relação]] [[sujeito]]-[[objeto]] desaparece, mas, ao contrário, que somente agora atinge seu [[completo]] [[vigor]] já predeterminado pela [[composição|com-posição]]. Ela se torna, então, uma dis-ponibilidade a [[ser]] dis-posta" (1). | ||
+ | : Já na [[referência]] [[acontece]] [[algo]] completamente [[diferente]]. O que permite a [[referência]] atua de uma tal maneira que os referenciados se interrelacionam profundamente e [[algo]] de [[novo]] [[acontece]], [[algo]] eclode, se manifesta, amadurece. Quando há um [[verdadeiro]] hetero-[[diálogo]], [[acontece]] uma [[referência]]. Tanto o [[eu]] como o [[tu]] crescem e se afirmam em suas [[diferença|diferenças]], tendo como [[referência]], no [[diálogo]], o ''[[lógos]]'', que se constitui como a [[identidade]] das [[diferenças]] que são o "[[eu]]" e o "[[tu]]". No [[diálogo]] comunicacional, onde predomina o [[código]] e não, propriamente, o ''[[logos]]'', já se dá uma mera [[relação]]. Por isso [[esquecimento|esquecemos]] facilmente o que nos é comunicado e informado diariamente. Já na [[referência]] inerente a um hétero-[[diálogo]] [[sempre]] [[algo]] marcante e, às vezes, inesquecível, [[acontece]]. | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[ser humano]] e seus [[limites]]". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos [[limites]] - [[ensaios]] para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 229.''' | ||
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+ | : (1) KAUR, rupi. '''meu [[corpo]] / minha [[casa]]. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 54.''' |
Edição atual tal como 21h27min de 22 de março de 2025
1
- O conceito relação é muito importante, pois está na base do conceito de verdade como adequação. Há diversos tipos de relação.
- Cf. HEIDEGGER, Martin. "Sobre a essência da verdade". In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- Cf. HUMMES o.f.m., Frei Cláudio. "Metafísica", p. 100. Acessível em: [www.travessiapoetica.blogspot.com]. Importante: Mostra como entre o ente e o ser absoluto não pode haver relação. Diz, afinal, que nossa inteligência é pequena. O autor depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.
2
- Há a relação e a referência. Por isso, em alemão, Heidegger usa para a primeira Beziehung e para a segunda Bezug. No experimento da física quântica, o objeto perde a primazia e se estabelece uma tensão entre sujeito e objeto, ou seja, uma relação que toma a primazia. Nesse sentido, Martin Heidegger assim pensa a relação:
- "Só assim a relação sujeito-objeto chega a assumir seu caráter de 'relação', ou seja, de dis-posição em que tanto o sujeito como o objeto se absorvem em dis-ponibilidades. Isso não significa que a relação sujeito-objeto desaparece, mas, ao contrário, que somente agora atinge seu completo vigor já predeterminado pela com-posição. Ela se torna, então, uma dis-ponibilidade a ser dis-posta" (1).
- Já na referência acontece algo completamente diferente. O que permite a referência atua de uma tal maneira que os referenciados se interrelacionam profundamente e algo de novo acontece, algo eclode, se manifesta, amadurece. Quando há um verdadeiro hetero-diálogo, acontece uma referência. Tanto o eu como o tu crescem e se afirmam em suas diferenças, tendo como referência, no diálogo, o lógos, que se constitui como a identidade das diferenças que são o "eu" e o "tu". No diálogo comunicacional, onde predomina o código e não, propriamente, o logos, já se dá uma mera relação. Por isso esquecemos facilmente o que nos é comunicado e informado diariamente. Já na referência inerente a um hétero-diálogo sempre algo marcante e, às vezes, inesquecível, acontece.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 52.
3
- Relações são as ligações propositivas nas representações da realidade. Relação é, a partir dessas representações, a redução de cada sendo ao funcionar de acordo com o sistema enquanto modelo, paradigma ou teoria da realidade. Toda teoria da realidade é sempre propositiva. Na proposição como tal a palavra poética perde o seu vigor. Relação então é a funcionalidade do sistema pela qual se dá a absorção de cada sendo na medida do funcionar do sistema. Tal absorção faz de cada sendo singular e irrepetível uma representação conceitual pela qual o horizonte de realização de cada sendo é o horizonte da funcionalidade do sistema na e pelas relações. A relação propositiva (dos componentes da proposição) acaba por reduzir a realidade à proposição, tendo por fundamento a linguagem enquanto sistema de relações estruturais ou código verbal. A linguagem originária é a possibilidade de toda e qualquer relação propositiva e não o inverso, como faz supor a redução da linguagem ao código verbal.
4
- Relação se distingue em sua essência da referência. Enquanto aquela está ligada à interpretação conceitual da realidade e do ser humano a partir do fundamento, esta se torna questão sempre e está ligada ao fundar e não ao fundamentar. A primeira é regida pela causalidade entre agente e paciente, entre sujeito e objeto, indicando uma integração funcional, isto é, sempre dependente de um sistema. Já a referência é sem-causa, sem-porquê e indica sempre uma integração ontológica e não meramente funcional dentro de um sistema já dado. Relação se reduz sempre a algum conceito, a referência se dá na dialética de pergunta e resposta, sem que esta jamais consiga eliminar a pergunta, porque referência é questão.
5
- "Vejamos três pontos de diferentes tamanhos. No vazio, é impossível determinar a medida, a representação. Só os três entre si possibilitam determinar uma medida. Nos três pontos, o tamanho é determinado pela relação entre eles e não por eles, em si mesmo, quanto ao tamanho" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 279.
6
- "A referência diz mais do que a constante relação entre limite e não-limite, entre real e conhecimento nos conceitos e ideias. É por isso que não pode ser reduzida a um conceito relativo, de onde surgiria um possível relativismo inerente às diferentes opiniões ou disciplinas. A relação já parte de posições definidas e assumidas. A referência não, ela vigora no acontecer da realidade instituindo o real como mundo e verdade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos limites - ensaios para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 229.
7
- "A relação funcional supõe uma estrutura social definida por uma hierarquia de funções e status, independente das pessoas, determinada apenas pelo grau de decisão, pela posse do poder e pela eficiência do funcionamento de cada escalão. Status indica a posição que o indivíduo ocupa no grupo. É o nicho social. O status exclui interioridade. Independe do relacionamento das pessoas. Um caso típico desta estrutura funcional é a instituição, por exemplo, sociedade anônima" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e autoridade no cristianismo". In: ----------: Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 224.
8
- acho difícil separar
- as relações abusivas
- das saudáveis
- não sei qual é a diferença
- entre amor e violência
- Referência: