Sendo

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: "[[Sendo]]" é a [[questão]] que atravessa desde o início todo [[pensar]] [[ocidental]] até hoje. Em [[grego]] é ''[[on]]''. Já Aristóteles disse que o ''[[on]]'' se diz de muitas maneiras (''to [[on]] legetai pollachós''). E [[Heidegger]] também diz que, com um pouco de exagero, pode-se afirmar que o [[destino]] do [[Ocidente]] depende da [[tradução]] dessa [[palavra]] [[grega]] ''[[on]]''. Esta é a [[forma]] [[verbal]] do [[verbo]] ''einai'' no [[particípio]] presente.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In: ----------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 222.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Obra]] de [[arte]]: [[presença]] e [[forma]]". In: ----------. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 222. '''
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''A origem da obra de arte''. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 207 .
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: (1) [[HEIDEGGER]], Martin.''' A [[origem]] da [[obra]] de [[arte]]. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 207. '''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 38.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[ser]], o [[agir]] e o [[humano]]". In: ----. [[Leitura]]: [[questões]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 38. '''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 309.
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: De uma maneira [[simples]] e [[clara]] podemos [[dizer]] que o ''[[eidos]]'' é o [[vigorar]] do [[Ser]] em cada [[sendo]], a sua [[essência]], sem a qual não é.
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Ser e verdade''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, p. 126.
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:  (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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:  (1) [[HUMMES]], o.f.m. Frei Cláudio.''' [[Metafísica]]. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal. '''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser]] [[feliz]]". In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194. '''

Edição atual tal como 22h10min de 12 de fevereiro de 2025

1

"O particípio tò ón, o ente, o ser, é o particípio de todos os particípios, porque a palavra 'ser' é a palavra de todas as palavras. Em toda palavra, mesmo na palavra 'o nada', em que somos capazes de fazer a experiência de todo ente, pensa-se e nomeia-se ser, mesmo quando pensamos, refletimos ou nos pronunciamos a seu respeito" (1).
O tradutor preferiu traduzir to on por o ente, mas a palavra alemã Das Seiende dá mais a ideia de o sendo. A tradução latina do on foi ens, entis, de onde se originou a palavra portuguesa ente. Acontece que por essa tradução perdeu-se completamente o valor verbal presente na palavra grega on, que é o particípio presente do verbo grego einai. Conferir neste dicionário a palavra ente, para completar o seu sentido verbal (sendo) e não apenas substantivo (ente).


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 74.
Ver também:
*Velado

2

"Sendo" é a questão que atravessa desde o início todo pensar ocidental até hoje. Em grego é on. Já Aristóteles disse que o on se diz de muitas maneiras (to on legetai pollachós). E Heidegger também diz que, com um pouco de exagero, pode-se afirmar que o destino do Ocidente depende da tradução dessa palavra grega on. Esta é a forma verbal do verbo einai no particípio presente.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"O narrar enquanto palavra se torna um narrar inaugural da linguagem, não sendo esta nada mais do que o sendo se realizando naquilo que é em sua essência originária, no isto que cada sendo é, ou seja, acontecendo poeticamente. Sendo é desvelamento, é presença do que não cessa de ausentar-se, no retrair-se" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte: presença e forma". In: ----------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 222.

4

"A verdade é o desvelamento do sendo enquanto sendo. A verdade é a verdade do ser. A beleza não aparece junto desta verdade. Quando a verdade se põe na obra, ela aparece. O aparecer é – como este ser da verdade na obra e como obra – a beleza. Assim, o belo pertence ao acontecer-se apropriante da verdade" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 207.

5

"E agora é necessária uma primeira distinção, sempre a partir da essência do agir, do questionar. Ontologicamente, podemos conceber todo sendo como a dobra: a) do que é; b) do como é. É sempre no agir do como sou que, desdobrando-me dialeticamente, chego a ser o que sou" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 38.

6

"Quando digo o sendo substantivo. Quando digo o sendo sendo, verbalizo, porque no sendo sendo, este só pode estar sendo porque originariamente é verbo, possibilidade de e para possibilidade. Verbo é o agir do possível. O sendo substantivo é o sendo no limite. O sendo sendo, verbal, é o sendo deixando vigorar o não-limite, sendo o não-ser que desde sempre já é enquanto possibilidade de e para possibilidade (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 309.

7

De uma maneira simples e clara podemos dizer que o eidos é o vigorar do Ser em cada sendo, a sua essência, sem a qual não é.


- Manuel Antônio de Castro.

8

"Na palavra, na fala o sendo mesmo se apresenta em sua abertura. Nem somente o sendo, e junto com ele a palavra, nem a palavra como um sinal sem ele. Nenhum dos dois está separado, nem a nenhum dos dois o outro é dado isoladamente, mas sendo na palavra" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ser e verdade. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, p. 126.

9

"... só como analogia se pode pensar o ser no âmbito dos transcendentais, pois é a questão do próprio sendo e não e jamais do ser. Por estarmos no ser é que pensamos e devemos pensar os transcendentais enquanto o sentido que nos dá sentido enquanto cada um é um próprio. Será, contudo, sempre um pensar que pensa em nossa liminaridade de seres do entre, seres metafísicos, a proximidade e a distância. Esta far-se-á presente em cada transcendental" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.

10

O sendo sendo é pelo vigorar do ser em seu acontecer, em seu dar-se como sentido, sendo este o advir ao conhecer do que o próprio é no vigorar do ser.


- Manuel Antônio de Castro.

11

"Fique claro: o perguntar enquanto poder perguntar move-se no ser, mas cada pergunta concreta já se exerce sempre no âmbito e na conjuntura do sendo. Por isso, é que a pergunta pelo ser se dá sempre no âmbito do sendo: o que é ser? Daí a única resposta possível: o ser não é. Essa negatividade constitutiva já nos joga no abismo do sem fundamento. No fundo já vigoramos sempre no nada. É a nossa condição. E não ligamos o nada à morte?" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.
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