Ser humano

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 21h21min de 5 de fevereiro de 2019 por Profmanuel (Discussão | contribs)
Ser humano, ver também homem, Humano e Ser-com.

Tabela de conteúdo

1

O que o ser humano é não são seus estados e circunstâncias, isto é, sua inserção historiográfica, mas suas possibilidades de e para possibilidades. Isto nos dá vertigem, porque vivemos em cada vivência na atração do abismo do nada, do possível. Mas poderíamos ter riqueza maior? Daí nossa permanente atração pelo nada criativo.


Referência:
CASTRO, Manuel Antonio de. "Ser e estar". In: Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempor Brasileiro, 2011, p. 28.

2

"Para mim o ser humano é uma tremenda criação, um pensamento inconcebível. No ser humano existe tudo, do mais elevado até o mais baixo. O homem é a imagem de Deus e Deus existe em tudo. E assim o ser humano foi criado, mas também os demônios, os santos, os profetas, os artistas e os iconoclastas. Tudo existe lado a lado. É como se fossem desenhos gigantes mudando o tempo inteiro. Da mesma maneira devem existir inúmeras realidades. Não apenas a realidade que percebemos com nossas obtusas sensibilidades, mas um tumulto de realidades arqueando-se uma em cima da outra, por dentro e por fora. É só o medo e o puritanismo que nos levam a acreditar em limites. Não existem limites. Nem para pensamentos nem para sentimentos. A ansiedade é que estabelece os limites" (1).


Referência:
BERGMAN, Ingmar. Fala da personagem "Eva", em relação à morte do filho de quatro anos, no filme: Sonata de outono.

3

" O nome, e só o Nome, é decisivo, pois só então o ser humano se constitui em ser humano. Nesta locução "ser humano", o atributo não é o decisivo, como normalmente se pensa. Todo atributo só pode ser atributo se vigorar no e a partir do ser. O humano só chega ao humano quando se deixa dimensionar pelo ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -----------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 231.

4

"o ser humano em sua Essência é uma doação do Ser. Este, doando-se enquanto pensamento e linguagem, é que possibilita ao ser humano consumar o que é, isto é, conhecer e chegar a conhecer-se nas e fora das disciplinas que são, em última instância, uma doação do Ser, da realidade".


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser humano e seus limites". In: MONTEIRO, Maria da Conceição e Outros (org.). Além dos limites - ensaios para o século XXI. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013, p. 229.

5

"O ser humano, desde Édipo - o mito imemorial que pensa o humano no que lhe é próprio em sua essência sócio-político-histórica - sempre teve a pretensão de ser o sujeito das suas escolhas e realizações. A Moira sorri, em silêncio, diante de tais pretensões, deixando-o iludir-se, em seu pseudo-poder racional de dar-se a existência, segundo a liberdade fundada na sua vontade. É uma ilusão que custa caro e gera o sofrimento de muitos fracassos inúteis" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 40.


6

"Para os antigos egípcios, o homem, como um Universo em miniatura, representa as imagens de toda a criação. Já que Ra - o impulso criativo cósmico - é chamado de Aquele que reuniu, surgiu a partir de seus membros, então, o ser humano (a imagem da criação) é, similarmente, Um que reuniu. O corpo humano é uma unidade formada por diferentes partes colocadas juntas. Na Litania de Ra, cada uma das partes do corpo do homem divino é identificado com um neter/netert "(1).


Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 91.

7

"O on traz em si a ambiguidade da referência do ser à essência do ser humano, do limite e do não-limite, pois todo ser humano enquanto este e aquele humano é limite, e enquanto ser é não-limite".


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.

8

"O que isso significa? Aqui se impõe ainda uma explicação mais profunda do ser humano, como constituído pelo ser e pela essência, pois todo ser humano é e é o que cada um é, ou seja, cada um tem seu próprio, isto é, aquela essência que faz com que ele seja ele e não outro qualquer ente (sendo)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 31.).


9

"Há três principais estados para as criaturas animadas. O primeiro é aquele d' Annwfn (Abismo), que constitui a sua origem. O segundo é aquele d' Abred (Existência), que eles devem atravessar tendo por fim se instruírem. O terceiro é o Gwyfydd (Mundo branco) onde eles todos conseguirão chegar no acréscimo indefinido do Poder, do Conhecimento e do Amor, até ao ponto de não mais ser possível adquirir mais" (1).


Referência:
(1) Llewelyn Sion. Tríadas da ilha da Bretanha (1560). Textos apresentados por Jean Markale. Paris: Albin Michel, Cadernos de Sabedoria, 2004, p. 25. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.

10

"A essência do ser humano é a sua referência ao ser. Daí não poder ficar determinada pelo instrumental ditado seja lá por qual sistema for. Nesse sentido de disciplina e sistema, a dança é o não-conhecimento porque é o não-sistema, porque é o livre dar-se e manifestar-se do que cada um já desde sempre é. Dança é sempre travessia, história, obra. E obra é o que opera. Opera o quê? A educação do humano pelo deixar vigorar o seu princípio constitutivo. Aqui está a questão. O princípio constitutivo do humano é o estético ou o poético? Dança não pode ficar reduzida a vivências estético-sentimentais, a um espetáculo para os olhos ou prazeres dos sentidos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.


11

"O ser humano independente de cultura, tempo e lugar, sempre se depara com essa questão. O que é, afinal, a procura e o acontecer? O que nos provoca, move e comove tão profunda e incessantemente, com e para além de nossa consciência?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 213.

12

"Se já nos descobrimos vivendo nas questões, queiramos ou não queiramos, também só podemos viver na procura das respostas, sempre e inevitavelmente provisórias. O ser humano, sendo, é sempre radicalmente provisório. Mesmo quando não se coloca explicitamente a questão, essa ausência já é uma resposta, que jamais evitará a questão: a “coisa”, a morte" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 214.

13

"O traço fundamental da Modernidade é a fundação do ser humano como sujeito, enquanto este sujeito é o exercício da razão. Ao se construir e ao construir racionalmente a realidade, fundando as ciências, algo imemorial no ser humano foi confrontado: a sua memória mítica. A compreensão do ser humano a partir dos mitos foi considerada i-lógica, frente à concepção lógica (racional)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: CASTRO, Manuel Antônio de, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.

14

" - O que aprendeu com clientes famosos, como Maradona e a família Kirchner?"
" - Todos nós, seres humanos, necessitamos que nos amem, que nos aceitem e que nos valorizem. Todos. Atrás de todo excesso, seja de trabalho, de amor, de dinheiro, de poder, de prestígio, de fama...atrás de cada excesso, há uma carência, alguma coisa que faltou. O único elemento que dá paz e ordem a seu cérebro é o amor. É impossível não estar feliz se houver amor de boa qualidade" (1).


Referência:
(1) PICASSO, Juan Antônio - terapeuta cogninitivo-comportamental. In: O GLOBO, p. 2, 30-11-2017. Entrevista dada a GABRIEL ROSA.


15

"Seja para o pensamento, seja para as artes, Éros sempre foi a grande questão, sendo a mais tematizada, interpretada e aprofundada. Por detrás do seu agir, como aquilo que o move, está sempre o Amor do amar. Dessa maneira, há uma certa impropriedade em se falar de Éros como algo substantivo, pois remete facilmente para a sua interpretação e compreensão como algo, como um ente. E não é isso Éros. Como essência do agir é total e completa energia de realização, é luz irradiante em contínuo acontecer. E isso já nos obriga a compreender o que é o corpo do ser humano, em toda a sua complexidade e densidade, muito além de um simples organismo e seu funcionamento. O ser humano, sendo essencialmente o agir de Eros, jamais pode ser reduzido a um corpo orgânico ou mecânico ou virtual. Sendo filhos, como somos de Pênia, a Pobreza, pro-curamos pelo que nos é necessário: o Bem) (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. " Eros, humano e os humanismos". In: MONTEIRO, Maria Conceição e outros (org.). Eros, Tecnologia, Transumanismo. Rio de Janeiro: FAPERJ, Editora Caetés, 2015, p. 45.
Ferramentas pessoais