Gramática
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : Essa observação de Hans-Georg Gadamer, [[pensador]] alemão, é extremamente pertinente e [[atual]]. Além disso, a [[gramática]] se tornou um instrumento dos [[meios]] de [[comunicação]], onde tudo se reduz a [[abstrações]]. Na medida em que a [[linguagem]], manifestada em cada [[língua]], [[sempre]] ultrapassa a [[gramática]] ou [[discurso]] da [[língua]], sendo a [[língua]] [[originariamente]] [[arte]] e a [[arte]] [[linguagem]], [[querer]] [[ensinar]] a [[arte]] como [[gramática]] ([[gênero|gêneros]] e [[estilos]]) é não respeitar a [[natureza]] da [[linguagem]]: [[ser]] [[arte]]. | ||
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- | :Ao tratar da gramática é essencial a interpretação da coisa como juízo/oração constituído de sujeito/predicado, porque aí se dá a relação entre a teoria da linguagem e o [[agir]], ou seja, por detrás da gramática temos uma teoria da essência do agir. Daí estar relacionada à lógica. Oração: enunciado/enunciação: agir | + | :Ao tratar da gramática é essencial a [[interpretação]] da coisa como juízo/oração constituído de sujeito/predicado, porque aí se dá a relação entre a teoria da linguagem e o [[agir]], ou seja, por detrás da gramática temos uma teoria da essência do agir. Daí estar relacionada à lógica. Oração: enunciado/enunciação: agir – real ou verdade; ''phýsis''/ ''on'': sujeito – predicado ou inteligível – sensível. A oração é a interpretação e explicação metafísica da essência do agir. |
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+ | : "O [[esquecimento]] do [[poder]] [[verbal]] da [[palavra]] é tão forte e dominante que, [[gramaticalmente]], o [[verbo]] [[ser]], o [[verbo]] de todos os [[verbos]], não passa de um [[verbo]] de ligação ou auxiliar de outros. Um parasita. Nessa [[tradição]], o [[esquecimento]] do [[destinar-se]] do [[sentido do ser]] nos projeta em [[interpretações]] [[substantivo]]-[[subjetivas]] e não em [[interpretações]] [[verbais]], como é o [[próprio]] [[acontecer]] da [[realidade]], ao qual devemos [[estar]] atentos e [[abertos]] para sua [[escuta]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Dialética]] e [[diálogo]]: A [[verdade]] do [[humano]]". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, ''Dialética em questão I''. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 10.''' | ||
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+ | : "Quando a [[gramática]] reduz o [[ser]] a um [[verbo]] de ligação, comete aí, sem dúvida nenhuma, a maior das infidelidades, não ao [[ser]], porque nem por isso ele deixará de [[ser]], mas a [[nós]], a cada um de vocês. Será que a [[gramática]] escutou e [[escuta]] o ''[[Logos]]''? Será que a [[gramática]] é [[sábia]]? Será que a [[gramática]] [[ama]] a [[linguagem]]? Ela fala, fala sem [[escutar]]. Por quê? Há aí um [[questão]] [[ontológica]], e ligada a ela uma [[questão]] [[histórica]]: o surgimento da [[gramática]] como filha próxima e legítima da [[metafísica]]" (1). | ||
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+ | : "O que normalmente chamamos de [[memória]] ou [[lembrança]] é identificado com o [[passado]]. Mas se é [[memória]] não é [[passado]]. Pelo contrário, [[vige]] como [[memória]] e a qualquer [[momento]] se pode tornar [[presente]]. "[[Momento]]" e "[[presente]]" mostram a [[vigência]] do [[ser]] do [[ente]] e não algo [[passado]]. A denominação aí de [[passado]] é um equívoco gramatical que não leva em conta o aparente [[passado]] como [[ente]]-[[ser]] [[ontológico]]. Por outro lado, quando se olha o [[passado]] do ponto de vista do [[infinitivo]] - a [[memória]] do [[ser]] - pode-se [[perceber]] perfeitamente que o [[passado]] integra o [[presente]] e o [[futuro]]. Por isso, o [[ser]] / [[infinitivo]] como [[memória]] [[ontológica]] é o que foi, o que é e o que será. Daí podermos [[dizer]] que a [[linguagem]] - e eis aí o equívoco [[gramatical]] ao [[ler]] [[linguagem]] do ponto de vista da [[gramática]] e não do [[ser]] - é a [[memória]] como ''[[logos]]'' " (1). | ||
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+ | : "Podemos notar que, no [[infinitivo]], [[tempo]] e [[linguagem]] coincidem e são manifestações da ''[[poiesis]]'' da ''[[physis]]''/[[ser]]. É [[necessário]] começar a [[pensar]] a [[gramática]] do ponto de vista da [[linguagem]]/[[tempo]] e não o [[tempo]]/[[linguagem]] do ponto de vista da [[gramática]]" (1). | ||
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Edição atual tal como 14h32min de 17 de fevereiro de 2025
1
- "A linguagem viva não tem consciência de sua própria estrutura, gramática, sintaxe etc., portanto, de tudo aquilo que a ciência da linguagem tematiza. Uma das perversões típicas do natural aparece quando a escola moderna introduz a gramática e a sintaxe em sua própria língua materna, em lugar de introduzi-la numa língua morta como o latim. Exige-se de todos um gigantesco esforço de abstração para tomar consciência expressa da gramática do idioma que se domina enquanto língua materna. A concretização efetiva da linguagem faz com que essa desapareça detrás daquilo que nela se diz" (1).
- Essa observação de Hans-Georg Gadamer, pensador alemão, é extremamente pertinente e atual. Além disso, a gramática se tornou um instrumento dos meios de comunicação, onde tudo se reduz a abstrações. Na medida em que a linguagem, manifestada em cada língua, sempre ultrapassa a gramática ou discurso da língua, sendo a língua originariamente arte e a arte linguagem, querer ensinar a arte como gramática (gêneros e estilos) é não respeitar a natureza da linguagem: ser arte.
- Referência:
- Ver também:
2
- A questão da gramática fica mais clara quando se opõe discurso e proposição. O discurso remete para a retórica, tanto no sentido originário como no sentido sofista. Mas no sofista já se dá a junção de discurso e proposição. Em Aristóteles é a síntese da relação discurso/gramática, mas sem o vigor do originário, pois a sua Retórica trata do discurso e a sua Lógica trata de fundo gramatical, tanto que a sintaxe se chamava análise lógica, hoje travestida de coerência e coesão ou simplesmente discurso. As teorias variam, mas o fundo permanece o mesmo: a visão metafísica do lógos. Que coesão e coerência podemos encontrar numa constatação simples como: "Eu sou e eu não-sou"? A Poética seria a lógica do discurso da poíesis, isto é, do vigor do poético. Na retórica ainda temos a presença da força e vigor do rhema (do verbo eiro, o dizer do sagrado) mas já não como poíesis/ lógos/ dzoé/ phýsis. Limitou-se ao peitho, persuadir, ligado ao pascho/paixão da psykhé como algo psíquico e sentimental. Na questão da gramática e suas variantes teóricas, o essencial é recuperar o vigor poético e a ambiguidade da phýsis, e ir também para além de uma visão simplesmente epistemológica.
3
- Na questão da pro-posição gramático-formal é necessário estudar profundamente:
- a) como a gramática se relaciona com o tempo-verbo;
- b) como a gramática "pensa" (define) a relação entre sujeito e verbo;
- c) como os dois pontos anteriores se fazem presentes no conceito.
- Exatamente essas questões vistas não conceitualmente mas como sintaxe poética é que permitirão um diálogo produtivo com a questão:
- a) gramatical;
- b) da linguagem;
- c) do sujeito;
- d) da funcionalidade.
- Para estudo do conceito de coisa que origina a proposição, onde se funda a gramática, ver a referência abaixo.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte, primeira parte: o primeiro conceito de coisa. Tradução para consulta acadêmica, em tradução de Manuel Antônio de Castro e Idalina Azevedo da Silva, disponível em: Travessia Poética
4
- Ao tratar da gramática é essencial a interpretação da coisa como juízo/oração constituído de sujeito/predicado, porque aí se dá a relação entre a teoria da linguagem e o agir, ou seja, por detrás da gramática temos uma teoria da essência do agir. Daí estar relacionada à lógica. Oração: enunciado/enunciação: agir – real ou verdade; phýsis/ on: sujeito – predicado ou inteligível – sensível. A oração é a interpretação e explicação metafísica da essência do agir.
5
- "Libertar a linguagem da gramática, para um contexto essencial mais originário, está reservado ao pensar e poetizar" (1).
- Referência:
- Ver também:
6
- "Essas três razões (a estética, a história, entendida como historiografia, e a análise) estabelecem as leis de desdobramento do real, em que não sobra lugar para a diferença, senão como exceção. Numa realidade dominada por leis e suas exceções, são vistas como instâncias sempre provisórias que tenderão a se enquadrar, a se comportar mediante a prescrição, até se converterem em novas leis" (1).
- Referência:
7
- "O esquecimento do poder verbal da palavra é tão forte e dominante que, gramaticalmente, o verbo ser, o verbo de todos os verbos, não passa de um verbo de ligação ou auxiliar de outros. Um parasita. Nessa tradição, o esquecimento do destinar-se do sentido do ser nos projeta em interpretações substantivo-subjetivas e não em interpretações verbais, como é o próprio acontecer da realidade, ao qual devemos estar atentos e abertos para sua escuta" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 10.
8
- "Quando a gramática reduz o ser a um verbo de ligação, comete aí, sem dúvida nenhuma, a maior das infidelidades, não ao ser, porque nem por isso ele deixará de ser, mas a nós, a cada um de vocês. Será que a gramática escutou e escuta o Logos? Será que a gramática é sábia? Será que a gramática ama a linguagem? Ela fala, fala sem escutar. Por quê? Há aí um questão ontológica, e ligada a ela uma questão histórica: o surgimento da gramática como filha próxima e legítima da metafísica" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 7.
9
- "A relação da gramática com a linguagem é muito complexa, porque ela nasce junto com a escrita, a sofística e a metafísica" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 14.
10
- "O que normalmente chamamos de memória ou lembrança é identificado com o passado. Mas se é memória não é passado. Pelo contrário, vige como memória e a qualquer momento se pode tornar presente. "Momento" e "presente" mostram a vigência do ser do ente e não algo passado. A denominação aí de passado é um equívoco gramatical que não leva em conta o aparente passado como ente-ser ontológico. Por outro lado, quando se olha o passado do ponto de vista do infinitivo - a memória do ser - pode-se perceber perfeitamente que o passado integra o presente e o futuro. Por isso, o ser / infinitivo como memória ontológica é o que foi, o que é e o que será. Daí podermos dizer que a linguagem - e eis aí o equívoco gramatical ao ler linguagem do ponto de vista da gramática e não do ser - é a memória como logos " (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 22.
11
- "Podemos notar que, no infinitivo, tempo e linguagem coincidem e são manifestações da poiesis da physis/ser. É necessário começar a pensar a gramática do ponto de vista da linguagem/tempo e não o tempo/linguagem do ponto de vista da gramática" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 23.