Caminho

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.
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: "Os [[mestres]] taoistas falam apenas do ''[[Caminho]]''; [[Tao]] significa o [[Caminho]], e eles nada falam sobre o [[objetivo]]. Eles dizem: ''O [[objetivo]] virá por si mesmo; você não precisa se [[preocupar]] com ele''" (1).
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: Referência:
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: (1) OSCHO. ''Tao'', trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 6.

Edição de 13h45min de 14 de Setembro de 2019

1

Heidegger insiste muito na nossa travessia como caminho (1). Diz Leão: "O percurso entre o princípio e o fim é o curso de um início, combate de velamento e desvelamento entre as potências de ser, não-ser e aparência" (2). O mesmo autor, no volume II (3) de sua obra, na p. 181, discute o caminho como atividade, meio e fim e na p. 183, discute o caminho essencial.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 58.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Diana e Heráclito". In: ________. Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 188.
(3) ________. "Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto". In: ---- Aprendendo a pensar II. Petrópolis/RJ: Vozes, 1992, p. 161.

2

"O fim do caminho seria de um modo ou de outro a consumação do próprio caminho e, para nós, o que é decisivo e importante é a caminhada com suas peripécias e vicissitudes. Deste modo, todo começo é já um fim e, assim, este não se caracteriza como sendo marcadamente determinado por nenhuma linearidade consumadora. O nosso caminho tenta ser trilhado pelo ocidente das questões, porque estamos determinados em última instância por esta mesma ocidentalidade, isto é, por essa modalidade que traz consigo tanto uma espécie de entardecimento, quanto de infinidade. Não entendemos de outro modo. Todavia, em relação a essa ocidentalidade é necessário ter-se alguma precaução, é necessário precaver-se" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro, 7Letras, 2005, p. 22.


Ver também:
*Ereignis

3

"O que é um caminho? Caminho é o que se deixa alcançar. A saga do dizer é o que, sendo encantado, nos deixa alcançar a fala da linguagem. O próprio da linguagem abriga-se, portanto, no caminho com o qual a saga do dizer deixa aqueles que a escutam, alcançar a linguagem. Só podemos ser esses que escutam à medida que pertencermos ao dizer e sua saga. O deixar alcançar, isto é, o caminho para a fala, vem precisamente de um deixar pertencer à saga do dizer" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 205.

4

“Assim, imaginemos passos marcados na areia de uma praia, um caminho sempre solitário, pois mesmo que estejamos na companhia de alguém, cada um terá o registro de seus pés de forma única e inimitável. São marcas singulares que grafam no chão o peso de um corpo e o tempo de sua história” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 45.


5

"Porque o caminho para o que está próximo é para nós, homens, sempre o mais longo e, por isso, o mais difícil. Este caminho é um caminho de reflexão. O pensamento que medita exige de nós que não fiquemos unilateralmente presos a uma representação, que não continuemos a correr em sentido único na direção de uma representação. O pensamento que medita exige que nos ocupemos daquilo que, à primeira vista, parece inconciliável" (1).


- Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 23.


6

Caminho é uma palavra portuguesa de uma rica semântica. Mas a questão é tomar a palavra naquilo que ela tem de essencial, naquilo que remete para a essência do ser humano. E é neste horizonte que a questão do caminho se torna uma ideia motriz no filme de Pan Nalin: Samsara. Aliás, é uma noção-chave tanto no budismo quanto no cristianismo. O personagem-monge Tashi está procurando a sua realização e o seu sentido: continua no mosteiro ou sai? O motivo central para ele é, no momento, ficar no mosteiro e não casar ou sair e poder casar. E isso se torna para ele a questão do caminho e opções a fazer. E consulta um monge-asceta em total isolamento e sem se comunicar com ninguém. Quando consultado por Tashi, ele lhe mostra um papel onde estão escritas as palavras:
"Tudo que você contactar é um lugar para praticar o caminho" (1).
Pensa e faz a escolha de sair do mosteiro. Mas depois de casar, ter um filho, acossado pelo desejo sexual por outra mulher, pensa, se arrepende e revolve voltar para o mosteiro, abandonando a mulher e o lar. De fato, o filme coloca muitas questões. Na verdade, estas palavras constituem e não constituem uma resposta, pois o essencial nelas é o convite a pensar, fazendo do pensamento um agir, enquanto uma atitude e conduta de vida. Toda vida é um caminho de procuras e escolhas com suas consequências.


- Manuel Antônio de Castro


- Referência:
(1) PAN NALIN. Filme: Samsara, 2002.

7

"Assim precisamos percorrer efetiva e plenamente o círculo. Isto não é nem uma solução passageira nem é uma deficiência. A posição vigorosa é trilhar este caminho e permanecer nele é a festa do pensar, posto que o pensar é um ofício. Não somente o passo principal da obra para a arte assim como o passo da arte para a obra é um círculo, mas cada passo isolado que tentamos dar circula neste círculo" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 39.


8

"Um homem verdadeiramente sábio não é aquele que persegue cegamente uma verdade. É somente aquele que conhece constantemente todos os três caminhos: o do Ser, o do não-ser e o da aparência.
Os três caminhos proporcionam uma indicação em si unitária:
O caminho para o Ser é inevitável.
O caminho para o Nada é inacessível.
O caminho para a aparência é sempre acessível e frequentado, mas evitável" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 139.


9

"Vestígio é anúncio. Indica o que não se mostra em si mesmo, mas se faz representar pelas referências que dá de si com a presença de outro. In-vestigar é viajar por dentro do vestígio. Com as referências, a investigação constrói uma via de acesso para o que se anuncia nos anúncios do vestígio. Neste sentido, pertencem sempre ao início de uma investigação exigências preliminares: antes de viajar deve-se definir com suficiente exatidão o ponto de partida e o ponto de chegada, o caminho e o movimento de passar de um ponto a outro. É necessário ter bem claro o objetivo deste fazer específico que é investigar. O objetivo estabelecido no tema determina o método, isto é, o conjunto das decisões sobre o caminho a seguir, o nível e registro a tomar, os recursos e meios a empregar, o grau e o como fazer. Decide, sobretudo, do necessário para a viagem chegar ao fim e atingir o objetivo. Pois desta definição prévia depende tudo: quem investiga, para que, o que, como e onde investigar!" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 164.


10

"O caminhar moderno não é um caminhar essencial, é um caminhar funcional. Esquecido da essência do caminho pretende caminhar sempre para um fim na escravidão de um objetivo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 183.



11

"Caminho para cima, para baixo, um e o mesmo" (1).


Referência:
(1) HERÁCLITO. Fragmento 60. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 73.


12

"Quando a serenidade para com as coisas e a abertura ao mistério despertarem em nós, deveríamos alcançar um caminho que conduza a um novo solo. Neste solo a criação de obras imortais poderia lançar novas raízes.
Assim, de uma outra forma e numa outra era, seria novamente verdadeira a afirmação de Johann Peter Hebel:


Nós somos plantas que - quer nos agrade confessar quer não -, apoiadas nas raízes,
têm de romper o solo, a fim de poder florescer no Eter e dar frutos "


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos, s/d., p. 27.


13

"Porque o caminho para o que está próximo é para nós, homens, sempre o mais longo e, por isso o mais difícil. Este caminho é um caminho de reflexão. O pensamento que medita exige de nós que não fiquemos unilateralmente presos a uma representação, que não continuemos a correr em sentido único na direção de uma representação. O pensamento que medita exige que nos ocupemos daquilo que, à primeira vista, parece inconciliável" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Lisboa: Instituto Piaget. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos, s/d., p. 23.


14

Para compreender e apreender o que é o olhar, o melhor caminho é pensar a diferença ontológica entre olhar e ver. Concretamente, um exemplo clássico pode nos fazer pensar essa diferença: quando Édipo, o famoso personagem do mito de Édipo, pensado por Sófocles em sua famosa obra Rei Édipo, tinha olhos não penetrara e nem vira os caminhos de seu destino. É que o olho é funcional, faz parte do nosso organismo que diz respeito ao olhar, não necessariamente ao ver, pois foi quando arrancou os olhos que passou a ver na luz da verdade os caminhos e descaminhos do seu destino. O olho diz respeito aos sentidos, a visão diz respeito ao sentido. Não basta olhar, é necessário ver. E é nesta distinção fundamental que os gregos pensaram a essência da aletheia, desvelamento ou verdade. Por isso, este diz respeito à manifestação do sentido do destino. E é nesse horizonte que se diferencia radicalmente a verdade da obra de arte e a verdade funcional da lógica, que fundamenta a ciência fundada na razão. Essencialmente, como vemos, há um só caminho, uma só travessia: a da ausculta do destino. Por isso, a ciência e sua verdade nos conduz a muitos descaminhos, porque são caminhos que não nos conduzem para a plenitude do que somos e recebemos para ser: nosso destino. A vida de Édipo nos mostra de uma maneira exemplar os seus descaminhos até se auscultar e enveredar pelo único caminho: ser o que recebeu para ser, ser o que lhe foi destinado pela Moira.


- Manuel Antônio de Castro.


15

"Se Globalização é tempo, todo tempo já diz de possibilidades de caminho. Todo caminho é uma caminhada de passagens e paradas, nas e com as estâncias do existir em contínua possibilidade de ascensão e iluminação, até advir a possível plenitude. Não vivemos apenas. Ao ser humano é próprio o existir. Este é um tempo de oportunidades de realização ascensional" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 26.


16

"Os mestres taoistas falam apenas do Caminho; Tao significa o Caminho, e eles nada falam sobre o objetivo. Eles dizem: O objetivo virá por si mesmo; você não precisa se preocupar com ele" (1).


Referência:
(1) OSCHO. Tao, trad. Leonardo Freire. São Paulo: Cultrix, 2014, 6.
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