Próprio

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(11)
(11)
Linha 111: Linha 111:
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). ''O que me move, de Pina Bausch'' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). ''O que me move, de Pina Bausch'' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
-
 
-
 
== 12 ==
== 12 ==

Edição de 22h22min de 2 de Junho de 2018

1

"E o que nos é próprio? A poético-ecologia enquanto cura poético-amorosa, pois apropriarmo-nos do que nos é próprio é amar. Amar é levar à plenitude de sentido o que nos foi dado e é próprio: o tempo enquanto o ser, o nossso destino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 29.

2

"Talvez antes de ele falar, ela tivesse a intenção de um dia dar-se, pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como morrer antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 63.

3

"O radical phil- se encontra em várias formas de verbo, substantivo, adjetivo. Corresponde ao pronome grego nóos, cognato do latim suus. Designa de per si a qualidade e ação de próprio, de apropriar-se e ser próprio. Em Homero (Od. 8, 233, II - 3, 31) phílos significa próprio. Mas o que é próprio, propriedade e apropriar-se? Esta é a pergunta que faz o filósofo. Próprio e propriedade são um conjunto de condições estruturais que se tornou estável por se ter desenvolvido e conquistado num processo de apropriação. Assim, phílo-sóphos indica o homem, enquanto se conquista determinada atitude, por ele se ter apropriado do sabor de viver (sóphos). O homem só se empenha por apropriar-se e se lança à apropriação de saber por já ter sido apropriado pela paixão de viver" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Definições da filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, n. 130/131, 1997, p. 153.


Ver também:

4

A questão do próprio está na tensão dialética entre necessidade e liberdade, sem se oporem radicalmente. Enquanto a ciência se rege por normas gerais, genéricas, da espécie, da genética, a emergência da liberdade e seu cultivo entram em tensão com a dimensão lógico-científico-causal, tensão possível pelo livre-aberto da não-causalidade. É a liberdade poética da verdade em tensão dialética com o causal e lógico. No fundo, é a tensão lógico-dialética de "eu" e "sou", mais complexa do que a consciência, meramente epistemológica, pois tal tensão é ontológica, isto é, é a própria afirmação e eclosão do próprio na vigência do ser.


- Manuel Antônio de Castro.


5

"O meu mais fervoroso desejo sempre foi o de conseguir me expressar nos meus filmes, de dizer tudo com absoluta sinceridade, sem impor aos outros os meus pontos de vista. No entanto, se a visão de mundo transmitida pelo filme puder ser reconhecida por outras pessoas como parte integrante de si próprios, como algo a que nada, até agora, conseguiria dar expressão, que maior estímulo para o meu trabalho eu poderia desejar?" (1).


Referência:
(1) TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins, 2010. Texto do autor na Orelha do livro.

6

"Somente no existir sem atributos seremos livres, porque seremos o próprio que nos foi dado. Sabendo-se no e pelo pensar, próprio sem atributos. Todo próprio do sendo tem um encontro marcado pelo, no e com o pensar do ser.
Somos, sou, próprio sem atributos. Só me resta, só nos resta, a tarefa, o destino, de ser o próprio no aprender a pensar" (1).
Aprender a pensar é questionar. Neste e por este, nossa vida se torna uma caminhada dentro e a partir das possibilidades (destino/próprio) que nos foi dado pelo ser. Quem questiona retoma a cada dia, a cada momento, a questão em questão. E esta jamais é determinada pela nossa vontade, ou seja, apenas no horizonte do eu enquanto sujeito com sua vontade. Nesse sentido, o próprio, enquanto caminhada do e no destinar-se do sentido do ser, tem como horizonte de sentido o acontecer [[poético], o Ereignis, de que nos fala o pensador Heidegger em sua obra Vom Ereignis. E o destinar-se do sentido do ser dá-se, acontece enquanto época em sentido ontológico e não apenas epistemológico.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) CASTRO. Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 143.


7

Sentido é o estar a caminho da apropriação. O próprio ou sentido é o isto de cada sendo. A redução de tudo à causalidade e à funcionalidade não está anulando o sentido do próprio ser humano e da realidade? O sentido pode surgir da funcionalidade sem vigência do próprio? A funcionalidade é uma dimensão possível do próprio, mas não se pode reduzir o próprio à mera funcionalidade (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 214.


8

"Desde a criação o homem é, portanto, o denominador universal do ser de tudo que é. Apenas para ele mesmo não encontrou seu nome próprio. É por isso que todo nome dado ao homem e a seus modos de ser não é próprio, é sempre pseudônimo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 122.


9

"A dessacralização que domina hoje é devida a quê? Certamente muitos são os fatores. É no âmago dessa questão que a arte como questão se faz presente. Pode se falar em arte sem levar em consideração a questão do sagrado? Difícil. Porém, ela se faz presente de um modo muito simples e especial que se perdeu com o próprio distanciamento do sagrado acontecido na dinâmica dessas transformações históricas. Transformações essas que dizem respeito à própria dinâmica de o próprio sagrado se destinar. Mas ele, por mais que esteja esquecido, nunca se distancia e torna ausente como tal. Pelo contrário, sem sua presença, sua proximidade, tudo perderia o sentido e o próprio vigor de realização do real. E ele é próximo, tão próximo que até para sermos o que somos só podemos ser sendo essa proximidade. Porém, em tudo que fazemos temos a tendência, hoje e há muito tempo, a considerá-lo distante e inalcançável, como se ele fosse outro que não o vigor do que nos é próprio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A presença constante do sagrado". In: https://travessiapoetica.blogspot.com.br/ postado em 23 de fevereiro de 2017.


10

"Ser o próprio e não os outros torna-se a questão. Mas o que é o próprio? Apropriar-se do próprio é o mais difícil e doloroso. Há tantas teorias, tantos modelos, tantas verdades prontas! A tentação de se identificar e deixar-se afetar pela teoria mais convincente e agradável é tão mais fácil! Mas quem disse que viver é fácil? “Viver é muito perigoso” (1). É sem receitas. Isso decorre de que estamos sempre em travessia, à beira do abismo" (2).


Referências:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 6. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 16.
(2): CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 125.


11

"A dança jamais pode se por a serviço de qualquer sistema, caso contrário perderá sua identidade, seu próprio. E qual é o próprio da dança, a sua identidade? Esta identidade não pode ser diferente da identidade de todo ser humano. O próprio é a medida de cada um. À realização dessa medida corresponde a história de cada um, que é sempre singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A medida é o destino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.

12

"O que isso significa? Aqui se impõe ainda uma explicação mais profunda do ser humano, como constituído pelo ser e pela essência, pois todo ser humano é e é o que cada um é, ou seja, cada um tem seu próprio, isto é, aquela essência que faz com que ele seja ele e não outro qualquer ente (sendo)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser, o agir e o humano". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 31.
Ferramentas pessoais